Vamos para a Tua Terra: Rússia
5/7/23 - Episode Page - 54m - PDF Transcript
Na tua terra, na tua terra,
Vamos, na tua terra,
Na tua terra, na tua terra,
Vamos, na tua terra,
Eu quero que eu estivesse aqui,
Se eu estivesse aqui com o cigarro.
Vamos combinar uma coisa em todo o território, não é fácil, não é?
Combinamos ao meio-dia, de onde?
Faz fronteira com 14 países, não vou dizê-los todos.
Posso dizer que é da Finlândia até à China.
A história começa no início do primeiro milenio com um povo gelavo
que se instala num lugar onde hoje fica a cidade de Kiev, o Kiev,
e funda o Russo, e é daí que vem precisamente o nome da atual, Rússia.
Este grupo depois vai se separar, já tem-se,
e uma das partes forma o grão do Cado de Muscovo, cuja religião,
portava ali perto do Império Bizantino, já é o Cristianismo,
no caso, o Cristianismo Ortodoxo.
A coisa depois lá cresce, a volta de Muscovo,
até se tornar num vastíssimo império governado por um Czar,
o Czar, que é como se chama lá, aos imperadores.
Houve uns quezados, como em tudo, houve uns quezados melhores,
outros quezados piores, e usavam com mais ou menos para Simónia
o seu poder completamente absoluto, e assim governaram a Rússia.
Depois chegamos ao século XVIII, e o quê?
É o reinado da Catarina, a grande, talvez a mais famosa dos quezares,
no caso, uma quezerina, e os quezares deixam de ser verdadeiramente russos.
Isto é uma família real alemã, que depois, claro, viviam lá na Rússia,
e de para disfarçar, mas são alemães,
e isto vai coincidir com a abertura da Rússia ao seu lado ocidental.
São Portesburgo vai se tornar numa das capitais culturais da Europa,
e depois, ao longo de todo o século XIX, os russos dominam, como sabemos todos,
as artes da música ao bairrado, do teatro à literatura,
tudo coisas muito bem apanhadas, por acaso, não desfazendo.
Só que as coisas dentro do Império não estavam de feição para toda a gente,
eram muito poucos, as pessoas que estavam contentes,
a poderosa aristocracia russa era dona do país todo,
isso não é praticamente extraordinário, no resto do mundo também era assim,
só que eram também dona de grande parte da população,
gente que podia ser comprada e vendida, como se fosse propriedade,
numa forma de escravatura que chegou até ao final do século XIX,
que se chamava Servidão.
A literatura russa de resto escreve bem esta realidade.
Depois, há um dos Quezares, Nicolás II, recusa-se a fazer reformas,
isto vai dar-lhe uma revolução em que ele, e quase toda aristocracia russa,
é primeiro expropriada e depois morta.
Houve uns casos em que foi pela ordem inversa.
Depois, isto é a vitória, claro, dos Bolsheviks,
que vão transformar, quando o tempo chegar,
o Império Russo na união das repúblicas socialistas soviéticas.
O mundo vai dividir-se entre as duas grandes potências,
os soviéticos de um lado e os americanos do outro,
num período que nós chamamos a Guerra Fria, resultado,
guerras por interpósitos países em todos os continentes,
da África, Ásia, América, e depois também a corrida ao armamento nuclear,
ali com os sustos valentes, mas também para o outro lado,
a corrida espacial nos anos 60, pois o primeiro animal, o primeiro homem,
é a primeira mulher de todos os soviéticos, no espaço.
E depois, para não se deixarem ficar mal, dois americanos chegam à lua.
Além disso, a Guerra Fria também deixou direção a toda uma cultura pop
de um lado e de outro da cortina de ferro sobre esse terrível monstro do inimigo.
Valeu-me bem a pena.
Pelo visto, o comunismo era mais apreciado fora do que dentro do mundo soviético
e o descontentamento das pessoas vai fazer cair, no final dos anos 80,
a barreira física que separa a vezes os dois mundos,
fala do muro de Berlim, claro, isto é o início do fim da União Soviética,
pelas mãos do Nobel da Paz, Mikhail Gorbachev.
Depois, o anunciado fim do mundo, vai chegar mesmo,
agora não com os mísseis de Cuba, mas com a abertura do primeiro McDonald's
em Moscovo em 1990.
A Guerra Fria tinha acabado e o mundo pôde finalmente viver em paz para sempre.
Só que não. 30 anos depois da queda da União Soviética,
24 dos quais, com Putin no poder, a Rússia, volta a estar em guerra,
desta vez muito pouco fria contra o mundo, quase todo.
Para falarmos do país que mal ou bem não esqueçamos, nos deu o Tolstoy,
o Dostoevsky, o Tsekov, o Sostakovich, o Rachmaninov,
e o Tsekovski, a nossa convidada é a Regina Salnikov,
ela nasceu em 1985, em Iskavsk.
Ijebsk.
Ijebsk.
Os nomes que são são fáceis de dizer, não são nada fáceis.
Isto fica no lado ocidental, ou no lado europeu dos Montes Urais,
a selva de fronteira entre a Europa e a Ásia.
Ela fez o liceu quase todo na Rússia, mas acabou o décimo segundo ano na Amadora,
vive em Portugal desde 2002, estudou design nas belas artes
e trabalha em produção na discoteca Luxe Fragil.
Olá, Regina, bem-vinda.
Olá, muito bom dia.
Muito bom dia.
Olá.
É invitável fazer-te esta pergunta.
