Vamos para a Tua Terra: Guiné-Bissau

7/16/23 - Episode Page - 49m - PDF Transcript

Na tua terra, na tua terra,

Vamos na tua terra,

Na tua terra, na tua terra,

Vamos na tua terra.

Olá, Emmanuel.

Olá Hugo.

Escova dentes na mala?

Sempre.

Então, vamos lá.

Antes de começar, tenho que fazer uma espécie de disclaimer para este programa especial.

Vai ser diferente dos outros em três coisas.

É o único em que vamos ter um país onde o português é uma das línguas oficiais.

Depois, a nossa convidada, pela primeira vez, não vive em Portugal.

E também vai ser o primeiro em que eu já conheci a convidada antes da nossa gravação.

Porque, na verdade, é uma das minhas mais antigas e melhores amigas.

Vamos viajar até a Guiné-Bissau.

Tá pronto?

Paradíssimo.

Bora lá.

Guiné-Bissau é um país da África Ocidental.

Tem mais ou menos 2 milhões de habitantes.

Não é pouco, não é muito, é bastante.

E faz fronteira com o quê?

Com a Guiné-Dita, com a Nacri e com o Senegal.

Esta região do mundo fez parte do poderoso e vastíssimo império do Mali,

ou do Mali, não posso dizer império do Mali, que isso é outra coisa, não é?

Que este império, muito antigo e atual, se reliou até ao sul do deserto Sara.

Agora, deste império fazia parte do reino Mandinga de Gabo,

que depois se tornou independente e vai continuar independente até o século XIX,

quando depois são conquistados por uma outra etnia,

portanto, estas mandingas são uma etnia,

os fulas que já eram musulmanos, eram islâmicos,

ao contrário dos mandingas que, originalmente, eram animistas,

era outra religião, claro.

Ainda hoje são as iranças que fazem parte do tecido social guineense,

depois juntam-se outras etnias, os papéis, os balantas,

e estes, os balantas, são hoje a maior parte da população.

Religiosamente, está dividido mais ou menos assim,

50% animistas, 45% musulmanos,

e depois há uma percentagem de mais ou menos 5% das pessoas que são cristãs.

Nos finais do século XIX, começa a chamada Corrida à África,

quando as potências europeias resolvem repartê-la entre si.

Os portugueses ocupam mais oficialmente a Guiné-Bissau,

não é que não tivessem lá chegado antes,

ainda no século XV, e não é que lá tenham estabelecido

um dos maiores centros de tráfico humano.

A colonização portuguesa da Guiné, já depois no século XX,

foi um pouco diferente de outras partes de África,

como Angola, Moçambique.

Teve menos investimento em infraestruturas

e também, comparativamente, bastante menos colonos.

Mas, outras coisas, continuavam bastante parecidas com o século XV.

A escravatura, que supostamente tinha sido ablida no século XIX,

foi substituída pelo termo mais moderno de trabalho forçado,

que durou até 1961 e que, na prática, era, basicamente, a mesma coisa.

A resistência contra o poder colonial foi sempre intensa,

sempre ao longo desta história de séculos,

mas o momento decisivo vai ser a criação, por a mim de Carcabral,

e nos anos 50, do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde,

o PAIGC, e vai ser este PAIGC que vai fazer a luta armada contra as forças portuguesas.

O Amílio Carcabral vai ser assassinado em 1973,

e nesse ano, a Guiné-Bissau vai declarar unilateralmente a independência.

Foi reconhecida amplamente pela comunidade internacional,

sobretudo os países do Bloco Soviético.

E só no ano seguinte, depois do 25 de abril,

é que vai ser reconhecida também por Portugal.

O caminho da independência começou por fazer-se junto com Cabo Verde,

portanto, na ideia de formar uma nação conjunta,

até que depois eles vão se separar no ano de 1980,

um ano decisivo também na história da Guiné-Bissau,

há um golpe de Estado,

vai ser deposto o presidente Luis Cabral,

que era irmão do Amílio Carcabral,

e vai se instalar no poder o então primeiro ministro, Nino Vieira.

Depois, acompanhar a política guiniense desde essa altura

é muito complexo e espinhoso também,

porque há ainda muitas versões da história.

Em boa verdade, é quase dizer que se vive ainda a contemporaneidade

e não a história.

Houve uma guerra civil nos anos 90,

há assassinatos políticos,

e também golpes de Estado,

que hoje são, tristemente, quase banais.

No meio do barulho que faz a política,

fala-se menos do que também a Guiné-Bissau, o seu povo,

e também, claro, a sua cultura.

E para nos falar destas coisas todas,

está aqui Nelly Buscardini,

nasceu em 1976 na capital, que é a Bissau,

é filha de políticos, e aos quatro anos,

com a morte do pai,

durante precisamente esse golpe de Estado de 1980,

vai se isilar com parte da sua família em Portugal.

Ela estudou em Lisboa e depois em Londres,

onde vive há mais de uma década,

licencioso em política internacional,

e trabalha com refugiados e também diversidade numa ONG,

e é também mãe de três filhos,

que é uma parte importante da bibliografia de toda a gente, não é?

