7/2/23 - Episode Page - 50m - PDF Transcript

Na tua terra, na tua terra,

Vamo-se, na tua terra,

Na tua terra, na tua terra,

Vamo-se, na tua terra.

Olá, Emmanuel. Olá, Hugo. Como é que tu estás hoje?

Sempre o bem.

Trouxe estas covardes dentro?

Sim, senhor.

Ainda bem, faz precisar, porque hoje vamos viajar até o Chile,

que é um país da América do Sul, na verdade muito, muito do Sul.

É o país mais azul do nosso planeta e o mais próximo da Antártica.

Aliás, há uma parte que o Chile reclama para si deste continente todo gelado.

Fica tacataco Argentina, verdade?

Essa é mesmo assim, só por uns quilômetros ou dois, que são mais azul,

com quem partilha praticamente toda a sua fronteira,

ainda que estejam separados pelos anos,

mas é como se fosse uma enorme costa ocidental da Argentina.

Vivem lá o que é 17 milhões de pessoas, nesta geografia tão particular,

também é um dos países mais cumpridos e mais estreitos do mundo,

e foi a terra ancestral dos Mapuchis,

antes de ser conquistada pelo poderoso Império Inca, este domínio dos Incas.

Não vai durar muito tempo, porque, como sabemos,

nos séculos 16 lá chegam os europeus,

no caso, sob a forma das naus do Fernão de Magalhães,

o primeiro europeu, lá passar na sua selva viagem à volta do mundo.

Nos séculos, a seguir, vai ser uma colônia da crua espanhola,

apesar da enorme resistência dos Mapuchis, sempre,

até a independência, que vai chegar na forma de uma república, em 1810.

Os espanhóis ainda dão luta durante algum tempo,

e o século 19 foi ocupado a definir as fronteiras

e até a escolher uma forma de governo, sempre tudo muito agitado.

O século 20 não começa mais calmo, temos uma ditadura,

depois uma tímida democracia, até que nos anos 60,

chegam as tão esperadas reformas, a modernização,

ainda que tenha ficado a quem daquilo que tinha sido prometido na altura.

Em 1970, vai ser eleito para a presidência,

numa coligação da esquerda alargada, o Salvador Allende,

que começa uma viragem socialista da economia.

Vai ser deposto, e na verdade morto, num golpe de Estado,

três anos depois, entre em cena, com o apoio da América do Norte,

um dos mais famosos ditadores do século 20, Augusto Pinochet,

e vão ser 16 anos de atropelos dos direitos humanos,

com mortes e desaparecimentos aos milhares.

Em 1990, começa o processo da transição para a democracia,

um caminho que inclui um terrível terremoto, com muitas vítimas,

um período de muitos protestos sociais,

e até a história que não nos esquecemos ainda,

de 33 mineiros que ficaram presos debaixo da Terra

e que poseeram os olhos do mundo no Chile.

Para além disso, temos mais a Isabela Allende,

a Gabriela Mistral, o Nobel Pablo Neruda,

para sabermos o que mais há no Chile.

O nosso convidado, o Sebastião Núñez Palma,

que nasceu em 1990, um ano importante no Chile,

em Iquique, que fica no norte do Chile,

e a Gabriela, quase 2.000 km da capital, Santiago,

ele estudou lá, estudou Engenharia da Refrigeração,

que desse é um curso até bastante difícil,

pelo menos eu sou de letras,

vive em Portugal desde 2018, onde é técnico de ar condicionado.

O nosso para cá está avariado, mas já falamos disso.

Olá, Sebastião, como é que estás?

Tu nasciste precisamente da mesma idade da democracia no Chile, 1990,

que histórias te contavam os teus pais desses anos

da ditadura do Pinochet?

Pronto, minha mãe sobretudo falava que tinha medo,

na noite tinha que ficar refugiado dentro da sala,

porque na rua se hubiam tiros,

então sempre havia aquele receio de sempre poder acontecer

qualquer coisa.

Por sorte, a minha família nunca aconteceu nada.

Mas tem certezas histórias perto?

Pois, tipo, mais por causa disso, que se houve tiros,

de repente te apanhavam na rua porque estava tarde,

esse tipo de coisa.

Me abou, tipo, levou um tiro de um militar,

por sorte correu bem, mais pronto isso.

Porque está aquele receio de...

Das coisas que poderiam acontecer, claro, não é?

Claro, sim.

E falavam-te um bocadinho dessa ideia de sorte

que era já ter nascido em democracia e em liberdade,

falavam-te disso.

A verdade, tentavam, tipo, omitir um pouco aquele...

Pronto, aquelas coisas todas, porque não é algo grato

de lembrar, sabe?

