7/30/23 - Episode Page - 54m - PDF Transcript

Da tua terra

Vamo, para tua terra

Da tua terra

Para a tua terra, vamos para a tua terra.

Olá, Emmanuel.

Olá, Hugo.

Vamos então embarcar em mais uma viagem desta vez a ter a Palestina.

É um território no Médio Oriente, onde vivem mais de 5 milhões de pessoas

em duas partes, a parte mais pequena, a faixa de Gaza e depois uma parte maior,

a Cisjordânia, também conhecida como Margem Ocidental,

que inclui uma parte de Jerusalém, a parte oriental de Jerusalém.

Essa parte, Cisjordânia, é governada pela OLP, Organização da Libertação da Palestina,

e a faixa de Gaza pelo AMAS.

AMAS, ambos estes territórios, estão ocupados por Israel desde 1967

e depois de uma série de guerras.

Hoje, o Estado da Palestina é reconhecido por 138 dos 193 países membros das Nações Unidas,

mas o nome Palestina já correspondeu a um território muito maior do que o atual

e incluía também todo o atual Estado de Israel.

É um nome que aparece desde a antiguidade clássica,

e depois para além de ter pertencido a vários impérios,

claro, é a região do mundo que serviu de berço às religiões judaica e também cristã.

Foi uma província romana, depois bizantina, até ser invadida pelos árabes musulmanos,

no século VII, as cruzadas cristãs ainda lá andaram e tiveram lá o seu momento de glória

durante algum tempo, e depois acaba tudo por cair nas mãos do império otomano, dos turcos,

e assim vai continuar até o início do século XX, quando fica sob alçada do Reino Unido.

Quando acabou a Segunda Guerra Mundial e depois do alocausto do povo judeu na Europa,

era preciso encontrar uma solução para os sobreviventes, claro,

e a solução foi devolver-lhes a mítica terra prometida.

Só que havia um problema, o problema é que já lá viviam outras pessoas, há muitos séculos,

e este problema, em traspas, vai se tornar um dos mais duradores conflitos dos nossos tempos.

Em 1947, as Nações Unidas aprovaram a criação de dois estados, um Estado judeu e um Estado árabe,

e Israel aceita, mas os palestinianos não.

Isso é que se uma guerra civil que vai por fim, bem, à própria sociedade árabe e até a qualquer hipótese de paz.

No ano na seguir, em 1948, quase um milhão de palestinianos são expulsos,

ou têm de fugir das suas aldeias, das suas cidades do seu país, até hoje, um Estado Israel,

não permitiu que nem eles, nem os seus descendentes, regressassem a casa.

Esta é também a história do nosso convidado de hoje, Nasri Azimeh, que nasceu em 1947,

em Safade, na Palestina, hoje em Israel, que cheu e viveu na Síria,

onde estudou literatura árabe, que não acabou o curso, faz muito bem,

vive em Portugal desde 2005 e, além de tradutor, é também mediador multicultural.

Dos seus 75 anos de vida, 74 são como refugiado.

Olá, Nasri, bem-vindo.

Olá, Sr. Hugo, bem-vindo.

A população da sua cidade natal, de onde nasceu, Safade, foi totalmente expulso em 1948.

Claro que não se lembra, tinha um ano, ou menos de um ano.

Quando é que lhe começaram a contar a história dessa viagem?

Este já é quando eu cresci um pouco, já vou só falar, vou entender a conversa dos meus pais.

E esse começou também quando eu senti, estou em uma sociedade que não em menina,

porque senti que começou refugiado e maltratado também para o que estava a ver de mim,

dos vizinhos e quando entrei na escola.

E a primeira pergunta, a primeira coisa que eu encontrei com os colegas da escola,

quando a primeira palavra que eles tinham comigo,

vai-te a todo o país, porque tu estás aqui, porque a tua família está aqui.

Já percebi que não estou no meu país, estou em outro país,

e fui a conversa com os pais sobre a bolestina, sobre a nossa terra e tudo,

e comecei a entender um pouco a pouco isso, um refugiado em um país árabe,

como o nosso, mas os sentimentos é diferente.

E assim tem sido a sua vida, pronto foram assim que saíram da Palestina?

Pronto foram os seus pais?

Saíram em 1948, e nesta altura apenas saíram, estava na escola da minha mãe,

quando um homem era de idade, e foram para a Síria.

Como é que fizeram essa viagem, foram a pé, foram a pé, tudo a pé,

e sem nada, porque sem malas sem nada, sem nossa, por exemplo,

se a minha mãe tem algum ouro ou algo, deixamos tudo, não levamos nada conosco.

Por uma coisa, você sabe, em 1948, os três exercitos árabes

decidiram fazer uma guerra contra os judíos que estão ocupados na Palestina.