Olá Nelly.

Olá Hugo.

Olá Emmanuel.

Bem-vinda ao nosso programa, para falarmos da Guiné-Bissau.

Vou começar pelo teu nome, que sei todo,

porque nos conhecemos há muitos anos,

Nelly Correia Buscardini.

Nelly, eu sei que é uma homenagem que os teus pais quiseram fazer,

Nelly Kim, uma ginasta soviética dos anos 70,

que era a grande rival da Nadia Comanetti.

Agora, quero-me deter nos apelidos.

Que história contam eles,

este Correia e este Buscardini?

Vamos começar pelo Buscardini,

este último nome, é o nome italiano.

É o nome italiano de um bisavô que decidiu

ir à aventura até as paragens da Guiné-Bissau,

italiano de Milão,

que se estabeleceu na região de Farim, em Bissau,

e...

Estamos a falar do início do século XX, provavelmente.

Inicio do século XX.

Inicio do século XX.

E casou-se com uma mulher, Pepelle,

daí, Guiné-Bissau, Pepelle,

daí nasce a minha avó,

e é essa a origem italiana.

E depois vamos descer um bocadinho mais.

Portanto, esta do avó, portanto,

tem essa irança italiana e Guiné-Bissau.

E depois, quem é o teu avô?

Com quem vai casar a tua avó?

É um juiz.

É um juiz português.

Por isso, é um homem do sistema,

que é um ponto de tensão, também, na minha identidade.

Mas, é uma influência importante.

E parte aí, também,

uma ligação muito pessoal a Portugal.

E depois, nasces o teu pai,

que tem esta irança tão variada,

portanto, tem Guiné-Bissau, italiana e portuguesa.

Com quem casa o teu pai?

Me suponho com a tua mãe.

Mas, quem é a tua mãe?

Qual era a irança da tua mãe, neste sentido?

Os meus pais conhecem-se, nasce a Coslováquia,

e casam-se.

É uma história de amor,

que eu acho lindíssima e muito do seu tempo.

E a minha mãe é uma mulher de família balanta e mandinga.

O pai é mandinga.

E nós conseguimos...

Os nossos antepassados sabemos que vão do Mali.

Existe... É um clã...

Com, provavelmente, grande parte da população de Guiné-Bissau.

Sim, sim, sim.

Portanto, a minha mãe...

Não sei...

Decentagens, 100% de Guiné-Bissau.

Com a irança, 100% de Guiné-Bissau.

100% africana, nesta...

Sim, 100% africana.

100% africana.

Por isso, uma mandinga de parte do pai,

musulmana, e balanta, por parte da mãe,

animista.

Por isso é uma...

É uma mistura muito grande, que tem em si própria

uma diversidade gigante,

que junta colonizador e colonizado,

junta europeu e africana.

É quase a história de uma grande parte da humanidade

nos últimos tempos.

E também é interessante

mencionar que junta duas religiões diferentes.

Não é?

Uma monotaísta

e uma região de matriz africana,

politaísta,

e essa é um bocadinha a história da minha...

da minha família, esta diversidade.

E também islámica, isso.

Islámica.

Sim.

Depois da parte do teu pai,

supondo que tivesse uma matriz cristã...

Católica.

Católica.

Isso é muito interessante.

Como é que convive-os com esta duplicidade?

Qual é a identidade que escolhes abraçar

no meio de isto tudo,

qual longe se consegue definir a sua própria identidade?

É uma identidade complexa,

como a maioria das pessoas.

Mas uma das coisas que eu gostaria de mencionar

é o meu apelido,

materno, correia.

É obviamente uma invenção.

É não uma invenção, mas é uma imposição colonial.

O pai da minha mãe era enfermeiro

e para ter a possibilidade de trabalhar na estrutura...

Colunial.

Colunial teria de ter um apelido português.

Então, eu não sou coiaté,

como deveria ser,

e sou correia.

É um processo...

E nós vemos isso nos nomes próprios e nos apelidos.

É um processo que muitos países,

na época de pós-colunial,

começaram a fazer essa descolonização das palavras.

E nós vemos isso em nomes de cidades,

em nomes de previncias, em nomes de escolas,

em todo o géner.

E também no nome das pessoas.

É um processo que aqui nesta também fez,

também está a fazer, também tem feito.

Continuam a nascer correias na Guiné,

basicamente, é o que eu quero perguntar.

Legalmente sim, legalmente sim.

Mas uma coisa que acontece

é tu teres o teu nome étnico

e teres um nome oficial.

E eu sei que o nome-mandinga da minha mãe

é Sabel.

Seria Sabel Cuiate.

Mas é Isabel Correia.

Isabel Correia, menos Correia.

Muito interessante.

Damos um bocadinho até Bissau.

Tu nasces três anos depois da declaração

unilateral dentro da independência

e dois anos depois de ter acabado

a Guerra da Independência

e de Portugal ter também

reconhecido a independência da Guiné-Bissau.

