Vamos para a Tua Terra: Panamá, Nação Kuna

3/12/23 - Episode Page - 1h 0m - PDF Transcript

Na Tua terra.

Na Tua terra.

Vamos!

Na Tua terra.

Na Tua terra.

Na Tua terra.

Vamos!

Na Tua terra.

Na Tua terra.

Na Tua terra.

Na Tua terra.

Na Tua terra.

conseguiram fugir aqui entre aspas e fixaram-se nas muitas, muitas pequenas ilhas que ficam

ao longo da costa do Panamá.

Depois, no início do século XIX, que tal colônia espanhola torna-se independente pelas

mãos do Simão Bolívar e vai-se criar a Grande Colômbia, que é um gigante estado,

um estado gigantesco, que depois se vai desintegrando e vai formar a Venezuela, o Equador, uma

parte do Peru e a própria República da Colômbia, de que o Panamá vai fazer parte durante

quase 100 anos e durante esses quase 100 anos nunca desistiu de tentar não fazer parte,

porque sempre lutaram pela sua independência, ela vai chegar em 1902 com a ajuda dos americanos

que estavam de olho em que, em construir, claro, lá um canal que liga o Pacífico ao

Atlântico, é um canal artificial de 82 quilômetros e é considerado uma das maravilhas

do mundo moderno, é fundamental para o comércio marítimo intercontinental, claro, uma vez

que liga o Atlântico ao Pacífico e evita que se tenha dito por baixo uma viagem para

além de longa, perigosa, pelo estreito de Magalhães, onde o fernando Magalhães diz

que se foi o primeiro europeu lá, atravessado de facto, depois, durante a inauguração

do canal em 1914 e até hoje, a história do Panamá é indissociável da história

deste canal.

Ao longo do século XX, o Panamá passou por enormes instabilidades de política, corrupção,

golpes de estado, até que se chega à ditadura, famosa ditadura, do general Noriega que transformou

o país, a bem dizer, num narco-estado, em 1989, os americanos invadem o Panamá em uma

opressão militar muito censurada pela ONU, claro, e correm com o Noriega.

Comece então o caminho para a recuperação económica e para a democracia que é coroada

em 1999 pelo controle final, controle absoluto, pelo canal que era explorado pelos americanos

até essa data.

Hoje, vamos tentar ir um pouco mais longe do que isso, sair um pouco do canal e até

dos chapéus que, afinal, não vêm do Panamá.

O nosso convidado é o Ceballo do De Leon, nasceu em 1953, numa das 366 ilhas que formam

a nação indígena Cuna no Panamá.

Estudou na União Soviética, quando existia a União Soviética, em Espanha, Inglaterra,

Natalia e também em Portugal, vem para a primeira vez a Portugal em 1980 com a namorada

portuguesa Alice e Kavive, estes anos todos depois, ainda com Alice, hoje sua mulher,

claro, e também com os filhos e com os netos que tiveram entretanto.

O Panamá continua a fazer parte da sua vida como historiador, como antropólogo e, sobretudo,

como estudioso dos povos indígenas do seu Panamá da sua terra.

Olá Ceballo, bem-vindo.

Muito obrigado.

Muito obrigado por estar aqui conosco.

Vou-lhe pedir, claro, com o coração cheio de cruzidade, que nos fala um pouco dessa

sua nação indígena sobre os cunas.

Quem são os cunas?

Bom, na realidade, os cunas, quando chegaram do Colombo e os cobridores, habitavam a parte

que hoje é Colômbia, a grande Colômbia, porque não havia fronteiras naquela época,

não havia o Panamá, não havia Colômbia, não havia Perú, México, se não que eram

outros territórios.

E os cunas habitavam parte de uma zona de covias, para o Panamá, a grande parte, estava

na Colômbia.

Com o período da conquista e depois da colônia, foram empurrados, por assim dizer, e fomos

lutando.

E até ficar, como eu sei, não fomos fazer arquipilas ou nas cílias, mas há cunas também

ainda nas costas e no continente, mais ou mais, ou mais alto por cento, os cunas moram

na Orquipia, na Ocuna, porque além disso, uma das poucas comunidades autónomas toda

América Latina, que nós os cunas chamamos, havia Yala, que é uma forma de reivindicar

como os indígenas chamavam a América, porque a América é um nome, havia Yala, que quer

dizer terra sempre madura, sempre sangrar, é o conceito que sangra é o sentido de germinar,

de nascer e tal, e então as cunas chegaram, começaram a dizer o passado, a controlar

mais as cílias e no 1925 acontece um dos maiores fenómenos geopolíticos indígenas

na América que, ou pouca uma, se independizou para o Panamá, bom, é difícil de independizar-se,

porque estava a sufrir muita exploração, ou por obvio, estava a tirar terras, a violentar

as mulheres e além disso, a proibir os situais e a proibir a língua, que é uma coisa fundamental

para qualquer povo indígena e para qualquer povo do mundo, era língua para quê? Para

optar a ser um espanhol, o castelano, a religião católica e enfim, tudo isso, não é?

E iria acabar com a cultura... E acabar com a cultura é acabar com um povo, é um genocídio,

é um genocídio, e então... Está mais ou menos 100 anos, disse, foi um inocentivo.

E agora vina a grande festa dos doce anos, é por centenário, daqui a doce ano, e entre

25 cunas se levantam em armas, aproveita um martes do Carnaval, haviam dois ou três

quartets de policia, da policia do Panamá, que estava lá, porque no Carnaval toda a

malta de uma colônia occidental dança, e foi um momento oportuno para passar por

armas, como se diz, a toda a policia colônia, se tinha que ser entre cinco, sim, sim, sim,

agora... Acabaram, acabaram a maioria, assim, quase todos os policias foram, aliás, Eduardo

Galiado, muito historiador da América Latina, falam-lhes isso como um grande señal de que

não havia outra alternativa, era muito difícil, ou acabavam com os cunas, ou nós tenhamos

que dar um señal, não é?

Claro.

Se 25 acontece isso, e os cunas declararam a República Independiente Tule, Tule, é

realmente Tule, é a forma de dizer cuna, os cunas não nos dizem, cuna ficamos...

Ou seja, eu não me chamo...

Tule, Tule, os cunas, decimos Tule, Tule, sim, sim, Tule, Tule, a República Independiente

Tule, é primeiro, três meses.

E como historiador, vou-lhe perguntar, como era a vida deste povo cuna, aquilo que se

convencionou a chamar o período pré-colombiano?

Sim, sim, sim, no pré-colombiano é um pouco mais complexo, porque estavam formando-se,

não é?

Nós não temos uma história fortíssima e potente, como os mayas clássicos, os cincas,

que havia muitas comunidades que estavam organizando apenas.

Eram mais pequenas?