Foi o exercito da Síria, Jordânia e Egército.

E perderam essa?

Foi uma guerra, mas antes de começar a guerra, foram e avisaram a nós também,

olha, vai sair de casa só por 24 horas e máximo 48 horas, e vai voltar novamente,

porque vamos ganhar a guerra, vamos acabar com este assunto entre 24 horas e 48 horas,

vamos acabar com este assunto, e como vamos fazer um pítnico,

para você me disser, desculpe-se, uma palavra, por exemplo,

então não levaram nada aos meus pais, e muita gente também não levaram nada,

e só falta, é muita parte da Síria, então foi na Síria.

Mais ou menos quantos quilômetros tem ideia?

Mas é perto da fronteira da Síria, entraram, foram a Damasco,

24 horas, 48 horas, vai voltar.

Foi a família toda, porque eu acho que foi a população toda desta cidade?

Foi, mas a mim, o normal tem 8 anos mais velho de mim, e dois irmãs.

Depois que nasci, outra irmã em Síria, e se nasceu em 1952.

Bom, os seus irmãs, então, pequeninos, têm lembrança da sua casa,

mas tem lembrança da vossa casa, na Palestina.

Exatamente, sabem tudo, mas eu não sei nada, até quando cresci, 8 ou 9 anos, 10 anos.

E pouco a pouco já comecei a acostumar-me à vida lá na Síria,

e a aguentar os insultos, os insultos não pararam nunca,

como o balastiniano tem que voltar à tua terra, porque tu estás aqui.

E começamos a ter 1950, quando já criaram Acnur, já começaram a dar apoio,

nacionais unidos, o qual é o apoio?

Mandam para nós, anualmente, uma pele grande de roupa usada,

o que levam aqui da Europa, e mandam para nós para usar roupa usada.

Viviam num campo ou viviam num campo?

O meu pai tive uma sorte, tive sorte, encontrou um trabalho em uma fábrica,

e começou a trabalhar e alogamos um quarto com uma família grande,

porque antigamente as caças, como aqui viviendas, são grandes.

E alogamos um quarto, vivimos todos num quarto, os cinco membros todos, o mesmo quarto.

E não fomos a um campo de refugiados, não, porque alogamos este quarto, porque começou a trabalhar.

E seguimos a vida em Damasco.

É verdade esta história, quer dizer, é verdade em muitos casos,

mas também guardavam a chave da sua casa.

Exato, exato. Chaves grandes, não? Chaves grandes.

Esqueci uma coisa, como ele foi um comerciante, o meu pai,

então que fiz quando ele foi para a Síria, levou os livros de débito,

que às vezes devem dinheiro, não? Exato, levou só os livros, não?

Para quando voltar?

Mas não conseguimos, alguém, alguém, o que deve dinheiro, também saiu,

mas não conseguimos recuperar nenhum sentimo, o que devem parar o meu pai.

E fiquei assim a vida.

Olha, que histórias lhe contavam os seus pais sobre a sua cidade?

É uma cidade bonita, todos os brilhantes, os brédios,

feitos de pedras, não de normal, não?

É uma cidade muito bonita, muito limpa, e uma coisa para ele é um paraíso.

E falava muito da vida que tinha, o que levava.

Exato, como fala sobre a sua vida de comerciante, como tratava a gente,

esta fiesta, outra fiesta, e assim sobre a vida diariamente, o que é falso.

Tem ideias que os seus pais foram reencontrando amigos, familiares, depois nas Sírias?

Não, familiares, sim, da máscara, como a minha tia, os meus tios, isso.

Aqui, tios da parte de pai e da parte de mãe também, e as tias também,

e minha avó também, que estava conosco, porque vamos, como eu disse ao Brasil,

24 horas, 48 horas e vamos voltar.

Então, não é uma coisa, não saímos como refugiados.

Saímos, uma razão, para deixar o caminho livre, para exercer o árabe,

para tratar de este assunto.

Por razão, não, por tradição.

Porque todos os governantes fizeram tradição ao exercito.

Por exemplo, em Egipto, todas as armas que fizeram para o exercito, para lutar em Palestina,

para lutar, não funcionam, todas as armas, não funcionam.

Em Jordânia, também, o rei que estava lá neste momento,

também recebiam muito dinheiro, em Síria também, não foi bom.

Ou seja, acha que não houve vontade suficiente para vencer a guerra?

Os governantes, de parte de hoje, são governantes.

Não é vontade, foi uma tradição.

Uma traição, uma traição.

Foi uma, é só o que eu fui, na esta guerra.

Tem a ideia dos seus pais perderem a esperança de voltar,

ou achavam sempre que haviam de voltar?