Como era, claro que não te lembras

e já dissemos aqui,

saíste com quatro anos da Guiné,

mas como era de relatos familiares?

Como é que era a Guiné-Bissau

nestes anos?

1916.

Tenho a sensação

e depois os relatos familiares

e a curiosidade

e a pesquisa

levam-me a acreditar que

era um lugar novo.

Era um lugar novo.

Durante, era um renascer

e com isso há várias tensões.

É muito complicado.

É claro que a classe militar,

as pessoas que travaram

a luta da libertação,

são jovens.

São jovens militarizados

e acho que a transição

da vida militar

para a vida civil

é complicada.

Havia uma grande porcentagem da população

que tinha estado, que era militar?

Havia uma grande porcentagem

válida e representativa

que participou

na luta da libertação

enquanto

do lado do PAGC

mas também não podemos esquecer

o outro lado.

Houve guinenses que lutaram do lado português

e isso sempre foi uma tensão.

E no período pós-independência

acho que era inevitável

a ver esta

separação

entre...

Foram perseguidas essas pessoas?

Foram maltretadas?

Sim.

Houve uma divisão

entre libertadores e colaboradores.

O que aconteceu também

foi a criação de uma elite política

militar, que aconteceu

nos outros países.

Exatamente.

Para já percebermos

que luta da libertação

é o nome

que estava a usar a Guerra da Independência.

Aquilo que em Portugal se chama

Guerra Colonial, o equivalente seria

luta da libertação, essa nomenclatura

na Guiné.

As cidades, e vamos falar de Bissau porque a cidade onde nasiste

estavam destruídas com a guerra

ou o cenário de guerra tinha sido

fora das cidades, sobretudo?

O cenário de guerra é fora das cidades.

Foi uma guerra de guerrilha sobretudo.

E daí

a ser mais difícil

a Guiné estava muito mal cartografada

acredito.

Não havia um grande conhecimento

do interior do país.

Havia uma presença colonial,

ou seja, perceba-se a minha, relativamente tênuo.

Ou seja, havia as estruturas

coloniais normais, a representação do Governo,

um tribunal, basta dizer que era lá juiz

um hospital etc.

As coisas vagas, mas não havia

propriamente uma

instalação portuguesa com um grande

número de colonos onde tens uma cidade

sem querer falar de outros países

e depois temos, com a ideia que nós temos

de Lorenzo Marcos atuar Maputo

ou de Luanda, não estamos a falar

da mesma realidade?

Não, acho que podes equiparar

uma vila

de Bissau

seria uma vila

num desses países, para já

geograficamente é um país muito mais pequeno.

E esses dois milhões atuais

correspondiam talvez a um milhão

há 40 anos atrás?

Exatamente, e não sei precisar

de portugueses residentes

em Bissau. Mas poucos?

Sim, relativamente poucos sim.

Posso dizer que no dia

não sei se foi no dia 25

de abril ou dia 26 de abril, mas perto

dessa data, quando os portugueses

reconhecem a independência e saem

a vida em Bissau ficou mais ou menos igual

a como estava na Véspera, a guerra

não tinha passado por ali e também não

houve um exudo gigantesco de portugueses

isto é correto dizer isto? É,

não é possível haver um exudo

e havia

a estrutura colonial também

era preenchida por

muitas pessoas de Cabo Verde

que nos dias de independência

encontraram o seu lugar

na sociedade chinense, que existe até hoje

existe uma presença Cabo Verde

forte na cidade de Bissau.

Será que quase o país irmão, digamos assim

é uma ilhas relativamente afastadas

é uma espécie de país irmão?

É um país irmão em termos de luta

mas as pessoas residentes em Bissau

nos anos de independência

são os ditos capatazes

são os ditos

homens do sistema colonial

que vinham a implementar

Ou seja, eram usadas as pessoas de Cabo Verde

para fazer essas funções? Sim, como foi usado

também em Angola e Empeçambique

Isso causou um ressentimento grande depois de...

Exato, exato

e essa também foi uma das extensões

dos anos de 73

vamos falar de 74

quando realmente...

Quando se separou o Piagé e Cednas nas duas lutas

é isso? Sim, sim

Essa tensão entre, por exemplo

nós sabemos que o Amilcar Cabral

também

é Cabo Verde ano

Luís Cabral, sendo irmão do Amilcar Cabral

também é Cabo Verde ano

por isso existe sempre esta

esta tensão, quem é realmente

quinienço, são aqueles nacionalismos

que

é uma coisa muito viva tipo...

na altura era, na altura era

e essas tensões sentiram-se, acho

que é um dos motivos

é uma das tensões que nos leva até ao golpe

de estado, quem é verdadeiramente

africano, quem é

colonizado ou assimilado

e existe uma divisão

clara e hoje 50 anos

depois continua a existir essa

mais tênue, mais tênue, sim

mas de quem é

do interior, de quem é da tabanca

e de quem é de bisal

praça

e que nos diz, praça serão as cidades

ou só bisal é isso?

pois há várias outras cidades

que se põem de mais pequenas

e depois tens essa

o que falas do interior e as tabancas

o que é exatamente essa?

as tabancas são

as nossas aldeias

o que se passa é

em bisal é elite

quinienço, quem vive em bisal é elite

quinienço, tem acesso

escolaridade, tem acesso

a privilégios que as pessoas

que vivem no interior

não tiveram

e existe essa atenção, por exemplo

dentro da minha família

é obviamente uma família

de bisal

apesar do meu pai ter nascido em

bulamba, uma das ilhas

e a minha avó ser de farim

como é que é a vida nessas cidades?

ou como é que era?

