6/11/23 - Episode Page - 56m - PDF Transcript

Para Tua terra

Vamos para a tua terra

Olá, Emmanuel.

Olá.

Preparado?

Sempre.

Trouxe as covas de dentro.

Vamos lá.

Sabe onde é que fomos hoje?

A nossa viagem é até à China, que é um dos maiores e o mais populoso país do mundo.

1.400 milhões de habitantes.

1.400 milhões.

Nossa.

É muita gente.

É muita gente.

A história da China começa mais ou menos há 4.000 anos, o que também é impressionante.

4.000 anos.

4.000 anos.

Mais ou menos coisa, claro.

É a primeira de muitas dinastias que governaram esta extensão tão vasta.

A primeira dinastia a unificar este território, a torná-lo sob o mesmo imperador, no caso,

chamava-se Chin, que deu nome à China, claro.

E foi sobre estas dinastias que foi florescendo um sistema de organização burocrática do

Estado que sobreviveu durante milênios, até, a bem dizer, aos nossos dias.

Floresceu também a arte, a tecnologia, olha, o papel, a imprensa, a pobre, a bússola.

São apenas exemplos daquilo que a China deu ao mundo.

O mundo com o qual nem sempre teve uma relação fácil.

Durante grandes pocas da sua história viveu uma política de isolamento total, com, claro,

uns vislumbres aqui e ali para o ocidente da sua cultura, como é o caso das clássicas

viagens do Marco Polo.

Avançamos, um grande salto, até 1912, quando é deposto o famoso Puí, o último imperador

dos 259 que ocuparam o trono.

A República da China entra num período de guerra civil entre os nacionalistas e os comunistas,

os nacionalistas vão perder e vão se refugiar em Taiwan.

Ganham os comunistas, como sabemos, em 1949, cria-se a República Popular da China,

com Mao Tse Tung, como grande timoneiro.

O resto é a história do século XX, o grande salto em frente, a Revolução Cultural,

acisão com a União Soviética, depois a morte do Mao em 1975, a modernização, a abertura

ao modelo capitalista e o caminho até se tornar a segunda maior economia do mundo.

Com interesses comerciais em todos os continentes e até no espaço.

A verdade é uma recriação da mítica rota da seda, que vai também dos ubicos restaurantes

em todo o mundo até ao TikTok.

Dizem especialistas que a China poderá surgir em duas ou três décadas, como a superpotência

que vai substituir a hegemonia americana e já começou a desafiar conceitos, como, por exemplo,

a ligação entre democracia, como ela é entendida no ocidente, e o desenvolvimento

económico.

Vai ser, se assim acontecer, o primeiro império em impor-se numa era já completamente globalizada.

Como será esse possível domínio do mundo, ainda é uma incógnita.

E como é que não poderia ser uma incógnita?

Se grande parte do mundo continua a insistir em resumir 1.400 milhões de pessoas numa única

palavra, os xineses.

Para falarmos disto e para conhecermos um bocadinho melhor, a nossa convidada é o Yan Li, nasceu

em 1989, no sul da China, na cidade de Jianjiang, na Provincia de Cantão, veio para Portugal

com 10 anos e cá aprendeu literalmente as primeiras letras.

É verdade, licenciou-se sem gestão, é tradutora, dá aulas a filhos de imigrantes chineses

e, mais recentemente, é também empresária, com uma loja e um café.

Olá!

Olá, bom dia!

Bom dia!

Tudo bem?

Sempre, sempre em alta.

Foi este resumo possível, 4.000 anos é muito tempo, fazer um resumo da história da

China ficou aqui, ficou aqui só assim...

Mas as pessoas ficam muito esperta, curiosidade das pessoas para conhecer mais, não é?

Olha, há um podcast que tem mil episódios só sobre a história imperial da China, que

é uma coisa...

Como é que é estudar a história na China?

É verdade, eu só estudei até o quarto do ano e não havia aulas da história, mas

teve que ser complicatíssimo.

Isso que eu estava a imaginar, porque há muitos anos.

É, muitos anos, muitos acontecimentos.

Como é que... falamos um bocadinho desta cidade?

Jianjiang.

Jianjiang é uma cidade que fica no sul da China, é perto do mar, tem bons marísticos,

é tipo Lisboa, por exemplo, não é uma cidade muito grande, mas...

Estamos falando muito grande relativamente à China, obviamente.

Tem só 10 milhões de habitantes.

Mas é pronto, é uma cidade pequena, estamos falando de territórios chinês que é enorme.

Qual é o principal fonte de economia, por exemplo, que é a Amazônia Industrial?

Não é uma zona industrial, é uma zona de comércio, e como é perto do mar, temos muitos

marísticos, essas coisas assim.

Muita tapésica, então?

Viva muito tapésica, sim.

Como é que foi, as primeiras memórias de lá que se...

Primeiras memórias, eu lembro...

A cidade desenvolveu-se imenso, não tem nada a ver com o que eu tinha na mente, porque

quanto eu era pequena, quando estava na China, a cidade era...

Não era tipo rural, mas também não era assim tão desenvolvido.

O ritmo da vida não era assim tão acelerado.

E na altura as pessoas também não tinham tanta riqueza como têm com a Argentina.

Então era mais...

O tipo da vida é mais calmo, mais...

Porque existem da hoje uma diferença enorme entre as cidades e o parte mais rural da China, não é?

Enormo.

Faz parte da nossa imaginária aquela grande migração anual de quando as pessoas...

Os migrantes que vivem nas cidades voltam às suas terras.

É considerada a maior migração humana que acontece ali durante um período...

É, realmente, a estilo de vida, a disparidade é enorme.

E mesmo culturalmente, é muito diferente o estilo de vida na cidade e nas zonas rurais,

porque nas zonas rurais, por exemplo, a idade ainda mais fechada, as crenças, as práticas culturais,

ainda é muito diferente, já que nas cidades o contacto com as tecnologias, o contacto com o exterior,

as pessoas acabam por ter uma mentalidade mais aperta.

E há práticas culturais que deixam de ser praticadas nas cidades enquanto a zona rural continua, não é?

Quer dizer, eu suponho que a internet tenha sido a grande revolução na China,

porque todas as outras revoluções nós às vezes imaginamos num território tão vasto

e com problemas de comunicação, antes de haver internet, quer dizer, por problemas de comunicação,

em termos destradas, só o facto de ser tão vasto.

Nós imaginamos que, por exemplo, o último imperador é depois de 1912,

deve ter havido partes remotas da China, onde essa informação chegou nos anos 20, se calhar, não é?

Já ele tinha morrido.

É possível, é possível, sendo um território tão grande, é possível,

porque na altura as tecnologias não estavam tão avançadas agora,

é uma mensagem, é uma publicação que toda a gente tem acesso,

mas na altura as coisas funcionavam de outra maneira.

