Vamos para a Tua Terra: Tunísia
3/26/23 - Episode Page - 55m - PDF Transcript
A tua terra
Vamo-os
A tua terra
Vamo-os
A tua terra
Olá, olá, Immanuel.
Olá, Hugo.
Estás ótimo.
Estou sempre.
Muito bem, a nossa viagem hoje, como acho que sabes, é até à Tunisia, que é um país de 12 milhões de pessoas no Norte da África, o Magreve,
de um lado ficar gélia e, do outro lado, alíbia, com uma grande costa mediterrânica.
Na antiguidade, foi aqui que os fenícios, esse povo de mercadores e de marinheiros, fundaram a mítica cidade de Cartago,
que era uma das maiores e mais ricas do mundo antigo, que depois foi também sede do Império, com o mesmo nome,
e controlou quase todo o mediterrâneo.
Eu vi aqui até bater-nos à porta.
Não éramos era nós na altura, não é?
Todo este poder depois, claro, quando há muito poder, há sempre invejas, e vai chocar com o doutro Império,
o de Roma, que se vão defrontar nas também não menos famosas guerras púrnicas.
Ganham os romanos, que razam a cidade com a cérebre frase Cartago da lenda,
este Cartago deve ser destruída.
Eles reconstruíram depois a cidade com o mesmo nome, no mesmo lugar, e lançaram-se a apagar os rastos do Império antigo.
Eles fundaram uma cidade romana, e de facto, durante 800 anos, esta nova Cartago,
vou-lhe chamar a nova Cartago, o Cartago de Baix, foi a mais importante cidade da África romana,
até que no século VII, como quase toda esta parte do mundo,
foi conquistada pelos árabes musulmanos ainda hoje, 99% da população da Tunisia segue o Islão.
Depois, volta a trocar de mãos no século XVI, desta vez para o Império Otoman, ou seja, os turcos.
Ele se tornou o seu próprio rei, que se chamava Bay, não é Bayby, como agora esta violência, é Bay,
mas ele tinha de obedecer ao poderoso sultão, que estava, claro, em Constantinopla.
Depois, o século XIX traz a ocupação pelos franceses, e a independência vai chegar, finalmente,
em 1956, pelas mãos do líder nacionalista Habib Bourguiba,
que vai modernizar o país por um lado, para o outro lado, deixar um culto de personalidade,
e vai chegar a declarar-se presidente vitalício. Não chega a declarar-se presidente vitalício,
porque vai trocar-lhe as votas e estragar-lhe os planos, o seu próprio primeiro ministro,
que vai tomar o poder num golpe de Estado, falamos, claro, de Ben Ali,
que vai comandar a Tunisia por longos 24 anos, 24 anos carregados, entre outras coisas,
atropelos aos direitos humanos. A vida dos mais pobres é tão desesperada,
a interrupção e a opressão policial tão generalizadas, que toda a gente assistiu a isso em 2010,
um vendedor de rua de 26 anos, Mohammed Boazizi, se incendeia a si próprio como protesto.
É o início da primavera à Arbe, que se vai espalhar e depois derrubar regimes na Tunisia,
no Egito, na Líbia, no Iêmen, mas vai deixar, sobretudo e infelizmente,
um rastro de guerras civis, que já se chama o Inverno Árabe.
A Tunisia parece ter conseguido sair bem, é considerada a única democracia no mundo árabe
e é um dos países mais ricos de África, caso para dizer que cartago, por os vistos,
não pode ser destruída. Para nos guiar através da Tunisia, o nosso convidado é Abdel Jalil Larbi,
nasceu em 1975 em Siliana, que é uma cidade do norte, a uns 130 km de Tunis, que é a capital,
e foi lá que ele estudou línguas e literaturas árabes.
Depois, já em Portugal, onde vive desde 2001, fez o doutoramento em estudos literários,
é professor universitário, que é uma carreira bastante bonita, por acaso,
e já entrou para a história da literatura. É o tradutor da primeira versão de sempre
em Árabe da mensagem de Fernando Pessoa e também dos Luiz de Camões.
Abdel Jalil, olá!
Olá, bom dia!
Vou pedir que nos leia as primeiras estrofes do poema épico, os luzidas, em Árabe.
Sou adulto.
O bem na chaube, o baída, cheia do meu-me-la, que lhe radida a Sámia.
Obrigado, incrível. É sempre emocionante ouvir.
É mesmo.
Os Luzidas, sejam que o língua for.
Isto é incrível.
Não sei para onde é que a vemos te começar, se começamos aí mesmo para este trabalho.
Como é que lhe chega, como é que lhe aterra os Luzidas a uma pessoa que nasce na Tunisia?
Como é que lhe aterrou o camões ao colo?
É verdade.
Do facto, eu sempre tive o sonho de traduzir as Luzidas para a Árabe.
Mas sempre também achei que vai ser um desafio enorme.
Vai ser que seja muito complicado.
Também não surgiu oportunidade.
Mas, Pedro, olha, não é uma coisa como na Tunisia as crianças terem um sonho de traduzir na Espresna.
Como é que lhe aparece os Luzidas na sua vida?
Do facto, foi um sugestão, uma iniciativa da livraria Ilero no Porto.
Durante dois anos atrás.
Também na margem da Espa do Dubai, que é grande espa, grande feira, digamos assim.
Exatamente.
Portanto, o livraria Ilero foi um sugestão.
Foi uma iniciativa dentro do que chamamos turismo cultural, o espançal.
Mas também, assim, do vulgação cultural.
Portanto, do Portugal, a livraria Ilero, portanto, o que é, naquela altura, participar naquela feira com...
Espo, melhor, digamos assim.
Com as duas obras consideradas até hoje em dia mais, digamos assim...
Blomáticas da literatura portuguesa.
Portanto, que são os Luzidas e a mensagem.
E a mensagem.
Portanto, exitei um bocadinho no início, especialmente por causa das Luzidas.
E depois iniciai a aventura.
Portanto...
E o Português, como é que te chega?
Ou seja, nasceu na Tunísia, não tem relações familiares com Portugal.
Como é que lhe aparece esse Portugal no seu caminho lá na Tunísia?
Isso começou concretamente em 2000.
No ano 2000, lá na Tunísia e também na universidade, naquela altura para ser sincero,
quis fazer estudos espanhóis.