Quão difícil é, neste dia que gravamos em 2023,
quão difícil é ser russo em Portugal por estes dias?
Para já, já não.
Quer dizer, tem sido bastante bem.
Apesar de haver estes acontecimentos todos,
eu penso que tenho bastante apoio.
Sempre quando digo que eu sou russa, muitas das vezes,
pelo menos os portugueses, tenho a reação,
não te preocupes, nós estamos contigo, está tudo bem.
Tipo, nós estamos contra, está tudo bem.
Obviamente, não posso dizer por outros russos,
mas eu tenho muita vergonha naquilo que está acontecendo neste momento
e sinto muito por sucedido.
Cada um consegue fazer faz o que eu consigo fazer.
Mas há uma carga estranha de que, hoje em dia,
se diz que sou russo ou venho da Rússia,
as pessoas ficam um bocadinho,
trouxe uma palavra estranha.
Não, não.
Na minha pele nunca senti.
Na minha pele nunca senti,
nunca fui discriminada de alguma forma,
nem nenhum tipo de comentário
houve de alguém que eu conheço,
porque, normalmente,
só se for das pessoas estranhas completamente,
mas eu não.
Nunca tive essa connotação.
Umas colegas, uma das colegas ucranianas,
no trabalho, e há umas brincadeiras,
há lá vem a tua inimiga e até ela própria dizer,
não, nós estamos bem.
Ela não tem culpa nenhuma nisso.
Isso é a responsabilidade de que a gente está lá na liderança.
E as pessoas fazem muito essa...
Sim, sim, sim, sim.
Sobre todos os russos que moram fora da Rússia?
Mesmo que aquelas que estão lá.
Muitas das vezes elas são refãs.
A questão lá, e mesmo que querem se pronunciar
de alguma forma contra,
elas não têm essa possibilidade, a sequer.
Podem pagar um preço bastante alto.
Eu recordo-me, é do meu irmão,
pelo menos a dizer o que ele ficou lá.
Atenção, não fazeres donativos.
Por exemplo, através do teu cartão,
tu podes fazer donativas de outra forma.
Faz com o cartão dos teus amigos,
ou faz de outra forma que seja...
Donativos para apoiar os acranianos.
Apoiar os acranianos,
ou alguma instituição sem fins lucrativos.
Para não ficar um restreino na Rússia do teu...
Sim, sim, sim.
Atenção, aquilo que tu dizes nas redes.
Mesmo quando eu tenho conversas,
por exemplo, no WhatsApp,
ou assim com familiares,
tento não fazer essas tipo de perguntas.
Não é porque elas não querem falar.
Não é porque não quero falar.
É porque eu não quero ser a pessoa
que pode prejudicar a vida das pessoas que estão lá.
Eu não sei se fazem restreio,
ou se não fazem restreio.
Obviamente é uma grande paranoia, não é?
Mas se eu puder não o fazer,
eu prefiro não o fazer.
E sentes que é uma coisa que sempre foi assim,
desde os anos 90,
houve uma expressa do...
Bem, isto agora é um país democrático,
temos aqui eleições, temos aqui a oposição,
ou muito cedo, se percebeu,
que não era exatamente assim como...
É famoso jornalista de assassina.
Nós todos sabemos essas histórias.
Mas era muito menos, muito menos.
Não sei, eu não posso dizer
que acompanhei muito, mas...
Você também estava a crescer?
Eu estava aqui a crescer muito mais.
Estava muito mais concentrada na vida aqui.
E, a partir do santo do ponto,
comecei a perceber um bocadinho mais
como é que é a vida lá.
Eu acho que não havia...
Havia bastante abertura até para a Europa,
para aprender com os europeus,
os russos viajavam bastante,
abriam os novos negócios,
os nossos mídias, apesar de estatais
não estarem em boas condições,
como havia de YouTube ou outras plataformas,
existem programas maravilhosos,
mesmo muito bons,
jornalistas ótimas que trabalham no YouTube.
Estamos a falar de YouTube.
É como se fosse um TikTok
ou uma plataforma que não...
Que era a maneira que tinham para fugir.
Havia uma maneira para fugir dali
e havia essa toda abertura.
E hoje estou a falar dos últimos 2, 3 anos.
A diferença entre a possibilidade de falar
não tem nada a ver.
É absolutamente assustador.
A mudança na legislação,
nas pessoas que foram presas
ou declaradas como agente estrangeiro,
que é uma coisa super-radícula.
Apenas se tu é jornalista
e estás a receber dinheiro
de uma conta estrangeira,
é agente estrangeiro.
Ou algo...
Com este...
Na menculatura,
uma diferença bastante grande.
Nos últimos 2, 3 anos...
Sim, sim, sim.
E tu achas que isso foi uma resposta,
uma resposta à contestação interna,
ou seja, muita gente na Rússia
dizer que não queremos mais este regime,
ou esta precessão internacional
que se foi criando nos últimos anos
de quase perceber
que a guerra fina não tinha acabado
com aquelas histórias do envolvimento da Rússia
nas eleições americanas,
nas eleições no Reino Unido.
Foi uma resposta...
Qual destas duas coisas?
Eu penso que foi a resposta
ao Navalny,
que criou uma rede muito grande
e bastante forte.
Ele criou uma rede
que era completamente independente
de pessoas particulares,
umas pessoas concretas
que financiavam, por exemplo,
porque o Putin acha
que pode comprar tudo e todos,
e supostamente poderia dar a volta a isso.