Não é que se esqueça mais,

e se intenta evitar um pouco mais disso.

Ou seja, o estilo para fazer as pazes, digamos assim,

com o seu futuro, com o seu passado, aliás,

era um assunto que nós falávamos muito.

Por exemplo, na escola, estudava-se o Alhenda e o Pinochet,

quando se fizesse de lição ou não é um...

Não...

Não se falava muito sobre isso.

O general era como história em geral,

em segunda guerra mundial, sabe?

Está muito...

Se perde muito isso, sabe, na escola,

que não se dá o conhecimento realmente

de como foram as coisas, o que aconteceu realmente.

Você acha que era importante falar-se mais das suas coisas?

Claro, claro. É importante, importante.

Assim como tudo, como...

O que estava falando tudo sobre Mapuche,

se perde um pouco aquele...

Então, sem crácia, sabe?

De... Pronto?

Por exemplo, aprender a falar Mapujungun,

que é a língua das Mapuches que eles falam.

Então, deveria ser, claro, apuntado

a aquele tipo de ensinhanço.

E ainda há uma diferença, sobretudo,

em termos sociais entre descendentes de Mapuche,

e os descendentes de espanhóis,

ou seja, os brancos de regra geral.

Ainda existe essa divisão grande.

Sim, claro.

O sul de Chile ainda...

Ainda se podem ver povos,

que ainda estão a lutar.

Agora não estão com os espanhóis,

mas com o governo.

O seu reconhecimento da sua própria terra e...

Sim, claro, porque quando foi a dictadura,

aqueles terrenos que eles tinham,

pegaram aqueles terrenos todos,

e repartiram para a forestal.

Então, agora ainda continua aquela luta

que eles querem de volta às suas terras.

500 anos depois continua?

Continua, já.

É inacreditável.

O único povo que ainda continua a lutar, acho que por...

É muito particular na história da América,

vou chamar a América Latina,

porque os Mapuches resistiram sempre ao longo destes séculos,

como uma forma muito feroz ao domínio europeu ali naquela região,

e, por justiça, é uma luta, estás aqui a dizer,

que continua aqui pelo século XXI a dentro.

Agora, falamos um bocadinho de Santiago do Chile.

Já podemos, a parte política, um bocadinho do lado,

de como era o bairro onde cresciste, como é a cidade de Santiago?

O bairro, onde eu nasci, não era um bairro muito bom.

Eu, por acaso, não estudei em uma escola pública.

Era paga, né?

Então, por causa disso...

Era uma vida difícil, é isso?

É para...

Meus pais se sacrificavam,

e queriam o melhor para o filho.

Então, ele invertia um pouco mais em causa da educação,

porque a educação em Chile é muito desigual.

Não existem as mesmas condições, as mesmas ferramentas para evoluir.

Ou seja, os pais perceberam,

apostar na educação era fundamental.

Se estudas em uma escola pública,

provavelmente as suas hipóteses,

para a faculdade, por exemplo, são praticamente nulas, é isso?

Não, não.

É muita gente que consiga ir lá,

mas é mais como com a gente que tu te relacionas.

Por exemplo, a maior parte de meus amigos não são de o bairro,

são da escola que ele é,

por causa disso moravam a meia hora de minha casa

em transporte público, de metrô, com boio, pronto.

E era estranho essa diferença entre os seus amigos

e os amigos eventualmente que tinhas do bairro.

Sim, eu percebi que era diferente.

Coisa que tinha diferente.

É complexo igual isso, porque o bairro mesmo não era bom,

também existia muita marginação.

Porque, por exemplo, o simples fato de convidar

a meus colegas de escola,

olha, vamos à minha casa.

A senhora me diz outra vez.

Claro, ela dizia que se calhar melhor.

As contratos, sim.

E era outro sítio, uma casa mais perto.

Isso me aguardava na altura?

Não, não, não.

Pronto, porque achava que era normal.

Também tinha os amigos no bairro.

Sim, sim, sim.

Era pronto, não sei como o nome,

mas era só ao redor, o véssimo mesmo.

Não compartilhava muito com a gente daí.

Tinha familiares, vertos, mas sempre assim...

Calmo, né?

O Alinha do Lucente, como é que se passava,

como é que se passava o tempo em Santiago,

para além da escola, fora da escola?

Para além da escola, a gente

ia muito ao centro de Santiago,

porque tem parques onde a gente pode estar,

subir, por exemplo, à minha casa.

Havia um cerro que já começava, tipo,

a subir a cordillera.

Então a gente ia passar o tempo,

a beber uma cerveja, a ver o pôr do sol.

E depois começou também uma parte

mais contestatária na...