E não entrou naquela altura.
Mas, as coisas mudaram, portanto, aqui rapidamente.
Primeiro, outra vez, porque conheci amigos portugueses lá.
E numa conversa do café, podemos dizer assim, dentro daquela pergunta grande,
dançar as pessoas sempre que vocês estão a pensar em ir a Espanha, porque não é o Portugal.
E, de facto, no início foi assim.
No início foi do meu sugestão aqui do Amigos Portugueses, lá na Tunísia.
E também por uma recomendação dos meus professores, também naquela altura,
foi o mesmo sugestão.
Bem, disse porque não.
Em vez aqui de fazer uma especialidade em estudos espanhóis,
que é muito especialista nessa área lá na Tunísia, no meio do Mundo Ara,
mas pelo contrário, não havia mesmo nada.
Especialistas, digamos assim, em estudos portugueses.
E gostei, gostei da sugestão.
E depois comecei a planear, portanto, a planear para vir cá,
estudem por Portugal, mas conheço o Portugal antes através da literatura.
Portanto, só através da literatura, através do futebol.
E esse surgiu assim, simplesmente, e depois, candidata em,
uma bolsa de estudo da língua portuguesa,
consegui uma bolsa pela Instituto Camões, e aquilo abriu as portas todas.
Ou seja, o Camões aí, completamente presente na sua vida.
Exatamente, exatamente.
Porque também, essa é uma outra coisa, que eu conheci logo o Camões,
através de um Instituto Camões.
Portanto, foi naquela altura.
Quem é o Camões?
Foi pensar.
Exatamente.
O Camões deve ser um...
Dentro daquela altura, claro, comecei a pesquisar e conheci o Camões,
li um bocadinho, sinceramente, não aprofundia muito.
É questão, mas fiquei a saber que eu...
Eu tenho uma curiosidade grande em relação às lucídas.
A história de Portugal foi feita, em grande medida,
por oposição à história de Espanha, e também em grande medida,
e por oposição ao mundo árabe.
Concretamente.
Concretamente ao mundo árabe.
Como é que é alguém, vou lhe desmar aqui do outro lado,
para sempre ficar, ler um poema épico altamente colonialista,
altamente...
Ou seja, esta visão eurocêntrica do mundo,
como é que é, ainda com a devida distância dos séculos,
como é que foi ler esse poema, uma luz não eurocêntrica?
Claro, eu olho para que estáu de um lado um professor,
e não o óleo de um tradutor,
de uma pessoa da área do conhecimento.
Portanto, e dentro da motorologia que nós aprendemos,
e sempre em uma distância,
portanto, a ler a história e a ler qualquer produção,
digamos aqui, cultural, científica na história.
Portanto, e não o óleo para que estáu de um cidadão árabe comum,
esse primeiro porto.
Portanto, olhando desta perspectiva, para mim,
há aquilo de um natural.
Portanto, não estou a esperar nada de um novo amperio que está a crescer,
para definir a sua história,
tem que desmarcar dos outros.
Portanto, isso é natural na história das ideias
e na história política das nações, das amperias do mundo girado.
Portanto, não...
Bom, ninguém vai aqui a esperar, por exemplo,
porque o camôs, naquela altura...
Fosso woke.
Exatamente. Dizemos que são todos bons vizinhos.
Espanhês, não.
Isso é natural.
Os portugueses, quando chegam ao Índico,
os seus principais rivais eram...
Naturalmente, portanto.
Por isso, eu notava mesmo aqui,
A espera de melhor.
Li aquilo mesmo de uma forma muito independente, digamos assim,
também cumpriendo perfeitamente, porque também li, li muitas coisas,
muitas referências sobre o espírito daquela altura,
o espírito daquela época, portanto.
Que havia, digamos, esses conflitos,
obviamente, a literatura, o poesia,
os equipéis do mundo girado.
Podemos considerar alta demonstração, representação,
digamos, os dias de uma nação.
Exatamente.
Existe, com certeza,
literatura árabe, que seja um espelho disso,
ou seja, o retrato desta época por poetas árabes.
Sim.
Também havia mais ou menos...
E é mais ou menos o Mentor.
É mesmo o Mentor.
Mesmo elemo tenepe, que é um considerado
o grande poeta-árbio de todos os seus tempos,
naquela altura fazia praticamente a mesma coisa da Camões.
A defender as conquistas-árbios contra os humanos,
contra os vizantinos, acho que naquela altura,
não me lembram bem,
mas praticamente dentro da mesma lógica.
Um poeta na altura é, como hoje em dia,
os mais de comunicação social.
Não vai haver mais de comunicação social.
Era os influencers.
Exatamente.
É que ele faz parte, como hoje em dia,
chamamos propaganda.
Seja no sentido, portanto,
de glorificar a pátria,
e também como tentar minimizar o adversário,
o inimigo, como nós chamamos na altura.
Através da poesia tem uma forma mais bonita
do que andar em todas as chapadas com os outros.
Exatamente.
E também a vantagem da poesia.
Dentro, portanto, daquelas ofensas
que podemos dizer aos outros,
mas no meio tem sempre várias passagens mundos-humanas.
Mesmo aqui nos Lusíadas vimos isso.
Não é tudo, por exemplo, a crítica,
portanto, aos árabos,
de fumar as árabas,
mas também dentro daquele contacto lá,
havia muitas passagens muito positivas,
e até gostei muito nos Lusíadas, portanto.
A poesia também tem esta faceta.
Agora já tiramos os camões do caminho.
Vou pedir-lhe que me fale um bocadinho de Siliana,
a cidade onde nasceu.
Sim.
Siliana é uma cidade muito bonita,
que fica no norte da Tunisia,
mais ou menos 120, 130 km sul,
da capital Tunas,
e mais ou menos, tipo, Santarém em Portugal, portanto.
É capital do Gótico.
Exatamente.
É daquelas cidades aqui muito...
Uma cidade assim pequena, modesta,
não é um destino turístico,
por exemplo, comparativamente
com as outras cidades conhecidas...
A Tunisia é um destino turístico,
já tem um destino turístico enorme,
ou se a Liana não continua,
uma terra muito mais virada à agricultura.
Pronto, é medicidade,
por isso vou sempre falar
daquela forma mais romântica,
mesmo que seja...