Claro.

Hoje em dia, com a internet, provavelmente, há menos diferença entre viver no campo e viver na cidade, na China, isso?

A diferença continua a ser, eu acho que continua a ser muito grande, mas reduziu,

em termos de comparação com antigamente, sim, reduziu bastante.

Mas a diferença, por causa da mentalidade, é mais por causa da mentalidade,

as pessoas com mais idade ou os zonas rurais têm uma mentalidade muito mais fechada.

Por exemplo, questão de, falamos, por exemplo, desigual da tegênero,

é muito maior no interior, no interior, não, nos zonas rurais,

sim, ainda é uma mentalidade muito mais chista, já que a necessidade não é bem assim, sim.

E quando se fala na cidade, esta cidade onde nasceu, já está incluída nessa, num bocadinho...

Eu, quanto nasci e quando estive na China, essa mentalidade, por exemplo, na geração das minhas avós,

continuavam, eu era uma menina, não é? Tudo que era melhor é mais para os rapazes da família.

Mas agora as coisas mudaram bastante.

Ou seja, as avós e as mães diziam assim, o que a interessa agora é aprender a fazer almoço e o jantar,

para depois arranjar o marido, ainda era assim nos anos 90?

Não, mas ainda favorecem, por exemplo, quanto tem menor, o que era sempre o filho,

em vez de querer uma menina, as meninas, quando nascem, não são de sim tão bem-vindas à família como os rapazes,

mas hoje é totalmente diferente.

Até porque havia a política de sol do filho único?

Exatamente, exatamente, há muita gente fugia para ter outro filho.

Só para ter um menino mesmo.

Essa mentalidade, infelizmente, continua a existir na China, mas pronto,

o mal da jovem já tem uma maneira de pensar diferente.

Desde que venha com saúde, está tudo bem, não é?

Vai muitas vezes à China?

Antes da pandemia, sim, todos os anos.

Agora, como pandemia, não tem item, mas antes e a todos, antes à China, sim.

E dano para ano, nota-se diferença mesmo em relação ao início dos anos 90?

Muito, muito.

Todos os anos?

Ou seja, um crescimento quase que se ouve no...

Não digo que todos anos, mas últimos anos, a China cresceu brutalmente, as coisas...

Mesmo em economias, nível de restauração, o modo de vida das pessoas mudaram imenso.

Por exemplo, quando eu era pequena, não me recortava, ou seja, eu era pobre, não sei,

de ter tanta gente a viajar, mesmo as chinas viajaram dentro da China.

Não me lembrava das coisas ser assim tão caras.

Por exemplo, a primeira vez, por exemplo, vinte a Portugal, a China, as moedas...

O campeão é diferente.

Ou seja, aqui, por exemplo, um euro valia 10 moedas chinesas na altura.

Na altura a Cicã nem é euro, eu lembro.

Não sei, já, já.

Os escudos, talvez sim.

Talvez escudo.

Mas valia mais do que a nossa moeda.

E as coisas eram baratíssimas.

Nós tínhamos uma refeição, talvez um euro estava para uma refeição...

Mas uma refeição boa, não.

Comparar uma roupa, uma peça de roupa, agora um euro nem está para...

Se calhar, não está para nada.

Nada?

Nada.

Mudou imensamente.

Acho que o crescimento económico foi brutal.

E não se pode viajar.

Agora há muito mais carros na China.

Na minha altura, eram só bicicletas e motas, scooter.

Não havia assim tantos carros.

Hoje em dia quando vamos a China, é só carros por aqui e para carros para ali, é só carros.

E é um desenvolvimento que está a ser feito de uma maneira muito chinesa,

mesmo em termos de ir buscar tradições, recuperar tradições,

ou nota-se ali um modelo capitalista, como se encontraria nas principais cidades americanas.

Um bocadinho modelo capitalista.

Um bocadinho.

Mas com os McDonald's da vida, os Starbucks da vida,

é uma coisa muito que se reconhece.

Isto é só poder ser na China, com essa marca.

Existe esse lado também, mas existe muito lado ocidentalizado.

Não sei se é a palavra certa, mas há McDonald's em todo lado,

as KPFC para o Kakin em todo lado, pisate.

Agora talvez não tanto, mas na altura quando houve essa abertura,

aí os chinês já adoram, aprendam imenso Starbucks.

E depois acabam por abrir, não chamam-se McDonald's,

mas versão chinesa de McDonald's.

É imenso.

Exatamente.

Hoje em dia, por exemplo, é a indústria do luxo europeia.

Praticamente o mercado chinesa é o mais apelativo

para muitas das marcas de luxo europeia, da moda.

Sim, sim, sim.

Já praticamente é o grosso do senhor, da sua faturação.

Acho que as pessoas têm mais poder de compra, tão mais ricos,

e não sei porquê, mas já toram comprar coisas da marca,

por exemplo, vitão, etc.

É verdade.

A ideia que eu tenho, e gostava que me ajudasse a confirmá-la ou a desmenti-la,

é que pelo menos durante a vida do Mao, até 1975,

o passado imperial da China, a irança chinesa,

era um assunto do tabu, ou até mesmo apagado, durante uma certa fase.

Isto é verdade.

Não vivi nesse tempo, não sei confirmar,

não sei confirmar com a experiência própria,

mas existe um livro muito bom que está para ver esta perspectiva,

que é assisto nos selvagens.

Sim, foi o sugestão que...

É, porque, basicamente, o que nós estamos a fazer agora,

é uma viagem à China,

mas através do olhar de três mulheres de gerações diferentes,

do tempo da avó, também e da filha.

E acaba por atravessar essa fase de comunismo,

tempo de Mao Zedong,

e depois,

é aquela parte que falou da guerra civil,

entre os comunistas e os nacionalistas,

pois ainda há fase com a guerra dos japoneses, revolução cultural,

acaba por apanhar essas fases todas,

e acho que é uma testimonia interessante.

E depois dessa ideia da revolução cultural,

a parte do desenvolvimento económico,

vem-se dando a se redescobrir com orgulho a história imperial,

a história da China,

começasse a recuperar monumentos,

de repente é quase como um país que descobre-os os outros

3.950 anos de história.

Foi assim?

Eu tenho uma visão...

Foi assim, mais ou menos,

e tenho uma visão um bocadinho diferente.

Acho que esse tempo de Mao,

obviamente, houve muitas coisas positivas,

mas acho que atrasou bastante o desenvolvimento para isso também.

Isso é uma ideia engraçada,

estar fora da China.

Tenho uma visão sobre a própria China,

que a minha parte do chinês provavelmente não tem.