Nós havíamos falado dessas...

sobretudo movimentos de estudantes e de jovens,

muito querer mudar a situação política

no estilo que fazias,

fizesse parte dessas jovens que,

para a rua Flamaco Governo.

Fiz parte, sim.

No começo, e já não me lembro mais

da data, mas claro, agora, por exemplo,

o presidente que está agora,

também fiz parte da data.

Sim, é um miúdo, quer dizer,

com o desrespeito é de...

tem 37 anos, que deixou em 86,

com a pensão.

Isso é incrível.

Está a ser assim uma...

como é que é essa sensação de sentir...

basicamente, na tua geração,

não é 4 anos mais velho só.

Como é que é essa sensação de ter-se um...

alguém que podia ter estado contigo na escola,

a ser presidente da República?

É uma boa sensação?

Sim, é uma boa sensação.

Além, o gajo tem ideias claras,

mais ou menos,

é o melhor que a gente pode

estar optando agora.

Por isso, se deu...

a confiança para ver que...

que pode mudar.

E tem estado a correr bem até agora?

Ele prometeu muita coisa,

é como tudo, né?

Promete, e me se ache que algo mais político,

tem que dar para...

para recibir algo a cambia.

A política também é um pouco disso.

Acho que...

ele leva pouco tempo.

Ainda não leva um ano.

E pronto, já mudou algumas coisas.

Mudou, se calhar, até o espírito...

aquele...

o espírito nacional.

As pessoas estão expectantes,

pode ser correr bem,

há sempre uma certa...

como é que se diz?

Outimismo no ar,

quando parece haver uma mudança, não é?

Claro, claro.

Tudo isso de quando...

aconteceu tudo isso de revolução,

que foi agora pouco.

A gente estava aqui, em Portugal.

Então, era um pouco complexo,

porque a gente só...

veia o que mostrava a televisão.

E de fato, não sempre...

é o real, né?

Claro, e eles falam como amigos e família...

Pois é, claro, claro.

Porque também...

não sei.

Pertenecem, por exemplo,

ou governos,

ou partidos políticos de direito,

por exemplo, são...

estão na carga de...

de las televisões.

Então, vamos...

vir a todo um pouco mais como...

É difícil perceber onde é que está.

Claro, é difícil perceber

de onde...

que está a acontecer realmente.

Sou...

através de amigos e...

Tu lembas do atual presidente andar

nas manifestações...

dos estudantes?

Sim, claro.

Era uma figura conhecida já na altura.

Era uma figura, sim.

Ou seja, isso é muito incrível.

É o...

diga...

Era o líder dos movimentos estudantes,

era isso na altura?

Na altura era.

É incrível de chegar à presidência

da República.

Deve ser assim uma...

uma noção nacional do...

ganharmos, né?

Os estudantes.

Porque, geralmente,

são os estudantes que fazem as revoluções...

Pois é...

ou a Constituição.

Mas não chega uma presidência da República, não é?

E isso aconteceu...

por o aumento de...

o tarifário...

em...

em el metro.

Subiram que...

um...

30 centímetros, uma coisa assim...

os meus ficaram malucos...

começaram a...

a pular-lo...

As cancelas.

As cancelas, já.

E, logo, já era muito...

tuviam que pôr polícia...

e esse tipo...

faziam...

como se é uma...

quando...

vão todos juntos...

e pulam.

Sim, uma multidão...

Pronto, faziam isso.

E...

e...

e, logo, começaram a...

Faziam...

Estás a usar a terceira pessoa,

tu fazias também?

É, pai, eu fazia, mas...

Então é fazíamos, né?

É, fazíamos.

Também, também, pulei um par de vezes.

Claro.

E os teus pais, Tilo,

portanto, como deve ser,

ou apoiavam essa...

Não, mas os pais sempre...

apoiavam...

uma...

uma liberalia...

uma...

E, também, se calhar, provavelmente...

com essa ideia da...

da desigualdade...

econômica, até...

que se vivia naquela altura, no...

no Chile.

Já, eu me lembro...

a minha mãe...

nós trabalhávamos muito, muito, muito,

para...

para conseguir dar as condições que...

que ela...

querem, né?

Imagino que ele...

ele sempre falava...

que os pais querem...

algo melhor que os que...

Tipo, eles próprios viveram, claro.

Então, por causa disso...

ele se forçava tanto.

E eram muito politizados os seus pais?

Não, não.

Não particularmente.

Particularmente, não.

Mas, sim, sempre apoiavam aquela ideologia.

E depois, do metro,

onde é que parte...

onde é que continua essa contestação?

Depois de...

de saltar o metro, como é que isso...

acontece?

