Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer: Ramos mortos, caricaturas e funerais políticos
Joana Beleza 6/17/23 - Episode Page - 45m - PDF Transcript
Esta semana, Pedro Mexia declara-se Marco Bellini.
Ricardo Araújo Pereira confessa-se interpolado
e João Miguel Tavares diz que é e não é.
Está reunido o programa, cujo nome estamos legalmente impedidos de dizer.
Olá! Hoje o renoetec assume a pasta dos Acrónimos.
Em homenagem a esta incrível e tão útil ferramenta linguística.
Porque já imaginou o que seria, sempre que quisesse mudar para assim que ter de dizer.
Querida, mudei para a sociedade independente de comunicação, só chovor.
Ou sempre que recebesse a conta da Epal, olha querido,
já recebemos a conta da empresa de águas livres de Lisboa
e este mês é isto a pagar.
Que perda de tempo!
É por isso que agora lá em casa só usamos Acrónimos.
Por exemplo, eu diga-se à minha mulher, tuca!
E ela sabe algo que eu quero.
Traz uma cerveja amor.
Pensavam que era o que, malandros?
E com a tecnologia renoetec é a mesma coisa.
Para que dizer, electric technology, seetec, é bem mais fancy.
Já o programa que se segue, pode não ter Acrónimos, mas Qualidade, isso tem de sobra.
Bom programa.
Viva, que estamos, sejam bem-vindos no final da semana em que chegaram ao fim
os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito à Gestão Pública da TAP,
com três audições, as três mais aguardadas, daqui a pouco vamos deter-nos
nas explicações que Fernando Medina, Pedro de Nuno Santos e Hugo Mendes levaram ao Parlamento.
Mas antes o Ricardo Araus Pereira quer ser Ministro da Poda.
Descobriu em si esta semana uma vocação vitivinícola, Ricardo?
Não, não, Carlos.
De cada vez mais o universo de vitivinícola me fascina, mas é para suportar estes episódios.
Para essa frase do Hemingway que dizia, eu não bebo para ficar mais interessante,
eu bebo para vos tornar mais interessantes a vocês.
É isso, então é Hemingway e eu a mesma luta como parece que os nossos espectadores saíam às vezes.
Mas pelos vistos são efeitos ainda do 10 de junho como morado este ano na régua,
terra de vinho, bom vinho, com o presente da República a deixar uma lista de tarefas
para quem tem de se preocupar com a poda.
Começarmos de novo.
Darmos de novo o vício ao que disse precisar.
Plantarmos, semiarmos, pudarmos, cortarmos ramos mortos que atingem a árvore toda.
Infelizmente as imagens não mostram para onde olhou Marcelo.
Não sei se repararam, aquele momento em que ele faz aquela pausa
e quando levantam os olhos do papel, no momento em que se refera aos ramos mortos,
não se percebe para onde é que está a olhar, tem algum palpite a esse respeito?
Ricardo Araújo Pereira.
Carlos, por acaso quer dizer, no discurso do texto, no momento em que aquilo é dito,
parece-me que ele está a falar mais do país e menos do governo,
falar das coisas que é preciso fazer em termos nacionais e não em termos do executivo,
mas devo dizer que isto é muito aborrecido para mim porque eu tinha retido
como um momento mais importante do discurso o aparecimento da palavra cetúbal no plural.
A certa altura, o presidente Marcelo diz os cetúbais.
Diz que é preciso que os pesos da régua do interior, que é onde ele está,
os pesos da régua do interior tenham o mesmo peso que as lisboas, os portos, os cetúbais
e eu estava encantado com o aparecimento da palavra cetúbais,
em discursos ao mais alto nível, ainda para mais no dia de Portugal,
uma homenagem a camões linda como não há muitas,
que é a palavra cetúbal no plural.
Eu fiquei de tal forma encantado com a possibilidade da utilização da palavra cetúbal no plural,
que depois no Google, cetúbal, plural, só para confirmar que era cetúbais.
E fui dar ao restaurante plural em cetúbal, mas ainda assim, os cetúbais,
eu fiquei, estava encantado com os cetúbais a pensar nos cetúbais,
verifico que o resto do país preferiu isto da árvore, isto da árvore.
Arvores ramos mortos.
E dos ramos mortos da árvore.
Não se sabe para onde olhou o presidente no momento em que se referiu aos ramos mortos,
que atingem a árvore toda, mas os comentadores foram unânimos a dirigir
atenção para o ministro das infraestruturas, que se recusa a comentar questões do setor agrícola.
Eu não vou obviamente entrar em considerações hermonêuticas sobre botânica vítima e cultura,
portanto essa parte espero que percebam.
A minha única preocupação é a fazer o meu trabalho diariamente e procurar fazer o melhor que sei.
Não se sente um ramo morto neste governo.
Era o que mais faltava.
Era o que mais faltava.
João Galamba diz que tem uma agenda cheia para os próximos tempos, portanto não se sente um ramo morto.
Como é que eu valia a Ricardo Araújo Pereira no meio de todo este ping-pong metafórico
com as qualidades poéticas da política portuguesa?
Carlos, eu acho que não são grandes qualidades nem aqui, nem em quaisquer setúbais.
Acho que não são, porque...
Para já, esta metáfora, se é aplicada ao governo e ao Galamba,
quer dizer, não faltará a gente, tendo em conta até o contexto da última semana,
a dizer, mas que coisa tão violenta, mas que coisa violentíssima, porque o ramo está morto.
E é preciso pudá-lo, que é cortar, significa cortar.