Esta ideia de quando houve as notícias em Portugal,

e já vamos chegar à sua chegada em Portugal,

definir a China como uma ditadura,

é uma coisa que faz sentido na sua cabeça,

ou eu penso que isto é uma visão ocidentalizada

de um problema, de uma questão demasiado complexa

para ser resumida numa palavra.

É muito encaraçado essa questão,

porque é uma coisa que eu sinto muito na conversa.

Eu agora já não vivo na cidade de Lisboa,

agora vivo no Ripa Tejo.

E então, pessoas com mais idade,

não até essa visão pergunta,

na China são todos podistas,

acho que há perseguições

das pessoas que não são podistas,

ou são católicas,

e acho que não se pode falar,

por exemplo, mal do governo,

é tipo Salazar,

havia a polícia atrás que é pide,

mas nós,

encaraçado que nós chinêsas,

nós não temos essa visão.

Eu não acho que a China seja uma ditatura.

Até na faculdade,

havia professores que fazia-me essa questão,

o que eu acho, diz.

Eu acho que a China, possivelmente,

não tem uma apertura tão grande

como o país ocidental.

Obviamente, por exemplo,

a questão dos manifestações,

há uma certa repressão,

não sei se é adequática essa palavra,

mas nós podemos falar mal do governo.

Apesar que na rua nós não somos presos,

não. Temos nossa opinião,

não sei se vale para alguma coisa.

É facto que não há votos,

só um partido, que é Partido Comunista.

Não temos tanto ali para estar,

mas também não vivemos numa ditatura.

Nós, por exemplo, falamos...

Pronto, há mensagens,

são pulqueados, é verdade,

mas não acontece nada,

não há aquela castiga,

vai preso por falar,

não sinto muito isso.

Só talvez pessoas mais vocais,

pessoas mais manifestantes mais vocais,

ou ativistas mais vocais...

Sim, sim, sim.

Ou seja, não afeta, particularmente,

a vida do dia a dia.

Não afeta, e como eu estava dizendo,

isso é uma opinião pessoal,

pode não ser a realidade,

mas a China é um país muito grande,

com muita gente.

Ou seja, quando nós temos um filho,

nós podemos tocar uma maneira,

quando temos, por exemplo, 20 filhos,

não há...

Não tem como cobernar em casa,

é um caos, seria um caos.

Ou seja, o modelo democrático europeu...

Poderia não funcionar,

no caso da China,

estamos falando de um território

com maior população mundial, não é?

E o mesmo modelo,

há muita gente critica,

eu acho que, nem 8, nem 80,

também não pode ser

uma ditatura, ditatura,

mas também não pode ser ver tanta liberdade,

senão a segurança

não funcionava, as coisas...

Muita liberdade não funciona,

mas muita repressão também não.

É a minha visão, não sei.

E quando fala com amigos chinês

sobre este assunto,

ele tem alguma curiosidade em saber

como é que a China é vista agora que vive no acidente?

Tenho, tenho, tenho,

porque o meu marido é chinês,

sempre que estou na China,

em Portugal há 5 anos.

E ele...

quando eu estudei na China,

a festa universal na China,

então, nós não conseguimos ter

uma conversa politicamente não,

porque é muito defensor,

engraçado que os chinês são muito nacionalistas.

E não tem nada a essa visão.

Às vezes nós comentamos

uma coisa só por,

digamos, o que é que aconteceu

em Hong Kong houve problemas,

protestos, sim,

e dava-nos comentar,

mas ele é muito defensor, mesmo.

Da parte chinesa.

E, claro, e depois de calhar,

o tom sempre

menos simpático

que existe na comunicação

social ocidental em relação à China,

talvez faça ainda mais sentir-se

na parte chinesa.

Acho que nem tudo que passa na China,

por exemplo, os jornais,

as coisas são 100% verdade,

mas nem tudo que se passa

nas comunicações sociais,

na Europa, revela a verdade,

também.

Acho que é muito o jogo político

que não vou comentar aqui.

Claro, e o descontentamento das pessoas com a política,

será que é mais ao nível local

do que propriamente com o governo central

lá em Beijing?

Ou seja, as pessoas queixam-se mais

do equivalente ao presente da junta

e presente da Câmara, do que propriamente

com o governo central.

As pessoas queixavam muito mais

no tempo quando era pequeno, quando vivem na China,

do que a própria mente agora.

A China, o governo tem mais dinheiro,

é com crescimento económico.

Então, a vida dos pessoas também tão

melhor, por exemplo, antigamente,

vou pegar um ponto que é o sistema de saúde.

Só vai médica e tem dinheiro,

é tudo pago.

Não tem dinheiro, pronto.

Se morrer na porta do hospital, morreu.

Mas agora é diferente,

agora temos o apoio do governo,

que uma pessoa só paga uma porcentagem,

os trabalhadores, é tipo aqui,

que é como participado pelo governo.

Então, as coisas melhoraram imenso.

As escolas

são gratuitos também.

Não digo que é toda a China,

mas já começa a ver

mais, não apenas

desenvolvimento, não apenas

crescimento económico, também desenvolvimento.

Humano.

Exatamente, desenvolvimento humano.

Acho que há muitas minorias e as pessoas

estão super contentos.

As pessoas ocupam-se toda a gente, é muito fascinada

e adora ver documentários sobre a China.

O facto de ter sido uma cultura

que viveu fechada sobre si própria

durante um algum tempo,

faz com que seja menos conhecida

e, portanto, as pessoas têm um habitual

curiosidade natural.

E depois, esta ideia

de

como é que é

governar um sítio com tanta gente.

E essa questão

de

o acesso à faculdade, por exemplo, ser tão transformador

na vida, não de uma pessoa,

mas de se calhar de uma

aldeia inteira, de uma comunidade inteira.

Isso é

assim mesmo? É assim mesmo,

é. Por exemplo,

há aldeias que, se houver uma pessoa que vai

para uma faculdade muito conhecida, toda aldeia

faça uma grande festa,

é como fosse o próprio filho que vai

para, é um orcolho.

E pode mudar a vida completamente

daquela gente toda a se calhar, não é, economicamente?

Sim, mas o estudo na China

tem nada a ver, é muito

diferente. O regime

de Portugal é muito mais

competitivo, é muito mais complicado.

Porque é muita gente, não é? É, muita gente

e há pouca vaca e,

por exemplo, um...

Nós fomos ver quantas vacas há na Universidade Beijing

que, por exemplo, será a melhor Universidade da China.

Claro que são muito mais do que

Lisboa ou até em Paris,

mas não são assim tão muito mais

que são totalmente limitadas.

Exatamente, em relação aos pessoas que o concorrem.

É, quase 0,000%

E depois, ainda há aquela política

que as pessoas de Beijing

têm...

têm preferência porque é da zona, não é?

E depois, a China é muito grande.

Mas toda a China quer concorrer

para... os lugares são limitados.

É muito complicado.