Agora, o Navalny trabalha
com donativos das pessoas,
donativos muito pequenos até às vezes,
que estamos a falar de
3, 5 euros, se cada um de nós dá
a Rússia em gigante
e conseguem financiar,
e é muito mais difícil,
dizer que não, vamos acabar com eles,
não dá, é muito difícil.
E eu penso que é
com nova forma de legislação,
com novas leis que ele criou,
ele criou medo mesmo
nas pessoas para darem os donativos
para escreverem nas redes sociais.
Há imensas pessoas
que estão presas,
porque fazem post,
que fazem repost,
nem sequer é, ou põe um like.
Nós estamos a falar
há pessoas que são
detidas na rua, que saem com uma folha branca.
O que é que é preciso fazer mais?
E isto,
mesmo algumas
das manifestações
que eram possíveis fazer
antes de covid,
hoje em dia não, é impensável.
Não é o facto
de, ah, eu vou fazer algo
e vou ser presa, não,
basta tu sairas.
Porque arranjou-se quais formas legais
de ser uma ditadura legais, quase?
Sim, completamente.
Por causa do covid, pode-se dizer
que está a fazer uma tentada
à saúde pública e as pessoas são presas.
E era? E era?
Ainda havia uma espécie de legislação
também a defender-se ali
por causa do covid, não podem usar.
Ou temos uma coisa maravilhosa, por exemplo,
no metro
reconhecem estas pessoas
que foram manifestadas,
manifestar-se por causa das máscaras
e elas não podem ser reconhecidas,
porque são seguidas,
elas disseram que no metro
é proibido utilizar a máscara
apesar de estarmos no covid.
Isso não faz sentido absolutamente nenhum.
Porque é um sítio fechado,
mas não pode dizer
manifestação,
porque estamos
em termos de covid,
mas não pode utilizar a máscara
dentro do metro.
Fazia sempre toda a lógica.
Deixa-te um bocadinho triste
que seja que se confunda,
sobretudo no mundo do chamado
do Ocidental, que se confunda
os russos com o Putin,
no caso com o governo russo.
Então, de quanta
constação interna existe
eventualmente até a condenação
da guerra? Existe dentro da Rússia?
Aqui dentro da Europa eu não sinto isso.
Eu penso que existe uma grande separação
entre o povo russo
e o Putin e o governo.
Não é? Porque nós,
apesar de tudo, passam na televisão
que existem manifestações,
que existe o Navalny
ou outras opositores
que não estão contentes com isso.
Eu penso que a grande
parte das pessoas entende
que são duas coisas diferentes.
E não condenam
só porque tu és russos,
quer dizer que tu és
pro guerra?
Não, necessariamente.
Obviamente, podes ter outras opiniões,
mas
geralmente não.
E por isso é porque nessa dictomia
das de guerra fria há muitos europeus
que não sabem exatamente onde se posicionar
no bino
do lado americano ou do lado russo.
Não é claro para todos os europeus.
Já o ressentimento em relação à América
também está bem grande dentro da Europa.
É um cara difícil.
Agora que tiramos o elefante
um bocadinho da sala de um tempo
vou-te pedir que me descrevas a tua cidade.
Sei que é uma cidade bem grande, bem industrial
das cidades mais industriais
da Rússia.
Fala-me um bocadinho.
Não sentia-se
tão grande porque
não é tão densa.
Não tem estas ruas tão estretas
como são aqui.
Tudo tem espaço.
É bastante industrial, se senhora.
Tenho umas grandes fábricas
de armamento.
Militar.
É chamado da capital do armamento.
Sim, é a terra natal do
Kalashnikov.
Completamente.
Tens um iman do bam
trilhadora no frigorifício.
Quase, quase, quase.
O que nós fabricávamos
eram vodka em forma de Kalashnikov.
Era qualquer coisa.
E na altura
quando a cidade
ainda estava
em desenvolvimento, quer dizer,
no início de
anos 90 ou 80
havia uma produção de motos
que eram
umas motos que tinham
aquela coisa ao lado.
Um Sidecar.
Em português.
Em português é Sidecar.
Exatamente.
Tinha uma grande produção disso.
Sim.
Tinha um, os seus pais tinham um.
Tínhamos, era maravilhoso.
Maravilhoso porque eu tenho mais dois irmãos.
E o estado
para os trabalhadores
de fábricas, a minha mãe
trabalhava numa delas
dessa das motas,
eles ofereciam um terreno
que chamava-se Dacha.
Tavam-te um terreno onde podias plantar
as tuas batatas, cenoras,
e eles no verão passaram
uma espécie de quinta que tu ias passar lá uns dias.
Então nós os três sentávamos lá dentro
e não sei como
calhávamos lá todos
e íamos juntos pelos calhaus
fazer uns 30 km
até aquela Dacha
que só tinha
ervas daninhas para tratar sempre
que ninguém queria tratar obviamente
ou comer framboesas
que o picava tudo.
Mas era engraçado, era engraçado
essa altura também.
E os seus pais tinham nascido também na cidade?
Não, a minha mãe
aliás, os meus pais
eram de uma aldeia muito pequena
e eu não conheço
muito, muito bem a história deles porque
quando eles eram mais nomes de viajavam
muito, passavam de uma aldeia
para outra e cruzaram-se
por acaso porque andaram
numa faculdade
juntos
a minha mãe
conhecia
irmão, como é que é?
Teu tio, irmão do teu pai será? Sim.
E conheceram-se por aí.
E os seus avós viviam ainda
no campo quando eras pequena?