E realmente reduzir uma pessoa a uma coisa do reino vegetal.
E mal, porque é um ramo, quando ele é claramente um nabo.
O Galamba, não é?
Portanto, eu acho que eles podiam ter ido muito mais longe.
O Galamba podia ter respondido, eu não sou um ramo morto, realmente estou atacado,
estou aqui, está a tentar...
O Caruncho de Boulin, que é um Caruncho que há agora, está a tentar corruer,
está a tentar corruer, mas eu vou fazer aqui um tratamento,
para ver se isto passa.
E achei cansativo quando o Galamba diz,
não, eu não vou fazer a harmonia eutica, haja alguém,
porque o resto dos portugueses, não tem feito outra coisa,
Portugal parece-se um exame de português do oitavo ano,
comente o seguinte texto.
Comissão parlamentar de inquérito, o que é que ele quer dizer com isto?
Foi ele que, ele afinal deu ordem para o Assis,
ou deu sugestão, mas a ordem não foi a ordem que o Fenema que recebeu.
E agora é...
Então, este, quem é o ramo? Quem é o ramo morto?
É o Galamba?
Eu estou farto de harmoniauticas.
Estás a desmercer o teu ganha-pão?
Pois estou, estou a desmercer, mas é que entretanto, estou um bocado cansado,
estou cansado desta...
Não gostas de viver nesta espécie de meta Portugal?
Bem, meta Portugal, meta Portugal, no rabo, porque estou farto, sinceramente, estou muito farto.
Mas Marcelo também, dizendo que não comentava, também ajudou...
Ah, depois também não comentava.
Que a coisa continuasse a rolar, não é?
Não comente os comentadores e ainda bem, porque, porque, Hermione,
eu tinha que ir prolongar-se, sobretudo, se ele continuasse a falar nestes sentidos metafóricos.
Depois de tanta metáfora, o que outras figuras de estilo é que gostaria de ver?
Eu.
Usadas, mais usadas na política portuguesa, Pedro Mechia.
Eu gosto de ver metáforas na política, não.
Eu não sou um grande fã disso, mas...
Eu gostava de um mês de declarações literais, sinceramente,
só fazermos uma dieta de figura de estilo.
Um detox.
E durante um mês, eram só declarações literais,
é sobre o galamba, é se senhor, é sobre tudo,
só uma dieta de literalidade.
Mas há uma figura de estilo que faz falta, que é como...
São aquelas, lembro-me de ver a...
Daí meio da banda desenhada e depois na pop-art,
que são, às horas, uma topeias, como há muitas das coisas que os políticos dizem
que são claramente pontapés de basta mesa ou cotovoladas.
Aquelas coisas...
Sei lá, naqueles quadros da pop-art, zoin, guem,
aquelas coisas que eram muito giras,
pessoas que terem que reagir com um vocabulário,
mas os discursos políticos ganhariam, em sede de notativos,
concordo, completamente, com o Ricardo, nessa matéria.
Ai, depois ficávamos empregados.
Vamos lá, só uma pausazinha.
Sério, só para fazermos...
É gosto quando houver programa.
O presidente da República não quis esclarecer o alcance da metáfora dos ramos mortos
e se haveria nela algum destinatário implícito,
e eu continuo a pensar que tivesse havido uma Câmara
a mostrar para onde é que o presidente olhou,
no momento em que fez aquela pausa dramática, levantou os olhos
e olhou numa certa direção para onde é que ele estava ao olhar.
A coisa dramática em si é esclarecedora,
não precisas saber para onde é que ele olha.
O facto de ele ter pausado quando disse os ramos mortos
significa reparem nesta suspensão o senhor,
este senhor que agora está a recusar a fazer interpretações,
porque quer ser todo denotativo,
era a pessoa ideal para ele ter explicado aquela suspensão
e o que é que isso significa num discurso, não é?
O value timing.
O value timing, como é evidente,
e esse timing é um timing propositado para reparem nesta frase que eu estou aqui a dizer,
e agora se faz favor, comente, não é?
Quer dizer, toda a gente que faz discursos, pente lá,
uma ou duas frases para reparem nisto,
senão não vale a pena fazer discursos.
Agora reparem neste timing,
dois dias depois do discurso da régua e dos ramos mortos,
ficamos a saber, num artigo do público,
citando vários membros do governo,
que António Costa não tensiona
a fazer nenhuma remodelação parlamentar,
agora que terminou a missão de inquérito atape,
onde João Galamba se tornou para usar uma expressão
que foi usada, como lembro pela primeira vez,
por António Costa,
o irritante da política portuguesa do momento,
ou pedra-me um sapato, entre Belém e São Bento.
Como é que lê esta sequência de eventos
e o facto de ter aparecido esta notícia
a dizer que tirei um cavalinho da chuva?
Desculpem a metáfora.
Sim, é verdade que algumas pessoas
tinham uma estranhíssima tese
de que, no final disto, João Galambia iria sair.
Eu não consigo perceber a lógica disso.
É evidente que isso não iria acontecer.
Então, António Costa fez o esforço de manter,
pagou para esse político disso.
Então, agora, dia sim, dia não,
leva uma canalada de Marcelo,
tem que ir aguentando.
Eu também não sei até quanto é que Marcelo
vai continuar com estas canaladas,
porque ele também se torna um bocadinho inútil,
torna-se um bocadinho até infantil.
É evidente que as pessoas, ele sabia,
não é propriamente ingênuo,
que quando as pessoas falassem do mar,
porque é preciso cortar ramos mortos,
é claro que é João Ramos Morto Galambia
que ele está a falar.