Sim, mais pequenas e tal, mas a base da cultura cuna sempre foi a matrilocalidade, que é

fundamental na cultura indígena, e continua sendo a cuna, ou seja, onde o controle tanto

da produção como da governança é controlado por uma mulher, por as mulheres, era, e que

se foi perdendo em traspas, a sociedade matrilocalidade, mais matrilocal, mais matrilocal, onde

a mãe da mãe, a senhora, a vô materna, é que em cada casa a família tem o controle

da última palavra, que tem que ver como uma produção, tem que ver com tal, e ainda

continua de uma ou outra forma, e além de isso a relação com a natureza, que se já

venia de tipos antes, porque para os indígenas, igual como para os cunas, não há essa separação,

essa dicotomia, aqui está a sociedade e aqui está a nutereza, não, todo contrário,

há uma sola que é uma natureza, e nós somos um momento da, não somos uma instância,

e por isso a relação com o rio, com a floresta, com os aves, com as piedras, é fundamental

da forma como utilizar, ou que agora nos anos, no ciclo 20, tem descoberto como ecologia

profunda e toda essa história, não, mais que os povos indígenas, ou praticavam, porque

também era uma forma de supervivencia, a forma de sentir, a importância da água, a importância

do conto, contar histórias, não só para contar, sino que seja parte de uma pedagogia diária

da comunidade, e que tem uma função política também, porque já foi através de conto,

ou que chamamos muitas vezes a mitologia, que forma parte dessa cosmogonia, que forma

até a cosmobicião, ou seja, não é a mitologia, ou tal, que está fora da comunidade de que

uma pensa como algo, ou seja, que é uma coisa que está interna, ou seja, como sentir

o mito como uma forma de vida, que vale os tabúes, os rituais, como a prática da agricultura,

porque não pode haver, por exemplo, uma forma de produção e importância do policultivo,

que tem que ver com toda essa história, que vai contando para os filhos, a importância

de que em pouca terra, tem que haver vários produtos, porque se chega alguma praga, vai

destruir só um produto, e não todos...

A ligação com a natureza é tão forte, que quase como se fosse, não é quase como verdadeiramente

fazer parte da natureza, estarem comunhão verdadeiramente com a natureza, como todos

os outros criaturas...

Sim, sim, sim.

Aliás, a origem do conhecimento para as cunas vem daí, por exemplo, como as cunas aprendem

a sonhar, a pensar, porque o sonho é muito importante na peocha cuna, o sonhar e dormir,

bem de uma história que conta de umas cunas, no princípio do mundo, que muita gente ainda

não sabia nas cunas como organizar uma casa, como ir a... como semear, como amar,

tudo isso, e alguém diz, pah, mas há outros mundos em que isso já não é um misterio,

já domina e controla, e que onde fica esse mundo, não sabemos onde fica, então onde

ficava, o mundo das águas, das pedras, das plantas, e as aves, então cada, de aquele

tempo cada sabio, preparado para isso, foi para morar, o Aguible, por exemplo, uno

foi a morar no mundo das aves, ficou, e quando volta, narra, como as aves se organizam,

como as aves construíem os nildos, como as aves pensam, sonhando, não é?

E tudo isso faz parte dessa mitologia que foi sendo criada, quando cresceu nas cenas

anos 50, no início dos anos 50, nós sabemos que estes países, que também se chama América

Latina, se tornaram independentes ali, mais ou menos 1820, com o João Boliva, e portanto

ganharam a sua independência de deixar-nos ser musculóneos e espanholas, mas só olharmos

até para as genealogias de quem tem esfiado estes países, os presidentes, para além

de muitos parentes uns dos outros, cunhados, filhos, netos, vamos encontrar uma espécie

do que sobrou da aristocracia espanhola, branca, a comandar estes países como presidentes,

como governos, a economia, é uma evidência parece-me, não é?

Como é que, quando cresceu nos anos 50, qual era a divisão que havia, ou seja, havia pontos

de contato entre o poder na cidade do Panamá e a vida na comunidade de Cuna, ou a vida

sequia?

Não, não, o que eu disse é, não me diga, é o Hugo, é certo, é certo, a conquista

continuou na Colônia, mas mudaram as máscaras, porque o poder, aliás, há uma questão fundamental

desse tipo de história que é a questão racial, que é branco, é branco porque foi

dominante, porque os que fazem a independência, os soldados eram indígenas e os negros, mas

os que dirigiam, eram um branco que eram os netos dos dois, porque aliás estavam a lutar

também por os interesses dos fazendeiros, por exemplo, porque o rei estava a receber,

não fazia nada, ideia que, e continuou a exploração, e os povos indígenas lutaram

também, mas continuaram sendo explorados, porque em Panamá não só são os cunas que

moram, são sete povos indígenas, não é, e mais, e hoje em dia tem suas províncias

autónomas?

Não, e no Panamá foi ingressado, porque no século 20, com esse tipo de mar torrejos,

que tuvo coisas interessantes, que se enganou, ou que se chamam as comarcas indígenas,

há poucos países, porque o grande problema dos povos indígenas é o problema da terra,

a propriedade, ter a propriedade coletiva, porque...

Estão reservas na algodia, são muito limitados?

Muitos não têm reservas, não, e então é um problema, então a relação com o povo,

como o povo panamiano, sempre foi uma relação de complicidade aberta, mas como o poder que

eu estava a perguntar, sempre foi conflito, por isso que 25 marca uma diferença, porque

eles ficaram assim como, atenção com os cunas, mais com os outros comunidades mantiveram

a exploração directa, eles foram em controle, e tem uma forma de dividir, não é, dizem nada

mais cunas, organizam e tal, porque, porque os cunas lembremos que moramos nas Caraíbas,

que o norte do Panamá, porque o Panamá é diferente do que o outro, o norte não é

o Mar Caraíba, as Caraíbas e o Sul e o Pacífico, e o Atlântico, e o Atlântico não

entrava no modelo de desenvolvimento do Panamá, porque tudo estava no Pacífico,

a parte forte do Pacífico, é por comercio, turismo, enfim, sim, que durante muitos anos

como que deixaram que os cunas, não, e isso foi bom para o povo cuna, porque foram

reorganizando, foram apresentando propostas ao Estado, que muitos dos Estados, aceitava,

e disse, não, tranquilo, não fazem nada, e nos 60, quando já queriam entrar, porque

são 300 italias, na verdade são quase 400 cílias, é uma potência turística, é

um mal, e recursos, não, não, não, 49, imagina, e isso podemos falar também, e então de

pronto o Panamá dizia, não, hay que conquistar, porque, olha a palavra, conquista a relação

que tínhamos, o poder e os poderes com a natureza de conquista, ganhar, digamos, e

então disseram, vamos entrar, não, são os cunas que tínhamos tantas cílias, porque

já não podiam, porque já estava blindado, não?