Sim, quer dizer, eles
faleceram quando eu era bastante nova
portanto eu não recordo
quase nada deles. E não te lembras
claro da União Soviética, ou seja
quando eras uma criança no final
da União Soviética. Os seus pais falavam-te muito
como era a vida
antes
do fim da União Soviética?
Não, nem por isso,
a única coisa que me recordo dessa altura
é que
nós tínhamos assim
uma espécie de um talões, assim, muito pequeninos
que dava-se para cada família
uma senha de racionalismo?
Sim, umas senhas
que tu tinhas uma quantidade
do pão, de
vótca,
carne, e eu lembro-me
que a minha mãe trocava estas senhas de vótca
com os vizinhos, por açúcar, por farinha
ou qualquer coisa assim
Hoje já estou suficientemente bebida
da minha senha para comprar um talão.
Eu tenho que ter as filhas para lamentar
acho que me dá a trocar aqui estas senhas
Lembro-me
do meu pai a dizer
que não havia música
que vinha daqui
que ela adorava a aba, por exemplo
A cacete que vinha, não sei da onde
tinha que ser copiada com as sete vezes
para a gente conseguir ouvir
óh, ouvia muita troca disso,
também
É porque é muito, eu faço esta pergunta
claro que cada família tem sua própria história
sua própria impressão da União Soviética
mas a cortina de ferro
criou um distanciamento tão grande
entre a Europa Ocidental e a Rússia
que se vive
num limbo sem saber
mas as pessoas, há saldozismo
em relação à União Soviética
a vida era boa, mas há
há tantas versões
também de acordo com o alinhamento
político de quem conta
que é um mistério como é que era
de facto a vida na União Soviética
porque nos chegavam imagens terríveis
chegavam-nos histórias
por exemplo
o ensino supostamente vocacional
muito desenvolvido
qual é que era, pelo menos
na herança da tua família
na memória da tua família
como é que era um bocadinho a vida na União Soviética
Eu penso que é muito diferente
primeiro do que aquilo que nos dava
na televisão e a saldozismo que exista
hoje em dia
de algumas pessoas, mas lá está
tipo de pessoas é que são saldozistas
Eu penso que isto vem a mocado dos
filmes, não, eu acho que é o contrário
saldozismo são das
gerações mais novas
que nunca viveram lá
porque aquilo vem dos filmes
é, não sei
as imagens representativas que nós
temos daquilo
porque é uma estética bonita
divertida, bonita
e a história bonita que nos contavam
daquela altura
eu penso que aquilo era duro
era muito duro
era bastante
hipócrita durante o dia
porque todo o sistema
obrigava-te a
obrigava-te a não dizer verdade
tu não acreditavas nos comunistas
não gostavas nada daquilo
mas tu eras obrigado a dizer
que sia tudo porque sabias
se tu não dissesse que seria prejudicado
tu não serias promovido
nem é promovido
se não conseguias te alimentar
era essencial para ti
não havia grandes escolhas
nunca foi muito comentada
pelos meus pais, na verdade
como é que elas viviam
ou
elas sempre foram
as pessoas
ficavam
com família, criaram filhos
muito, muito novos e acho que
entram nas sentidas
mas não estavam entretidas no seu dia a dia
sim, sim, sim, sim
pois economicamente as coisas também
particularmente bem
e isso também agrava sempre
essas políticas
só de recordar e pensar
como é que os meus pais viviam
quando eu nasci com o meu irmão
hoje em dia para nós é impressionável
elas chegaram a viver
com os meus tios
os três irmãos
da minha mãe
a minha mãe e mais dois
cada um tinha sua família
já com filhos
muito pequenos e estavam a viver
numa casa de dois das suas olhadas
certamente aquilo foi
só um período que elas viviam juntos
mas a circunstância era tal
não, temos que viver assim
não temos outra possibilidade
se não alguém vai viver na rua
obviamente, depois, pouco a pouco
as coisas mudaram-se
e as condições de vida foram melhorando
e essa era a realidade de muitas pessoas
e essa era a realidade
o pior é que
em um momento primas
também tiveram na mesma situação
tiveram que viver duas irmãs juntas
com filhos pequenos
com a avó
também numa casa muito pequena
também num período
obviamente não é lá anos e anos
mas num período da sua vida
tiveram que viver assim porque
não existe a possibilidade
financeira de tu alugar algo
só para ti
é muito difícil nessa circunstância
é um assunto que as pessoas gostam de falar
que querem falar também, na verdade
essa nostalgia soviética
que acontece, quer dizer, durante os anos 90
talvez com as pessoas muito mais velhas
mas hoje dirias que
são pessoas sobretudo mais novas
que não viveram o período soviético
que tem essa nostalgia
e como prevalente aqui, é muita gente, é pouca gente
é muito difícil de me dizer
porque eu vivo aqui
já há 23 anos
quase
já há com muita regularidade
e não tenho muito muito contacto
e não são assuntos que falas com os teus amigos
com seus amigos
não, estas ligações vão perdendo
vão se perdendo
com alguns, temos ligações com outras
nem por isso
e falarmos de outras coisas
é muito difícil
falar sobre isso
sinceramente
acho que não tenho representatividade
então vamos voltar então
para essa tua infância
e a delocência
nessa cidade, na capital
capital russa do armamento
qual é que é, Regina, o tom
que te lembrarias
de crescer na tua infância
e a delocência na tua cidade
eu acho que o que eu recordo
que eu era uma criança bastante bem
compartilhinha
eu recordo-me de começar a escola
não sei porque
é uma escola ainda durante a noite
porque o sol nascia mais tarde
no inverno
e tu passas
naquelas trilhos pequeninos