Bem, quando não acontece,
neste caso não sei,
já estou afastado do jornalismo do batendo há muito tempo,
mas não seria a primeira vez
se alguém, um assessor,
dizer, toma atenção àquela expressão
e direcionar o
atenção dos jornalistas naquela sentido.
Não acho que seja preciso,
nesta altura, porque é um daqueles casos
que é cada vez que Marcelo...
Sim, isso faz, mas cada vez que Marcelo
fala hoje em dia, não é preciso que é fazer,
porque é o que toda a gente anda à procura.
Ninguém anda à procura de outra coisa,
então, no discurso de 10 de junho e tal,
onde é que está a canalada desta vez?
Olha o Marcelo falou,
e agora, qual foi o ponto de pé do dia 2
desta quarta-feira?
Agora, estes pontos de pé,
já acho que a partir do certo momento
se vão tornar um pouco castigos,
já se percebeu que esta comissão de inquérito
que vamos falar a seguir,
que também já não vai chegar a grande lado,
João Galambia vai se manter no governo,
acho que se vai manter no governo
durante muito mais tempo, porque é que as pessoas pensam,
não só porque António Costa ficou agrileuado a ele,
mas como o próprio João Galambia,
é claramente uma pessoa ambiciosa,
tem que dar a volta.
Hoje em dia, ele ficaria
com a carreira completamente queimada
se sair-se neste momento.
E é por isso que ele já está a reagir.
Estes declarações de João Galambia
são declarações significativas.
Aqui, a piada da vitivina e cultura
é uma piada original neste sentido.
Desde 2015,
não me recordo de nenhum ministro
ter tido uma coisa desta sobre o presidente da República.
Aqueles já é uma boca forte,
e portanto, a essa necessidade
do próprio Galambia encontrar ao seu espaço,
tentar fazer certamente
o melhor possível lugar
do ministro das infraestruturas,
para as pessoas poderem dizer, realmente passaram
dois anos e valeu a pena
a António Costa manter este rapaz
no seu lugar. Eu acho que
tanto João Galambia está certamente
a lutar pela sua vida política,
e António Costa tem todo o interesse,
também é mostrar aos portugueses bem,
eu mantive-o, mas não me enganei.
O Galambia tem
muito tempo pela frente,
ele não vai ser remodelado.
Entregamos ao Ricardo Alus,
para pegar a pasta de ministro da poda,
quanto ao Pedro Mexia,
e ainda aviamos, por mais uns instantes,
a análise às audições parlamentares
que marcaram a Semana Política,
o Pedro Mexia para continuarmos
na régua que arceza desta vez
o ministro do Cartaz,
o Racismo Pedro Mexia
nas comemorações
do primeiro ministro.
Vamos lá ver este Cartaz
que nós já tínhamos visto antes,
tem três elementos,
tem os lábios graus do seu primeiro ministro,
tem a animalização
e tem a violência.
Podemos discutir cada um desses pontos.
Vamos a eles,
não tarde a nada,
mas para já ver
António Costa
mostrar indignação pelo modo como foi
caricaturado.
Os cartazes nas mãos de um grupo
de professores acompanharam o primeiro
ministro ao longo de um quilómetro
nas comemorações em peso da régua.
Amamos a escola,
acredito.
É mentira.
O primeiro ministro
indignado com a caricatura
empunhada pelos professores
considera a indignação de António Costa
justificada pela ministria
ou a reação do primeiro ministro
percebe-lhe excessiva.
O cartaz...
A necessidade de dizer
que o cartaz é racista
para dizer que o cartaz é violento
e francamente horrível,
embora legítimo no quadro
da manifestação do direito
da liberdade à expressão
é desnecessário, não,
é preciso dizer que o cartaz
é racista. O cartaz usa três coisas.
Utiliza, de facto,
uma representação exagerada
que é comum em todos os cartazes,
utiliza uma animalização,
portanto, o focinho de porco,
que também é um clássico
dos cartazes a atacar políticos,
e utiliza um elemento
que talvez até seja o pior dos três,
do sentido da violência sugerida,
que são os lápis espetados nos olhos.
Portanto, é um cartaz
que as pessoas que o desenharam
e que o empunham deve ter vergonha
de apresentar.
Não creio que
se tivesse falado antes
de racismo, o Primeiro-Ministro
decidiu...
Os cartazes já tinham aparecido antes.
O Primeiro-Ministro decidiu dizer agora
que acham que os cartazes são racistas.
Ele tem direito de achar o que quiser,
não parece que seja objetivável.
É não ser na medida em que todas
as pessoas,
aliás, lembram-se
de uma discussão entre os cartunistas americanos
quando o Obama foi eleita, que eles diziam.
Nós fazemos exagerar
os traços físicos. Agora que temos
um presidente negro
exagerar os traços físicos,
ele parece uma coisa do sul,
dos Estados Unidos na guerra
da sessão. Não creio que fosse
essa intenção. É uma questão
de opinião.
Mas isso
não significa...
nenhuma de duas coisas. Não significa
primeiro que o cartaz não seja um cartaz
francamente indesejável
e pouco abonatório
para quem
o ostente
e para a classe
que representam.
Isso, em primeiro lugar.
E em segundo lugar
também, eu não sou
fã do Whataboutismo, mas
lembro-me de coisas muito, muito violentas
nazis
e coisas de gênero, a propósito do governo
passos. E portanto, há
também muita indignação selectiva
e portanto, eu assim como achei
mal os bigodinhos nazis
também acham mal uma pessoa com olhos
espetados com lápis.