Mas há sempre mais dividido,

ou seja, não é? Há muito boas

faculdades já por todas as...

Sim, sim, mas no capital é capital.

Como Lisboa é,

é, não é? Temos Lisboa e Coimbra

e Porto, mas...

Imagina a zona da Santa Reis,

os terras, a capa para concorrer sempre

para Lisboa.

É igual, eu acho.

Lembra-se da primeira vez que foi à Beijing?

Nunca foi à Beijing.

Nunca foi à Beijing.

É curioso que nunca foi.

Mas é uma das viagens que,

de certeza, terei o direito de fazer na vida.

Porque é muito longe da sua cidade, não é?

Muito. Tem que ir da avião.

É 3.000 litros ao quilómetros.

Ah, sim? Não, é mais, bem mais.

Mais, mais, mais.

Eu não sei dizer,

o único cheio de cor são 2.400 quilómetros

até a Mr. Dão, portanto...

Não, então é mais.

É bem mais.

Pois, uma das viagens que eu fiz com os amigos

portugueses, levei à China,

uma das recordações dele é

eu estou sempre a viajar da avião, dentro da China.

Porque temos tempo unitado

e os lugares são...

É muito cheio de combois, só que se perde...

É, e acaba por não ter tempo.

Então acabamos de ir a sempre deslocar da avião

porque é muito longe.

É muito grande, é um país.

E depois, agora, como é que foi fazer a escola primar?

Temos cheio de perguntas.

Como é que é fazer a escola primar na China?

Demora-se mais tempo a aprender a ler

do que se aprende, por exemplo,

em Portugal.

As nossas 23 letrinhas.

Simgelas 23 letrinhas.

Não demora mais tempo porque enquanto aqui

é uma versão mais sófita,

mais relaxada.

Aqui é ir à escola, tipo, azeito.

E depois tenho hora da almoço

mas às três eu já estava em casa.

Na China.

Às seis de manhã estamos na escola

e saímos, tipo, às cinco da tarde.

E tenho trabalho de casa até

meio-noite e às vezes não consigo acabar.

Eu estudei até quarto

ano na China.

É muito competitivo.

O ritmo de estudo é mesmo muito competitivo.

Estudo é muito imenso.

Quer dizer, tens que estudar, tens de estudar.

Ah, sim.

Os pais é, tipo, uma honra da família

ou desonra, não é?

Eu quando estava na China.

Tanto peso com uma criança tão pequena, responsabilidade.

Muito peso. Eu estava no primeiro ano

da escola.

Minha turma tinha 70 pessoas.

As minhas notas eram sempre dos três primeiros.

E mesmo assim,

minha mãe não te regalhava sempre comigo.

Olha a tua amiga, a minha melhor amiga era a primeira.

Há muita comparação

e há muito como dia.

Já visto a nota dele.

Às vezes é por dois pontos ou três pontos,

mas tu nunca consegue atingir porque tens de estudar.

Sábado era piano, era tudo.

Eu nunca tinha tempo. Aqui não,

aqui as crianças brincam.

Tem tempo de ver te visão.

Eu não me recordo de ver te visão.

E se faz com que se concesse o período

da escola fosse uma altura infeliz da vida?

Não.

Não, porque nós temos os amigos da escola,

brincamos na escola.

Não seja infeliz porque

agora eu tenho comparação.

Portugal e China.

Porque toda a gente vive mesmo um ambiente

nós não sabemos.

É natural para nós uma coisa assim.

Por exemplo, comer arroz todo dia é natural.

Então, como eu nunca provei massa,

não fico infeliz.

Para mim é uma coisa natural.

É natural comer todos os dias.

É natural aquele ritmo da vida

e aquele estilo de vida.

Porque nós não temos comparação.

É natural.

Agora tenho duas visões, não é?

Claro.

Mas de facto, então demora mais tempo a aprender a ler?

Sim, sim.

São quantos caracteres? Vamos falar um bocadinho disso.

Quantos caracteres?

Ou seja, para ler basicamente,

nós ouvimos muitos mitos em relação a isso.

São precisos X para conseguir ler um jornal.

Acho que não é bem assim.

Na verdade, a muita gente pensa

que nós temos caracteres,

nós temos pininho, que é apestório.

Ou seja, a nossa primeira

aprendemos também apestários.

E depois aprendemos a ler

todas as palavras da nossa

literatura fonética.

É fonética.

E é complicado

quando comecei a dar aula aqui

da mantarim aos portugueses.

As pessoas não conseguem distingir.

Por exemplo, MA é MEI.

Só muda um bocadinho o tom.

Já tem um significado completamente diferente.

Então aprende as chinês

para aprender isto, o apestário

e a parte fonética também.

E eu dizia tudo mal também.

É natural porque há palavras muito parecidas.

E

mesmo nós, cem dos crenças chinês,

dizem... Ou seja, é mesmo complexo,

mesmo para uma criança chinês.

É, é muito complexo.

E depois de começar a aprender...

A escrita nós

tínhamos livros,

e cada menino

de exercício. E tínhamos copiado

50 vezes por dia, 20 vezes

para conseguir memorizar

como é que escreve os caráteres.

Porque aquilo tem uma regra

de escrever. Não é só

desenhar o caráter.

É primeiro um ponto, depois isto tem

uma sequência.

Exatamente. E nós tínhamos

de memorizar isto.

Que no fundo também é desenhar.

A caligrafia é uma coisa importante

de uma escrita escrita.

Nós treinamos imenso, imenso.

Que maravilha. E depois, como é que foi

aos 10 anos, aterrar no

outro lado do mundo? Lembra-se de como é que

quando os seus pais disseram. Vamos para Portugal.

Meu pai já estava cá.

A minha mãe... Eu sempre gostava

de coisas diferentes.

Para mim, os por acaso

é engraçado as pessoas, primeiro é um choque.

A mim não, é primeiro em entusiasmo.

Toda contente, vai para uma terra diferente.

É muito entusiasmo ver

pessoas... A cara das pessoas são diferentes,

não é? Os feições,

os olhos, tudo é diferente.

Havia muito entusiasmo quando esquei em Portugal.

E depois é que passa a parte

do choque. Quando eu fui para a escola.

Porque não percebia o que a

pessoas diziam, não percebia o cheque.

Eu não percebia nada.

Tinha uma turma horrível.

As pessoas cortavam o meu cabelo.

Tinha uma turma horrível.

Mas foi só uma única vez.

Aí depois que não passei

de ano, porque eu entrei no meio.

E como não dominava a língua,

acabei por repetir, fazer a segunda

vez do quarto ano.

Para ti, a minha experiência foi

maravilhosa em Portugal.

Os outros alunos eram todos portugueses?

Eram todos portugueses.

Eu era sozinha.

Em 1999, ou seja...