é muito diferente de bisal estarem farim

ou estarem bisal é diferente?

é metrópolo

e

existe uma segunda cidade

existem cidades

importantes no país

mas com uma diferença muito grande

é uma atenção que sente

mesmo em Portugal, não é?

entre o interior e Lisboa

as oportunidades de emprego

de ascensão social

acesso à educação

da mesma maneira que isso acontece

por outro lado, pregunto

a presença colonial também foi

feita dessa maneira, ou seja, era mais

notória e evidente em bisal

e menos nas tabancas, também era assim

assim a realidade

há tabancas que passaram

em cólemos pela colonização

com seu modo de vida, com sua estrutura política

sem serem afetados pela presença

portuguesa lá?

sim, se

tivermos atento à geografia da Guiné-Pissau

um país muito pequeno

é um mosaico

étnico

e uma das coisas que são muito interessantes

é a preservação

das tradições dentro de cada etnia

etnia é uma coisa sabida

faz parte da identidade

fundamental de cada pessoa

toda a gente sabe que a etnia pertence a isso

e toda a gente sabe que a etnia

pertence àquela pessoa, portanto é uma coisa

identitária e muito forte

pode haver, por exemplo

quem olha para mim sabe que eu sou de Bissau

muitas vezes pensa que eu não sou

de Guiné-Pissau

isso tem a ver com

cor da pele?

tem a ver com a cor da pele obviamente

existe

uma presença

portuguesa

a minha tese é muito mais clara

do que a da minha mãe

a Guiné

é um país de peles negras

por isso é

é notório

apesar de

que as pessoas têm a fula

que têm mais ou menos

porque têm a ver também com que parte

da África originalmente

muito interessante

vamos agora avançar

tínhamos 4 anos

sequer já voltamos a Bissau

mas na outra época histórica

tínhas 4 anos

como já disse o teu pai morreu

na sequência do golpe militar

não émos políticos, os teus pais

vês-me morar para Lisboa com 4 anos

quais são as suas primeiras

recordações?

ou se conseguem visitar as últimas

na Guiné e as primeiras em Portugal

com a devida distância

de uma criança que tinha 4 anos?

as últimas na Guiné

acho que são

o portão da minha casa

as primeiras em Portugal

é o aeroporto

parece gigantesco

para qualquer criança de 4 anos

estamos a falar de 1980

1980

não sabia que havia o aeroporto

eu não estava espantado a ver o aeroporto

mas

é uma coisa

que eu cultivo até hoje

é a luz de Lisboa

o parque do Arde Sétimo

que continua a ser um dos meus lugares

preferidos

a vista para o rio

não tanto o Marquês de Pombal

é estranho

é emblemático

mas para mim é uma distração

é uma distração

sim porque eu quero ver aquele tejo

havia um sentimento de desgitação

do que é novo

no normal de uma criança

ou havia qualquer nuvem

que estava a atravessar uma criança

que é tirada do país onde nasceu

e até da sua família

isso é inegável

mas a desgitação

é complicada

mas também uma aventura

eu acho que as crianças têm a capacidade

e uma resiliência

que nós adultos perdemos

por exemplo o luto

não é vivido da mesma maneira

não está em luto permanente

há coisas que exitam os teus sentidos

há brincadeiras

há crianças novas, há pessoas a conhecer

há cheiros diferentes

e isso é também

para mim uma nova aventura

tu vais passar os 20 anos seguintes

em Portugal

sem nunca voltar a Guiné

durante 20 anos

portanto

dos 4 teus

os 20 anos seguintes

é já em Lisboa

que vai ficar a par da história do teu país

e da história da tua família

também

que ali acham de grande maneira

a mesma coisa da outra

como é que ter acontado

essa história de fora

geograficamente

por quem e como?

eu cresci como minha avó paterna

e a

a história é interessante

porque viajávamos muito

à infância dela

é um passado colonial

e à experiência dela

como crescer

como cresceu em farim

mas por outro lado

havia sempre um contacto

com a realidade

de Guineas

porque a minha mãe ficou

em Bissau

mas tinha um contacto diário telefónico

em 1980

uma chamada internacional

era proibitiva

mas tinha um contacto

existia sempre que possível

porque também continuou

uma carreira política

da sua vida toda

sempre

ou seja, a política nunca saiu

da mesa do pequeno almoço

ou almoço do jantar

e depois tens conhecimento do passado colonial

com a característica

de estar a viver no próprio

no próprio

país que tinha

e lembro-me perfeitamente da realização

da diferença, não é?