e veja
neve toda a brilhar com aquelas luzes
ainda mal acenderam-se
e vais lá à escola
aquelas azeites de manhã
recordo-me muito bem disso
naquela altura também
a minha mãe
minha mãe era uma pessoa maravilhosa
na minha cidade
se era industrial
tinha muito pouca oferta cultural
mas ela esforçava-se sempre
para levar aos posições
ou levar ao teatro
mas é mais de música
e naquela altura
havia
uma coisa muito popular
que as pessoas
os pais lavavam sempre os seus filhos
para as escolas de música
independentemente qual era o instrumento
grande parte dos meus colegas
tinham acordeão
porque era mais pequeno
com tantos compositores e músicos famosos
no século 19
que qualquer pai dizia
pode ser que seja o meu filho
eu não sei por que a razão
era bastante acessível
era como ir às aulas do judo
que toda a gente agora está
quase toda a gente aprendia um instrumento
quer dizer, não é toda a gente
mas
era bastante comum
como uma
disciplinestra e curricular
e a minha mãe achou então
se a minha filha
for a cor
não precisa ter um instrumento nenhum
é bom, não é
ele só sai mais em conta
então ele escreveu-me num cor
só que eu havia um pequeno promenor
porque tinha aulas de piano
e a minha mãe é tão corajosa
é tão espetacular
porque nós tínhamos uma casa só
quando usas olhadas mas ela
trouxe um piano lá para dentro
o meu pai ficou
super alegre obviamente
empulgas
quando soube disto
mas lá estava o meu piano
e continuou a estar lá ainda
para eu tocar
é ser a minha infância de ir para a escola
e ir para a escola de música
treinar as vezes
é bastante demorado aquilo
eu acho que a única
dificuldade que eu tinha
eu não tinha muito com quem partilhar
na minha família porque não havia ninguém
de músicos
e tu ficavas ok
então podiam ouvir aqui alguma coisa
ouvir, ou assim
a ta reginando outra vez
como é que se pronunciou teu nome
verdadeiramente em russo?
regina
sim sim sim
a minha mãe disse que
eu tenho um nome
da lituania
porque os meus
os dois irmãos que eu tenho
tenho um nome super russo
é vladimir e dmitri
eu só poderia ser anastacia
ou natália, não sei como é que me calhou a regina
talia igual
ainda percebeu um nome que existe também em português
pois deu muito jeito
deu mesmo muito jeito
depois lá fizeste a tua escola
fala-se muito
a ideia da época doro
em termos artísticos
da literatura, dos grandes romances russos
dos grandes compositores russos
do teatro, cultiva-se muito isso
no liceu quando se estuda
elas bem tentam, mas nós
começamos de teenagers
não queremos saber nem nada disso
sim
quer repaz de uma resuma só chavou
que eu nunca na vida vou ler isto
era obrigatório
era obrigatório
e eu acho que ao contrário
de tantos outros
te começas a odiar mal
está dentro do programa
da escola, então não quer ler
no gênero isto é uma seca
o essa de queiroz
que é o nosso expoente máximo do século 19
tem esse drama com sua obra
Os Maias que era obrigatório nas escolas
mas que no 99% das pessoas lia
através de uns resumos pequeninos que eu via
faziam igual se põe de coto
assim né
é a mesma coisa
acontece com os outros
nossos de
atualidade quando são
pedidos para
crescentar no
programa das escolas
não por favor não me ponho
não me ponho lá se não nunca mais me valo ler
exatamente, e na disciplina
desta história
que período é que se estudava
em nao descendo, havia estudava
a união soviética, estudava a época
dos tezares
essa época dos anos
dos ultimos
anos de falar de 80
e depois, era tão rápido
a dado, era mais só reis
reis, que eu recordo
ou seja, a época dos tezares
que era fechada com a sua grande aparenta
aquilo falava-se bastante
pelo menos aquilo que eu me recordo agora
quando passava a parte
mais interessante a falar de
dos anos 90, aquilo era dado
em dois aulas
e agora, é só
e não vamos discutir
só vamos ficar aqui
tinha sido uma inversão
em relação, por exemplo, aos teus
pais, que provavelmente
o foco era sobre a
união soviética e passava
seus tezares um bocadinho
em branco, provavelmente no liceu
não sei, eu acho que nós temos nas aulas
de história, é muito...
era usado para o orgulho ruso
muito essa altura
e tu...
para esqueceres um bocadinho a tua vida
de presente
e é muito mal feito, obviamente
porque eu estou vivendo sempre com
a vitória às passadas e estão aí agora
ok, sim, isto foi
70 mil milhões de anos atrás
e agora, como é que é?
Olha, sentias um...
via também esse anti-americanismo
que tinha caracterizado
grande parte da vida
do mundo durante o século 20
Não sei, eu acho que
era só para... não, era só para os políticos
porque
o resto dos
russos acho que não havia essa
posição porque
nos anos 90 lá está...
Havia... Havia uma dona?
Sim, era
outras coisas completamente diferentes
o meu pai
passou a trabalhar de uma fábrica
para trabalhar numa feira
para vender pósters
de...
mandar uma dona
para vender sneakers
ou pastilhas elásticas
que chamavam-se love is
trazia nos Coca-Cola
era incrível
era incrível, havia uma grande
abertura
de uma série de coisas
É o mundo entrar...
sobretudo o mundo americano e capitalista entrar
de jorro na cara das pessoas
a minha mãe tinha uma história incrível
lá está... era tudo caro
mas já começou a ser possível
e eu lembro-me
chegou... havia uma loja
de... enchidos
e ela disse que ela chegou a comprar
o queijo rock 4
50 gramas
só para provar como é que era o queijo rock 4
eu quero experimentar o queijo rock 4
porque eu veio de...