As estruturas sindicais
demarcaram-se da utilização
do cartaz que consideraram
ofensivo.
Aquele desenho para si, João Miguel Tavares,
é apenas mais uma caricatura
ao parecê-lo, como dizem
pessoas como o desenhador, o van der Dingo,
por exemplo, que naquela imagem
foi ultrapassada uma linha vermelha.
Não consigo compreender.
Foi ultrapassada a linha
do bom gosto, que é uma linha
que varia muito, de pessoa para pessoa
e evidentemente são cartazes como o Pedro
me tinha dito, de muito mau gosto
e sobretudo empunhados por professores
e empunhados por professores.
Ou seja, sei que eles fossem os professores
dos meus filhos, eu não gostava
francamente, acho que são um mau exemplo.
Se fossem professores de educação visual?
Se fossem professores de educação visual, mostrava a
declaração da qualidade da escola
pública nessa área porque são muito
mais caricaturas, que é um outro problema
que é que, técnicamente, são péssimos
desenhos, quer dizer.
E, portanto, juntam
um mau gosto a uma qualidade
de discussão, não é?
E, portanto, isso também prejudica
a uma qualidade de discussão. Agora,
o van der Dingo, nesse texto que estava
a citar, dizia que havia uma
declaração muito grande no discurso
público. Tenho imensas
dúvidas disso e tenho imensas
dúvidas disso porque eu já castava
como todos nós na altura do
Escolho, escrevia e lembrava
muito bem do que foi dito na altura.
Aliás, começaram a aparecer aquelas
fotografias, fotos violentíssimas
de um coelho enfocado quando ele visitou
uma universidade, as fotos
de cocôs bigodinhos nazi dele,
da Angela Merkel, antes de ser
a Santa Merkel porque acolhou
os refugiados siris
e todos nós assistimos a isso e
ele é na altura que ele era. Agora é racismo,
na altura que ele era coelhismo,
não sei o que nome ele dar, quando se
era a mesma coisa, portanto, não é verdade.
E mesmo em tempos históricos, dentro
daquilo que é a histórica da caricatura
política, o van der Dingo
está muito mal informado, houve um tempo
de violentíssimas caricaturas e
tempos bem mais violentos do que
hoje em dia. E é bom ter alguma
memória histórica porque aquilo que existe
hoje em dia. Século XIX, por exemplo.
Sim, no século XIX,
mesmo que quiser tipo a violência.
E a Selva geria em França nos anos 70
que essas pessoas não têm noção de
violência. Aliás, apetece a republicá-las
hoje em dia, porque aquilo que nós
hoje temos não, aquilo que mudou
é uma sociedade hiper suscetível.
Esse é o que o problema...
Isso representa uma
degradação do espaço público
e uma degradação da liberdade de expressão
e esse é que é o meu problema aqui.
O primeiro sinal de indignação contra
os cartazes, curiosamente,
não foi, aparentemente
António Costa, foi de Fernanda Tadeu,
a mulher do Primeiro-Ministro,
enquanto Costa tentava argumentar
com uma das manifestantes.
É um direito de manifestação que é normal
com o melhor gosto, com o pior
gosto, com estes cartazes
um pouco gassistas, mas pronto
é a vida. António Costa
a tentar repetidamente
evitar as altercações
de Fernanda Tadeu. Não ouvimos
nesta imagem, mas
há uma outra que o mostra
enquanto
o Primeiro-Ministro falava como
manifestante
a mulher de António Costa
estava claramente
irritada com os
manifestantes e os professores
que empunhavam aqueles cartazes. Aqui vimos
um Primeiro-Ministro
com um certe fair play
que depois
abandonou, ou que entretanto
perdeu
como é que viu esta sucessão
de eventos.
Quem quiser fazer
a história da indignação do Primeiro-Ministro
com estes cartazes, tem de começar
antes, ou seja, antes deste momento
em que ele é um momento muito engraçado,
aliás, em que ele está a debater como
senhor a professora, ao mesmo tempo que
está a tentar controlar a sua própria mulher
dizendo Fernanda, Fernanda, não, agora, ou Fernanda.
Não, eu estou sabendo, o governo fez
Fernanda, Fernanda, e ao mesmo tempo que
está ali, é preciso lembrar que a mulher
do António Costa também foi professora
e, portanto, o homem está ali
entre duas professoras,
a Fernanda está
em flagrante transgressão
das diretivas do Primeiro-Ministro, que está a dizer
a Fernanda, para uma hora de veres, Fernanda,
Fernanda, e ela continua a falar com o manifestante
e, portanto, naquele dia,
a professora que mais pôs em causa a autoridade
do Primeiro-Ministro foi a Fernanda. Agora,
quem quiser fazer o historial da indignação
tem de começar quatro meses antes, porque
em 16 de fevereiro, na CNN,
até sorrindo, devo dizer,
as imagens mostram o Primeiro-Ministro,
sorrindo, diz o seguinte, eu não gosto de me ver
espetado com lápis nos olhos, mas o Direito
Agra é velo e légitimo, foi o que ele disse
sobre esses cartazes e, tanto nessa altura,
como nos quatro meses que se seguiram,
nem António Costa,
nem todas as pessoas que agora
consideram o cartaz indiscutivelmente
racista, fizeram qualquer
referência a racismo, ficaram
num completo e intrigante
silêncio. Agora,
aconteceu isto, foi primeiro,
o Primeiro-Ministro disse
a estes cartazes um pouco racistas
e a seguir virou-se para um dos manifestantes
e disse, o senhor com esse cartaz racista
devia estar calado. Agora, a questão
é essa, o cartaz é racista,
a esse propósito houve
duas ideias muito populares esta semana
que foram defendidas, não só como incontestáveis
mas também como evidentes,
e as duas ideias são. Primeira,
quando uma pessoa racializada
diz que é racismo, é porque é,
porque não é matéria de opinião,
que se uma pessoa racializada diz que é
determinada ocorrência, é racista, é porque é.