Era muito diferente nos anos 80,
quando cresceu.
Era muito diferente crescer em Siliana
ou crescer em Tunas,
havia essa diferença grande no país.
Seguramente, especialmente,
por causa das alternativas,
das oportunidades, por exemplo,
estar na medicidade, por exemplo,
aqui na Siliana,
nós não tínhamos praticamente nada,
nem em cinema, por exemplo,
nem em teatro,
nem até mar, por tanto,
que dino longe.
Tínhamos poucas coisas,
com confiança.
Fuxiu para a Tunis, foi isso.
Exatamente.
Portanto, ali mesmo para brincar,
tem que vir fora da cidade.
E foi ajudar para a faculdade ainda.
Exatamente.
Foi isso.
A minha infância foi caracterizada
praticamente por coisas muito simples,
muito modestas entre amigas,
portanto, não tínhamos muitos horizontes,
nem espaços a ter para abrir mais.
Isso totalmente o contrário
não é só o Tunis,
ou das outras grandes cidades,
como o Hamamed, como o Sussa,
como a Sfax, etc.
Até a universidade, concretamente,
virada enorme,
o gigante, o grande da minha vida,
como pessoa, primeiro,
foi em Tunis.
Foi sozinho para Tunis,
quando fomos oito anos,
disse aos seus pais, agora vou para Tunis.
Agora uma nova aventura.
Eu acho que foi tudo fácil lá,
também com os amigos.
Nós, quando pensamos no Magreve,
pensamos muitas vezes,
ou a minha parte das tuas
pensam em deserto em Areia, não é?
A Tunisia não é parecida com
Marrocos, por exemplo,
que são países que têm um deserto
maior?
Sim.
A Tunis é mais ou menos
um bocadinho similhante,
mas a Tunis é como um país pequeno,
é conhecida mais
como um país,
podemos dizer, mais dos anos,
verde do que deserto.
Até dentro dos países árabes,
é conhecido como
Tunisia verde,
entre os outros países árabes,
porque tem um parte,
acho que um terço do país mais
ou menos deserto,
o resto não,
o resto aí todos os anos,
são os anos habitados.
Contrarymente, por exemplo,
da Argelha, acho que a maioria é deserto,
portanto.
É um país gigantesco,
mas de facto, com uma faixa habitável muito pequena.
Exatamente.
A Tunisia também,
conhecido como um país destino
do deserto, etc., mas na verdade
não é muito bem assim.
É mais mar, mais montanhas,
faz muito frio no inverno,
caia neve, portanto,
quase sempre,
chovia também.
É mais isso,
do que o deserto.
Portanto, e como Tunisino,
acho que foi só uma vez o deserto.
Ah, foi?
Não, e foi com um português,
aliás,
foi mostrar o deserto.
Bem, não dizer que não foi o deserto.
É verdade.
É verdade.
Nós falámos aqui na introdução
que fica esta antiga cartágua,
esta cidade mítica,
uma das cidades mais importantes da antiguidade.
Isto é uma herança
que para no ar, esta diversidade,
claro, milenar
de uma cidade que já foi fenícia,
já foi berber ou amazir,
já foi turca,
já foi francesa.
Isto sente-se no ar,
esta história tão diversa.
É, portanto,
acho que qualquer Tunisino,
independentemente
da sua orientação,
digamos assim,
ideológica ou política,
portanto, sinta isso.
Nós sabemos que...
É nossa origem, portanto,
nós também aprendemos isso na escola,
e na escola em que sentimos,
para definir as raízes,
digamos, da pátria
ou do território,
normalmente começa do cartágua, portanto.
E, aliás,
eu nasci e estudei
na escola primária,
na minha escola primária,
num sítio, num ouvido
assim perto da cidade ciliana
que é Zama, considerada Zama.
Também é uma aldeia
cartagineza
onde o Aníbal...
O célobre...
Exato, ali...
Bom, como diz aqui, a lenda
perdeu a última batalha
contra os romanos, portanto,
2002 a.C.
Portanto, o saúde
são fatores, mesmo dentro da minha cidade,
nós
conhecemos esta história, portanto,
além desta história.
Descoitados dos mil de Tunisia, portanto,
tem muito mais matéria de história para estudar.
Descoitados, quatro mil anos de história, mano.
Exato, quatro. E nós começamos, é verdade,
na escola começamos muitas vezes em moseque.
Foi isso, imagina, muita coisa.
A história cartagineza,
romana, isantina,
chegando, é verdade assim.
Até aliás, até em Portugal,
nós muitas vezes servimos isso.
Pelo menos temos aqui
duas cidades,
praticamente iria o mesmo nome, porque é o Cartacho,
a cidade do Cartacho,
em português, e Tunis.
Então, às vezes nós temos pelo menos duas cidades
e beja, se acho que ser, beja.
A beja do Portugal
e também temos a beja
cidade, a beja na Tunisia.
O Império Cartaginejo
chegou para a Escola Ibérica,
não totalmente a Portugal, mas sim,
a parte
sul, é muito incrível.
Mas nunca tinha ouvido falar de Portugal na escola
quando era miúdo, né?
Não, de facto, não.
Mas isso só
eu acho que não, não me lembro.
Mas, bocadinho mais tarde,
se calhar aqui no ensino
secundário, sobre também dentro
daquelas partes da história, árbis,
conquistas, árbis no Andalus,
na Península Ibérica, eram, portanto,
o Portugal, mas de uma forma muito
de fogaz, sim, não é
não é com profundidade,
também, portanto, não.
Depois cresceu nos anos 80,
falámos aqui, depois 90 quando
começa a ir para a faculdade, né?
Nós cortemos esta percepção,
claro, a Tunisia é um país muito particular
no mundo árabe, mas viveu
desde a independência até aos anos 2000.
Vamos chamar duas ditaduras, não sei se como
se aceita esta nomenclatura
de um estrangeiro.
Sentia-se isso, sentiu
que cresceu numa ditadura.
Bom, eu
acho que não.
Muitas vezes depende
da perspectiva.
Muitas vezes há alguns regimes
autoritários, e podemos assim,
mas não é
uma ditadora no sentido
profundo, portanto, assim.
É verdade, podemos achar
mais ou menos no sentido político, sim,
uma certa restrição
às partidas da oposição, mas
para o da minha
experiência pessoal, e concordo
que aqueles nos fineixem é uma ditadora.