Percebe, existe essa ideia de nação panamiana acima disso tudo, diria, primeiro sou panamiano,

depois sou cuna, ou se eu sou...

Não é o contrário, em caso de nós, é o contrário, não, eu sou cuna, não, cuna, e depois,

porque para mim é uma criação de 1903, mas também em 1821, se cria, ou panamá, como

panamá, como estamos falando, como estado político, não é, e isso continua a ser sempre

um debate, incluso, até brincar, e não sou com os colegas panamianos, não, porque

os cunas são... há uma só bandera, porque eu, por exemplo, não acredito nas banderas,

acredito mais na gente, independente, porque o problema das banderas é o que ha criado

problemas das fronteras, antigamente não houve fronteras entre colômbia e panamá, era

um território único, não, de entrar com... agora, agora, se quer uma frontera, uma polícia,

uma minoria de utilidade, esperar... Sim, sim, sim, está aí, e então, agora, não, e

isso, é isso, a relação é sempre como os poderes, contencioso, difícil, complexo,

escutam, mais como povo panamiano, como um povo... há sido de complicidades, muitas

vezes, não, é um grande problema que nos divide também isso, que estava a falar, a língua,

os rituais, a forma, a forma de controle da terra, porque a terra na Anacomia não

sabe familiar e coletiva, não há propriedade privada, mas não há nenhuma propriedade de

turismo que não seja cuna, ninguém que não seja, ninguém que não seja cuna pode

ter propriedade nascida, e isso é um dor para um estado que tem, ou uma orientação

capitalista, ou desse envolvimento em traspas, enfim, e que não deixem de dizer, ah, é

slim, e isso, muita gente ha ido para lá para comprar ilhas, porque todo mundo, e

as ilhas não se podem vender, porque a primeira ilha que se venda, a cultura vai...

Claro, e esse dinheiro que se faz, ou seja, existe mesmo essa cultura comunitária, esse

dinheiro é usado para... Por conversar, sim, sim, sim, sim, da coletividade?

Mas diga-me uma coisa, e agora ainda por cima, quer dizer, já viveu em tantos países, como

é que foi crescer nos anos 50 numa comunidade indígena, ou seja, tão diferente do que terá

sido crescer num país ocidental?

Sim, sim, é complexo, está só para um exemplo, não, porque seria nunca...

Imagino, imagino, sim.

Imagino, sim.

É a forma, por exemplo, quando uma criança acorda, acorda, por exemplo, de manhã, brincar

com todas as crianças do mundo, não?

E quando estás a brincar, estas casas se tem fome, e você entra, por exemplo, na minha

aldeia, que é a maior aldeia da comunidade, porque a aldeia de 120 habitantes, na minha

aldeia era quase de 3 mil, que é o que eu considero, assim, o Brucchi, não é?

Eu podia entrar em qualquer casa, em qualquer casa, a comer e a dormir, a descansar, e

às minhas mães não se preocupavam porque a criança dessa casa também podia ser exatamente

igual a outra casa, ou seja, estava aberto, não é?

E era uma relação potente a níveis, ou seja, a ilha era um infantil, toda a ilha,

por que?

Porque todo mundo estava a cuidar, não?

E por isso era importante ter peças, porque nossa cultura gastronómica de mar, estamos

no mar, os mariscos, os peças, os caranguejos, as frutas, as sovacates, e estava aí como para

servir e que se foi modificando.

Isso para mim marca, ou seja, e então quando me perguntam, e um antropólogo muito famoso

que passou por lá, a fazer um estúdio sobre a educação das crianças e começou a

perguntar, parece umas encuestas com um informante, ou quem é seu pai?

E o rapaz disse, não sei o que, e quem é seu pai, não se perguntam?

E ele disse, por que para a criança, há mais de outras?

A criança não sabia quem era a mãe, mas sabia quem era a mãe.

Era uma pergunta um bocado absurda para a criança.

Exato, para quem é a criança, porque todas são as mães, não é?

Então são os pais.

Ou seja, isso leva mesmo ao extremo, a ideia do que é preciso, aquela ideia que se chama

dizer é preciso uma aldeia para criar uma criança, ali é de facto uma aldeia inteira

que cria uma criança, e também os adultos, cada adulto com a sua habilidade ensina uma

coisa diferente a cada criança, por exemplo, há um tipo que sabe pescar melhor, há uma

mãe que sabe melhor ensinar outra coisa com a filha.

O desenhar é uma coisa que eu tenho aí por aí na mochila para mostrar que o símbolo

do povo ocuna, que é o mesmo, a roupa das mulheres que há sotecido, molas, molas.

E a contar histórias, por isso a palavra, na cultura cuna, a cultura não é fundamental.

Eu que ordeno o tempo, como eu disse, uma vez em uma clínica de novo relógio, aí

há a palavra, né?

E há a palavra de contador de histórias, e as tias, as tias, que são as vecinas, o

caso, por exemplo, o riso, o reir, o reir é uma parte da paesia, é difícil encontrar

um povo que seja tão reidor como os cunas, inclusive quando estão em debate político,

quando estão, e se queixam, alguém dizem, ah, essas cunas parecem que estão a brincar,

não estão a brincar, porque utilizam o humor, a risa, como parte, sim, agora decimos os

contos, ou parte da estratégia, não, mas é parte da sua própria vida, por exemplo,

as mulheres na aldeia, que é outra coisa que eu lembro, se riem a cartalhadas, assim

com palavras e com sons, não, em muitas vezes, papá, contem histórias, porque uma forma

de complicidade entre elas também, contem histórias que os homens muitas vezes não percebem,

os homens não percebemos nada, não, em muitas partes, e eles entendem, tem esse lenguagem,

não é, de rei, eu lembro, quando era pequeno, porque meu pai e minha mãe, era funcionário

do público, foram maestros, professores, então, se eles tenham essa, essa vida de,

um duplo, não é, como se, porque eram maestros dos estados, mas também eram cunas, e te

vejo a minha mãe, ou meu pai gritava, qualquer coisa e tal, eu fico com tudo triste, e

ia casa de uma tia, e é, bem, que eu entrava na casa e começava a rir, como subir, como

subir o volume de rádio, pro dele, e passava uns segundos, já estava a sentir melhor, não,

completamente ir reir-me com eles, não é, para que, isso é uma terapia, não, e por isso eu contei

uma vez ou outra crônica, escrevi, que agora, que eu estou vendo em Europa, um europeu,

vendo que tem clínica de riso terapias, que tem que pagar 100 euros, ou 70, ou 30 euros,

e eu tinha, e eu tinha isso na minha casa, na minha aldeia de graça, não é, e essas

são as coisas que agora estamos a fortalecer, para que, para, para, para, para que salte

na cidade, porque a migração é muito forte, muito escura na cidade, e na cidade, como qualquer

cidade do mundo, é dura, não, é difícil para os migrantes, não, e saber uma questão

da discriminação, do trabalho, da língua, enfim, e o riso, se vai perdendo, entende,

então é...