O que significa que
o Gabriel Mitá Ribeiro do Chega
tinha razão quando disse
que quando foi chumbado
para vice-presidente da Assembleia da República
e isso era um sinal de racismo
eu na altura penitenci-mo
por ter discordado dele, porque
ele sendo racializado
aparentemente tem uma autoridade
incestionável nesta matéria.
A segunda ideia muito popular esta semana foi
a animalização de pessoas em
milhares, é sempre, note-se,
sempre racismo
quando se trata de pessoas racializadas
ou seja, Donald Trump
tinha razão quando qualificou
de racista, anti-Semitha
o cartune do António
publicado no New York Times
em que o Netanyahu aparece
transformado em cão, é o cão-guia
de um cego que é o Donald Trump
e tanto o Donald Trump como o seu filho
disseram que o cartaz era claramente racista
muito provavelmente por causa da animalização
de uma pessoa
e o New York Times comprou isso
e o New York Times acabou com os cartuns
portanto é uma semana um bocado perturbador
é esta em que a gente conclui que o mitar
Ribeiro e o Donald Trump têm razão
em matéria de racismo
em matéria de racismo
mas para mim, sinceramente, o mais perturbador
ainda é o debate sobre
se um desenho agrediu o chefe
do governo, suplantou
o debate sobre se as medidas do governo agridem
os trabalhadores
e todos os professores, houve muita gente
que eu nunca vi até a gente ligada ao PS
que eu nunca vi escrever uma linha
sobre a justiça ou eventual injustiça
da luta dos trabalhadores
que finalmente se pronunciou sobre o luta dos trabalhadores
para dizer o quê?
que este desenho é muito feio
e portanto, houve outro fenómeno
intersentíssimo que foi
um cartaz, você já toda a gente
já disse o que lhe acontecia sobre o cartaz
e felizmente temos esse direito
quer dizer que o cartaz é feio, é de mau gosto
é tudo
mas um cartaz desenhado por um
foi transformado em obra de todos
eu vi muitas frases que começavam com
porque os professores, artego definido
os professores
esta ideia de atribuir a um grupo
aqui o que um fez
é o raciocínio do racismo
quando houve reações
de alguns taxistas por causa da Uber
também se diz hoje taxistas isto
não há dúvidas, é injusto
mas é normal que te digam essas coisas
ou os adeptes do clube tal
estamos esperando uma ostensiva minoria
quer dizer houve um senhor que desenhou
e dez senhores que empunharam
mal seria
eu vi um debate na RTP que teve como moto
a pergunta, professores perdem razão
por que um tipo em Évora
rabisco a um desenho
ou seja, as reivindicações de uma classe inteira
sucumbirem por causa de um desenho
que um fez e que desempunharam
mas a lição é que os
uma infima minoria
representantes de uma classe
tem que representar de condignamento
com certeza, isso não há dúvida nenhuma
mas o facto de
uma infima minoria não fazer
não contamina tudo, a desigualdade de força
as entedantes inverteu-se, foi mentir
não são trabalhadores em luta contra o poder
do governo, é um trabalhador
do alto do seu privilégio
ao que dizem as notícias
é um trabalhador do porto que trabalha
em Évora, foi colocado a mais de 300 km
de casa
é um trabalhador do alto do seu privilégio
a agredir uma pessoa racializada
que por acaso é o primeiro ministro de Portugal
portanto é um claro caso de pãe-chendao
e não...
reparem, eu tenho a impressão que
como o António Costa
o António Costa não é um estreante na política
há o que dizem os jornais
ele
ignorando o Conselho dos Seguranças
em vez de se dirigir de carro
para o restaurante aqui em Cria
resolveu fazer aquele quilômetro a pé
eu tenho as maiores dúvidas
de que António Costa com a experiência que tem
não soubesse
do que há a acontecer
aliás, e o que aconteceu
que foi aquelas imagens que nós vimos
por acaso em certa medida
digamos que, vamos lá ver
é a demonstração prática
de que é possível uma pessoa estar a empunhar
um cartaz
muito violento
de grande violência simbólica
e não cometer qualquer violência prática
ou seja, o cartaz de facto
tem um boneco do costa
com dois lápis petados nos olhos
naquele percurso ninguém tocou
sequer no coste e as pessoas
que interagiram com ele foi para falar
e portanto isto é uma espécie
de marinha grande baratíssima
muito barata
é uma marinha grande
que não é preciso ser agredido
levar na cara
é ser agredido por um desenho
é bom vermos de um país em que se pode desenhar
com lápis petados nos olhos
e não se pode espetar lápis nos olhos
essa é sempre a nossa tese
deve estar de uma coisa
é por isso que nós estamos sempre a falar deste assunto
bato nisto com o Antonio
que o Ricardo estava a dizer, não é
para a primeira vez que o Antonio costa lancer essa cartade