Portanto, mas assim não posso dizer
também que é uma ditadora
daquelas mesmo que a pessoa
não abria.
Portanto, aqui é a boca, que há
prisões, que há
prisões, tipo, cheias
dos opositores, não. Acho que foi
dentro
daquela uma
escaleira, não posso dizer assim,
tipo, um regime muito
autoritário
em certas perspectivas
pelo menos.
Estamos a falar agora do Burguima
ou do Ben Ali?
O Burguima tem
uma questão, este é uma curiosidade
de mim, é uma questão que aconteceu
com outros líderes
muito africanos também,
que é de serem, ao mesmo tempo, os
heróis da independência, mas
depois terem uma fase final dos seus
mandatos, em que se confunda
ali um bocadinho as coisas entre
ser o herói da independência e ser uma pessoa
que se itreniza no poder
muitos casos nesta história da
africa.
Como é que é a irança deste tipo, que
não deixou de ser um herói nacional?
Exatamente.
Bom, do modo geral, é
considerado, portanto, como
eu disse aqui, pai da Naçao,
foi muito determinante na criação
do futuro da Tunisia, ou Tunisia
atual, em
vários aspectos, no sentido social,
também
cultural, na educação, no direito
das mulheres, na criação de uma
política, um regime
digamos assim, orientação, mais ou menos
laica, aquela separação
entre a religião e a política
que foi, portanto, vários aspectos
do facto, muitos
interessantes,
especialmente na área da educação,
na área do saúde,
claro, não foi
isso feito sozínio,
portanto, dentro do regime,
quando chamamos do regime da altura, do facto
foi, foi interessante
mesmo, no sentido político,
no sentido político que
foi um bocadinho complicado a situação,
portanto, é verdade que
havia muita oposição, mas com
limites de carreira,
não podem ir
assim muito longe.
No final, da vida dele,
se calhar da carreira política,
é que a coisa tornou um bocadinho complicado.
Quando ele decide ser, decide-se e tal isso.
Exatamente.
Eu sinceramente não compreendo
exatamente como aconteceu.
Mas teve acolhimento popular,
porque lembra o Ben Ali
para, que
foi, depois acaba por ser deposto
na primavera Árabe, foi
eleito democráticamente
e sempre com grandes
margens dentro de tudo
que foi eleição.
Não se calhar o Ben Ali um bocadinho diferente, mas
na altura do Burguiba,
se calhar é algo muito pessoal
na pessoa em si, como o Presidente.
O secretinho e aquele sentimento
que é verdadeiramente o pai
da nação.
Quer dizer, mas naquele
sentimento muito mais...
Aquele pai que pensa, os meus fins não percebem nada disso.
E tenho que continuar.
No início, as pessoas sabiam
aqueles decretos das políticas,
olha, esse é o último mandato, vou ficar
não sei quando, depois vou deixar
as próximas gerações,
o futuro da política da Tunisia para
outros partidos e para outras pessoas,
outros presidentes, digamos assim.
Mas aquilo não aconteceu.
Não sei o que que passa ali.
Há uma reflexão engraçada, porque
essa história que contou, podia ser contada,
podia estar a dizer a mesma coisa
do Iraque, do Egito,
da Síria. Todos eles tiveram
figuras que em uma altura
disseram, bom, se calhar o melhor é
eu concorrer mais um mandato.
Acha que isso é um modelo
que se adapta
melhor àquela parte do mundo.
Acha que foi uma circunstância
de ter facilidades participantes?
Não, e acho que foi mais uma
circunstância, portanto, depende
de ponto de vista. Por exemplo, nos outros
países árbios, era a maioria, era o regime
mais militares. Portanto, é só logo
no início, o espírito totalmente
diferente. Na Tunisia não foi o caso.
Portanto, não foi o caso
a ter
o Purgibab, também Tínimo,
a formação, podemos dizer,
ocidental. Era muito amigo
da maioria dos
líderes europeus
também americanos
e japoneses. Tudo isso não
era considerado um fogo
muito aberto.
Foi praticamente
uma pessoa democrática.
Nespira toda aquela altura. Portanto, as coisas
mudam depois.
Não é geralmente considerado um detador?
Exatamente. Nunca
portanto, nunca foi também um
país militar, também a potência dos
militares, a força dos militares
ou presença dos militares
não era, se é uma grande coisa.
Do facto, investiu no essencial
tipo na educação, na saúde
também era uma abertura
no sentido partidário
e político grande. Portanto, nos outros
países, por exemplo, eles em dia raramente encontraram
partidos, por exemplo,
tipo partidos
comunistas
ou partidos assim, assim, do
destreve esquerda, mais ou menos
em outros países, mais na Unia. E, do facto,
havia, existia
a mesma... Havia debate político
com várias alterações.
Pelo menos mesmo aquela era uma pessoa
muito, podemos dizer,
em várias
alturas autoritárias, mas pelo menos
deixava os outros exercer
a sua opinião. Qual foi o erro do Ben Ali, por exemplo?
Foi a parte econômica?
A parte econômica?
A parte econômica.
Sim, quando disse, também o Ben Ali
por vários pontos negativos, especialmente
na abertura política não era
completamente fechado.
Portanto, Berguiba era muito melhor,
pelo menos
Ben Ali não. Portanto,
foi, escolhiu o sentido
do contrário, tipo primeiro, pensar mais
no tudo que é econômico, no tudo que é investimento
e fechar praticamente as portas
tudo que é liberdade de expressão
dá mais possibilidade
para os outros partidos
aparecer, ou também
e a viver a vida política foi
muito complicado neste ponto, portanto.
E depois começaram a preparar o seu sucessor
com também a condição de seguir?
Exatamente, e foi
muito pior, especialmente nos anos 90
foi muito pior.
Também a relação aos opositores e tudo isso.
O notava isso na sua vida, que era um estudante
universitário? Sim, sim, sim.
Exatamente, perfeitamente.
Eu vivi o michiço na universidade
com
aquelas manifestações da faculdade,
não é constantemente, mas exatamente
sim. E nós notamos
que o regime policial
era em todo o lado.
Isso era
óbvio, portanto, na eletora.