é uma coisa muito marcante

primeira curiosidade

das pessoas

era uma perspectiva

mesmo com relação à guerra

à luta da libertação

em que ia um bocadinho

contra a ciclo com a narrativa

que se conta no sítio onde estava

e tinhas essa sensação

ou era um assunto que também não se falava

para o momento com outras pessoas

não, falava-se

principalmente

quando a partir dos 9, 10 anos

tu tens uma consciência diferente

e tens uma visão do mundo

começa a alargar

essa experiência dos outros

não necessariamente só atua

mas sim, a minha primeira infância

e até aos 9, 10 anos

foi o acompanhar

da evolução da situação política

da Guiné-Bissau

o acompanhar da vida da minha mãe

longe de nós

é uma causa de ansiedade

a distância é uma causa de ansiedade

nos anos 80, para esta altura

chegou também muita, muita gente

vinda das antigas colónias portuguesas

da Guiné, de Cape Verde,

da Angola, no Sambique

e sabemos que a vida foi muito difícil

para a maior parte destas pessoas

durante décadas

viviam habitações muito precárias

com trabalhos

duros

horários duros com muitas dificuldades

sabemos todos isso

penso que sabemos todos isso

a tua entorno familiar

sem roteios não era

todo esse, era bem diferente disso

que estamos a descrever

mas qual era a tua ligação com os outros africanos

viviam em Portugal?

era praticamente não existente

minha ligação com a Guiné-Bissau

era familiar

era notícias trazidas também

por

familiares e amigos vindo

para Portugal

ou seja, a comunidade em Diaspora

estava reduzida

mesmo à esfera familiar

ou seja, não tinham outros amigos

guineenses

todos pontos da África

todos pontos da África

tínhamos

todos pontos do mundo, tínhamos

mas não exatamente a Guiné-Bissau

eu acho que

olhando para trás, não sei se

o Isili foi

para mim, na minha perspectiva

foi mais do que abandonar

um país

foi uma necessidade

enquanto família

de isolamento

talvez para lidar com o luto

para lidar com a mudança

mas sim, mas de

autopreservação

quando dificil era navegar

nessa questão de ser africano

em Lisboa no início dos anos 80

mas não ser exatamente

a maior parte dos africanos viviam em Lisboa

ou em Portugal nessa altura

quando dificil era navegar

várias realidades? Eu não tinha noção

eu não tinha noção

minha avó teria certamente

e talvez os meus irmãos mais velhos

tivessem, mas eu não tinha noção

que havia alguma diferença entre nós

e as outras pessoas todas vindas da Guiné-Bissau

porque

não tive o privilégio

de ter contacto direto

com a comunidade

de Guiné-Bissau

então para mim, se houvesse Guiné-Bissau

em Portugal seriam todos como

a nossa família e os nossos amigos

e significa

quando cresces na escola e nos teus amigos

e no teu entorno

não havia outros africanos

ou tendencialmente não haveria isso?

não, não havia

preocupações demográficas

cresci em Eueiras

e depois em Benfica

onde nos conhecemos

a história africana nestes dois sítios

sim, depois faz o Zuli seu

em Caelsbua também

qual que era a tua relação com a maneira como

a história e a parte que envolve

particularmente do teu país ou teu continente

ou do mundo, contada pelos

pessoas de história dos anos 90

a história para mim

tem dois caminhos

existem

a nossa história

a nossa é a história Guiné-Bissau

da perspectiva

a história negra, Guiné-Bissau

existe uma narrativa

que é imposta

por Portugal

mas nunca

para mim eu tinha a missão

de onde estava a verdade

ou parte da verdade

mas era uma situação

extremamente desconfortável

foste vocal em relação a isso alguma vez?

cheguei a ser

cheguei a ser

e pessoas terem ativamente

assistas professores

eu lembro-me do episódio de me perguntar

em

de onde é que vem o apelido Buscardini

porque não há italianos

na selva

isto dito por um professor

mas nunca ficou sem resposta

porque era isso o contexto

familiar

somos uma família de pessoas

politizadas

e desde a articulação de ideias

sempre esteve presente

a leitura

a busca de informação

o não aceitar

o que é imposto

ou seja, quando tens aulas

e se passa, quer dizer, suponho que hoje não

seja alguma coisa diferente

estamos a falar há 30 anos atrás

e quando a história é contada de uma maneira

ainda bastante colonialista

sobretudo esta ideia dos descobrimentos

ou a escrevatura ser contada

quase como um outro produto

como seria o ouro, o algodão, o café

a tua consciência já era

isto não foi nada

isto não é assim que deve ser falado

não é assim que deve ser ensinado

já tinha essa consciência na altura, com 15 ou 16 anos

até mais cedo

acho que encontramos os descobrimentos

pela primeira vez

vagamente na escola primária

certo?