ele já tinha invocado a história
de você estava a fazer essa pergunta por causa da minha cor da pele
são cristas no parlamento
a propósito de uma pergunta banalíssima
sobre violência no bar da Jamaica
e eu não consigo perceber como é que o raciocínio
se fosse o espaço-escolho
com o cara de porco
era uma crítica política
sendo que o Antonio costa com o cara de porco
é racismo
não consigo perceber, é um antirracismo racista
nós já dissemos isto aqui várias vezes
o Pedro Merchia ficou então com a pasta
de ministro do Cartaz
agora é vez de irmos ao filé mignon
político da semana
embora de um pouco tempo
com o João Miguel Tavares a querer ser ministro
de lavagem dos cestos
e de fatos
de efeitos metafóricos
do 10 de junho
o lavagem dos cestos, dos cestos, a régua
o vinho
mas a guia é a lavagem dos cestos
a semana política que foi dominada pelas audições
parlamentares
com que chegou ao fim a comissão de Incarita Atap
qual dos três inquiridos
o que menos
Pedro Nuno Santos e Fernando Dina
qual dos três de ser o melhor
na sua avaliação
da CPI
eu diria que a equipa Pedro Nuno
bateu
Dina Galamba Costa
ou seja, há um lado curioso
que é quando se olha para esta comissão
as pessoas que saíram do governo
acho que se portaram todas elas
quase todas elas melhores do que as pessoas que continuam no governo
não sei se que há
porque tem mais tempo para se preparar em casa
eu ouvi as novidades substanciais
nestas audições
não, novidades substanciais
do género
finalmente descobriu-se o que aconteceu naquela noite
e o que é que se sabia
exatamente no dia 26 de dezembro
agora não era o dia 1 dos 3
era protagonista da tal noite
nenhum dos 3 é protagonista da tal noite
mas repara, Pedro Nuno Santos podia ter saído
em a sulapada defesa
do seu antigo
açor
ele defendeu, o Nuno Santos tem que dizer
que é uma pessoa inteligente, competente
mas não está a falar e portanto não pode
saber o que aconteceu naquela noite
e por isso Pedro Nuno Santos no meio de isto
acho que claramente dos 3 sai como muito vitorioso
atenção, o momento sai-se bastante bem
e muito melhor do que aquilo que estava à espera
porque mostrou uma consistência e uma inteligência
que ao vivo
impressionou no sentido
em que nós tínhamos lido aqueles e-mails
e pareciam que este senhor só pode ser idiota
porque eram os e-mails
de Marcel
de por favor muda pai e um avião
e depois a sua participação inacreditável
na resposta da TAP
à pergunta que o seu próprio Ministério
tinha feito
essa ele explicou que foi troncada
porque
a resposta era mais do que aquilo
que foi tornado de pobre
mas ele não podia estar naquela sequência de mails
aliás como o próprio Pedro Nuno Santos
e depois veio a afirmar
mas ele teve muito mais sólido que a gente
impressionou que não podia ser
é a culpa naquilo que era mais ou menos evidente
para todos que
foram muito mal, não é?
Sim, fizeram uma é a culpa naquilo em que não podia
haver uma é a culpa
e depois
sobretudo no caso Pedro Nuno Santos
levou a maior parte do tempo
a tentar explicar que os erros
que ele assumiu na verdade
assumiu só porque é um gajo de superporreiro
e um político de mão cheia
porque a última análise a culpa não era dela
e essa foi a parte
em que eu acho que Pedro Nuno Santos
foi o pior
onde
aquela narrativa
a narrativa dos primeiros dias
e do famoso comunicado de conjunto infraestruturas
mais finanças em que andava a pedir
explicações a TAP
e o salto de Alexandre Reis
depois da TAP para a NAV
aí Pedro Nuno Santos explicou-se
horrivelmente e mais valeu ter assumido
que também tudo isso foi mais na era
mas para bem dele
ele teve uma primeira intervenção
inicial de praticamente uma hora
onde ele foi ótimo
foi politicamente ótimo
ele de facto tem um talento político
que não foi ler
mas ao mesmo tempo tinha aquilo tudo muito bem estudado
e ele realmente tem uma presença
e um
aquilo que se chama carisma
ele tem esse carisma político
e também se forçou para ser humildo
nessa primeira parte e portanto ele aí foi ótimo
depois da parte da seguida
eu acho que ele começou a entusiasmar porque
foi tão ótimo na primeira parte
e outra vez aquela soberba
e aí eu acho que ele caiu
mas caiu é aquela coisa
quando já ia em três horas da audição
e já ninguém queria saber
portanto eu acho do modo geral
ele saiu-se bem e conseguiu um equilíbrio
que era difícil entre proteger a sua equipa
admitir a culpa que teve
alguma culpazinha mas ao mesmo tempo
ele não
tentou ir contra António Costa
proteger o António Costa
apesar de tudo também proteger o Galamba
ou foram lidas como picadas