E era uma coisa que falava, por exemplo,
quando ia à casa falava que seus pais e os
e isso não são conversas para se tirar
e ter esse ambiente? Sim, as pessoas,
é verdade, em várias
situações
e várias famílias. As pessoas
não gostavam desta conversa porque
ninguém sabe
essa vez, na eletora, o que poderia acontecer.
Quem estava a ouvir e tudo. Exatamente.
Apesar que
o regime petit
bloqueia a vida das pessoas
de uma maneira
indireta, portanto
qualquer opositor, qualquer pessoa
faça um bocadinho mal aqui do regime,
depois veio perder
qualquer oportunidade de conseguir um emprego
de...
Elas fazem de uma maneira
presa e... Exatamente. Não, de uma maneira
invisível. E havia uma rede
de informadores também, como acontece.
Exatamente, de verdade. Ninguém sabia sua vizinha.
Exatamente. E o pior,
de facto, o pior
era esse fenômeno.
Então as pessoas ficam sempre caladinhas.
Caladinhas para falar nada, portanto,
se quererem quem vai estudar, vai encontrar
obstáculos, quem vai procurar um trabalho
ou encontrar o obstáculo para entrar,
de facto, foi
assim do mundo geral.
Além, claro, família,
também família dele dizem, bom,
também daquele monopólio,
tudo o que é econômico, portanto,
uma restrição... A medida dele ficou famosa
pelas suas compras... Sim, as compras, tudo isso.
Em Paris. E também
as pessoas sentiam, no nível político,
por exemplo, não vai haver
nenhuma...
nenhuma mudança, uma vez que
começou a surgir ideia também,
que...
a mulher dele vai
substituir, por exemplo,
no futuro, senão a ela,
um ou outro da família... Erro, falou-se isso.
E nesses tempos de faculdade, o que é que faziam?
Juntavam-se nos cafés, falavam, juntavam-se
na casa uns dos outros e diziam, temos que fazer
qualquer coisa, havia esse espírito? Sim, mas isso tanto
da faculdade, porque a faculdade
felizmente desde sempre tinha
o espírito revolucionário.
Tanto, era sempre
em manifestações
dentro da faculdade,
e também a faculdade
acho que, como em várias partes do mundo,
é o verso
o portavoz
de...
Porque os jovens geralmente te dão acredito
que o mundo vai ficar canviado.
Exatamente, sim, e
tinham sempre este
vontade de revolta. E havia também uma vida
cultural nessa altura, de anos 90,
de escritores que
escreviam livros um bocadinho menos simpáticos
para o regime, pintores, realizadores.
Havia esta, havia uma vida cultural...
As vidas às vezes são... Não, não, muito poucos.
Muitos poucos.
Eram possíveis, escrever algo assim.
As pessoas saíam? Exatamente.
A maioria é fora, fora do país,
ou em jornais estrangeiros,
a maioria era em francês,
na França,
em poucos jornais, árabes, mas
na Europa, portanto, a maioria
ou na França,
ou na
Inglaterra, mas dentro da
Tunisian, não acredito.
Isso também ajudou na sua decisão de se vir embora
em 2001?
Não, sinceramente, não.
E naquela altura,
pensei
deixar a Tunisia
não foi por causa das razões.
Ou sinceramente, para ser
sincero, era...
A verdade é que vive já em Portugal,
quando dez anos depois de se mudar para cá,
assiste o mundo inteiro este...
Eu acho que vai ser, não acho,
é um dos acontecimentos mais marcantes do
nosso século 21
deste tipo, com uma história
terrível de...
uma história terrível e quase mesquinha,
porque aquilo é umas multas que pagavam,
este vendedor ambulante,
já tinha sido perseguido pela polícia várias vezes, etc,
e naquele dia partem-lhe o carinho,
etc, e este tipo...
este...
Rapaz de 26 anos, queima-se,
e vai-me morrer uns dias depois.
Como é que se assiste a isto tudo?
Ver estas notícias vindas da Tunisia
como é que assistiu a isto?
Do facto, foi o momento
mais marcante
da minha vida. Eu assisti
a revolução deste primeiro
passo, dizemos cá,
juntamente com as Tunisinhas que nós
conheçam que vivem cá.
Foi uma surpresa
para
ser sincero, nós
não imaginámos
aquilo ia acontecer.
É ter, como se fosse um destino,
digamos assim,
poucos meses antes,
de 2010, 2011,
não acreditava
naquilo. Mas, de facto,
a história tinha, ou, portanto,
tem esta possibilidade
basta ser um acontecimento
pequenino.
Um catalisador disto...
Estou a sentir o desespero daquilo lá,
mas percebeu aquele...
Exatamente, e também sentiram aquele um sinal.
Portanto, em um sinal o
vamos ver aquilo
evidenteira, ou é
momento de mexer, e de repente...
Engraçado,
não é engraçado no sentido de ter
graça, mas é curioso
que é um gesto tão extremado, tão extremo.
Mas que eu acho que
o mundo inteiro se uniu, acho que toda a gente percebeu
aquele tipo, claro,
podíamos pensar, não seria incapaz
de fazer aquilo, não é? Nós próprios,
porque é uma coisa de preservação até pessoal.
Mas eu acho que o mundo inteiro
se juntou-se
na desespero daquele homem.
Foi uma imagem muito, muito...
A verdade.
Ele é visto como um herói na Turismo.
Sim, na altura sim, mas
também mundo antero, porque
no início
de segunda década, do início de 2010
e de
2020,
pelo menos na zona, pelo menos
na zona dos países árabes, ali do
sul do Oriente,
as pessoas sentiam mesmo a necessidade
de fazer uma mudança, porque passou
quase um meio século
da criação dos Novos Estados,
deixando de dependência e tudo, e nós não sentíamos
uma grande mudança, portanto
foi um meio século, 50 anos,
foi uma altura
de esperar uma coisa qualquer.
Toda a gente estava esperando uma mudança qualquer.
Temos que fazer dependências dos anos 50, geralmente
dos poderes coluniais, tenham vindo juntas
com uma enorme esperança do vamos...
Exatamente. Reconstruídos ações árabes...
E começaram aqueles sonhos, com
os presidentes, o Burguiba
e muitos
similiantes,
passando os 50 anos, quase,
daí diz-o que tem este simbolismo.