Eu queria sim, provavelmente
por isso que era... se era 50 gramas
se não era, comprava mais
50 gramas porque ela tinha dinheiro
só para 50 gramas
e ela disse que obviamente a senhora de loja
olhava com os olhos gigantes
para ela e disse... mas eu quero provar-se
e gostou ou não?
ela adorou
obviamente adorou e não...
é 50 gramas, era para dividir entre todos
também provaste-nos
claro, claro que nós dividimos aquilo
e toda a gente faz se nambrar
desse o queijo rock 4
primeiro os senicas que nós trouxemos
para casa e éramos os 5
era um dividir por 5
cada um tinha a sua peça
e tinha que ser lá dividido muito bem
porque ninguém podia
ficar prejudicado
era engraçada essa altura
e depois lá fazes
a tua... adolescência
namorados, fazer a vida normal
os amigos até... não sei
isso é uma...
eu acho que isso é uma coisa super portuguesa
muito portuguesa, eu não sei como
porque isto acontece
mas desde o infantil, ao partir do momento
que você consegue falar, perguntam
tu já tens namorada?
essa não era a pergunta que eu estava só a fazer
mas... namorado, namorado
sim
mas...
não acontecia isso
estava a imaginar-se uma partida mais dramática
da... chegam a altura
desde 17 anos
que é um período difícil de posa de adolescentes
e os seus pais chegam a casa e dizem
meninos, passam as malas que nós vamos emigrar
foi assim?
não foi bem bem assim
é... muito mais gradual
eu acho que
eu estava mais pronto que os meus pais
eu queria partir
você estava esfarta daquilo?
não é ser... estar farta ou não
eu acho que já tinha perceção
de que tipo de vida queria ter
e que
não havia muito...
que não ia ser na capital russa do armamento
era isso?
não havia muito por onde crescer, era isto
casar nova, provavelmente
casar nova, ter um trabalho
medíocre
eu comecei a trabalhar
com o meu pai a ajudar
numa coisa na feira com o 12
portanto já começava a ter
noção o que é que é
trabalhar, receber pouco
não ter dinheiro para nada
e os cargos, se calhar superiores
tu não associavas
a mérito
tu associavas
a conexões, a cunhas
ou coisas assim de gênero e assim
eu não tenho isso
portanto não vai dar muito
por onde crescer
e as faculdades, universidades que havia lá
não creio que
seria a melhor coisa para mim
as boas universidades estão no outro sítio
em Escovem
se fosse para estudar ciências
realmente
física, matemática
são bases
tu tens que treinar
ensino artístico
parte artística
numa cidade industrial
quando estavas a crescer
de vez em quando acontecia isso
de um amigo ou uma amiga
os pais emigrarem ao longo deste
começavas a haver
não eram amigos
mas naquela altura
conversas que havia
um amigo do amigo
que ou foi a América
ou foi para o nosso é onde
mas é o recorde
essa retirada dos documentos
da escola
quando são transitadas
para o outro é de um modo diferente
agora quando tu vas para as estratégias
que lamentar mesmo
efetivamente os dois documentos
houve um período que nós tivemos
voltar para a escola de uma forma
e voltar a ir embora
a passar de manhã ou ano
e voltar à escola
com toda a gente a saber que tu vais me agrar
é foi
duro um bocadinho
porque existam pessoas
não sabiam ligar
as pessoas não sabiam lidar
para mim não foi tão duro
porque eram já mais
crescidas tanto
crianças
apesar de serem como 17 anos já eram crescidos
mas para alguns era
como se eu tivesse ganho era milhões
tu vais para o espaço
vais para
o dinheiro cresce nas armas
não sei para onde é que elas estavam a imaginar
que eu ia
mas era para um lugar muito melhor
que eles nunca na verida iriam ter
havia
professores que estavam com inveja
e faziam a vida negra
um dos meus irmãos
havia certas
reações que eu acho que as próprias pessoas
não estavam a ter noção
que estavam a exagerar
porque não sabiam o que que vinha
e depois lá vieste
porque em Portugal
os seus pais tinham amigos que estavam cá
atiraram uma seta
quase
foi mesmo um mero acaso
porque um dos meus
tios mais novos
já tinha vindo
a Inglaterra porque ela sabia bem
em inglês
queria experimentar, era uma experiência
foi para lá
e o meu pai ficou
foi bom, vamos lá
só que ela percebeu que a Inglaterra
não estava a aceitar tão banho
os estrangeiros
porque não podia estar
legalmente
durante muito tempo
estando ilegal é muito difícil
não existe
já com
já com os documentos
é bastante difícil de viver
num país completamente diferente
quanto mais sem documentos
é muito mais complexo
e ele foi para uma
agência de viagens que disse na altura
olha, mas o Portugal tem as partas abertas
não quer dizer lá
e ele, onde é que é?