Não, sempre estavam, perdiam a esperança depois de 10 ou 15 anos.

Porque já entendiam, na esta altura, este caso é um negócio.

Não é um caso verdadeiro para os árabes, para um mundo.

Só um negócio.

Por exemplo, qualquer presidente, neste país árabes,

vai ser presidente, faz discursos, essa coisa.

O que eu percebo, que agora, Antonio Costa, vai ser um discurso para ser eletro,

vai falar sobre Portugal, sobre a economia, sobre o trabalho, sobre a coisa social,

para ter mais votos, não?

Em Síria, em Jordânia, em Egipto, em todos os países árabes.

Vai ser um governante.

E a gente, vota em Borti, tem que falar sobre a Palestina.

Não fala sobre o seu país.

Vamos lutar, vamos matar, vamos tirar os seus adios, vamos tirar ao mar,

vamos ganhar, vamos devolver a terra da Palestina para os palestinianos,

e todo o povo, e já está, já ganhou.

É uma questão muito querida no mundo árabe, não é?

É, é só para ter o sucesso de qualquer coisa, de elexão de presidente,

de qualquer coisa, ou de ser famoso, falar sobre a Palestina.

É um negócio.

Vamos tirar os dois, a potência do mundo, Rússia e a América.

Para eles, o caso palestiniano, é um negócio.

Para eles também.

O Rússia aumenta o bem de armas para nós.

E a América vende armas para Israel.

É um negócio para eles, para que...

Você não tem interesse em resolver esse confiência?

É um negócio, para mim, o caso palestiniano, é um negócio.

A única maneira, a única forma, a única única caminho para resolver isso,

que todo mundo deixa os palestinianos, os judíos, os reilitas, que falam entre eles.

Eles resolvem um problema sem um mau estrangeiro no meio.

Em Israel, ao mau estrangeiro, é Estados Unidos e em os países árabes e rússia.

Esse é o caso, para mim, para mim, de vez em vez de 75 anos de idade,

entendo que o caso palestiniano é um negócio internacional.

E como é que tem visto várias tentativas ao longo destes anos de paz entre Israel e a Palestina?

Talvez o mais próximo que se tenha chegado tenha sido com o Yasser Arafat e o Itzhak Rabin,

que chegaram a assinar um acordo.

Como é que viu essa...

O primeiro passo para mim é bom, não é bom em sentido que...

Vamos, como quer dizer, não podemos sentar com eles.

Podemos sentar com eles, podemos falar, se há uma coisa boa para eles, para nós,

vamos à frente, vamos avançar, mas sem maus estrangeiros de fora.

E é que, com esse acordo, havia maus estrangeiros.

Você foi patrocinar pelos Estados Unidos?

Exato, exato.

Tem que lhe fazer uma pergunta.

Neste 74 anos que leva de refugiado e estende-se de vida, já conheceu os deus?

Sim.

É ser humano como eles.

Porque é que também entendemos aqui este assunto em uma forma um bocorrada.

Ou não só com ficto, não com jodios.

Hoje é um religião como a cristão, como o muçulmão.

E não contra a religião como o jodio.

Contra quem governam esta gente.

Há um, não sei como, chama-se aqui em Portugal.

Vamos dizer, outra direita, o que está aqui.

Há outra direita também em Israel.

Só um grupo, um partido, chama-se Sahayna.

Zéis.

Não sei como chama-se em Portugal.

Mas é um partido de outra direita.

Um partido de outra direita.

Essa sempre é o que está a governar.

Essa sempre é o que está contra os paracetanianos.

São racistas.

Não querem nada saber sobre Islam, sobre a Árabe.

Sobre nada, nada, nada.

É só o que está a governar.

Por que acha que esse partido tem tanto sucesso em Israel?

Porque apelam o medo, porque...

Esse é um truco político.

Porque não só um partido.

São três, quatro.

Se cada um vai ter cinco por cento.

São quatro partidos, já estão vinte e cinco, trinta por cento.

Já tem peso.

Para que nós sabemos que há muitos...

Há muitos israelitas que são contra a ocupação.

É isso aí, manifestações e tudo, mas...

Não...

Não chegam, não chegam para mudar a política de Israel.

Mentre que, como eu digo que está agora, de outra direita,

como está a governar?

Com outra, de outra direita.

Quem está um pouco no meio,

já mataram na ele, não sei,

esqueci o meu nome.

Um presidente de...

E outro também.

Aí dois, mataram na ele.

Porque já mudou um pouco da linha direita.

É isso aí que está a passar?

Entre eles e nós.

Se não colba, seja deles.

E também não se colba que nós estamos unidos.

Se estamos unidos, uma palavra.

Vamos fazer algo.

Porque se unem os países árabes,

uma...

Vai ser uma...