e depois na

preparatória

e no sétimo ano

já não me lembro exatamente qual é o ano

dedicado, acho que é o oitavo

talvez, já não me lembro

mas era penoso

era penoso

a desumanização

das pessoas cravisadas

sim, era penoso

e havia um

bullying ativo

em relação a isso

não é?

ou seja, era usado como bullying depois por

legas e essas coisas

sim

e as coisas do

e lembro-me

mas é minha maneira de lidar com as coisas

do

porque é que não voltas para a tua terra

e eu pensar

quem me der

mas por outro lado

havia uma certeza

de qual era a minha história

e qual seria o lado certo

da história

sou filha

de combatentes para a liberdade da

pátria, não é?

por isso a narrativa

colonial

nunca foi assimilada

por mim, nunca foi

mas tens ideia se

ela pudisse causar mais danos

em outras pessoas mais vulneráveis eventualmente

tens essa ideia? sim

sim, porque

eu

parte de uma posição de previlégio

não é?

acho que fui preparada

para encarar

essas adversidades

no contexto académico, no contexto social

e tu pensavas isso na altura?

sim

e são ferramentas

que uso até hoje

para lidar com os microagressões

de ser uma mulher negra

a viver na Europa

mas acredito que é um previlégio

ter estas ferramentas desde tão cedo

e o impacto

não ser tão grande de mim

mas há um impacto

há uma tentativa clara

de diminuir-me

enquanto indivíduo

mas sientes

que a comparação com 30 anos

estamos de viver um período

histórico mais positivo nesse assunto

quando as coisas são pelo menos faladas

e discutidas e os nomes e as palavras

sim, acho que todas as discussões

independentemente qual é

a posição mais à esquerda, mais à direita

estas tensões

são importantes

coisas por dizer

isso sim, é

para mim preocupante

o que não se diz é mais incidioso

é mais incidioso

é mais incidioso

isso não é carta branca

para dizer o que se apetece

mas é uma porta aberta à discussão

é uma porta aberta à discussão

e há essa ideia que falaste da negação

das identidades e da história

e para falar a história dos países

vamos voltar a Guiné

vamos voltar a Bissau

do ano 2000, com 23 ou 24 anos

a Guiné pela primeira vez

desde que ela tinha sido aos 4 anos

o que é que encontraste?

o que é que encontraste do que guardavas na memória

e depois o que é que encontraste

na vida real?