Portanto, meio século, se calhar
agora é a altura
de fazer qualquer coisa.
Por isso, de repente, num acidente
muito simples, digamos assim,
com aquele jovem,
e que a propogação
do espírito, do sentimento
da revolta ou da revolução,
espalhou praticamente todos os países árabes.
Todos os países árabes. Exatamente.
Dêem que foi o momento
naquela altura, como se for na Tunisia,
que
primeiro, já sabe, depois foi o Egito,
também cabiu o Egito, o Iiemen,
o Iiemen, e passou
até no Mar, até no Bahrein.
Claro, a Síria também,
com os resultados trágicos,
mas tem mesmo
em sítios que, se calhar, não se ouviu tanto falar,
de rocos. Exatamente.
Exatamente.
Espalhou-se, quase, por todo o continente
africano e o Médio Oriente.
É com pena,
que se diz, em primavera árabe,
é uma expressão linda, não é?
Mas é com pena que temos que dizer
que não ocorreu,
obviamente não ocorreu da maneira como se sabe.
A Tunisia é um caso particular,
mas todos os outros países,
a Síria está numa guerra civil,
morreu já imensa, ou seja,
como é que...
Ajuda-nos a perceber um bocadinho isto.
O que é que ocorreu mal?
Será que estes ditadores eram o tampão
das coisas piores que gostavam
para ver que é uma conclusão
triste de se tirar, não é?
É verdade. Bom, pelo menos,
passando dez anos depois,
eu posso dizer como certa desulusão,
mesmo na Tunisia.
Muitas vezes,
nem como começamos,
portanto, não é como começar a terminar.
Bom, começou bem
com grandes sonhos,
especialmente
dos povos.
Demos dizer assim,
o povo naquela altura,
o sonho dele, os objetivos
eram objetivos muito simples
de viver numa pequena...
Até dizemos aqui,
numa pequena democracia,
com aqueles direitos simples,
direito a desprezar,
exatamente, uma coisa muito simples,
não é nada no sentido político.
Mas
as coisas não ocorreram bem, portanto,
não é só nos regimes
e também
a coisa complicou bastante
no sentido econômico
e não sabemos, sinceramente,
ser que aquilo
é uma confusão,
um conflito
de tantos poderes
econômicos, se calhar, e não,
ser eternos.
E externos,
coisa acabou assim, portanto,
acabou num desastre total,
portanto, nos outros países, era pior.
E continuou o pior caso da Líbia,
por exemplo, é praticamente
a manarquia que estamos a viver lá,
na Síria,
não é preciso falar,
estamos ali,
no Egito, completamente do contrário,
um regime mais opressor do que
do...
ali no Egito.
A Tunisie
foi o único país, pelo menos no sentido
girar
no político, continuou a democracia,
pelo menos no sentido político a funcionar,
direito de expressão a funcionar,
mas está a cair
numa certa...
em vários problemas...
As notícias não têm sido boas?
Exatamente, e também no sentido político,
isso ainda está incerto, portanto.
E esperamos que...
Fala muito sobre esses assuntos com os seus amigos
que vivem na Tunisie.
Sim, sim, sim, claro.
Quando dissemos desalusar, porque não é...
em 2010,
no início, portanto,
desta década, dos anos
2010, até
pelo menos há cinco anos depois,
eu sonhávamos, de facto,
com ter
pôs prósporo,
mas, infelizmente, pelo menos nos outros países,
não aconteceu. Na Tunisie,
há outros,
sei que os problemas políticos,
os problemas económicos,
portanto, se calhar,
pode haver, entre um dia ou outro,
uma alternativa
e fácil de criar soluções econômicas,
mas, dificilmente,
criar soluções políticas.
Isso é muito difícil,
quando o país caia numa ditatura,
numa anarquia política, isso é impossível.
E estamos a ver o que aconteceu,
por exemplo, nascer em outros países.
Nós chegamos até a altura,
foram sempre eleições livres
ganharam os
os seus partidos
ganharam os piores
depois foram os errors de intendos.
Exatamente, pelo menos é um
neste sentido, olha,
de graças a Deus, ainda bem que na...
Não sei se no fim do dia faz muita diferença
sobre o election democraticamente,
mas pronto.
É verdade, pelo menos na Tunisie,
a única que está
problemas econômicos. Que efetam muitos jovens espanhou também, não é?
Exatamente, nós sabemos que também é uma crise econômica mesmo no sentido mundial,
mas pelo menos ainda bem é que o país não caiu mesmo dentro dos partidos, não caiu
conflitos como aconteceu em outros países. E isso, de facto, que nos vamos voltar, que
foi uma irença, não é só do Burguiba, é do Banali, portanto, qual é essa irença
e não cair na violência? É engraçado, porque é uma visão que só
se pode ter vista de dentro, dizendo a importância que a paz está em um país, porque de fora
é fácil dizer, eles são ditadores, esses tipos são ditadores, mas independentemente
do ser um regime muito fechado, um ditador, mas nunca tuniza e chugou aquele espírito
ou aquela...
Acha que a paz é o preço a pagar pela paz?
Exatamente, o método sei, não é em outros países, em qualquer questão, é a violência
que resolve as questões. Tuniza nunca caiu nisso, e isso ainda bem, portanto, por isso
não há aqueles regimes, digamos, autoritários, com os outros países, portanto, e qualquer
coisa, e armas, e todos são povos armados, portanto, tudo isso não aconteceu, portanto,
tudo foi resolvido, contigo, pacificamente, e com tantos problemas pelo menos nunca caiu
em nenhuma...
Em uma civil?
Portanto, em uma guerra civil, ou mesmo violência, mesmo física nas ruas, não aconteceu, portanto...
Há protestos, mas são exatamente pacíficos?
Mas mesmo entre os dois, portanto, várias partidas, ou várias ideologias, não conseguiu,
isso que foi do facto...
Insultam as mães uns dos outros?
Exatamente, mas não chegou, portanto, a cair numa violência, e isso que ajudou bastante
de criar um país, um estado mais ou menos, pelo menos...
Com menos ressentimentos, até, em relações?
É, e...