Ah, eh...

logo disso...

já começaram a...

aderir-se...

outros...

blocos, tipo...

de las AFP...

que são...

as pensões.

Então...

pronto, começaram...

aquele bloco...

também a unirse...

a los estudantes...

logo a saúde...

logo os professores...

Um movimento enorme.

Enorme.

Muita gente saiu da rua...

e...

conseguiram...

quase mudar a constituição.

Quase.

Fizeram votações...

e depois de toda essa revolução...

Depois de tudo isso, claro.

Se deu...

as votações para...

quererem mudar a nova constituição?

Sim, quererem mudar a nova constituição.

Pronto.

Se...

começou...

a reformar...

isto...

e quando saiu...

para aprovar...

ou desaprovar...

a nova constituição...

a gente desaprovou.

Desaprovou, que bom.

Perdeu-se.

Quase eram os principais alterações à constituição...

que estavam em jogo, nessa altura?

Eh...

por exemplo...

eh...

o água.

O água mesmo...

é privatizada.

Acho que é a única água que é privatizada no mundo.

Então...

Era uma ideia de nacionalizar...

de volta...

Claro.

Claro.

Não tem sentido...

o Chile tem uma grande quantidade de água...

por causa de...

de o que está no sul.

Lantar, diga tudo isso.

Então era importante...

e é algo...

básico.

Que pronto.

Que tem que ser...

livre, né?

Por que achas que perdeu essa...

por que achas que perdeu...

a alteração à constituição?

Tinham outras coisas mais polêmicas, seguramente, não é?

Além de...

para eu...

o Chile é...

econômicamente forte, eu acho.

Por como está feito...

tipo, para mim...

o Chile é só o filho de...

de Estados Unidos.

Então tudo é privatizado.

A saúde é privatizada...

as escolas também são privatizadas.

Tipo, tudo o que é privatizado...

é bom.

Só que só está disponível para quem...

Para quem tem.

É claro.

E a economia em Chile também...

é desigual, não...

Então perdiu essa alteração à constituição?

Porque há mais gente rica...

no estilo do que...

Não, porque também saiu...

uma...

campanha política...

por parte de...

da direita...

por decir-lo.

A mentir.

Com medo.

Sim, tipo, a fazer enganos de...

tipo, a viajante que decía...

se tu tens duas propiedades...

uma delas...

vão a pegar nela e vão ser parte...

do Estado.

Ou...

esse tipo de coisa assim...

que a gente fica com medo...

sabe?

E intentam fazer uma confusão...

com tudo isso para...

para perder votos.

Tu sei, não sei...

as percentagem dos resultados...

mas foi uma divisão muito...

quase meio...

metade do Chile votou sim...

metade do Chile votou não.

Quer dizer que o não...

quando...

Ou seja, uma divisão a meio do país.

Por isso que foram duas votações importantes.

Uma, para ver se querias mudar ou não a constituição...

e que ganhou por muito para mudar a constituição.

E, logo, quando era para aprovar a constituição...

muita gente desaprovou.

Então, é aquele porcentagem...

ele que...

de gente que...

pronto, tinha dúvida de...

de...

o medo...

de que podia acontecer...

ao mudar a constituição.

No fundo, se calhar essa votação...

era quase...

a revolução...

que não tinha acontecido realmente...

com a Pinochet.

Porque ele foi simplesmente substituído.

A constituição está...

Quer dizer, foi jogado sim, mas não aconteceu nada particularmente...

Mas a constituição...

está feita...

na dictadura.

As figuras como o general Pinochet...

do um lado político...

e do Salvador Alhende do outro lado político...

ainda são muito presentes na vida...

gilera.

Ainda são as referências...

da direita e da esquerda.

Com essa ideia de que...

acabou por ainda não se fazer...

o plano...

nem do lado, nem do outro, se calhar.

Agora, por que estou...

a verde de fora...

é intentar...

juntar as duas partes.

Sempre está de luta...

um lado do outro, então agora...

por aqui...

minha perspectiva...

o que está a fazer o Boris...

o presidente...

é intentar...

juntar as duas partes...

e pronto...

caminhar na mesma direcção.

E agora é uma geração...

claro, ele viveu...

é uma criança, não se lembra...

da dictadura do Pinochet.

Só é possível fazer com esta geração como a tua...

que não viveu a dictadura...

e consegue ter uma perspectiva...

do livro de história...

das coisas e isso.

O único que ficou assim...

da dictadura...

a polícia é muito...

rigorosa...

praticamente...

há um polícia e há...

é satísia, não sei.

Toda a gente...

não tem aquelas satisias com a polícia.

Claro.

Eu acho que no mundo inteiro...

evitam quando podem ter satisias com a polícia.