quando ele diz
quando me demite
percebeu-se que estava a falar
ao melhor
ficou nele de todos
o caso de Galamba que se emitiu
e depois se desmitiu
mas eu acho que é um daqueles cargos
daqueles momentos óbvios
daquela soberba que eu estava a dizer
é uma frase que ele sai mal
porque ele não resista ao autoelogio
eu não acho que ele quisesse dizer mal
eu não acho que ele quisesse dizer
eu sou mesmo espetacular
mas ao dizer eu sou mesmo espetacular
acabou por ficar mal para Galamba
mas eu não acho que tenha sido uma coisa propositada
acho que ele saiu porque não resistiu ao autoelogio
mas tem bem eu acho que ele ganhou um
foi desta audição Pedro Mexia
que o funeral político
pelo menos anos feito por muitos
ainda há pouco tempo
talvez tenha sido um pouco exagerado
isto foi
a coisa mais diferente que eu posso imaginar
de um funeral porque foi
o maior tempo da antena de Pedro nos anos
nunca tínhamos ouvido falar
há dez horas a loco foi
esteve bem e ele tem as qualidades
que o João Miguel já disse
deu umas bicavas
muito ligeiro a António Costa
um bocadinho menos ligeiro
a Esbonga Alamba
o que não quer dizer que não tenha deixado
algumas respostas
insatisfatórias
e as duas espécies satisfatórias
são o acompanhamento
do processo da inmunização
e a decisão da nomeação para a nave
essas duas são duas questões
muito substanciais
muito substantivas em que as respostas foram
numa disso aí eu depois não sei o assunto
enfim
não foi completamente
na substância não foi completamente bem
na forma foi ótimo mas que
aliás a de
argumentos também que disse aliás uma coisa muito engraçada
e disse que
a falar de que a espacilidade já não sei o que
eu já me omitio e não me posso omitir
outra vez foi uma coisa muito boa
porque num governo em que ninguém assume
uma vez a responsabilidade
eles não me querem que eu assuma duas vezes
e a outra foi
um problema tecnológico grave
no governo porque
o telefone dele avariou-se
partiu-se
já tinha vivido um problema
com a Câmara do Ministério das Infraestruturas
é preciso tratarem da tecnologia
porque
a tecnologia está sem madrasta
com o Ministério das Infraestruturas
como é que a política portuguesa
Ricardo Araus Pereira vai sobreviver
nos próximos tempos já sem adrenalina
da comissão do querido
nos ocupou tantas horas
tanta atenção
ocupou e houve uma altura em que nos ocupou
com um grande entusiasmo
mas eles estragaram isto Carlos
sinceramente eu acho que eles estragaram isto era
a primeira temporada
os primeiros álbuns muito giro
de repente aquilo começa a tornar se repetitivo
e é só mas a que horas foi
olha como é que é o seu telefone
qual é o seu tarifário
de repente eram umas coisas já
sem nada
já havia pouca entusiasmo
e sem o programa de domingo para fazer
imagina que a motivação também esmorceu
eram cabos de uma coisa bonita
só para terem a ideia de
gostava de saber quanto tempo é que o Ricardo
o principal facto que eu retive
por exemplo do uguemendes
muito longe, atenção
uma audiência que esteve muito longe do brilhantismo
das primeiras
por exemplo da de Frederico Pinheiro
da Eugénia
da do Galamba, boas boas
primeiro tempurada foi melhor
foi melhor, aquilo que eu retive
só para terem uma ideia, o uguemendes teve lá imenso tempo
o que eu retive foi
olha este senhor antes de virar a comissão parlamentar
e o querido foi fazer uma mise
porque ele ia com uma
percebo que isso é outra coisa
não, não, estava com
uma arma, só um cabelo, uma coisa
eu estava com muita vontade de ir lá
com um pente e a caixa pare aquilo
mas percebo
uma pessoa pensa, ah, peraí, vou à comissão parlamentar
ou seja, vou fazer uma
portanto, 10 de junho
se tu baixes
o uguemendes
é exatamente isso
faz apocoio do essencial
e o Medina ainda ouviu?
o Medina
foi ainda esta sexta-feira
você já ouvi, ouvi
eu tive coisas para fazer
mas lá fui ouvindo o Medina
é muito chato
são as mesmas perguntas
muitas vezes
ele foi mais agressivo de todos
mas mesmo o que ele está a ser agressivo
é chato, ele é um burocrata
muito aborrecido
pronto, acabou a CPI
só ninizmente
já não vamos
seguramente querer saber
que horas é que o João Galá entrou no Ministério
aqui horas é que
mandaram o e-mail
etc.
e tudo desprevivido não vai dar aí nada
nada, não se vê o relatório
já ninguém quer saber?
é isso que prometeu muito
então eu costa, disse que ia tirar relações
vai, vai, vai, vai
o João Miguel fica assim
estão entregues as pastas ministeriais por esta semana
agora, altura para sabermos
e temos de acelerar o passo
porque é que o Pedro Mechia se declara Marco Bellini
e com que ingredientes Pedro Mechia?