E até essa, essa ideia de comunidade, é numa cidade muito grande, e uma cidade dura,

é difícil manter essas, essas relações, nós, toda a gente sabe, nós, às vezes,

não conhecemos os nossos vizinhos do lado, ou de cima, ou de baixo, que nos moram num

prédio com, com muita gente, voltando ainda à sua infância, podemos ser de curiosidade

disso, mas depois teve, os seus pais eram professores, teve uma educação, vou chamar-lhe

formal, ou seja, de uma escola, um dia a todos os dias...

O castellano, espanhol, está?

Sim, e depois como é que era feito o resto da educação?

Saia da escola, e depois como é que era...

Para mim foi fantástico, não, e eu penso que não, sobretudo, meu pai, tuvo essa visão

de, ou morava perto de minha voz, não é, estava, meus pais, e minha avó materna, se morava

conosco, quando saia da escola é praticamente, eu tinha vida com, com, com minha voz.

Mas as escolas ficavam na idade, também?

Digam, digam, então sim, eu penso que teve uma ventaja a esse nível, porque já a partir

dos três, quatro anos, penso que eu falava, o castellano, normal, bem, e o cuna nunca

perdi, e continuo, não é, muita gente disse, par, tantos anos na Europa, e quando eu vou,

continuo a falar cuna, porque é uma coisa que, que para mim é central, não, e também...

Toda a gente falava castellano, não, não, não, todo o contrário, são professores ou

funcionários públicos, e os, e os estudantes, mais uma, mais uma, é um, um espanhol muito

vezes com um complexo, porque sou agora, no ciclo 20, que se conseguiu parte da luta

do povo cuna, dos povos indígenas, que, que, que, que funciona em uma educação bilíngua

intercultural, ou seja, que os crianças começam a aprender através de cuna, até a quarta

classe, e o espanhol entra, mas também como parte de uma, como se fosse uma cadeira,

uma matéria, entende?

E isso se conseguiu, inclusive, a nível LLE de luta, de luta se conseguiu, porque, porque

a base da, da criança é a língua cuna, todo o mundo era a língua cuna, todo isso

tal, tal, porque, porque, ou não sou tempo, ou meu tempo, quando saímos da quarta classe,

aí é o sexta, não é, mas a cuna, parece que quarta classe, saímos falando mal o cuna

e mal o espanhol, porque era um, mas agora a ideia é que, que, que, que, que tenha uma

força com a cuna, mais que o espanhol esté dentro também, tá, e vai bem, para que

ahorra...

Por que, por exícita na cidade, não, e, e, e a prática é demonstrado que sim, agora

está a sair, ou as crianças os meus dominando, não 2 ou 3, até o inglês, não, porque a

relação dos cunas com os Estados Unidos, é interessante, não, desde o 25, não, até

a primeira migração foi às bases militares americas, assim que muitos cunas falam bem

em o cuna e o inglês e o espanhol, vai, vai, vai.

Uma pergunta, e como é que, quando foi a sua primeira contacto fora da aldeia?

Sim, não, exatamente...

Com o mundo de...

Não sei como me lhe chamar, mas com o resto, vou chamar o resto do panamá, como foi a

sua primeira vez foi à cidade do panamá?

Muitas já, na mundo ocidental.

A Mundo Ocidental, vamos chamar-lhe assim, sim, sim, sim, sim.

Não, bom, eu tinha quase um primeiro ponto, que era um espaço, não, como sou um, eu

era um panamá e tal, mas... Já estavam com um pelo, já era uma ponte entre esses dois

mundos, não era um mundo completamente diferente.

A diferença de muitos, a mídia dos meus, que foi muito mais duro, não, violento, porque

pronto tínhamos uma cidade...

Isso que já não foi feita de como uma maneira turística, aí vamos visitar a cidade do panamá,

já foi feita como uma migração em busca de uma vida melhor e depois encontrar-se...

Continuaram as estudas, enfim, e aí pronto encontro que tal comunidade, pff, desaparece,

que tem essa comunidade só no quarto, em casa, não é?

Fora de casa tem que ter o peligro dos carros, alimentação, cambia completamente, não é?

A forma de comer, os horários modificam, por exemplo, uma história que sempre conto,

não há, ele contava a minha filha, há muitos anos, na comunidade, como são ilhas, a tarde,

antes de o sol ir embora, os jovens, todos, homens e mulheres começamos a caminhar por

o dia, a caminhar, contar nossas histórias, e nos damos amado, assim dava amado, como...

E quem dá amado a quem, que seja mulher ou seja o homem, que é o normal, eu com meus

amigos e eu caminhando da amada, caminhar com tanta história e venhamos, o meu avô

disse, vaza para mim, eu não posso fazer isso, porque, eu não posso, mas não me contam

o resto da história, não é? E tal, e não aprende a punta de, como é isso, golpes,

coisas, porque...

Mas é uma vulnera de vermos o lixo que os ocidentais têm na cabeça.

É isso, porque dizem, não, porque para nós, o custo do gênero e o sexo é diferente,

o mundo... Incluso na origem, na nossa mitologia, nós temos três gêneros, não é? O homem

a mulher e o gudum. O gudum é como ele, não é intermediário, é como o puente

entre esses dois, não é? Así que essa coisa, para nós não há nenhuma, é

atenção, então a cidade já começa a nos parar, olha este, olha que raro, não sei

o que vai ter e tal, então são dessas coisas que são duras, não é?

São impactos gigantesco.

Impactos gigantesco.

Existe discriminação na cidade.

Ah, não, não sei forte, sim, sim, sim.

Em termos do acesso ao trabalho, até...

Sim, continua, continua, é muito, saiu superando, pouco a pouco, com a luta da comunha negra,

comunha indígena, mas ainda 60, para a questão física, para a questão da língua, e nessa

mulher com uma... Tenho um papel fantástico para mim, por exemplo, nos anos 70, quando

já eu estava no secundário, não para nada mais, assim já, escutava as vozes dessas

mulheres, vestia a sua mola, e falar em cuna, e muito assim, para não... Porque

há uma forma de discriminar, assim, não falem no dialecto, porque isso é um dialecto,

é uma língua, com uma gramática complexa, tão complexa, que agora é reconhecido já

a nível internacional e que...

Mas é aquele fenômeno de tomar, no caso, o castelhão é que é a norma e tudo o resto

são desversas a norma.