Não havia tantos...

Era mais ou menos quase uma raridade.

Eu era a única chinesa da escola.

Então não havia ajuda, se que era de

por exemplo de uma colega chinesa

que podia traduzir as coisas.

Ou até explicar as coisas funcionais,

culturais...

Eu estava lá só para olhar.

O que é que as pessoas faziam?

E me amitava.

Mas depois, a segunda vez que eu estudei

eu tinha uma turma maravilhosa

que ensinava-me

a dizer as coisas.

Por exemplo, nós não temos

a pronúncia da R na China.

Eu dizia La Lanja,

Tata Luka.

Não tinha Tata Luka.

Mas riam-se também.

Mas não de uma forma de acusar-o.

Mas riam-se de brincadeira.

Achei uma graça, uma neia como eu dizia

e ensinava-me a palavra.

E pronto, perdi.

Comecei a aprender mais.

E gostava.

E quando dá aulas

a miúdos que tem hoje a idade

que tinha quando veio em 1999

fazer a escola primária aqui em Portugal

sinto que é outro mundo completamente

diferente 20 anos depois.

Em termos de educação do ensino

as turmas já são mais mistas,

há um apoio diferente na escola pública.

Tem um apoio diferente, sim.

E há escolas que já têm mantarim.

E os professores também são diferentes

porque já têm um preparado

para isso.

Há muitos miúdos estão na escola

colegas internacionais

e mesmo o colegio

tem uma atenção especial

para imigrantes.

Tão apoio a português

até especificamente para meninos imigrantes.

Acho que tem um apoio diferente.

Sinto a diferença, sim.

Porque ao longo destes 20 anos

a comunidade chinesa em Portugal

foi ganhando importância

e destaque.

Em Portugal, em boa verdade

no mundo inteiro existem chineses

no mundo inteiro.

Ainda continuam a ser sente

para muita gente

uma comunidade um bocadinho misteriosa.

As pessoas já têm poucos amigos

e poucos amigos.

Sente que isto é muito, ou seja

também conhece muita gente na comunidade chinesa

que tem muitos amigos portugueses

que se interessa muito pelo que está a acontecer.

Conheço muitas comunidades

ou vivem mais puxadas sobre si próprios.

Depende.

Por exemplo,

há muitas crianças

nasceram em Portugal, não é?

As chinesas.

E os que já vivem muitos anos

têm uma apertura maior.

A partir com os portugueses, sim.

São portugueses, em boa verdade, não é?

São portugueses, sim.

E enquanto os pais

ainda é

muito mais puxada

e vivem muita comunidade chinesa, sim.

Porque para muitas pessoas

é de facto viver num mundo muito,

muito, muito diferente, não é?

É muito diferente

culturalmente, por exemplo.

Estava um exemplo quando esquei

portugueses tão peijinhos, não é?

Eu não estava peijinho as pessoas, porque

ninguém está peijinho na China.

E a primeira vez que dissei um patar peijinho,

eu pensava que é para peijar na Pocah.

Sim, porque nós só peijimos

na Pocah, mas não.

Mas na verdade a peijinha é cara com cara.

Sim, sim, sim.

E depois, não é na Pocah, dissei não que é cara.

Então eu peijava da Pocah para cara da pessoa,

porque não sabia.

É uma coisa diferente.

O meu marido esquece, nunca está peijinho.

É um peijinho não, só com mulher.

Então, ainda culturalmente,

é muito diferente.

E mandei de comer, por exemplo, nós comemos como pausinhos,

enquanto aqui a cara fez faca.

E tipo de comida, é tudo

muito diferente, eu acho.

Mas no fundo, aqui é o processo cultural,

que a maior parte das pessoas conhece.

Aliás, temos os restaurantes chineses,

também são famosos no mundo interno.

Que tal é a comida chinesa?

Diz-se que a comida chinesa em cada país

é diferente, porque se adapta

um bocadinho, há comida

que se come naquele sítio, nem que seja

através dos ingredientes, por exemplo.

Como é que é a comida chinesa

portuguesa?

A avaliação do mar.

É muito boa, é muito boa.

Mas realmente há uma versão bocadinho

ataptada

aos costos dos portugueses.

Por exemplo, a roxalxal.

Existe a roxalxal. Há muitos clientes

perguntam, porque eu agora tenho café

que serva comida chinês.

Vocês comem mesmo misto na China.

Preguntam isso?

Preguntam, ou isto é seu efeito para nós.

Nós comemos refetivamente isto,

mas

não feito com fiampa, porque nós não usamos fiampa.

Nós temos o outro tipo de carne

de conserva, mas não é fiampa.

Mas aqui é a versão ataptada.

Portanto fica... obviamente

o sabor é diferente.

Mas é o único ingrediente que é diferente,

mas não é igual. E depois

a sopa, que os portugueses comem aqui.

A nossa sopa é

tipo vossa cancha, que é a 4.

É a 4 mesmo.

Mas os portugueses não gostem. Então

os restaurantes encroçam um bocadinho

a sopa.

Mas não é uma coisa típica nossa.

E é verdade que

os portugueses, quer dizer,

se mistura no prato coisas que um chinês

nunca misturaria no mesmo prato.

Quando se vai nós

bofês e tira-se 10 coisas diferentes.

Mas eu também faço isso.

Mas às vezes ficas a pensar, será que na China

você faz isto. Porque isto é equivalente

a um bofê português na China. Alguém

desjuntar salada da tun com a cozida

portuguesa no mesmo prato.

Mas eu não sei, quando eu vou a China

por exemplo, vou comer com os meus primas

que eu sempre vivei na China

e misturamos tudo.

É tudo igual.

Eu acho que é tudo igual.

E depois

a televisão chinesa,

filmes chineses, música chinesa

é isso basicamente que houve

uma comunidade chinesa em Portugal

ou também se sente interesse

em ver as notícias portuguesas

e ver cinema português?

Não, eu acho que a geração

dos nossos pais

é só chinês, porque nós temos um

é tipo o vosso whatsapp, que é somos o ixate

e lá tem notícias, as coisas

ao meu marido. E ele vê mesmo

os sites chinês. Às vezes até fazemos

comparação com o que foi publicado

os sites chinês, com o que foi publicado na site português.

Acho que graça.

Nossa geração já muita gente vê

filmes português não,

filmes americanos.

Americanos, sim.

Mas

ver-se muito, agora está

muito na moda, é sérias

chinês.

Não só para os chinês, mas acho que

eu tenho amigos portugueses estão a ver sérias chinês.

Sim.

Sente que está a ficar na moda?

Acho que sim, há imensa mesmo

eu vivo em Marinhás que é uma terra pequena

e há muita gente que vê sérias chinês

e coreanos, acho que está na moda.

As sérias coreanas estão a dar

cartas aí? Ah sim, sim.