Uma botância...

Vai ser mundial, mas...

E acha que essa divisão que houve também dentro da Palestina,

entre o LP e o AMAS,

também não ajuda o processo de conversa aí?

Esta é a mão estrangeira também.

Este é o conflito.

Quem me tem na mão.

É a mão estrangeira.

Entre este e este.

Aqui e aqui.

Tem mão estrangeira no meio.

Não vai encontrar agora mais profundo nesse assunto,

porque tem muita coisa para dizer.

Vamos voltar então um bocadinho mais atrás.

Como é que os seus pais levavam a Palestina para a vossa casa na Síria?

Travez da música, comida...

Não, como não...

A comida, a comida, a minha mãe é balestiniana, faz comida balestiniana.

Vivimos a nossa cultura balestiniana, vivimos.

Mas não tem muita diferença da cultura árabe da Síria.

Quase...

Não havia barreiras de língua, nem religião,

supostamente não havia de ser muito...

Sobre a comida, a integração do que fizemos com a cultura de Síria,

também aprendimos algo.

Chegou a considerar a Síria quando era criança, quando estava a crescer?

Chegou a considerar-se Síria?

Nunca.

Nunca.

Nunca, nem antes, nem agora, nem depois.

Quantos anos viveu na Síria?

Muitos anos.

Muitos anos.

Por que essa animosidade dos sírios em relação aos palestinianos?

Não dos sírios.

Quando já é maior, não.

Você sente que você é diferente.

Bom exemplo.

Nunca eu tive passaporte na minha vida.

Nunca viajei muito, mas com documento de viajar,

chama-se documento sírio,

para viajar para os palestinianos da Síria.

Nunca tive passaporte palestiniano, nunca, nunca.

Ni de Síria, ni de outro país, porque não consigo.

Não posso.

Porque sou palestiniano e não consigo, também porque eles não dão.

E essa é uma coisa boa que fizeram nos países árabes para nós.

Pode viajar nos países árabes, isso.

Não, não. Uma coisa política, uma coisa...

deixou o caso palestiniano vivo.

Não morreu o caso palestiniano.

Não sabe qual é o proibido dar naturalidade a todos os refugiados

que vêm da palestina para os países árabes.

Posso viver 100 anos em Síria.

Nunca posso conseguir a naturalidade.

Ou a Egipto, também não dá para nós.

Documento para viajar.

Autorização de resistência é permanente.

Isso não há problema.

Nunca será o Síria ou a Egipto?

Nunca, nunca, nunca.

Vê isso como uma coisa positiva?

Isso é positiva. Por quê?

Porque se todos os palestinianos, o que foram, saíram, o que nasceram,

já não, às vezes não, são os palestinianos.

Então Israel vai dizer, onde está os palestinianos?

Não há palestinianos.

Onde está?

Não há.

É outra coisa, vai comprobar o que estou a falar.

Isso aqui, quase 19 anos.

Você sabe, depois de cinco anos,

pode conseguir a naturalidade.

Nunca vi.

Não porque não quero, não gosto.

Gosto de ser português, na civilidade portuguesa.

E com muito orgulho de ser português.

Para mim, é muito orgulho.

Mas prefiro fico palestiniano.

Ainda eu tenho autorização de teclado de residência.

Nunca vi a naturalidade e nunca vou pedir.

Porque eu nasci palestiniano, prefiro morrer palestiniano.

E fico palestiniano.

Com muito orgulho de ser português.

Não estou contra isso, não.

E não estou contra a gente que vive na naturalidade.

Estou com eles.

Porque pode ser, tem menos idade de eu.

Podem organizar sua vida melhor

com a na civilidade portuguesa, na civilidade europeia.

Podem organizar sua vida muito melhor.

De ser estrangeiro na Europa.

Mas sente que seria trocar qualquer coisa que faz parte da sua identidade.

Exato. Mas eu não.

Porque também é outra razão.

Cheguei a uma idade.

Já não tenho outra estación para ir.

Não tenho outra barragem.

É para mim essa última barragem aqui em Portugal.

Então, não preciso a na civilidade para sair.

Para viajar, para sair fora.

E também a outra razão mais forte é o que está no meu coração.

A minha palestina.

Nazir já me respondeu antes desta conversa.

Mas vou-lhe perguntar outra vez.

Acha que um dia pode voltar a palestina?

Com a idade que eu tenho agora

e com a situação que eu estou com na civilidade palestiniana

é muito difícil.

É um desejo para mim.

Para ver a minha cidade.

Por exemplo, para ver a minha cidade onde eu nasci.

Mas difícil.

Eu vejo difícil.

Muitas razões.

Como eu disse.

Vou dizer-se que eu tenho na civilidade portuguesa.