eu acho que foi mais ou menos assim
e é literalmente
no lado oposto da Europa
e então
ele era diferente
tanto ser francês
mas que foi chegar cá
lembra-se disso, foi
o meu pai
o meu pai ficou aqui
um ano, mais ou menos
passado meio ano
ele já queria que nós véssemos
não, fica lá mais um bocadinho
mesmo bom, meio ano ainda muito pouco
então quando chegaram
eles já estavam aqui há um ano
e depois é que não estava nada instalado
mas
foi uma boa opção
lá conseguimos dar a volta
e quando nós viemos
era de um outro carro
de um muscovo
porque eu era eu
e mais o meu irmão
eu tenho mais um irmão mais velho
mas ele teve que ficar
porque já era maior, já tinha 21
não podia ser coisa da troba
porque não, não
porque quando o meu pai entrou
era legalmente
era legal
depois
o Portugal é que proibiu
virem mais pessoas
o seu filho como era maior de idade
já não podia ser, nós como éramos menores
era recorrapamento familiar
coisas legais
não foi estranho partir uma família dessa maneira
acredito que seja uma decisão
bastante difícil
mas o meu irmão também
tinha 21
na faculdade estava meio do curso
e não sei até que ponto
também fazia sentido ele sair
para ir para fazer o que
era começar a estudar
se calhar fazia mais sentido
acabar os estudos e vir
mas sempre ficou por trás
vocês vêm-se muitas vezes
ou não, nem por isso?
nem por isso, nem por isso
porque ser engraçado é quase um estudo
da diferença entre crescer na Rússia
e crescer em Portugal
e crescer quase desconhecidos um pouco a outro
isso é uma pergunta um bocadinho pessoal
se não quiséssemos falar
um bocadinho não é uma pergunta
só pessoal mesmo
eu não posso dizer
que obviamente temos
uma grande diferença
na Maranher de ver as coisas
mas acho que mesmo
mas pensas neles como
é o meu irmão português e o meu irmão russo
porque mesmo o meu irmão mais
mais novo que veio para cá
também é completamente diferente
não sei
é difícil dizer
porque ele é bastante progresivo
uma irmão que ficou lá
e muito mais atualizado
e de mente relativamente aberta
ele não fala português
não, não
vou aqui falar das suas sustões
deixamos sempre a gastronomia
para o Pó Emmanuel
faz também uma visita
os nossos guias
os nossos guias turísticos
mas contigo vou falar
deste livre, deste autor que tu nos falaste
que é um importante
nós todos conhecemos o Tchaikov
este é um Tchaikov
contemporâneo e vivo, não é um drama
turgo que se chama Ajuda-me
para não dizer disparados
e Evgeny Griscavetes
nós vamos por isto tudo na descrição
do episódio quando estiver
online
falam-me deste drama turgo
eles escrevam
os pequenos textos
sobre a vida cotidiana
ou as experiências que eu tive
quando esteve na tropa
no nascimento
dos seus filhos
são pequenos monólogos
às vezes não
que às vezes são transformadas
em peças de teatro
ensinadas pelo próprio
eu adoro pessoalmente
porque
traz
uma nova
realidade não tão pesada
de amora
de proximidade
que falta-nos muito
e acho que na altura da nossa
vética
tentavam sempre eliminar
por isso é que os russos têm
sempre esta fama de andar com
poker face
porque ensinaram-nos não
de mostrar estas emoções
tudo de tristeza como de felicidade
e eu acho que ele encontra
muito isso
cotidiano
tudo e
falaste-nos aqui de um em particular
que sei que já foi, isto não vou mesmo tentar dizer
que é a de Navarimena
que é uma peça de teatro
é uma peça de teatro
que fala das coisas que
acontecem ao mesmo tempo
no mesmo período do tempo
enquanto nós estamos a conversar aqui
eu
não
recordei muito desta peça
mas
como é que tu mantenhas
a parte do que vai ser inscrito
e que vai ser feito na Rússia
para as curas online
a grande parte das coisas
é online
através dos mídios independentes
tanto nos sites
ou podcasts
ou vídeos
e elas próprias vão fazendo
referências
e depois vais seguindo
mas interessa de saber o que vai ser
eu acho que sim porque lá está
vivendo aqui tantos anos
às vezes
sinto que
começa a perder a identidade
começo a esquecer-me
de falar em russo
como é que isso se faz
o vocabulario também vai mudando
e tu dizes
e tu espera
já não se desiste
não se fala assim
é que vai dizer
boé
como fazia um sinal
assim aqui em Portugal
quando vivia
o fijo
o fijo que fazia
hoje em dia em Portugal já não se faz
isso fazia há 20 anos
isso se fazia lá
e tu continuas a fazer isso
equivalente na rússia
e lá na rússia há outras coisas
que também já não fazem sentido
depois
a música que temos estado a ouvir
trouxeste-nos três artistas incríveis
que são do tempo em que vivias
na rússia
Splin
Zemfira
a música que temos a ouvir que pode ser apanhada
na nossa playlist do Spotify
que se chama Vamos para a Tua Terra
dois delas
são de uma altura
pelo menos de referência das músicas que eu fiz
são da altura dos anos 90
de um rock russo
que estava a florescer
nessa altura
são maravilhosas
e representam bastante
a vida daquela altura
e um delas
é um rapaz
muito novo
muito ves
lá está as sementas ainda de neo-sovética
a música em si
também é divertida
mas eu adoro como a personagem
super
genuína
com muito amor para dar
o antoca MCI
eu acho que é a representação
daquelas
pessoas que têm
nostalgia por neo-sovética
e trazem
este amor para os dias de hoje
ainda
na sua forma de viver
eu acho
é uma boa representação
para ouvir
é ótimo
estamos a ouvir e podem procurar na playlist
e Marmel?