Sim, sim, sim, o resto é passagem, não é como diz uma coisa assim, não, e então,

e a igla são que começaram nos autocarros a falar como em voz alta, em cuna, não há

nada, não sei quanto, e tanto assim que não sou tenta, escutava os autocarros do Panamá,

três línguas, inglês, espanhol e cuna, ganharam esse direito e a vestimenta, não, e

lindicaram, porque em um Panamá agora, quase 40% de cunas moram na cidade, que também

há criado problemas, também há criado novas, novas, novas coisas interessantíssimas,

não, sobre os jovens que han perdido, perdiram a língua há um tempo, porque tenían que

aprender o espanhol, comecei a poder lutar, em um tempo difícil, exato, e papá, mais

de pronto, a gente não conta que tinha uma riqueza cultural fantástica da voz, não,

e agora está em um processo de recuperar, já utilizando outras plataformas, Facebook,

Netflix, Cinema, Teatro, Canto, Ópera, então, e isso é ser...

Sente que agora há uma cruzidade grande, aconteceu em muitos países que têm comunidades indígenas,

nos últimos, na última década, começaram a ver uma aproximação e um interesse pela

cultura, quase perceber que ali é que está o berço das culturas dos países que têm

comunidades indígenas, sente isso também...

Sim, sim, sim, completamente, e não só isso, mas que, que, em realidade, isso ajuda, para

nada, a ser muito mais hermoso, muito mais diverso, para a música, por exemplo, que está

aqui...

Que temos estado a ouvir e que nós temos a nossa playlist...

Nos Spotify, vamos para a tua terra...

Sim, para a tua terra...

Ah, e não só isso, na literatura, não é?

A forma de contar histórias, por exemplo, agora que estou indo para aqui, estou aqui,

caso eu tenha quase 30 anos, mas mesmo assim, é sentido que a minha tareia além de trabalhar

cá, ha sido tentar ver a importância da cultura minha e da cultura indígena, não é?

E isso é muito importante para os jones que estão lá, porque eles dizem, o afinal

vai, o que tem tanto tempo, continua a falar com uma e as filhas têm um nome com uma,

dois, não?

Nadili...

As filhas falam?

Falar é mais complexo, é a história, mas tenho uma neta que já está a fila de Nadili,

está a aprender pequena, e porque não é uma coisa simplesmente, porque muitos

o veem como algo folclórico, algo giro, como dizem em português, não, mas isso

tem uma incidência política fortíssima, porque são grupos organizados com a música

para reivendicar terras também, não é?

Como outras comunidades indígenas, não para mais, não é?

Os 9Bugle, os Emverás, que continuam em uma situação complexa, mas também vai...

O Panamá, a Nação Cuna acabou por ter essa casualidade geográfica de ter ficado

com as ilhas e, portanto, não havia maneira de lhes retirar da territória, como aconteceu,

por exemplo, no Brasil, em que as pessoas são empurradas no Brasil e em outros lados,

mas reservas vão sendo cada vez mais pequenas, mais pequenas, o facto de ser um arquipélago

não havia maneira de lá.

E também é o que estava a conversar, como foram, não sei, uns 30 e 40, muito inteligentemente

os poetas maiores, que eu chamo, poetas maiores, porque há um poeta que diz que

o povo Cuna é uma nacion governada por poetas, porque para ser governante de uma comunidade,

não é agora?

Alguma coisa que tem mudado, primeiro, tem que conhecer profundamente a história tradicional

e oral da comunidade, segundo, tem que saber contá-lo e cantá-lo, terceiro, tem

que ser ou ser mais solidário da aldeia, uma mulher, um homem, tem que ser mais solidário.

E o quarto?

É que é escolhido, é escolhido.

Não, não, é, sim, a comunidade vê todas essas virtudes, não é, e pode ser um médico,

pode ser um caçador, pode ser um...

E é um cargo vitalíssimo, é um cargo de eleições, como é que funciona?

Em princípio era vitalíssimo, não é, mas agora é próprio comunidade, não, não,

não, não.

E depois a comunidade decide, se ela não cumpre essas funções, porque, e outras das razões

que não pode ter privilégio, ou seja, a única pessoa na aldeia, que ao contrário

dos nossos políticos do mundo, não, é um ser que não, porque o privilégio desse

é ser...

É servir.

É servir a comunidade.

Assim que se há uma casa assim grande, não, não mora lá, é a última alimentação

que pode chegar para ele, porque, primeiro, é tudo, não é, uma vez em Lisboa, em uma

conferência de antropólogos falava isso.

É muito difícil para o acidente estar a perceber isso.

Ele estava a contar isso, e um professor disse, isso devia ser a norma para todos políticos,

não, serve, servir a comunidade, e não serve a comunidade, não, e é, é, é, é a forma

de ser dirigente na comunidade, claro que, como você diz, quando um fala, e inclusive

o próprio Palama de Isso, muitos não entendem porque dizem, não, não, mas, tem que haver

um chefe, um que mande, que mande a comunidade, como mande a comunidade todos os dias em

uma casa grande, que se chama Macanega, se reúnem, para contar histórias e para resolver

políticas e para divertir-se, não, e aí está ele, e ele é como o coordinador, para

dizer uma palavra, mas no fundo é um poeta, não é, que canta e conta histórias, mas

também ordena e canta, e ele participa no trabalho comunitário exatamente igual

que o outro, não.

Ou seja, não tem um privilégio...

Ou privilégio dele é simbólico, não, e, então, e, então, há três também autoridades,

porque, agora, que unem a todas essas comunidades, as 49 comunidades que unem, o Congresso gerar

que unem, onde estarem três, eh, esses poetas maiores e generais, e que muitas vezes também,

não, porque o Palama pensa que são, que vão definir as políticas, não, as políticas

os definem, as comunidades, ou seja, as autonomias, estão nas comunidades, estão nas aldeias,

que são completamente autónomas em relação a...

Cada um, cada...

Sim, sim, sim, não, mais que claro, o VDS, porque o poder central é como...

Sim, o poder central, para...

Exato, exato.

A nível de educação e de saúde, há uma relação intensa, por causa dos médicos,

sem fim, não, porque é muito difícil a questão econômica, a questão do turismo,

por exemplo, não.

São muito visitadas estas, estas ilhas dos...

Sim, sim, sim, sim.

Incluso, em várias revistas, eh, eh, já han falado como há ganado o prêmio de...

A Sílvia mais linda do mundo, é essa história que pôde em volta ao mundo...

E da autografia incríveis.

Sim, sim, sim, sim.

E as roupas das mulheres...

Ah, não, essas roupas são uma coisa...

Porque isso é...

É uma parte muito importante da cultura...

Não, é...

É quase básico, como a organização, que é colectiva, de congresso, que todavia canta

e se conta, porque cantando se conta a história, e cantando se valuta, não é?

Ou seja, no Parlamento, cantam...

Sim, sim, sim, sim, se canta, a princípio, e depois...