Já estou a passar a porta e vou-lhe.

Mas com a minha situação agora mesmo é muito difícil.

Chegou a pensar a fazer isso.

Pedir uma nacionalidade diferente para poder visitar o sítio onde nasceu.

Eventualmente, se calhar até a casa onde seus pais vivem.

Tem que ser há muitos anos antes.

Já tenham menos força para viajar e fazer essa coisa.

Mas ficou só um desejo.

É um desejo que partilha com, claro,

quase um milhão de pessoas que foi expulsa das suas casas na Palestina.

E que não poderam voltar hoje em dia.

Foi em 1948.

Essas pessoas tiveram filhos e netos.

E, provavelmente, alguns já tiveram bisnetos e bebês.

Portanto, já não sei quantas pessoas serão.

Mas há muitos milhões de pessoas que não podem voltar à Palestina.

Por a razão que nós já tínhamos estado aqui a falar.

Conhece muitas dessas pessoas.

Mantenham amizades e relações próximas com outros palestineiros.

Antes, quando era jovem, sim.

Mas agora, quando cada um em um país, cada um em um lugar,

já há um pouco longe do outro.

Agora, menos.

Antes, sim.

Mas mantém-se mesmo na segunda geração,

na geração dos filhos, da sua geração e netos.

Esse desejo de voltar,

as pessoas vão se conformando com as suas nacionalidades,

os países onde estão,

nas gerações que já nasceram depois de 1948.

Sente isso?

Mentre que há um velho em casa,

todo o membro da família se sente.

E quanto a ver um avô?

Claro.

Que mexeu.

Exato.

Porque...

E também há muitas pessoas,

agora já na mente mais aberta.

Sabem o que a Palestina,

sabem o que a realidade

deste negócio internacional.

E usamos este um negócio internacional.

Mas em minha opinião,

pode ser errado,

ou correto, eu não sei.

Mas eu tenho confiança total

com a minha opinião,

que é um negócio internacional.

E sigue um negócio internacional.

Descute essa questão com outros palestrinianos,

às vezes, algo que estava discutido?

Sim.

Mas que não todo mundo entende,

cada um entende este caso de outra forma.

Não é mesmo um caminho a todos.

Mas há um ponto de encontro de nós

que nunca esquecemos da Palestina.

Seja a minha forma de vencer,

vencer ou a outra forma de vencer.

O ponto comum para nós,

em um que vamos fora deste ponto,

é a Palestina.

Ou seja, em um caminho ou outro.

Procurar às vezes imagens da sua cidade?

Sim, por internet, sim.

Fico um pouco...

Não triste, fico um pouco...

Gosto a ver lá, porque é bonita.

Entra no internet, é muito bonita.

Mas uma cidade...

Nós vamos ver, sim.

E existem, incluindo, inclusive, fotografias

desta altura, em 1948,

de pessoas a sair da cidade.

Qual é que diria que é o principal traço

que une essas milhões de pessoas

de palestrinianos na diáspora?

Com esse desejo enorme de voltar à casa?

Seria o traço que une todas essas pessoas?

Sim, voltar para casa.

É uma coisa principal para todo o mundo.

Especialmente para os jorfojados de 1948.

Porque o que ficaram na gaza,

ficaram na gaza,

e você sabe o que está a sofrir agora e lá,

seja o que seja que o governo não tem.

Tem amigos na gaza ou na sista?

Tenho amigos, mas nunca fui à gaza também.

Mas fora, sim, tenho amigos, sim.

Sofro muito.

Sofro muito.

Acompanha bastante essa...

Sim, algumas amigos, sim.

É muito triste quando...

Te ouvi que um amigo, sua sobrinha,

que em 9 anos já morreu,

ou sua sobrinha, com 3 anos já morreu

dos mesinhos armas israelitas.

Essa é já um tema muito, muito profundo

e difícil, difícil de falar sobre essa coisa.

Diz-me a pouco que já conheceu os judeus,

não sei se amigos ou não.

Já teve hipótese de falar destes assuntos

com mesinhos israelitas?

Nunca.

Nunca tocaram estouros?

Nunca, nunca.

Gostava de poder?

Não, nada.

Olha como estás, estou bem. Obrigado.

É estranho para si falarmos.

Não, não.

Uma pessoa normal em frente de mim,

porque nós somos contra os judeus.

Porque nós somos contra...

O mundo tem que entender essa coisa.

Nós somos contra judeus,

somos contra a política de alta-dereita,

o que está na Israel, o que está governado da Israel.

Se há qualquer solução, solução,

de paz entre nós,

eles podem dar para nós também,

nossos direitos.

Não num corpo de paz para levantar as mãos,

dizer, já está, já está a paz,

não, hay que devolver nossos direitos.