E sim, sim.

Eu vejo muito sérias chinês

também, quando tem tempo sim.

Como é que

encarar a ideia da China

se poder vir a substituir à

América com esta ideia de poder

global?

É uma coisa boa, é uma coisa que

se ouve e que se fica contento por ser

o país de onde se nasceu.

É uma coisa boa, é

relativo, tudo tem dois lados.

Eu acho que sim, é um orgulho

se a China tornar-se

a maior potência mundial, obviamente

é um orgulho nosso.

Agora, depois de tornar a maior

potência mundial, veremos

o que é que o país faz.

Isso é o que é mais importante. É bem cógnito,

nós às vezes ficamos a pensar, acha que a China

terá interesse, por exemplo, em disseminar

a língua chinesa como

os americanos fizeram com o inglês,

por exemplo. Acha que consegue ver esse cenário?

Eu não sei

se a China propriamente que o vento

tem esse interesse, mas de facto

mantarim

pelo menos a realidade que eu conheço

aqui em Portugal, há cada vez mais procura.

Não sei se tem ver

com interesse económico.

Não faço nada, mas

há escolas que têm

uma opção mantarim, há muitas escolas

já têm isto. Há interesse

dos pais colocar os filhos

a aprender mantarim, noto muito

isto. E os americanos

fizeram isso através da cultura, não é?

através da música, do cinema,

claro. Se começa a ver

esse movimento também na China

na exportação para o mundo?

Mais ou menos.

Não assim tão forte como

os americanos, mas talvez

progressivamente.

Depois também, há uma diferença, os americanos

de facto é muito apelativo

o mercado internacional

a China não precisa, em boa verdade,

de mercado internacional. Todos nós precisamos.

Claro.

Dê mais um bocadinho, é sempre bom.

Mas tem uma população tão grande

que é quase autossustentável

em termos

população de comércio.

Eu acho que nenhum país

consegue ser autossustentável, mas

precisamos sempre

a nível tecnológico que precisamos

aprender. Nós temos coisas nossas,

vocês têm coisas boas.

É sempre bom e é sempre

um valor crescentado

a aprendizagem cultural.

Mas

a cultura, o económico, a tecnologia

seja o que for,

conhecimentos, acho que

é sempre enriqueçador.

Sente também, em termos de produção chinês

já se começa a fazer um salto

para se apostar um bocadinho mais na qualidade

e não só na quantidade.

Era uma crítica que se fazia

para os produtos chinês.

Sim, sim, sim, sim.

Eu acho que a China primeiro

para abrir o mercado, tinha coisas

baratíssimas, como os portugueses dizem.

Na altura, eu tenho uma loja chinês agora

e na altura,

eu lembro-me, na altura, quando era pequena

já havia lojas chinês, não dessa

dimensão, obviamente pequenina,

as coisas que vinte eu realmente

era muito, muito baratos,

mas qualidade para onde está lá, não é?

Agora as coisas têm muito mais qualidade, sim.

E a China, a qualidade depende do preço

que a consumidor está disposto a pagar.

Por exemplo, há muita coisa na vortem,

grandes marcas, é fabricado na China

e tem muita qualidade.

E há outras coisas que nem tanto,

eu acho, depende muito.

A loja chinês,

como se costuma chamar...

Antes era loja de trezentos, né?

Loja de trezentos, exatamente.

Substituiu em grande medida

o comércio tradicional, em grande medida,

eu vou dizer quase 90%

do comércio tradicional das antigas

lojas que vendiam um bocadinho de tudo.

Numa maneira muito democrática, em boa verdade,

começaram a vender produtos

aprecios que a maior parte das pessoas,

quando surgem há 20 anos, não comprava simplesmente

porque não tinha dinheiro para comprar

as versões mais caras

desses produtos.

E passou a ser um sítio onde toda a gente vai.

E tem muito

vida de bairro também, não é?

Portanto, que percentagem dos seus clientes

são senhoras com mais de

90 anos, lá em Marinhais.

Em Marinhais, por caso,

é uma terra que vem muito...

Por causa, eu tenho um...

Eu não sei se está certo, nunca contei,

mas eu acho que vem mais pessoas de idade

do que pessoas jovens,

porque jovens agora comprem na internet

também muito sites para ti,

também são chinês, por causa.

Ali é que se parece. Mas vai muito

senhoras de idade, que talvez

queriam um hábito de ir a essas lojas.

Tornar no rutinho, se precisam de um tatarajento,

vai... Às vezes não precisam de nada, não é?

Vão lá ver um bocadinho as montras e acabam

promovado sempre. Eu vai falar, conversar

um bocadinho nas terras e em Lisboa.

Eu acho que vai muita gente loja chinês

que é uma coisa habitual já.

Os meus amigos vão encostando chinês

todos os semanas, acaba por ser a rutinha

deles, por exemplo. Eu acho que é

um bocadinho assim. Mas há

muitos, a gente também diz, vem os chinês

roubar os postes de trabalho, roubar

as coisas.

Sim, mas eu acho que é geral de todas as

lojas. Mas é engraçado, porque

se estabelecemos o paralelo com

o que Hollywood fez para os

americanos, esta ideia

quer das lojas chinês,

quer de ir jantar

os chinês, se calhar

há muitos portugueses que fazem duas ou

três vezes por semana e de jantar

os chinês ou almoçar os chinês ou

mandar vir os chinês. E é engraçado,

estamos aqui a usar este adjetivo

um bocadinho tão

vago, não é? Uma loja chinês

que se faz com as fases das iguais.

Mas há sempre coisas para numa loja chinês

pode ser sem vontade, comprar nada

e há de se encontrar sempre com alguma coisa

incrível.

É, eu acho que o que atrai é porque

tem um bocadinho de tudo, não é?

Pode ser uma fonte com um moço, a deitar água

para as orelhas, ou até uma pára.

É, tem mesmo tudo, eu já acho incrível

coisas que eles não vieram a pensar

e depois encontram, há coisas que

é engraçado. É como, acho que

os pofechas, os pofechas da toria, porque

é um noto mais de diferença entre

termos cultural. Aqui em Portugal

por exemplo, se eu vou a um restaurante

português, ou como uma torada e uma

torada, tenham-se acompanhamento.

Como um pif é um pif, mas

numa mesa de um

tradicional mesmo, não é um prato

é vários pratos, há aquele sentido

da partilha, tem carne, peixe, sopa,

tem tudo. É muito monótono,

às vezes eu não sei o que é que vou comer

aqui. Porque é sempre a mesma coisa,

porque é torada,

só tenho uma coisa, isso

é a maior diferença que eu sinto

quando ia à escola, comia no refeitório.

Tinha refeitórios na escola

e era muito diferente do que em casa

porque no refeitório tem sempre

só uma coisa. É uma espécie de bofê, não é?