E agora, finalmente, os jovens começam aquilo que falámos há poucos anos 90, há uma literatura
vibrante, há uma cinema, música, falamos, nós pedimos de umas sugestões, não são
livros absolutamente atuais, né, falamos de Abib Selmi, o escritor turminzino, que
escreve estes, os perfumes de Marie Claire, aqui é uma tradução para o português, porque
ele não está traduzido para o português, é um clássico da literatura turminzina contemporânea?
Não, o livro é muito recente, foi publicado há, acho que, sete ou oito anos atrás.
Mas pode ser já um clássico?
Sim, sim.
Bom, é um clássico dentro de...
É um clássico contemporâneo.
Exatamente, clássico contemporâneo.
De facto, revolução, o primeiro-vera árabe turminzina, nós ganhamos muito, muito, na
área do ar do modo girar, portanto, se calhar no sentido político, na ONC, e econômico
já falámos sobre isso, mas a liberdade da expressão, do facto...
O sentido que foi uma explosão absoluta, uma coisa incrível, em todo o mesmo, na área
do cinema, do teatro, na ficção, na poesia, tudo o que é arte, de facto, genial, em vários
temas...
Claro, muito calhar, muita volta da primeira-vera árabe turminzina, mesmo.
Ou seja, todos aqueles barreiras antigas, mesmo, de censura, adeus, isso foi praticamente
especialmente, especialmente de censura.
Confirmo, não há censura na turminzina, pelo menos, deste primeiro-vera árabe.
Nada, nada mesmo, mesmo, do livro publicado na turminzina, podemos publicar qualquer
livro, falar de qualquer questão, de qualquer assunto, seja religioso, portanto, seja mesmo
de política, tudo isso, não, não, essa é uma verdadeira democracia, neste sentido.
E daí, que, de facto, cresceu bastante, a produção literária, a produção cinematográfica,
também foi o momento de abrir, falar de todos os tabus, que entendemente não era...
De 50 anos que estava para trás, então.
Exatamente, quando para trás, de facto, foi isso.
Falou-te aqui do livro, Os Silêncios do Palácio, de uma realizadora, Moffy da Tlatli, que se
passa precisamente no último reino...
Exatamente, exato naquela altura.
Reino, de 50 ainda.
E, de facto, e não dos últimos filmes, de facto, não me lembram...
Não tem acompanhado muito isso.
Exato, sei que até muitos filmes foram aqui divulgados em Portugal e marchifiquei agora
com na minha cabeça, com os filmes antigos, portanto, da minha geração e assim.
Ou seja, ir à Tunisia, ou a Tunis, vamos dizer, aqui no capital, é também interessante
procurar esta vida, procurar galerias de arte de gente mais nova, procurar o teatro.
Verdade, sim, sim, sim, sim.
Isso, especialmente, eu vou mais ou menos sempre uma ou duas vezes por ano e noto isso.
E é como chegar sempre a uma cidade nova.
Completamente, completamente.
E sinto isso, portanto, seja nas galerias da arte, aproveito também para ir ao cinema,
ver filmes novos.
Hoje em dia, também, com as novas aplicações, a plataforma também é possível ver as filmes novos,
também na área da ficção que eu gosto mais.
Também acompanho muito, vou lá algumas vezes a feira do livro, lá na Tunisia e sinto perfeitamente
uma diferença totalmente radical entre o produção cultural, por exemplo, na Tunisia e nos países
de Arbes.
É completamente diferente, neste aspecto, sim.
Portanto, neste...
É outro mundo, quase, é um mundo da parte.
Outro mundo completamente, isso foi o fruto de 10 anos, mas foi totalmente, totalmente positivo.
Aliás, até outros escritores Arbes agora começam a publicar, portanto, o...
Na Tunisia, publicar.
Ou assim, na Tunisia, ou aproveitar alguns editoras tunisinas também aqui para publicar.
Portanto, foi porque verdadeiramente o campo, digamos, da liberdade existe.
A oportunidade também existe.
A possibilidade de produzir ou de publicar ou divulgar qualquer coisa assim no sentido cultural do mundo
geral, temos ainda esta possibilidade.
Não acredito, hoje em dia, ninguém pode reclamar aquela não...
Falta de liberdade.
Exatamente.
Não, nada, nada, nada.
Mas eu vi isso mesmo no sentido político e nunca imaginei que mesmo nas redes sociais...
As pessoas disseram aquelas coisas...
As coisas contra o presidente, que está no poder...
Inpensável antes de poder ver.
Inpensável mesmo, impensável, impensável de ver nenhuma palavra, nenhum sentido metafórico.
Nada.
Hoje em dia, é um discurso direto.
O pessoal mesmo, insultar...
É ótimo.
O insultar, presidentes, de uma maneira incrível.
Até muitas vezes mesmo feroz.
E não acontecia nada até agora, e não couvi, não sei, a não ser indiscretes.
Mas pelo menos, isto foi, de facto, o grande ganho...
Conquista da primavera Arpa.
Conquista da primavera Arpa.
Conquista da primavera Arpa.
Conquista da primavera Arpa.
Na Tunisia.
Noutros países, acho que não.
Mas pelo menos, isto tem certeza.
Sim.
Nós agora vamos fazer o nosso habitual...
Momento.
Momento agente turístico.
Agente turístico, sim.
Estou muito curioso e havíamos falado da cidade de Tunisca.
Uma cidade gigante, não é?
Sim.
Muitos milhões de pessoas.
Sim.
É verdade.
Vou então deixar aqui algumas propostas, desde logo como vamos até a capital, Tunis,
por 230 euros, já com desconto.
Atenção, tem que se avisar sempre.
Sim, é importante.
O Immanuel só faz presos de bilhetes de dedo.
Da ida, da ida, sim.
Vamos contemplar a volta, porque, segundo a sua lógica, o programa chama-se Vamos para
a Duterte.
A viagem dura sete horas e tenho uma ótima escala em Nice, ou Nice, conforme a vossa instrução.
Dentro da Tunisia, aproveita aqui para dizer que há duas formas bastante interessantes
de conseguirem ir de Tunis para outras cidades, logo de Comboio.
Há uma linha de Comboio que serve as principais cidades do litoral do país.
E também um...
Isso é um belíssimo conselho.
Em vez de dar lugar em carros de outra maneira, o Comboio é um meio...
E aqui funciona...
E aqui já não é um...
Agora é tudo em túnel.