Porque temos direito nesta Palestina,

porque este Israel existe,

não eles faziam na Israel,

o que fazia a ficha em Israel na Nação Unida.

Com a decisão de 1948,

para dividir a Palestina,

chama-se a Palestina neste momento,

dividir-la em duas partes.

Uma nasceu o Estado de Israel,

e o resto ficou debaixo do controle de Jordânia.

Então, não eles faziam esse Estado,

o que fazia esse Estado na Nação Unida.

Eles respeitaram e fizeram na Israel,

o Estado de Israel,

neste momento em 1948.

Porque não respeitam todas as decisões

de Nação Unida,

que saíram depois,

para devolver nossos direitos,

não respeitam a nenhum,

nenhum,

só eles respeitaram ao primeiro,

que deram direito para fazer o Estado,

o resto é lixo.

Calcum tem uma boa opinião das Nações Unidas.

Nós nem os Senators deram nosso direito,

não deram,

falaram que temos direito a tal, tal, tal.

Hoje a Palestina...

O Estado da Palestina tem estatuto de observador

nas Nações Unidas,

e há relativamente pouco tempo,

conseguiram que a bandera da Palestina

seja eçada.

Há muito tempo,

mas temos membros efetivos nas Nações Unidas.

Há muito tempo.

Quando aí será fato,

há 25 anos,

eu não sei quanto ano,

foram nas Nações Unidas.

E entrou em uma forma

muito estranha.

Entrou com a pistola,

o robô,

a direita,

e tem uma rama

de árvore de Zaituna,

de paz.

Diz, não deixamos usar isso.

Deixamos usar isso a paz.

Esse é o bíneo com a paz na mão.

Foi o discurso nas Nações Unidas.

Qual é a opinião que os refugiados palestinenses

têm de ser arafatos?

É um herói para os refugiados.

É o povo palestiniano.

É a rara fato, claro, a Nações Unidas.

Não há dúvida.

Mas a realidade...

Mas é um homem com esta irança

quase contraditória.

Não é um homem que fez a guerra,

e depois é um homem que tentou construir a paz.

Sim,

mas este é um tema um pouco...

Um pouco difícil.

É muito difícil.

É muito difícil.

Não esquece, quando já será arafado

nosso líder,

e estou muito orgulhoso

para ter um líder como ele será arafado,

não?

Também foi como presidente,

não?

E não esquece, como eu disse,

no princípio.

Os líderes árabes, às vezes, quando...

Às vezes, um presidente

pode dar algumas ideias

a outro e a outro a outro,

e que também têm contacto

com os presidentes.

E cada um tem que dizer

sim para este,

não para o outro,

para o outro.

Não foi uma decisão

que eu quero dizer.

Não foi uma decisão

própria.

Também há maus

de fora de os países árabes

em estas decisões.

Isso é o que eu quero dizer.

Que não governamos

sozinhos.

Até agora, não governamos

os dinheiros.

O que está na Gaza

governa com apoio

de algumas...

Ou seja, a questão israela

ou palestineria tem sido usada

por outras potências de dia.

Exato.

Você disse isto é a palavra

do que tenho que dizer.

Como é que vê este apoio

de tantos jovens europeus,

franceses, portugueses, espanhóis,

alemães

que apoiam a casa da Palestina

com tanta paixão,

gente que nasceu

e cresceu e viveu na Europa.

Como é que vê estes movimentos?

Muito bem.

E com a alegria, por que?

Porque

durante, como eu disse,

tenham muitos anos já,

e chegou ao princípio

de estes assuntos.

É dizer, no ano 50, 60,

até 70

também, nos anos 70.

Foi um erro grave

de nosso

sistema informativo

sistema de

publicidade, de fal...

não publicidade, de falar sobre

sobre nosso caso.

Deixamos...

falar só nos países árabes.

Deixamos um mundo.

Mas o mundo a quem foi?

Foi Israel.

E tem muitas

propaganda

sobre Israel,

democracia em Israel,

os árabes que querem guerra,

os árabes que querem matar-nos,

são 22 países, somos um país pequeno,

querem comer-nos,

querem mandá-nos ao mar.

Então este tipo

de

ideias deram para

o povo europeu.

É totalmente...

Quando eu era pequeno,

ouvi, algum europeu

ficou

com surpresa

quando viu

uma pessoa árabe

e disse, eu não estou orgulhado.

Dizem,

as raíles dizem, os árabes

têm rabo atrás.

Exato.

Porque este é a propaganda que

o Israel ganhou a nós.

Agora estamos ganhando.

Fazem propaganda.

E eles controlam

a maioria dos rádios

e televisões europeus e americanos.

Então dizem o que eles querem

contra nós.

Eles dão informação

sobre nós, errada.