Não, só posso comer um...

Sim, na China seria uma espécie

de bofê, tem... Ah, tem tudo

no refeitório chinês, na escola,

tem muitas variedades

e pode pedir um bocadinho de cada.

As pessoas achavam muito estranho,

eu fazia isso... Querias a môndegas

com aquele bacalhau e quer também

aquele bífero assim. Mas eu e

os restaurantes, por exemplo,

minha mãe, assim, os chinês,

pete um bocadinho de cada.

Isso consegue comer, mas é normalmente

um prato de opção, nós já não pedimos

montes e partilhamos. É mesmo...

Em relação à sua lógica,

como é que se faz essa escolha dos

produtos que se vendem? Nós

tem um catálogo, vai às vezes

à China ver

interposto onde se vai escolher, como é

que se escolhe essas coisas? Vamos fazer

armazéns ver.

E sim, temos uma aplicação

que está para ver o preço de

vários armazéns e comparar um bocadinho.

Hoje em dia, eu acho que

mudou muito depois de pandemia, porque

não compensa, há muitos nossos produtos

já não vem da China. Vem da Espanha,

vem da Itália, vem da França,

porque não compensa, porque vai aqui

ser imenso, imenso, imenso o constatório.

O transporte marítimo, sim. É muito caro.

Eu acho que o preço é, até as vezes,

mais alto.

Não compensa.

Eu imagino que o cara escolhia

produtos para ter uma loja e ficar com

produtos, mas eu acho que

não cabria a loja, porque ficava só a ver

para tantos estados e cada vez há

coisas mais incríveis. A gente também

existe. Ah, quero para mim, quero para

mim. Ah, mas é bocadinho assim.

Eu sei que há, inclusive, uma cidade,

agora não me lembro do nome, que é

conhecida por ser só o centro

do comércio, que são centros

comerciais gigantes,

onde, com lojas especializadas

há umas pessoas que só vendem

feixos de

camisolas e vai

se lá escolher. Ah, já

foi um desses?

Não, mas por caso uma das viagens era

para ir, acabei por não ter tempo.

É fascinante, não é? Ah, mas aquilo é

enorme, enorme, enorme. Acho que

precisa muito tempo para conseguir estar

a volta aquilo. Acho que fizeram um

tempo de volta, é preciso uma semana,

só para estar a volta, se parar em

todas as lojas, é preciso. No fundo

são fornecedores, onde se vais escolher

fazer esses negócios.

Mas eu tenho muita curiosidade.

Sim, eu acho que deve ser uma viagem

fascinante ir ver isto tudo.

Acho que é fascinante, uma viagem

china, qualquer lado. Claro, claro, sim.

Qual é a coisa que se vende mais, assim,

na loja, assim de repente? Ferramentas.

Ferramentas.

Que boring. Estava a espera que fosse

um urso e se flava. Não, ferramentas.

Ferramentas, porque

as ferramentas acho que

são muito mais caras.

Exatamente, acho que a diferença

para isso é muito grande.

Então as pessoas procuram muitas

ferramentas nas lojas chinês.

Esta

apetência e talento para o

comércio é uma característica

chinesa cultural de sempre,

ou é uma

forma de sobreviver fora?

Eu acho que

é cultural, porque mesmo

sem ser fora, mesmo na China,

a competitividade é tão grande

nós acabamos

teremos que arranjar a maneira

de sobreviver, não é?

E

que eu lembro

não sei porque, por exemplo, chinês são

muito bons em matemática, são muito

bons em fazer um negócio.

Não sei se isto está no sangue

ou não, mas

é muito cultural, eu acho.

Quando, se fossemos

até à sua cidade, à sua região

quando era a primeira coisa que nos

levava a mostrar?

Eu acho que comer.

Comer, sim, comida.

Acho que não foge muito da comida porque

porque na minha terra

come-se muito bem.

E há uma grande diferença

em que em Portugal tem café, não é?

Você chama o café, já agora fazes

publicidade em marinhais?

Massa fina.

Massa fina.

Não vou recomendar no castigo, dona li.

Dona li, porque li é meu nome.

E se está a falar

de irmos comer à China,

aprendes exatamente com Emmanuel.

É por aí que vamos começar a viagem

de estar pela comida, sim.

Porque não.

Podemos fazer ao contrário.

Ali deu-nos como sugestão

o dim sum.

Sim, isso é muito típico.

A dim sum,

são coisas, é pequenino,

pequena porção feita a vapor.

Mas isso é uma comida muito típica

da zona sul.

Por exemplo, Hong Kong, Macau,

zona de cantão come-se muito a dim sum.

Acho que

é muito estranho para os portugueses.

Nós comemos dim sum

logo com a manhã.

E dim sum, o quê? Tem carne,

nós comemos massa no pequeno almoço,

arroz,

coisas a vapor

ou palmas com carne lá dentro

ou risol camarão.

É tipo, mas é vapor.

Comemos essas coisas

no loco do pequeno almoço.

Nosso dia todo, e aqui em Portugal,

por exemplo, isso que tal,

comemos pequeno almoço no café, né?

Os restaurantes servem-se até as 3,

mais ou menos.

E depois os jantais se vêm até as 10,

e depois acabou.

Na China, as cidades

estão sempre abertas, né?

Estão sempre abertas. Se eu quiser comer

uma coisa às 3 de manhã, se eu quero dizer

de uma pessoa às 3 de manhã, eu vou comer.

Então significa que não existe um horário tão fixo

para ser almoço, jantar?

Existe um horário fixo, e é muito cedo.

Quantas refeições você come, também?

O pequeno almoço, assim como mais forte?

Que não é almoço que se comecer às 7 e tal de manhã,

às 7 e tal, ou 8,

também conforme a vida da pessoa.

Às 11 horas nós vamos almoçar.

Às 2 e tal já estamos a comer

às 3 e tal, 3.

Às 5 horas estamos a jantar.

E depois à noite vamos começar,

e depois há muita comida na rua.

Aqui

às 3 de manhã, as duas manhã que eu quero comer,

vai a McDonald's, ou então o Capif...

Vá aquelas relotes ao pé da estrada,

ou umas relotes que eu não tenho.

Mas só tem sempre a mesma coisa,

só tem bife na cachorra ou na outra hambúrguer,

não tem mais nada.

Mas nós temos variedade, é impressionante,

é impressionante.

Até há cidades que têm mais movimento

à noite, e a madrugada toca

propriamente durante o dia,

porque as pessoas estão a trabalhar, não é?

Eu tenho a paxina,

mas a viagem não é nada barata.

Agora, as viagens não são paradas agora,

porque na altura que eu ia todos

antes conseguimos, vou ida e volto

por 500 euros, 550.

Pois, agora ida e volto está em 1411 euros

sensivelmente.