E depois... E depois, há um que chamamos de Árgari, que é como intermediário entre a comunidade e o poeta maior, porque o lenguagem no poeta maior é muito mais simbólico, que ele sabe, e outro vai traduzir.

E a Mola, a vestimenta, é um símbolo potente porque? Porque a forma como a mulher conta a história da aldeia e observa.

E os padrões... Padrões que estão lá, caem, um helicóptero passa, não sei o quanto, contando, mas também é um sonho onírico, seja a sonha, o sonho serótico, ou que ela vem e a dia seguinte já passa isso na sua tela e conversa com as outras colegas, com outras mulheres, igual que o riso, é onde isso já se entende, porque sobretudo são símbolos muito geométricos, não é uma...

Mas é de interpretação pessoal, ou seja... É completa, uma mulher pode dizer, isto é um helicóptero que passou, mas qualquer pessoa que olha pode não reconhecer o helicóptero que passou, mas é como um diário pessoal, quase, é um diário pessoal.

Sim, sim, sim, sim, sim, para mim é uma narrativa, conta histórias, conta sua própria história, ou se divertir, não é? Bom, há tesis fantásticas, há uns francês que dizem, pulgulhido, maravilhoso, mas muitos vão a buscar, e sabe, com uma fase muito abstractismo, enfim, sabe como somos os acadêmicos, criando, e tal, e tal, e tal, e tal...

Eu uma vez falei como a Tia Mia, explicando mais ou menos o que é o que é o abstractismo no mundo occidental, e ela se arreia, e fala, você diga o que diga mais isso que eu faço, e não sei quanto, porque é uma linguagem própria, não é uma forma, porque há vestimentos de essa que também servem parte da medicina tradicional, como para curas, ou para, assim como psicólogos que utilizam, ou desenhos, enfim.

Agora, essa coisa que para a maioria como é, do dia a dia, ou normal, já é um ex-libre de Panamá, porque qualquer que vá para Panamá, ou qualquer...

É fundamentável.

Ou forcer uma mola é como fui a Panamá e tenho essa mola, ou papá, quando foi em 2019, ou jotaque, ou jovens, quando eu fui eu encontrei que vai ser a Brelis Boa, não?

Uma das prendas foi uma estola, essa é a opção de mola.

E eu ofereci a Mure, porque também tem uns católicos, as católicas cunas, ofereceram a papá e tal, porque é uma linguagem, é uma gramática, não é?

Continuam muitos jovens a viver nas ilhas.

Sim, sim, sim, sim, sim.

Quase vão ser metá-metade, quase não vou supor, vamos ver que 60% continuam nas ilhas.

Mas depois quando chega a uma altura que eu liceu, tem que ter...

Não, agora já há seis comunidades que têm liceus, inclusive se criaram há um par de anos.

Isso é fundamentável, todo mundo sabe, porque se buscar a educação fora das comunidades.

Claro que é muito difícil para um jovem, dizer que pronto fica na universidade aqui na ilha, não sei o que, a ilha é linda, mas a ideia de conhecer uma cidade também é um desafio.

Por isso é complexo, por exemplo, eu ainda não fui a New York, eu quero conhecer e tal, não sei o que, coisa desse tipo, eu não fui a Panamá, quero ver e tal.

Sempre há uma, eu não sei como, não de uma armadilha, é como uma...

É o vento do...

É chamar, é o vento que se chama.

Algo diferente, não mais diferentes comias e vamos saber qual, e uns se vão ficando e outros voltam, porque cada dia estão criando centros universitários.

É assim, é assim, não é nada.

E uma universidade que funciona, que tem sentido, não para criar produtos para um mercado,

mas para estudantes que pensem, que dudem e que veem o seu próprio mundo também, não é?

Porque, por exemplo, a nível da agricultura, o sistema agrícola, a forma como cultiva, os indígenas são fantásticos e que foi desaparecer num tempo porque se tentou imponer os monocultivos.

Milha e similha, milha e hectárea de milho, por exemplo, ou milha e similha, por que? Porque era para o mercado, e depois se foi olvidando, em muitas partes do mundo, indígenas, a importância dos policultivos, que é uma coisa que estava resgatando, utilizando a sua direção com a natureza.

Sim, completamente, porque a ideia é alimentar não só aos sumados, mas também aos animais e aos duendes, como eu disse, porque por a tarde, ninguém vai ao campo, todo mundo queda nas cilhas.

E os doentes, os doentes. E os poetas dizem, não, há esta hora, onde estão a comer?

Este é um mensagem metafórica, mas tem que ser um fundo ecológico profundo, porque assim não vai seguir a quemar ou a roubar, porque estamos doentes.

Ou seja, já tens que manter, vai estar alimentado de manhã, mas tens que garantir que durante a tarde os doentes tenham se assustado.

Você já sabe, por exemplo, os mangos. Você diz que o mango é o melhor fruto do mundo, porque dá de comer as crianças de olhos como meus e marinhos, dá de comer os habitantes, os camponeses que vão caminhando e vão cruzar a fronteira, dá de comer os duendes e já sabe os multicolores.

Assim que, se tu começas a não sembrar frutas, estás matando toda essa diversidade, não é? Então, essa é a segunda forma de ensinhar como é que cuidar a terra, como amar-lo, como sentir-lo, não é?

Isso, Paulo, quando vai visitar a Ilha onde cresceu ou outras, ali à volta, ainda reconhece o mesmo sítio dos anos 50, ou acha que está muito...

É que cambia, todo cambia, não é? É como... Esse fenômeno de rio que a Falaba não sei se é demócrito ou quem, disse que nunca a volta a beber água do mesmo rio, igual que a cidade, é um pouco assim, mas...

Está melhor, está pior...

Não, não, é... Sempre que você cresce, cresce, as crianças, as crianças nunca faltam, não? Mas, para mim, é fundamental...

Continua as crianças exatamente entrarem em cada casa...

Não, isso... Não, isso a debilitado um bocado, assim...

Porque também o problema de migração, um tempo, afetou muito o trabalho no campo.

Porque começou a introduzir produtos ocidentais, as latas de conserva, não é?

Em vez de pescar, por exemplo, com tenias, enfim, e todo isso começou...

A própria escola, o horário escolar, não é?

Começou a modificar que agora se está tentando reconstruir, é porque o escolar tem um horário, não é?

Tem uns códigos.

A ilha comunitária tem outros códigos, não é?

Deve haver um choque, tem que se arranjar uma coisa...

O pai disse, não podia pescar, porque tem que fazer...

Um trabalho de casa, de inglês.

Olha-me uma pergunta, sei que não vivia lá na altura, mas o Panamá passou durante o início dos anos 80,

ali durante seis anos, mais ou menos, o famoso ditadura do general Noriega,

que se tornou quase uma figura do tintinho, não é?