Olha, como é que está a fazer a revolução?

Sempre que há...

períodos de maior...

contestação...

e até desigualdade social...

sobretudo, afetando os jovens...

são períodos muito ricos em termos...

culturais, não é?

Faz muita música, escrevem-se muitos livros.

Como é que é essa cena...

e que já era nos anos 2000, quando estava...

quando eras adolescente...

essa...

essa cena cultural...

no estilo?

Vias muita música...

de contestatários...

de gente...

não havia muita música...

daquele gênero, porque...

acho que não há muito artista que...

que...

que...

pronto, que falem sobre isso.

Antigamente...

muitos grupos musicais...

tuviam que sair do país...

por causa da dictadura...

e...

e, logo, quando já acaba...

que eles conseguem...

voltar ao país.

Estas músicas teremos estado a ouvir...

que tu nos falásse que podem ser...

ouvidas na nossa playlist...

lembramos aqui...

que estamos a falar com o Sebastián Núñez...

que vem do Chile...

que nos está a falar precisamente do Chile.

Estas músicas...

estão na playlist do Spotify...

que se chama Vamos para a Tua Terra...

Portavoza, um dos grupos que temos estado a ouvir...

bastante contestatário...

muitas letras...

bastante contestatárias.

Então, onde é que vem estas...

estas pessoas?

Vem de bairros como...

como...

aquilo onde vivias em Santiago?

Vem dos bairros dos seus amigos...

com um bocadinho mais de dinheiro...

de cidade.

Não, vende bairro.

Vem mesmo de um bairro...

também que...

é bem conflictivo...

e...

claro, ele tenta representar...

eh...

a realidade...

eh...

com a letra.

É daí que tem vindo muitos destes movimentos mais culturais...

na música...

por exemplo...

sobretudo na música, suponho...

eh...

na distação...

Claro, se fizeram...

se juntaram...

tipo...

vários artistas...

para fazer uma...

uma canção...

eh...

que representa...

o que estava a acontecer...

Mas, eh...

sempre com...

como com...

receio...

não são muitos...

os grupos que...

que falem sobre isso.

Ainda é preciso coragem...

para falar desses assuntos...

tu sente-se isso no...

no...

Não, não sento...

não sento que...

senta coragem, mas...

são um pouco os que...

os que fazem isso.

Uhum.

Uhum.

E agora...

viste para Portugal...

por que Portugal?

A verdade Portugal.

Isso tem uma história aí...

já deve ser uma história.

É assim...

Eu de Portugal...

praticamente...

não sabia nada.

Uhum.

Certo?

Eh...

O Ronaldo...

por aí...

nada.

Eh...

E aí um...

um visado...

que se chama...

o Walking Holiday.

Uhum.

Ele tem...

Chile para vários países.

Então...

estava com minha família...

a jantar...

e na televisão disse...

eh...

vagas para este visado...

era Polonia e...

e Portugal.

Era para estudantes universitários, não?

Era...

era...

é um visado que ainda está...

está vigente...

eh...

são...

pronto, por papel...

são seis meses de estúdio...

e seis meses...

de trabalho...

ou...

Uhum.

Mas...

Você sabe isso de concorrer?

Desculpa.

E concorrer, então?

Ou seja, foi tudo?

Sim, claro.

Porque...

era novo, tipo...

havia saído a pouco...

então...

quando eu cheguei aqui...

quase ninguém...

tinha aquele visado, tipo...

Ninguém sabia se esquece...

Claro, para...

para pegar um documento...

um...

um NIF...

que é básico...

chegava...

a finança...

e ninguém me dava uma resposta...

porque...

o que é isto?

O que é isto?

O que é isto?

Claro, claro.

E o Chile, sabe?

Ou não?

É que ele passou muito despercebido...

e ninguém chegou a concorrer?

Ah, agora está a vir muita gente.

Com esse programa de disto, sabe?

Sim, claro.

Ainda está...

está a vir gente...

e muita gente está a vir.

Era uma ideia que já tinha...

já há muito tempo...

saído do Chile...

Sim, há muito tempo, sim.

Por questões económicas...

porque querias conhecer o mundo...

porque...

porque...

queria...

queria sair de Chile, já.

Queria sair...

não...

era muita confusão...

e por causa do meu trabalho...

sempre...

tipo...

é muita demanda...

sabe?

Então...

queria algo mais calmo...

Ou seja, só trabalhavas, basicamente?

Não...

não...

não é tanto disso, mas...

é...

para fazer qualquer coisa...

escutei, tipo...

acordar na manhã...

e já estás lutando com pessoas...

em um metro...

ou...

para subir-te o autocarro...

não é...

que isso não é...

que não é mais tranquilo.