A minha mãe pagou 2 mil euros só por uma viagem.

Na altura de pandemia.

Só ida.

Só ida.

Agora que o Emmanuel tinha começado a fazer

as ides e volto...

Realmente, agora é que eu fiz e volto.

Não, mas na altura

as viagens eram muito mais paradas do que agora.

Como estive ao tacar, não é?

Claro, é verdade.

Eu preparei que algumas questões

de viagem

para visitar na China.

Comecei por Pekín.

Não posso deixar de falar

dos utongos.

Dizem que é o coração de Pekín.

São os bairros desenvolvidos

há centenas de anos

e um símbolo da história da cidade.

O tempo de Dongqiuhe

aqui, enfim, há várias coisas

que podemos visitar com estas características

como a Palácio de Verão, o Tempo do Céu,

o Tempo Yonghegong,

exatamente,

na cidade de Preivida.

E este tempo é um tempo tal

que vale a pena

visitar a Grande Moralha da China, obviamente.

Curiosamente,

não sei se é de conhecimento das pessoas,

mas a Moralha não é uma linha contínua,

não é uma estrutura única,

mas é um conjunto de três, digamos assim,

que passam por

várias regiões.

Então, digamos que há várias secções

que podem visitar várias regiões.

É um mito urbano que se veja da lua,

não se vê da lua.

Exatamente.

A cidade de Preivida também é um...

A minha geração, nós crescemos com o filme

do Bertolucci, o Último Imperador,

que conta precisamente os últimos anos

da vida do Poí, na cidade de Preivida.

E, portanto, um dos meus sonhos...

Nunca foram.

Nunca foram a China.

Mas também tem esta imaginária da cidade de Preivida

completamente, sim.

Também há o bairro artístico 798,

é um antico complexo militar,

que hoje está dinamizado como um

desgrano de espósito e centro

da cena artística em Pequim.

E coisas assim mais avulsas.

Podemos ir a Chengdu,

aqui, já fora de Pequim, visitar

o centro de criação do panda gigante, por exemplo.

É um lugar onde se pode

conhecer e interagir com os maiores cimbus.

Se eu acho mal interagir com animais selvagens,

acho mal.

Mas dá para pegar o coletíaco de Tiraft.

É uma interação controlada.

É também na China

que está a maior estátua do Buda do mundo,

na cidade de Ribeirinha de Lechán.

E também podem ver, obviamente,

os vastos arrozais.

Ali dentro, aqui...

Ali está a reconhecer isto tudo?

Sim, porque há muita coisa...

Eu ainda não visitei, mas faz parte do

percurso que eu quero fazer.

Então, não estou assim tão longe.

Não, não, mas é verdade.

As recomendações estão a top.

Ali falou-nos de um sítio

que é marcado, que foi a aldeia de Fénix.

Sim, a aldeia Fénix.

Porque, por exemplo, há muita gente,

quando fala viajar à China,

a aldeia de Lechán cai e Ipiquín.

Mas eu gosto de viajar por

a interior da China, gosto de me mostrar

porque acho que as grandes cidades

há muita coisa que se perdeu

com o desenvolvimento.

É muito bom ver as rainha-seus.

Eu acho que, constantemente, a China é um pequeno mundo

que tem um bocadinho de tudo.

Tem as rainha-seus na Nova Iorque,

a agita Santa Nova Iorque,

a parte antiga que vou falar,

que vejo os palácios,

é a parte antiga.

A aldeia de Fénix

tem uma construção arquitetónica

muito única.

Ele tem um rio

e as casas é a pera desse rio.

Mas a construção é muito antiga.

Acho que tem mais que 2.000 anos.

E mantém a estrutura.

Acho que é incrível esse viagem.

E essa aldeia fica mais ou menos

em que zona da China?

Hunan. Ficou igual.

Não é?

Acho que temos ouvido falar.

Mas é incrível.

É interior.

Eu gosto muito de viajar

para a interior da China.

E conhecer a várias aldeias.

As viagens podem se fazer

também em partes de Comboia.

Deve ser incrível fazer viagens de Comboia.

Sim.

Deixe-me escolher aquela altura do ano

em que toda a gente se viaja.

Acho que é péssimo.

As pessoas que têm mais capacidade de compra

vão viajar muito.

Por exemplo, os feriados chinês.

Sim, claro.

Há um filme sobre isso.

Não se vê nada, só vê a cabeça das pessoas.

Tem que fugir a essas alturas.

É péssimo.

Então fica parado no trânsito.

A minha tia para fazer uma viagem

ficou quase 24 horas

na estrada.

É a maior migração humana anual?

Não, não pode.

Tem que fugir.

Mesmo que a viagem seja mais boa.

É com capacidade da China.

É a minha susto.

É essa, porque é mais barata assim.

Mas fugam.

Posso deixar mais pratos

da gastronomia chinesa,

como o porco agridoso chinês,

o congupal,

os ontons, que é uma receita típica

apreciamente de cantão, os dumplings,

o patapiquinho, o xaomain,

uma carrão frito com carne

e a sobremesa torta de ovos.

O xaomai faz parte do Timbsom.

Faz parte do Timbsom,

sim.

Não, não.

E o patapiquinho é muito bom.

É ótimo.

Mas não é o que vocês comem.

Essa susto é para comer na China, não é?

Na China, sim.

Aqui é a versão...

A versão lá portuguesa.

A reje é um leitão lá pequeno, quase.

Nós deixamos essas sustoes todas.

Examos também a susto do livro.

E também as elevagens.

Que também já foi um filme.

Falarem filmes.

Ela é o Mr. Billionaire.

Uma comédia de Fei Yan e Damao Peng.

A susto também da Li.

As sustoes do Emmanuel.

As sustoes musicais podem ser ouvidas

na nossa playlist do Spotify.

Vamos para a tua terra.

Foi uma viagem linda pela China.

Um convite lá em todos.

Muito obrigado, Li.

Obrigado.

Muito obrigado.

Obrigado de nós mismas e voltamos para a semana.

Vamos para a tua terra

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Para além de ser o país mais populoso do mundo e uma das superpotências, é também uma das civilizações mais antigas, tão omnipresente quanto misteriosa. A empresária Wu Yanli conta como foi crescer entre dois mundos tão diferentes. A nossa viagem esta semana é à China.



A China num prato: Dim Sum (de Catão) no Palácio de Hong Kong em Lisboa

Num livro: Cisnes Selvagens, Jung Chang

Num filme: Hello Mr. Billionaire, Fei Yan e Damo Peng

Num lugar imperdível: aldeia de Fénix, Vale de Jiu Zhai Gou, cidade de Chong Qing

Na música: Jackie Chan, Cecilia Cheung (tudo na playlist Vamos Para a Tua Terra no Spotify)