Aparece um bocadinho dos livros do tintinho, não é?

Uma figura muito fascinante, de certa maneira, terrível.

Isto afetou muito.

Ou seja, basicamente, para quem está ouvindo, não sabe, no Noriega,

você fez uma fortuna grande através de um narcotráfico, era o próprio fototraficante,

este afetou muito...

Não, sim, sobretudo, sim, se afetou.

Afetou, sobretudo, mas também a própria invasão do autentino, não é?

Quando os americanos se invadiram.

Exato, não, porque se eu estava à procura de Noriega,

aliás, uma das teorias, e é possível que Noriega também era um quadro dos próprios americanos, não é?

Não, não, não, porque não 31 muere torrijos.

Na verdade, isso começa no 70, não é?

Quando chega o projeto torrijista e a revolução de Panamá, que se chama,

quando, em 77, se firma o tratado do canal com Carter, que foi um grande avanço, não é?

Quando o canal passou a ser gerido pelos americanos e pelos Panamá?

Sim, sim, sim, sim, até 1999, então, e depois de 81,

uma atentada contra os torrijos morreram e chegam a Noriega, não é?

E definitivamente, afetou completamente porque foi a tal dictadura,

os americanos se invadiram e destruíram parte da economia panamiana, não é?

E fica, na verdade, era para assustar um pouco o Panamá, porque o Panamá já estava chegando a 99,

e era como dizer, por si, precisam de nós, e não sei, enfim,

porque para apanhar a Noriega podiam apanhar em qualquer momento, e os americanos não fizeram isso,

eles têm tanta tecnologia que não precisavam de invadir, nem de desenvolver actos terríveis,

não morreram muito, ainda e muitos cadáveres que não foram, não sei, não foram encontrados,

o momento sindical praticamente desaparece, porque foram preços, foram mortos, enfim,

igual que a questão estudantil, e foi difícil, por isso, o período de 90 recuperação,

como você conhecia, foi importante, e aliás, o canal é um dos braços fundamentais da economia panamiana,

e então se uno calcula quanta ricaça se habrá levado aos americanos em todo esse período que estuviam controlando.

Desde 1977 era partilhado, mas são muitas décadas, nós pedimos que nos falassem de um livro,

que nos recomendasse um livro, para que conhecemos um bocadinho melhor do Panamá,

e falou-nos de um livro que não existe em tradução em português, chama-se Los Forzados de Gamboa,

em inglês existe, chama-se Gamboa Road Gang, é de um escritor e jornalista Joaquín Belénio,

ele já morreu, é da Zonio, como é que se diz, uma pessoa que fica na zona, que é da zona do...

Sonho antes. Sonho antes. Tentei, isto é, uma pessoa que seja natural da zona do canal do Panamá,

mas escreve este livro, que é uma história baseada numa história real, de um adolescente condenado a 50 anos de prisão.

Fala-nos um bocadinho deste livro.

Tenho vários livros, enfim, mas é um livro que marcou muito e marcou muitos panamanianos,

porque Joaquín Belénio, que faz, enarra todo esse problema com os americanos,

através do romance, a luta, é uma novela social, muito dirá que é bastante tratada, porque os sonhos de 60,

mas no fundo é isso, mostrar o racismo, a discriminação e a potência que tinha um poder sobre o outro, sobre a comunidade,

porque o...

É um livro que guarda até os cristais de género, os cristais de género.

Sim, sim, sim, a questão da violência, o sonho de estar rapaz, de querer andar com uma americana branca,

a tal metáfora que sempre ir para esse mundo será melhor, entende?

Mas também a luta de diferentes comunidades indígenas, fala de uma indígena que está presa, de outros.

No fundo, é um pouco como a dordo panamiano que estava em todos esses tempos, até 1964, quando fui fazer um grande levantamento,

e, na verdade, até mais de 99, é onde havia um poder que dizia muito que eram os americanos,

porque a zona de canal era como se fosse outro país, e Gamboa era como um custoias, como se fosse um penitenciário,

é uma prisão.

Então, a Iván, sobretudo os panamianos, negros indígenas, apagarem, coisas que às vezes não tinham que ver,

roubar um mango, apanhar uma iguana, enfim, ou supuestamente o violo da tal.

No fundo, ele conta a prisão do Panamá, apricionado...

Ou seja, naquilo a ilusão significava, representava o próprio Panamá?

Ele e os outros não significava esse dordo, porque para entrar na zona militarizada,

que havia um monte de soldados e base militar, tinha que ter um permiso de motorização,

senão não entravas, ou seja, em um próprio país, ou outro país.

Por isso, o torrejo se chamava a quinta fronteira, que eram, não são quatro fronteiras, e quando entravas,

as sonhas caladiñas, não é?

Basicamente, era o território americano, não é?

É, era o território americano, e o privilégio que os americanos tinham lá,

praticamente não pagavam impuestos, nada, tudo era abratíssimo.

Alguém decía que parecia um socialismo tipo americano, e por isso que os próprios americanos,

na América do Norte, um banco em grande parte apoiaram o Panamá, por isso foi o 77,

porque disseram que as sonhas eram essas palavras que me disseram, porque eles estavam a explorar

e a sufrir de isso como um território, não?

E então, o ovelenho, não com isso, outra luna verde, outras romances que ele tem,

ele narra essa história, não?

É como uma história para, e tanto que esse livro se liga nas escolas,

com a secundária, como parte de uma da peoxia, da formação.

Nós agora vamos passar a bola ao Emmanuel Silva, olá.

Olá, tudo bem?

Que tenha estado aqui muito atento a ouvir esta coisa.

Sim.

Incrível.

Muito incrível.

Então incrível que hoje a gente tivéssemos curiosidade em saber a sua vida na Europa.

Sim.

Se lamos depois, vamos?

Sim.

Vamos.

Acho que ficámos para Panamá.

Acho que ficámos mais duas horas.

Se ficámos mais duas horas.

Tem sustões para sustar o Panamá?

Tem sustões, tem sustões.

Não sei se quer saber como é que viajas para lá ou deixamos isso ao critério das internet.

As pessoas não vão procurar por si e passamos às sustões.

Eu acho que é melhor passarmos às sustões.

Claro.

Começamos pelo canal de Panamá.

É inovitável.

É uma visita que vale a pena.

É uma visita que já é estruturada, já é organizada e didática.

Inclusive é um museu com explicações detalhadas sobre a construção do canal,

o funcionamento, a capacidade, etc.

E deixo aqui uma dica que é se forem...

De manhã.

Para você falar.

De manhã.

Sim, para casa onde manhã.

Até porque de manhã é o melhor horário porque os navios maiores chegam durante a

noite e de manhã começam a fazer a traficia e deixe já a agenda com o taxista a recolha

depois da visita.