Não é grato, tipo...

chegar a do trabalho...

já...

com aquela estresse toda de...

Sim, chega...

como se tivesse estado um dia inteira...

trabalhar já...

Claro, claro.

É isso...

e realmente, não sei...

havia briga dentro...

porque...

começam a...

sempre por onde?

É uma cidade muito grande...

onde vive muitas...

muitas pessoas.

É uma cidade violenta...

em Santiago.

Violenta não...

talvez não no sentido criminal...

mas violenta...

nesse sentido que estávamos a falar...

muita gente a tentar fazer a sua vida diária.

Claro, claro.

Aqui acho engraçado...

tipo...

você vai caminando...

ah, bom dia...

bom dia...

bom dia...

ah lá não...

tipo...

você vai sempre em frente...

e...

que nao ainda é chatebo.

Percebo.

Sabe...

você vê um pouco...

talvez é chato...

isso.

Percebo.

E foi...

como é que foi essa chegada a Portugal?

Foi assim estranho?

Nunca...

tinha já estado na Europa?

Não, não, não.

Então foi uma estreia completa?

Aterrasco no aeroporto...

em Lisboa?

Sim, cheguei ao aeroporto...

Qual foi a tua primeira impressão?

Que eu via muito.

Justo era um dia de muita chuva.

E minha primeira impressão que era...

um lugar muito bonito.

Eu cheguei...

vivi...

três meses em um hostel...

porque também não tinha aquele problema...

eu cheguei aqui com...

com um pensamento pronto.

Tenho que...

conhecer a gente.

Não conhecias ninguém?

Não.

Sim, sim.

Conhecia.

Tinha um amigo que já estava aqui.

Chileano também?

Também.

Que...

que pegou o mesmo visto.

Só que a Leme de isso...

dele não...

não conhecia ninguém.

Não tinha...

um contacto, sabes,

para...

procurar trabalho,

para procurar caça, não...

Isso é uma grande aventura.

O que é que seus pais disseram quanto tudo...

viste aquela televisão e disseres...

olha, vou concorrer a este visto.

E os seus amigos perguntavam-se...

onde é que é Portugal?

E tu respondes...

olha, depois...

depois logo se vê.

O que é que seja?

Primeiro era...

como eu te falei...

era a Polônia ou a Portugal?

Pronto...

é...

comparei e acho que é por o clima...

preferiria a Portugal.

Até pelo teu profissão, não é?

Se trabalhas com o arco...

bem, o arco-condicionado também se foi mais quente.

Sim, claro.

Tendo as duas...

Desculpe, claro.

Na Polônia também tinha corrido bem.

Mas foi muito frio.

Nunca...

ainda não conheço.

Foi difícil nesses primeiros tempos em Portugal?

Não, não.

Não foi...

não foi assim tão terrível.

Só que...

por causa do idioma não...

às vezes...

tem que receber alguma instrução...

e tu não percebes muito.

Mas não foi tão terrível assim.

E como...

como eu te falei...

minha intenção era...

conhecer gente...

e fiquei três meses em hostel...

diferentes hostels...

ou gente...

até o dia de hoje...

apanhou na rua...

aí complementamos...

e é fixe.

E tens mais amigos...

muitos mais amigos chilentes aqui...

ou não vivem muitos...

Sim, sim.

Como eu te falei...

está a...

está a vir muito...

muito chileno...

por causa daquele visto.

E a uma comunidade já grande...

por seus restaurantes...

já vamos falar...

o Manuel...

toma sempre parte da...

da parte mais gastronómica.

Depois...

por...

sei que não voltaste...

tivesse bastante tempo sem voltar a casa...

Como é que foi voltar...

depois de se viver no outro...

no outro sítio?

Porque ganha-se uma distância...

e uns olhos diferentes...

de ver o sítio onde...

onde estávamos todos os dias...

parece que muda um bocadinho...

a nossa maneira de ver o...

a nossa cidade...

a nossa país.

Sim, claro.

Também fui...

pouco tempo quase...

quase um mês.

Então...

quando eu fui lá...

todo o meu pai...

principalmente...

ficando com aquele...

ah, você vai sair...

tem cuidado...

que agora está muito perigoso...

Nada muito diferente...

é a mesma verdade.

Volta de Uber...

e eu saía e tipo...

para mim era normal...

tipo...

ele está com...

houve muita coisa...

muita delinquência...

mas é uma coisa que...

que é normal.

E já tinhas desabituado...

um bocadinho essa sensação...

porque...

de facto...

em Portugal vive-se uma...

uma segurança...

de laquera...

Sim, claro.

na rua...

sabe-se isso, não é?

Sim.