assim que

se abriram as portas do avião

encontrei o cheiro

respondi à tua memória

da Guiné Bissau

porque saindo da Guiné Bissau

com 4 anos

a maioria das minhas memórias

acho que são sensoriais

o cheiro

o cheiro da chuva

porque eu cheguei na estação das chuvas

que continua a ser a minha época favorita na Guiné Bissau

é dramática

é uma época dramática

a chuva torrencial, o cheiro

e voltar e ver aquele portão

da minha casa

sim, mas o caminho do aeroporto

para casa foi ver tanques abandonados

ver terrenos vedados

porque havia minas

sim

foi voltar a um

cenário de guerra

um cenário de pós-guerra

entretanto 25 anos praticamente

passaram a ser esse dia que voltas à Guiné

e vais com bastante regularidade

à Guiné

o que é que tem sido a transformação da Guiné nestes últimos

anos

que são quase 50

que acompanhaste pelo menos 25 deles

falamos um bocadinho do que é Guiné

o que é Bissau

e o que são os guineenses que já nasceram

muito tempo depois

tudo que nasceram nos anos 90

até nos anos 2000

que país é este e que pessoas são estas hoje

é sim, está a nascer a primeira geração

que

não passou por uma guerra

que os pais não passaram por uma guerra

uma guerra civil em 98

então

com todas as tensões políticas

e golpes de estado

e tentativas de golpes de estado

e toda a instabilidade política

e também há uma geração que os pais

não fizeram a luta pela

sim, mas os avós fizeram

sim

e na sociedade de Guiné

os avós são tão mais importantes

do que os teus pais

não é a história ainda

ainda é realidade, ainda é contemporaneidade

sim, sim

50 anos

olha para a história de Portugal

não é, o que é que são 50 anos

na história de Portugal

mesmo o 25 de abril

é ainda contemporâneo

de uma certa maneira o país

mudou muito de 74

para 2023

mas daqui a 100 anos

diria que o estado novo começa a ser

um bocadinho já à história

como é que existe na Guiné

como é que está a Guiné

em relação a esses 50 anos

ou 25 anos atrás

como é que está a Bissau

fisicamente

não, cresceu muito

demographicamente

vive cada vez mais gente

em Bissau

há um abandono do mundo rural

e a procura da cidade

por deixar de ser rentável

por Bissau oferecer mais oportunidades

pelo menos

em teoria

mas acho que ainda é uma nação

à procura de estabilidade

é difícil ser jovem na Guiné

por isso que temos trabalho

sim, as oportunidades são praticamente

não existentes

o que é

é muito difícil

é muito difícil

mas por outro lado, não são só coisas negativas

há um

acho que há um processo pós-colonial

com alguma rapidez

e eu aprecio muito isso

há uma

um desenvolvimento

de Guiné-n-Dade

isto é uma palavra criada

existe mesmo, mano

porque apesar de

todas as diferenças étnicas

existe uma identidade nacional

muito forte

e o Guiné-n-se

é muito politizado

porque a política tem uma implicação gigante

da vida das pessoas

grande da vida das pessoas

mas é uma nação à procura de futuro

continuar a ver uma diferença grande entre Bissau

ao viver numa tabanca

ao crescer numa tabanca

principalmente porque

falta de investimento

em infraestruturas

falta de investimento na saúde

falta de investimento

essencialmente na educação

não há boas faculdades, universidades na Guiné-n-se

de Guiné-n-se

de ensino básico

estou falando mesmo de ensino básico

o ensino

o acesso à educação

continua a ser um desafio

para populações corais

e a qualidade de ensino

continua a ser um desafio

e as instituições

tribunais

governo

muito burocráticas

ainda

ainda muito burocráticas

de uma certa maneira

o país teagonou um bocadinho nos anos 80

porque uma das coisas interessantes

do pós

independência foi

a chegada

do que nós chamamos na Guiné-Bissau

cooperantes

a dizer descandinavos

a russos

jogos lavos, checos, cubanos

muitos cubanos

e estas pessoas contribuíram imenso por uma sensação

de futuro

e a Guiné-Bissau

afastaram-se

e a Guiné-Bissau isolou-se

mas agora estamos à procura

de outras alianças

regionais

porque às vezes no momento inicial

é preciso pessoas com alguma expertise

que venham a formar

se quiseres os futuros dirigentes

dos hospitais das escolas

mas para ela a luta de libertação

houve um esforço

enorme de formação de quadros

a minha mãe sendo de um

estudou nas séculos laváquia

existem muitos guinenses formados

na União Soviética, em Cuba

na China

por isso durante a luta de libertação

já estávamos a pensar

no processo de paz

e o que vai ser o nosso país

há realmente

algumas

paragens

e também é um atito de muito guinência

é olhar para o futuro

os jovens ainda saem muito da Guiné

em migra-se muito na Guiné

sim

esse pode ser o grande drama

da questão desse futuro que falas

não

não porque adiar-se

para a Guiné-Bissau

não quer abrir nunca os glacis

e aliás os recursos enviados para o país

é uma fonte de rendimento

os divisas

as remessas

as remessas

as pessoas sustentam

o seu agregado familiar

a partir de Portugal

Espanha ou seja lá

qual for o país de acolhimento

quais são as coisas que tenssem de mais alegria

quando voltas à Guiné

de ver a acontecer

eu gosto

dos pequenos passos

na direção que eu considero

certa

eu gosto

da sensação de

cada vez menos presença colonial

da mentalidade

a uma africanização

da Guiné-Bissau

eu gosto disso

eu gosto da interação com os países vizinhos

e a influência que eles têm dentro da sociedade

de Guiné-Bissau

eu gosto desta mentalidade de

hoje está mal mas amanhã vai ser certamente muito

não há um fatalismo

não é um drama

é um

é um otimismo

e agora vamos viajar até

a Guiné-Bissau

através

do guia do Emmanuel

do guia possível

vamos a isso

comece como sempre como moirmos

até a Guiné-Bissau

partindo

vou sugerir o avião

aqui com duas opções

uma mais económica

em que desembolsamos 926€

e de volta com escala em casa blanca

uma bela escala

e volta em duração total de 11h30

mas se quiserem apoiar

a nossa querida TAP

e reduzir a distância

para 4h30 de viagem

desembolsam 1.015€

e chegam até

a Guiné-Bissau

é mais 70€ também

4 horas

é mais de metade

e apoiamos a TAP

vamos apoiar aqui nas escolhas

da Nelly

e logo para o lugar impredível

que é realmente impredível

a ilha de Bobaca

não sei se nos podes falar um pouco sobre

este alho, o que é que tens especial

porque é que destacaste nas todas as escolhas

tenho memórias fantásticas

da ilha, era um lugar onde

fui passar férias com os meus pais

e onde ainda vou

hoje é

Araia Branca

o mar calmo e quente

o verde da ilha

e uma população

acolhedora

e extremamente

interessante culturalmente

a Guiné tem mais ou menos 80 ilhas

são todas habitadas?