devia dizer que não foi fácil encontrar
voos paramos com a capital
então tive que ir um cado
andar aqui à volta
encontrei voo para São Petersburgo
trouxe ida e volta
sempre por causa das mais línguas
que ando aí
e ronda os 780€
depois de estar em São Petersburgo
poderão
ir de volta
depois de estar em São Petersburgo
poderão desfocar-se através de convóio
ou alugar um carro
e ir até Muscovo
vou começar por uma atração
não muito usual
que é o metro
o metropolitano ruso
que já desci é só uma coisa
inacreditável todas as estações
Muscovo tem por exemplo 222 estações
e 12 linhas de metro
e consta que
este para nós é um bocado absurdo
o tempo entre um metro e outro é de 30 segundos
portanto
a Regina está a confirmar tudo
bom, já não me sinto tão muito
não, isso já foi muito tempo
quando eu vi
e as estações
quando tu estás no início da linha
tu não consegues ver
o fim da estação
não, o fim de paragem da estação
é gigante
é muita gente
depois em Muscovo
não se pode fugir aos clássicos
é a Praça Vermelha
em Muscovo o Kremlin
que atualmente é sede do Governo
e depois as inúmeras capelas
e museus que há nesta cidade
os principais postais da Rússia
digamos assim, de Muscovo
na Praça Vermelha também
eu trago aqui a minha sugestão de compras
o GUM, que é uma galeria comercial
coberta
o teatro Bolshoi obviamente
e o...
quando eu aprendi que significa só grande
fiquei muito triste
Bolshoi tem um nome tão incrível
teatro grande
grande também
é o Parque Zariadia
um parque recente
é de 2019
e foi assim criado para proporcionar um espaço
estar livre as pessoas de Muscovo
passando para outra cidade
não menos importante, São Petersburgo
já que foi
dito que já
foi uma das capitais
culturais de todo mundo
e atualmente ainda é uma das capitais
culturais da Rússia
e possui uma das maiores coleções de arte do mundo
no R-Mittage
parece-me acho que talvez seja
um museu mais antigo do mundo
isso já não consigo afiançar
mas vou confiar na tua
informação
também em São Petersburgo podemos visitar
duas
uma igreja macatral bastante conhecida
a Igreja do Sangue de Ramado
em São Petersburgo
e a Catral de Santo Isaac
deixe aqui duas últimas sugestões
dentro da Rússia
Murmansk simplesmente porque é o destino
da Aurora Burial
mais barato do mundo para ver a Aurora Burial
portanto é uma boa opção
e claro
também dá para ir de metro
e claro a Sibéria
não poderia deixar de fora a Sibéria
fazer o transciberiano de sonhos
e o Lago Baikal que é o maior lago
de água doce do mundo
20% da água doce todo mundo está
neste lago
Regina trouxe-nos aqui a sugestão
de Bânia
Bânia
que é uma sauna russa
que é uma sauna russa porque
lá está a minha cidade industrial
não tem muita coisa para ver
mas eu acho que
este é um sítio ótimo
acho que pode se fazer
em todo o canto da Rússia
e é maravilhoso
existe em Portugal
mas eu não vou dizer onde que é
mas podem procurar
mas podem procurar
de nada o que você disse
eu adoro cidades industriais
e há pessoas que gostam
também de cidades industriais
eu não tive a oportunidade de ver
a estética brutalista
soviética
hoje é replicada
e é uma estética
que é até bonito
eu acho
em termos da arquitetura
na minha cidade
não havia
beleza, digamos assim
a neocovética
eram umas caixas meio cinzentas
ou castanhas
por isso
como é que está a tua cidade, em particular
que notícias é que te chegam de lá
gentificada
agora esses prédios são todos
condomínios
por isso
quer dizer
eu só recordo
muitas delas fizeram um grande passar disso
o rio
começa a ver algum comércio
mas
pouca coisa muda
pelo menos o que é mais assustador
é chegar junto
dos teus
prédios
e ver que aquilo está exatamente
no mesmo sítio
ou o jardim
para crianças que têm
estes
os balões, os corregas
as coisas de género
aquilo já tem uns
40 anos
no mínimo
porque quando eu mudei para lá, aquilo já estava lá
e continua a estar lá
exatamente no mesmo sítio
isso é assustador
é muito assustador
existem vários sítios
parece um museu
de design preservado
destas peças
no seu habitat natural
sim
Gina, obrigado
foi incrível esta viagem pela Rússia
as duas, a tu também foi muito incrível
e Manuel
foi um testemunho muito fixe
e importante nesta altura
sobre o teu país, a Rússia
a parte do outro país
que é teu também, que é Portugal
nós voltamos para a semana
obrigado
para a tua terra
para a tua terra
vamos
para a tua terra
para a tua terra
para a tua terra
para a tua terra
para a tua terra
para a tua terra
vamos
para a tua terra
para a tua terra
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A Rússia deu-nos do Tolstoy ao Dostoievski, do Rachmaninov ao Tchaikovsky, do Iuri Gagarin à Laika, a primeira cadela no espaço. Mas foi e é também um dos lados de um mundo absolutamente dividido.
Regina Salnikova guia-nos pela sua infância nos últimos anos da União Soviética e não foge aos assuntos mais complexos da actualidade.
A Rússia num prato: Manti, no restaurante Ararate
Num livro: a peça de teatro Odnovremenno, de Yevgeni Grishkovetz
Num filme: ???? 2 (Irmão 2)
Num lugar imperdível: Bania (sauna russa)
Na música: Splean; Antoha MC; Zemfira