E se foi estranho para ti...

ter que começar...

outra vez a mudar o mindset...

para...

ter que ter cuidado...

nesta rua...

ter que ter cuidado esta hora...

foi estranho isso?

Não...

não foi muito estranho, não.

Foi...

era...

mais por...

dar aquela segurança...

a minha família, tipo...

ela não...

não ficava tranquila...

se...

se sabia que...

que ia andar na rua...

não sei...

à pé, por exemplo...

ou de bicicleta...

E qual foram as principais...

diferenças que sentiste...

em Santiago quando voltaste?

Estava tudo da mesma...

estava diferente?

Estava tudo caro.

Tudo caro?

Sim.

Bem...

subi a todo...

foi muito...

além de...

de isso...

é...

mais moderno...

claro.

E notaste a diferença disso?

Sim, sim, claro...

à pé de minha casa...

haviam...

posto de saúde...

era...

cresciu...

cresciu bastante.

Os seus pais ainda vivem no bairro...

onde cresceste?

Sim, sim.

E notas...

diferenças...

lá no bairro é isso?

Sim, claro.

Isto e os amigos com quem cresceste?

Continuam todos no Chile?

Saíam muita gente?

As pessoas mais novas...

tendem a sair do Chile?

Ficam por lá?

Não, muita...

quase todos...

meus amigos ficaram no Chile...

continuam com a sua vida...

então...

quando...

eu fui lá...

pronto...

tinha seu trabalho...

tinha seus horários...

e às vezes não dava para coordinar...

e não...

ele estava...

em...

na mesma...

por falar assim...

Sentiste isso?

Sim, claro.

Você disse que tinha perdido alguma ligação...

com eles ou estava tudo igual?

Pronto...

por causa do Whatsapp...

com a comunicação...

temos o grupo de amigos da escola...

Tudo...

tudo na mesma?

Sim, sim.

Olha...

como é que a comunidade chilena cai...

no caso em Lisboa...

que é onde vives...

mantém...

o...

o Chile...

traz o Chile...

para...

para...

para a capital portuguesa.

Fazem festas...

Sim, fazemos...

fazemos festa...

quando...

tínhamos fome...

fazemos...

o cachorro...

chileno...

que eu andia sendo...

completo italiano...

e...

intentamos matar saudade...

e com...

com a comida.

E com a música também se põe?

Pois, já.

Nós estamos quase a passar...

para também para as suas sugestões...

qual é a referência...

que te fazem mais vezes...

quando diz que é isto o Chile?

Claro, eu lembro-me...

eu sou particularmente ligado...

às letras...

e lembro-me, claro, do Pablo Neruda...

o Nobel...

Chile não é uma referência...

que te fazem muito?

O Pablo Neruda...

sim...

quando...

ele tem...

uma...

uma casa que agora é um museu...

Sim...

e...

Todos...

eu acho todos os europeus conhecem isso...

do filme do...

o carteiro do Pablo Neruda...

que...

acho toda a gente viu para menos de cem vezes...

E pronto, eu tenho aí...

um museu...

que era...

se me engano a sua antiga casa...

que chama-se...

a Chacona...

E é esfaladíssimo, não é?

Sim, sim.

Claro.

Já tenho ali as suas sugestões...

olha...

vamos passar para as suas sugestões...

vamos...

vamos guiar-nos...

pelas sugestões de esto do...

sobre o Chile...

falaste...

vou começar pelos livros...

falaste neste livro...

Papeluccio da Marcela Pás...

uma poeta também...

a poetisa chilena...

que já morreu...

um nome grande da poesia...

falam-nos deste...

deste livro...

trouxeste uma cópia contigo?

Não, agora é...

Não, não trouxe...

É...

era o clássico...

livro que era para...

para ler na escola...

então...

foi coisa disso...

me traz muitas...

lembranças...

E não te lembras de algumas...

ajudar alguns poemas de cor?

Não, não...

de cor, não.

Sim.

Pois falaste-nos também de um filme...

de Andrés Wood...

Machuca...

que filme é este?

É que este é um filme...

muito bom...

que...

se trata um pouco de...

a sociedade que existe em Chile.

Um gajo assim...

mais moreno...

de um bairro...

com...

com...

não muito boas condições...

e o outro...

um...

produzido branco...

que tem melhores condições...

de uma família...

com dinheiro...

e...

pronto se torna aí...

uma amistade...

Uma amizade, sim.

Isso é quase simbólico...

não é essa...

a amizade entre essas duas partes do Chile.

É uma amizade fácil...

existe na vida real...

essa amizade...

ou é...

um assunto complexo.

Acho que não...

é mais complexo já.

Está separado ainda...

porque...

é muita desigualdade.