Seria visto?

O taxista que...

O taxista que deixar a pessoa...

Para ir buscar.

Para depois ir buscar.

Para casa deve ser incrível fazer esta visita ao canal.

Ah não, é fantástico.

Fantástico.

Fantástico.

Porque é excluso.

Por isso eu tenho tempo a ver porque o Pacífico e a Atlântica não têm nomes.

A mesma cota, não é?

Quanto aquilo tem que esperar que entrar dentro do canal e o barco baixar ou subir.

Mas tem alturas que completamente diferentes.

Isso é um trabalho...

E o mais engraçado é que é o trabalho panamiano desde o tempo em que estamos americanos.

Porque os americanos dizem, para não vamos entregar o canal porque os panamianos vão

partir tudo isso quando 90% da mão de Bob Ryan.

Já era panamiano.

Já era panamiano, sim.

E teve muitas obras nos anos 2000.

Ah não, sim.

Há uma apreciação.

Há uma apreciação, sim.

Depois isto na sala.

Ele convida, leva uma santa, roupa fresca em...

Há água.

Há água.

Pode levar a manga.

Há roupa fresca, sim.

É essencial.

É essencial.

É essencial.

Porque como em quente, húmedo...

Muitas vezes está abusando, era condicionado.

Entras a um taxi ou entras no museu, pfff.

Basta de tali.

Então é sempre.

E depois está constipado, não é?

Pois.

Uma roupa fresca com casaco.

Com casaco.

Com casaco na mochila.

Com casaco na mochila.

É o mais indicado.

Tá ligado.

Ainda na cidade do Panamá vou deixar duas sugestões.

A primeira, o Casco Viejo.

É um bairro histórico da cidade do Panamá.

A arquitetura está bastante bem preservada e tem uma vida no autor da citada.

E deixe a segunda sugestão, porque no último episódio foi-me pedido que falasse mais em

coisas superficiais e, cruzamente, os preços no Panamá são muitos atrativos, sobretudo

para produtos eletrônicos e tênis e outras marcas de roupa.

Há, inclusive, em um Panamá que fica o Mare Shopping da América Latina, o Albruque Mall,

que conta até com o próprio hotel dentro do próprio shopping.

Aqui chegam de muitos países de Centro-América.

Vem, é auto-carros.

Para ir lá, comprar e ir para lá.

Porque isto são só atletes, são só preços que são mesmo atraentes.

Portanto, fica aqui a nota para quem não quiser, não quer dizer ao canal.

Temos também sugestões para visitar.

Sim, era precisamente aí que eu ia.

Era o arquipélago de Samblás, que é um autêntico...

Cunayala.

Cunayala.

Cunayala, ok, que é um autêntico paraíso que tem, como o Salvador aqui diz,

são mais de 365 ilhas, e é absolutamente...

Por cá são mais de 365, são 366.

São 366.

Mas não está errado.

Não está errado.

Não, ainda mais, são 400.

São 400.

O que são 366, os próprios cunas assumiram isso porque é mais lindo vender para o mercado.

Ou seja, um dia para cada dia do ano e ainda fica outro ano.

O da sobra é uma coisa incrível.

A melhor forma é a partir da cidade para não poder deslocar de barco,

ou viagens de voleiro, há viagens lindíssimas.

É uma boa viagem ou é daquelas que se vomitam o tempo todo?

Como?

Fica-se mal disposto com a viagem de barco?

Nem por isso.

Não, isso depende.

Também depende.

Também depende.

É cada vez mais, não, porque o mar é tranquilo.

Entras ilhas.

A ilha de Cebalda, os Dú, a Isla Perro, Isla Agurra, Isla Pelican.

São as ilhas mais, digamos, turísticas.

Isto de lá se pode ficar a dormir?

Não, não sei.

É o que tem Camping e tem, em real, são 20 tal ilhas que se criaram como turísticas.

A Isla Camping ia ser ótima.

E, claro, a Isla Perro, não é?

E agora se está reivindicando porque está escrito, estava tudo bem, reivindicar com o nome indígena.

Perro.

Ou seja, muitas gestas ainda têm...

A Isla no nome de 30 anos.

Sim, sim, sim.

E nesta inclusiva tem lá um barco no Alfregado, não é?

Ah, sim.

Essa é uma zona fantástica para navegar que está à frente.

E passamos para finalizar a gastronomia.

O Cebaldo sugeriu-nos uma sopa, sancocho.

Sim, que é massi urbano e o campo, não?

Também tenhamos uma própria cuna, dule massi, mas o sancocho porque...

Pai, sim, gosto muito.

Que é que é que é uma sopa.

Claro.

Também muito famosa.

Manga verde com sal, a manga já foi aqui falada e é uma bela iguaria.

O galho pinto é um prato mais de pequeno almoço, é composto no fundo por arroz e feijão.

Depois podem pôr ovos, banana ou tortilhas.

Claro, o ceviche.

Sim, sim.

É um ex-libre.

De muitos países da América.

É peru, não é?

É peru e tudo isso.

Para mim a clássica sopa é diferente.

É mais simples, mais fantástico.

Podem comer, por exemplo, no mercado dos mariscos, também na cidade do Panamá e termino com um conselho de uma bebida,

que é o rum.

Vê bom água.

Vê bom água e vê bom rum marca abuelo.

Que é um dos mais conhecidos no Panamá.

Alias, eu já ouvi por um super por aqui a ver abuelo porque antes não havia...

E é bom.

Qualquer rum do Panamá são bons.

Por exemplo, há um abuelo e um que é seco e raro, que é branco.

Embora estes ligados aos presidentes, e eu digo, artinélia, mais pronto,

eu sei.

E o sacoço é mais do interior.

Ou seja, do Camponês, não é?

Não é tanto indígena.

Mas é fantástico porque frangos, enyame, mandioca e com arroz, feito no campo.

Uma coisa fantástica.

O seu balde muito obrigado por esta viagem, foi incrível.

Fiquei sem palavras.

Nós voltamos para a semana.

Esta música que o seu balde nos enviou, nos acancelhou,

pode ser ouvida na nossa playlist.

Vamos para a tua terra no Spotify.

E fechamos aqui.

Obrigado e até a próxima semana.

Obrigado.

Vamos para a tua terra.

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Cebaldo de León leva-nos até à ilha da sua infância, onde as crianças são filhas de toda a aldeia e se conversa à noite de mão dada.

O Panamá num prato: sancocho * Num livro: Los Forzados de Gamboa (Gamboa Road Gang), de Joaquín Beleño * Num filme: Panquiaco, de Ana Elena Tejera * Num lugar imperdível: as 366 ilhas do Arquipélago de Kuna Yala * Na música: Marden Paniza, Dorindo Cárdenas, Rómulo Castro