Não, aqui já não é uma opção tão interessante, mas são carrinhas chamadas luages de seta novos
lugares que acabam também por ser uma espécie de transporte público até tem preços muito
semelhantes aos Comboios.
E são confortáveis?
São, são.
Pelas fotos parecem bastante confortáveis.
É tipo um taxi, é tipo um taxi.
E é mais barato que o Comboio?
São preços equivalentes ao Comboio.
São mais frequentes e mais rápidos.
Mas nós recomendamos o Comboio.
Sim, o Comboio.
Em Tunis aconselhamos a ficar no Daria, o hotel, 40 euros por noite.
Quarenta paus, eu gostava de ser esse quarenta.
Quarenta viscas.
Por noite.
E em Tunis, não podemos deixar de referir a Medina de Tunis.
A Medina é um nome dado à parte histórica de uma cidade e é uma designação dada a diversas
cidades da Região de Magra.
Bom, apontamente para quem não sabe que Medina não é só o antigo presidente da Câmara Municipal
de Lisboa, é uma coisa bastante mais importante na outras regiões de Lisboa.
É o equivalente à baixa das cidades da Região de Magra.
Neste caso, a de Tunis é uma autêntica montra de edifícios históricos, desde mosquitas,
madraças, tumos que são designados a uias, amãs que são banhos públicos, caches baixos
e sucos que estão todos reunidos dentro da Medina que têm um ponto alto onde podem ir
e é um skyline incrível.
A Medina de Tunis é, de resto, considerada pela Unis como património da humanidade.
No coração da Medina há a Grande Mesquita, que é um centro noverálgico de todo o movimento
religioso.
Depois, ainda em Tunis, ao Museu do Bar, é um espaço, é um antigo palácio que acolhe
muitos mosaicos romanos, status e bustos da Grécia Antiga e é uma grande lição
de história para quem...
E de vida?
E de vida também.
Sendo de Tunis não podemos fugir à cidade de Cartago.
Foi uma das cidades mais importantes, como já aqui foi dito, e podem ver lá as ruínas,
incluindo as termas de Antonino, que é um belo atrativo.
É tipo as termas de Cartas, é?
Sim, é.
Ah, exatamente, de Cartas, olha, está tudo ligado.
E é aqui nesta cidade que podem ter uma das melhores vistas para o Wolf de Tunis, que
é a colina de Virsa.
Sendo de Cartago.
Não sei se é algo desparado.
Se for desparado?
Não.
Agora está de tempo em casa.
Só tocar aí o sino e entrar...
Porque há sempre que rejear uma campainha de casas hotéis.
Uma cidade que...
Há que um disclembro que eu tenho que fazer em relação a Tunis, e que há coisas que
ficavam inevitalmente de fora, porque é impossível reunir todos os atrativos deste país,
assim, neste espaço de tempo.
Falo agora...
Se é uma caixa?
Não, não, não.
Tem esportes.
Acho que até tenho tempo a mais.
Falo de Sidi Bou Said.
Está relativamente ao Wolf de Tunis, está localizado numa parte mais alta.
E é aqui que se encontra um café histórico, que é o Café de Natos, que é um café que
Simone de Beauvoir e o João Palçato frequentavam.
E a própria Simone da Oliveira, sim.
A própria Simone da Oliveira, sim.
Natalina Gisele, a gama.
Acho que foi real no núcleo.
E ela apareceu, sim.
As estruturas do...
Aqui também temos uma sugestão hotelera, que é o Hotel Dar Fatma, porque aconselhamos
a ficar mais dias nesta bela cidade.
E também podem visitar o Dar El Anabi, que é uma mansão com cerca de 300 anos no centro
da cidade.
Recomendamos também o Deserto Tunizine, como já que foi falado.
E, por fim, a Gerba é uma ilha que fica na costa do Mediterrâneo, e disse que foi aqui
que se inspirou para a sua obra odisseia.
É procurada também pelas suas praias, mas é também um local bastante cultural, que
tem, inclusive, um museu de Coelala, que podem visitar.
Passando para a comida, o Abdel Jalil falou-nos do Cuscus, que é, não sei se é o seu prato
favorito, mas é o seu prato favorito.
Aqui em Portugal não há um restaurante tunizinho de referência, né?
Não, infelizmente não.
Infelizmente não.
E nos outros restaurantes de Magrevo?
Sim, exatamente.
O Cuscus não é bom?
Não, não é bom.
Os restaurantes de Magrevo também.
A milagreira é a diferença, portanto, dos especialistas.
Também Marroquino, que cai em Portugal, acho que é só nosso restaurante marroquino.
Os jelinos, acho também.
Não, porque aqui não há, e não conheço o que eram os restaurantes jelinos.
Os jelinos do Zona do Magrevo são marroques, ou marroquinos aqui que têm alguns restaurantes.
O resto era tipo Síria, Liba, não.
E nós tínhamos estado a ouvir Eddie Joini, um dos cantores clássicos.
Ele já morreu, clássicos da Tunisia.
Também a mina Faquete, que ela ainda é viva graças a Deus, e está muito bem conservada.
E também Latifa, outro grande cantor.
Obrigado por tê-nos estas ideias das músicas.
Nós estamos já a fechar estas músicas que escolheu para acompanhar esta conversa.
Estão disponíveis no Spotify, na nossa playlist que se chama Vamos para a Tua Terra.
Foi incrível esta conversa. Obrigado por nos guiar pela Tunisia.
E fechamos com um Full Circle Moment.
Dizeste há pouco que há uma ilha na Tunisia que inspirou a Odisseia.
O nosso Camões inspirou-se na Odisseia para escrever sua obra.
Portanto, fechamos exatamente quando começamos e voltamos para a semana. Obrigado.
Muito obrigado.
Vamos para a Tua Terra.
Machine-generated transcript that may contain inaccuracies.
Abdeljelil Larbi já entrou para a História como o primeiro tradutor para árabe de Os Lusíadas. Mas esta não foi a primeira vez que a vida deste professor tunisino se cruzou com a de Camões.
* A Tunísia num prato: cuscuz
* Num livro: Os perfumes de Marie-Claire, de Habib Selmi
* Num filme: Os Silêncios do Palácio, da realizadora Moufida Tlatli
* Num lugar: Ain Bousadia, Siliana
* Na música: Hedi Jouini, Amina Fakhet, Latifa