Sobremos

como animais, como

queriam matar, etc.

Então eles ganharam esta guerra.

Por isso o povo europeu

agora já começou

a ler um pouco

sobre a Palestina.

Progunte

a qualquer europeu

Palestina. O que é a Palestina? Não existe.

Para ele, existe só Israel.

O americano, os abricanos,

os abricanos.

Sentisse na Europa.

Sentisse também na Europa.

Sim, sim, sim.

Sim.

Tu vai a qualquer

em século vídeo.

Em letra I.

Israel.

Quantas folhas que está

falando sobre Israel.

A Palestina pouco.

Em século vídeo tu vai encontrar.

Como não existe.

Mas ele existe.

A Palestina.

Em 1947 estava a Palestina.

Mas é que é o problema.

Acho que é para uma questão de

sentimento de culpa dos abricanos

em relação ao próprio conflito.

Não, não.

O entendimento é diferente.

Qual é o seu entendimento?

Nós temos

como não temos

nem pai, nem mãe.

Como chama-se este. Orfão.

Orfão.

E esta coisa, não temos ninguém

que proteja-nos.

Ou vençane-nos.

Tem pai e mãe.

Tem pai

e mãe.

Quem é o pai?

Sempre na

cultura árabe o pai que traz

dinheiro para casa.

E a mãe faz trabalho de casa.

Essa é a cultura árabe.

Então quem é a mãe?

Vamos começar com a mãe.

Quem é a mãe de Israel?

Eu só vou fazer essa pergunta.

Você sabe?

É a Inglaterra.

Porque quem fez Israel?

É a Inglaterra.

Porque quando a Palestina

estava na coluna inglesa,

porque as inglesas do que estavam

em Palestina, que fazem

durante

4, 5, 10 anos,

trazem judias

de América e de Europa.

Com parcos gratos,

os judios que querem ir à

Palestina.

A terra prometida para eles.

Quem querem ir,

todo mundo, e jovens,

foram muitos jovens.

E deram armas modernas.

As armas que têm,

os brasileiros,

um rifle,

uma espingarda.

Uma espingarda, sim.

Antigas e esta coisa.

E eles têm

mesmerizadores de Inglaterra,

não?

Então, teve um

entremento

de exercito de Baritânia

em Palestina.

E a arma moderna.

Ganharam contra

o povo, não tem nada.

Então, quem amei

quem fez Israel?

É Inglaterra.

É amei.

E quem está a pagar

todos os custos

de esta casa?

A América.

A América manda um pacote

de manteiga

até o melhor missile

antes de usar.

No exercito americano,

você usa com o exercito

de Israelite.

Então, tenho pai e mãe.

Acha que teria sido impossível

desde o início uma criança

haver dois estados naquela região?

É possível.

Foi uma boa ideia?

Mas tem que

os maus estrangeiros

saem do assunto.

Será que é isso

convencido há 100%?

Se os maus estrangeiros

saem do assunto

você pode fazer tudo.

E a verdade dos estados

ou os estados das pessoas conviveram-se?

Porque não, e começamos.

Depois, porque quando

você me diz

1.000 euros

isso é

mais forte que eu.

E tem toda

a abusabilidade

todas as coisas

é contra mim.

E você é muito forte.

Estou a dizer

dê-me o meu dinheiro.

Ah não, tu não tem direito.

Dê-me o meu dinheiro.

E quando vais com força

eu quero usar força.

Você sabe que não posso.

E eu sei

que também não posso.

Mas com orgulho

para não pedir

eu vou dizer

eu vou lutar.

Se eu vou sentar contigo

eu vou dizer

não vamos vencer a guerra

não vamos matar um al outro

mas quero o meu dinheiro.

Quero 1.000 euros.

Só 10.000 euros.

Mas que 100 não vou dar.

Também não vou aceitar este 100.

Depois vou mostrar

que a verdadeira que eu repasse

depois me sento contigo.

Toma outro 10%.

Outro 100.

Outro 100 um pouco a pouco

com o tempo

chego aos meus direitos

para conseguir

controlar os meus direitos.

Assim a força

que era 1.000 euros de você

diretamente

não vai dar.

Não vai dar.

Então quando já sentamos

vamos pagar-lo

pouco a pouco.

Foi crescendo o ódio e o ressentimento

também entre as pessoas

para além dos direitos.

Claro, cada vez que entramos

em uma solução

útil

para os estrangeiros

claro,

esta coisa separa de ódio

já pensamos em paz

já pensamos

já pensamos como

qualquer país do mundo.

Acho que o que faz falta

é de um lado e do outro

aparecer alguém

com um discurso como o Nazir está aqui

dizer, ou seja, duas pessoas

de paz, tanto um lado

no governo de Israel como no governo

há muitos.