não

são hoje estáis bizagós

e as populações dessas ilhas

são os bizagós

é uma etnia

passando aqui para a capital cidade de Bissau

podemos ver por exemplo

o mausol da Milcar Cabral

que é aqui falado

podemos fazer um circuito

pela arte e tradições guineenses

em quinhamel com visita

a artissal e a destilaria

e com um belo almoço de ostras

e a destilaria também

deve pingar

qualquer coisa lá

podemos ir até a cidade de Bafatá

a cidade natal de Milcar Cabral

e visitar, por exemplo, o centro

de tinturaria Soninque

em Ponta Nova

a aldeia tabatou

conhecida pelos seus habitantes

construírem e tocarem

o balafom e a cora

instrumentos da cultura Mandinga

podem deslocar-se por exemplo através de carro

de Bissau até Bafatá, são 150 km

e depois quiserem ir à aldeia

são cerca de mais ou menos 10 km

o parque natural dos tarrafos de cachéu

com passeio de barco até São Domingos

também vale a pena

uma visita também a Varela

uma praia bastante bonita na costa continental

de peso, a Nela está a sarrir, não sei se

eu vou adorar, oui-se desde a menina

os nomes das praias Susana e Varela

são praias incríveis, fostas Susana, fostas Varela

nunca foi nenhuma, foi através da internet

tanta a Susana com a Varela

as praias

seguindo

também aqui

os bijagós

são autênticos paraísos

onde podem ver por exemplo as tartarugas

verdes

dizem também que a celebração

do Carnaval

é uma época maravilhosa

para se visitar

em relação

à gastronomia também importante

a Nela se sugeriu-nos

a galinha de cafriela

que é um prato que

diz que o melhor é comer em casa de um guinês

fazer um amigo guinês

é uma boa sugestão

é um frango grillado

depois com um molho de limão

por isso é um frango de churrasco

mas com molho muito especial

e come-se com arroz

ou com a tata frita

mas que perguntam, na guine é tudo com arroz

não é?

a minha precisamente é essa indicação

que tudo se come com arroz

e o resto é uma pena

de facto, segundo a Nela não há nenhum restaurante

100% guiniense

não, mas também

nos mostrando os cabos verdes

eventualmente se pode comer prato

não, não é a mesma coisa

não

eu deixei de viver em Lisboa

em 2006

por isso é um distanciamento

e sendo eu guiniense

é um restaurante

mas sim

mas o convite

é fazer em amigos guinenses

porque são pessoas muito acolhedoras

e a comida é fantástica

e de resto a comida guinense

tem muita muita coisa

como por exemplo as ostras de raiz

os camarões de farinho

uma fé

que é uma espécie

de conduto

composto por molhos, caldos de carne, marisco apês

e existe claro

o arroz

os peixes como por exemplo a bica

vamos a bica

vamos comer um peixe fantástico

o caldo de chaveu

o caldo de mancarra

o cigarro

o pizza e pátus é de ostras

é um arroz de ostras

a calderada de cabrito

ou cabra grilhada

os sumos naturais

para fugir um bocado da questão aquálgica

e o vinho

de caju

deve ser muito aquálgica

extremamente

tipo saquei, quase não é?

não, não

é tipo cidra

é fermentada, é uma fruta fermentada

e o vinho de palma

e a cana

a cachaça

incrível

não sei se podemos também

fantástica e pompeis musulmanes

mesmo é uma tentação

mas dá para todos

a gente tem um lugar

podemos também falar das escolhas

da Nela em relação aos livros

podemos sim

o livro que escolheste Kiki Yamacho

de Felínio de Barro, está disponível na caminho

Kiki Yamacho

peço desculpa do meu

creio que ele não é brilhante

nem o meu

que livrei este

muito rapidamente

porque é um bocadinho contar

a minha experiência

na Guiné

ou em relação

à minha identidade de Guiné

na história do Moéis

combatente

e o desalento dos anos pós-independência

e as dificuldades

dos anos 80

a viver em diáspora

por isso

acho que é um relato

romanceado

uma boa carta da apresentação

da Guiné

o filme escolheste

acho que quase não podia deixar de ser

do grande realizador Guiné

os olhos azuis diontam

um filme muito premiado

e que pode ser visto no Youtube

está disponível no Youtube como outros filmes do Flora Gomes

foi incrível

obrigado por esta viagem a Guiné

obrigado Immanuel também

obrigado Immanuel

foi uma viagem

interessante por um país

que

devíamos todos conhecer

um bocadinho melhor

sobretudo pelas notícias que nos chegam

que são sempre tão desanimadores

muito obrigado Nelly

e nós voltamos para a semana

vamos

para a tua terra

para a tua terra

para a tua terra

para a tua terra

para a tua terra

vamos

para a tua terra

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Nas veias de Nelly Buscardini corre a história do século XX, no seu sangue de Itália, de Portugal, da Guiné e do Mali. Falamos de genética e de identidade. Falamos de destruição, mas, sobretudo, de reconstrução. A nossa viagem esta semana é à Guiné-Bissau.



A Guiné-Bissau num prato: Galinha de Cafriela, em casa de um guineense.

Num livro: Kikia Matcho, de Filinto de Barros, (Caminho)

Num filme: Os Olhos Azuis de Yonta, de Flora Gomes

Num lugar imperdível: Ilha de Bubaque

Na música: Super Mama Djombo, Tabanka Djazz e Djidji di Malaika Mufenesa Larga Guine, a banda sonora de Os Olhos Azuis de Yonta