se ela
não se o famoso em que se discutia
se era a massa, se era os ingredientes
e depois o Marco Bellini
dizia que era tudo, é tudo
então eu comecei a ler
fui, fui
colecionando obituários de Silvio Berlusconi
da última semana
e
foi a descrição de um pioneiro
que a partir de
1994
dando, dando
razão àquela ideia de que a Itália é um laboratório
político, começou a exercer as seguintes coisas
que depois se tornaram nossas conhecidas
o abuso da celebridade
do poder mediático
a javardice sexual
os comentários impróprios, incluindo racistas
o nepotismo
o ataque à separação de poderes
dos homens fortes
a armadilhação de extrema-direita
a difamação
o prejúrio, a ferrada fiscal e o abuso do poder
isto foi
um sucesso
este exemplo
deve ter havido
tomaram o Papa Francisco ter tantas pessoas em Itália
como Berlusconi teve nos últimos
25 anos
isto foi a receita triunfadora
da política ocidental
desde 1994
Berlusconi morreu
deixando-se sobre a massa
que ele também tinha muita
massa, exatamente
alguma anotação a este
pioneiro Berlusconi que desapareceu esta semana
uma frase para cada um
mesmo na hora da morte
cometa uma agressão
o ambiente, porque o senhor já era 75%
para o ieste
é isso, eu não sei
o tipo de reciclagem que vão fazer
mas acho que ele é para pôr no eco-ponto amarelo
e eu sobre isso só tenho a dizer
reparem
puxava o cabelo todo
para trás com gel
e pintava
está esclarecido por que Pedro Viceno
nos aparece como Marco Bellini
quanto ao João Miguel Tavares
distentir-se é e não é
em simultâneo, como o gato Schrodinger
é sim, é em simultâneo
isto não é para falar da física quântica
mas da guerra na Ucrânia
e da contra-offensiva
que parece que está mesmo a acontecer
como é que não está a acontecer
há quem diga que é
e que não é
há quem diga que não é bem uma contra-offensiva
talvez seja uma ofensiva, mas não chega bem ser uma contra-offensiva
e a única coisa que eu acho
já há promessa de aviões
mas ainda não há aviões
e acho que além da promessa de aviões
também entramos numa fase em que
começamos a precisar também de uma promessa de mais jornalismo
porque eu sinto que falta
e quando as coisas
começam a não bater bem nas narrativas
eu sinto que de repente
quase que é útil ouvir aqueles generais
que têm uma grande paixão pelo Putin
mas falta algum equilíbrio
na análise daquilo que está a acontecer
e mesmo a alguma dificuldade
em dar aquilo que podem ser mais notícias
e essas mais notícias para quem está atento
não são totalmente inspiradas
que é um grande ponto de interrogação sobre
se a Ucrânia, sobretudo sem
poder aéreo, consegue realmente
avançar
ou então se aquilo acaba a ser uma mortandade
e essa mortandade preocupa-me
claro, em primeiro lugar, a mortandade
do Ucrânianos
e depois também para as
para os países
ocidentais
de repente ver demasiados tanques de Leopard
e Sherman
e tanques
americanos à arder no meio das planícies
ucrânianas, é preciso ver isto
com alguma prudência
e essa sensatez
do nacionalismo a propósito
do que está lá a acontecer
vamos ter a oportunidade de falar
mais da guerra, infelizmente
porque ela está ainda longe
de terminar
já sabemos porquê que o João Miguel Tavares
diz que é e não é
vamos tentar agora perceber porquê
que o Ricardo Araújo Pereira se enuncia interpulado
onde é que entra nisso a Interpol
é, exatamente, não é por causa das rimas
a Interpol é uma notícia da BBC
a notícia da BBC é a segunda qual
o humorista americana
Jocelyn Shia
fez uma piada
que foi considerada gratuitamente
ofensiva
é engraçado que as pessoas
ficam irritadas com coisas gratuitas
mas enfim, normalmente gostam
fez uma piada gratuitamente ofensiva
sobre, algo que dizem
sobre aquele avião
da Malásia Airlines
que desapareceu no Pacífico e até hoje
nunca mais foi encontrado
tendo em conta que a piada era gratuitamente
ofensiva
diz a BBC que a Malásia
pediu a Interpol
que ele transmitisse
a identificação completa
e a localização, o paradeiro atual
desta humorista americana
em princípio estamos aqui neste ponto
estamos no ponto em que uma
nação
contacta a Interpol
para tentar localizar
uma criminosa
cujo delito foi
dizer uma piada
que é capaz de ser de mau gosto
sobre um avião que desapareceu
mais uma vez
esta piada em concreto
que dano causou
eu tenho resposta, eu sei
é nenhum
aquelas pessoas não voltaram a morrer
o avião não voltou a cair
zero, aconteceu nada
mas ainda assim, a Interpol
começaram a ter coisadinho com as piadas que fizeram
sobre assuntos que envolvam a Malásia
para já, para já, não
não pareço assim muito
acho que vai ter que divulgar a tua malásia
não tenho dito nada sobre a Malásia
que acho que possa
às vezes nem é preciso, nem é preciso ser nada especialmente
polémico, mas para já não
mas é atenção, é quer dizer
a água do banho começa a ficar muito quentinha
não quer ser como aquela
como é que se chama, qual é o animal
o sapo já aumentou o tempo de sedana
se é isso
ao menos a gente vai se queixando que a água está a aquecer
pode ser que
sirva para alguma coisa
ao menos no fim ninguém nos pode dizer
que não demos por nada
mas isto de
contactar a Interpol é uma estreia aparentemente
imagino que seja uma estreia, sim
imagino que seja uma estreia, mas tendo a
encontrar evolução, em princípio e inaugura
um novo modelo
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A semana começou vitivinícola, mas para os “ramos mortos” a que aludiu o Presidente da República foi necessária exegese. A política está a ficar recheada de figuras de estilo e talvez fosse útil que, por uns tempos, se tornasse meramente literal. Para que se perceba se andamos todos a falar das mesmas coisas. Agora que terminaram os trabalhos da comissão de inquérito à gestão pública da TAP é altura do lavar dos cestos e de começar a pensar na próxima vindima (o 10 de Junho na Régua continua presente a nível metafórico); uma coisa já nos foi garantida: o lavar dos cestos não implica remodelação governamental: João Galamba está de pedra e cal no governo. Tal como Pedro Nuno Santos está de pedra e cal na política. Quem lhe fez um funeral político ainda recentemente estava bem enganado. Talvez seja esta a principal conclusão a retirar das três últimas audições na comissão de inquérito. No meio de tudo isto, uma caricatura grosseira do primeiro-ministro deu azo a uma polémica em que o racismo foi chamado à baila. Também se fala disso, nesta conversa em que ainda passamos pela morte do pioneiro Berlusconi, pelo pedido de intervenção da Interpol na tentativa de sancionar uma piada e pela guerra, em que sobra sofrimento e começa a faltar jornalismo.
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