Mas

se

os estrangeiros

não entram no meio.

Quando não entram no meio

eu sei tudo.

Tu vai encontrar pessoas fantásticas

vai encontrar

a coisa é o que vem de fora

de nossa

sociedade

que mata

a nossos desejos

mas fica

o negócio

vivo

eles querem ficar esse negócio

vivo porque quando

já há uma solução

perfeito, já não há negócio

acabou

para eles morrem esse negócio

como eles não querem

esse negócio que morre

sempre há

de fora para entrar

Essa é a minha opinião

esse é o que eu penso, esse é o que eu vivi

Como é que agora

aqui em Portugal

mantém a Palestina

viva dentro de si?

Tem coisas práticas?

Muita boa

pergunta

Eu gosto desta pergunta

Eu trabalho com refugiados

Me sinto como eu

ainda refugiado

e quando ajudo

a um refugiado

para mim

é Palestina

para mim é uma alegria do mundo

quando consigo ajudar

em qualquer forma

traduzir

dar conselho

porque eu trabalho agora

em um lugar

temos contactos com refugiados

Donde vêm as pessoas

de todo o mundo

igual

é o refugiado

refugiado porque não vamos

fazer diferencias

vêm de todo o mundo

vêm de Espanha

vêm de refugiado

para mim é um refugiado

mentre eu consigo ajudar

a mim

como só a lutar para a Palestina

igual

uma luta para mim

sempre

percebemos

a luta para ter arma e lutar

a luta tem muita forma

para conseguir

para praticar

esta é uma luta para mim

ajudar aos refugiados

Obrigado

foi nossa conversa

sobre a Palestina

com o Nasri

foi incrível

partilhamos o nosso desejo

de que um dia possa

visitar a cidade

esperamos que assim

sim, obrigado

obrigado

é a altura de nos despedirmos

chegamos ao final deste projeto

do Vamos para a Tua Terra

que o risco de dizer que foi dos projetos mais significativos

que fizemos este ano

para mim foi

olha, não fizemos poucos também

quero com ti, quero que o teu primo

professor

doutor, Souza Martins

temos feito bastantes coisas juntos

nós temos que fazer aqui

primeiro uns agradecimentos

ao beijamente

composto genérico

que tem também as vozes

da Ana Márquel, da Selma

do Tiago Ribeiro

e a nossa própria

depois

um agradecimento a quem facilitou

que nós criásemos esta verdadeira rede de contratos

a lista é longa

mas temos que dizer com toda a justiça

o Alejandro Reyes

Ana Márquel, o António Brito de Coteres

a Bárbara Rosa, a Catarina Carvalho

a Gisela Casemiro

a Costa Santos, o Gomaia

a Inês Bastos, o João Damião

o Mamadouba, a Mariana Oliveira

o Martins, Souza Tavares, a Mónica Freixó

e a Nádia Sacuri, nós estamos

profundamente agradecidos

nestes meses nós viajámos a 26 países

de quatro continentes

vistos pelos olhos de 29 convidados

gente que em comum tem

viver em Portugal, porque por uma razão a outra

ficar no lugar onde nasceu

deixou de ser uma opção

nós ouvimos aqui as histórias de aventuras divertidas

mas também coisas porque

nenhuma pessoa deveria alguma vez passar

ainda assim, do Afganistão

Ocong e do Irão Ocosovi da Venezuela

Arménia, nós não ouvimos

senão amor pelo seu país

nós começámos esta viagem

pelo Líbano, o país dos cedros

o lugar do coração da nossa convidada

Safadib, que lá volta

sempre que pode

e terminamos este programa

com o Naziri Azimé

que espera há 74 anos

poder um dia voltar à Palestina

em comum com os nossos convidados

o Emmanuel e eu temos esta

crença profunda de que

apesar das muitas diferenças de língua

de cultura, de fé, enfim

essas diferenças que só nos enriquecem

a única terra que existe

é este planeta e que é a casa

de todos nós, despedimos, até breve

até breve

o mundo

o mundo

o mundo

o mundo

o mundo

o mundo

o mundo

o mundo

o mundo

o mundo

o mundo

o mundo

o mundo

na Tua terra

na Tua terra

na Tua terra

na Tua terra

vamo

na Tua terra

na Tua terra

na Tua terra

Vamos para a tua terra

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Quando tinha apenas um ano, os pais de Nasri Hazimeh — e muitos outros milhares de pessoas — tiveram de fugir para a Síria em busca de refúgio. Presos no curso da História, o que era para ser temporário tornou-se para sempre. Hoje com setenta e cinco anos, espera há setenta e quatro poder voltar um dia à terra onde nasceu.

A nossa última viagem é à Palestina.