É muito...

E há muito ressentimento...

escolher de um lado...

bem mais de um lado do que do outro.

Deu a ver, com certeza.

Deu a ver.

E agora...

vamos passar...

a música que temos estado a ouvir...

vamos passar...

para...

a viagem ao próprio Chile...

que deve dizer...

já estava...

já vim também...

mas estava com muita...

muita vontade de conhecer o Chile...

e agora vamos conhecer pela mão...

do Emmanuel.

E com mais vontade fiquei eu...

depois de fazer uma...

aturada pesquisa...

sobre este magnífico país...

para nos deslocarmos até ao Chile...

temos que desembolsar...

1.485€.

Pois, esta que é a parte de...

Esta que é a parte de...

Esta que é a parte de...

Esta que é a parte de...

Esta que é a parte de...

A viagem dura cerca de 20 horas...

com escala em França.

O Sebastián...

deu-nos aqui uma sugestão...

de um lugar impredível...

começando aqui pelas suas sugestões...

o Lago de Todos os Santos?

Sim.

É um lago...

é...

muito bonito.

Com um cor assim...

não sei...

em português.

Turquesa?

Turquesa, é?

É, é um turquesa, né?

Sim.

Hermoso.

E pronto...

Eu gosto porque...

também a minha mãe sempre...

falou de que...

quando...

quando era mais pequena...

foi aquele lugar...

e com a sua família...

sempre...

é um lugar grato de volta.

Tu viajaste muito pelo Chile?

Sim, sim.

Do norte, do sul...

Sim, conheço...

quase tudo do Chile, já.

Só...

faltou aí punta arena que...

está muito embaixo e...

e é esse...

um pouco mais complexo.

E agora lá?

E as falar também?

Sim, tenho aqui...

mas comece pela capital Santiago.

Essa é a parte mais sul do...

é o extremo sul do México, isso?

Do México do Chile?

Sim, é punta arena?

Sim.

Sim, sim, sim.

Tendo a mão em baixo.

E a começar aqui pela capital Santiago...

e começa aqui por uma parte que eu sei que nisto muito...

algo que procurei...

trazer aqui coisas...

mais acessíveis...

como os autocarros, por exemplo, que são incríveis...

no Chile pelo que pude ver...

e alguns que até têm...

partes de...

digamos, uma espécie de uma cama...

de um sofá-cama...

que se pode...

ficar lá.

Começou a ser assim uma primeira classe...

Ah, isso é ótimo.

Sim, e é um...

um ótimo meio de transporte...

para procurar este fantástico...

fantástico país...

não só dentro da cidade Santiago.

Mas tu estás a falar de...

você...

não auto, não sou urbano.

Não, não sou urbano.

Sim, sim.

Você pode fazer autocarros...

para poder viajar no país.

Mas por acaso, isso é um meio de incrível...

autocarros na cidade de Urbano...

mas com...

sofá-cama, sofá-cama.

Você não seria pegado.

Isso é ótimo.

É um nicho de mercado.

É um nicho de mercado, ótimo.

Também encontrei uma...

Depois de viajar no...

dentro do Chile...

é mais barato?

Não, não.

Generalmente...

a gente que...

que sai fora, né...

diz que...

compensa mais sair...

que...

que sair de ferias mesmo...

Ah, do que viajar...

dentro do próprio Chile.

Não, não.

Não pode escar.

Não pode escar.

Há ligações de comboio...

que eu sempre...

que o músico quer saber?

É...

não.

Entra dentro do Chile...

geralmente viajas de avião, é isso?

Sim.

Também é um país tão bom.

De bus.

Lembro-me que eu fiz...

Arica, que...

por exemplo, é...

Arica e Quique...

e depois para o sul...

Arica, Santiago...

são 30 horas.

Eu fiz 30 horas de bus.

E não era aquele que tinha...

Não é isso.

Não é isso.

É isso.

Não era aquele que tinha, mano.

Se não é fácil, 30 horas...

não é fácil.

Também encontrei uma curiosidade...

interessante...

que se chama...

o café com pernas.

Não é um...

é um café particular.

Há uma cadeia muito conhecida...

que é a cadeia IT.

Não.

E no fundo isto...

isto é um fenômeno com...

100% chileno.

E é basicamente um café...

com uma estética assim,

há meio anos, 60 a 70...

com muitos espelhos, 100 mesas,

um grande balcão...

e por baixo é transparente.

Ou seja, tu consegue ver...

as pernas de quem está a servir.

Portanto, é assim, um...

uma coisa meio...

Routers, né?

Um tipo Routers.

Mas para as pernas.

Sim, mas para as pernas, exatamente.

Escutava-se isso...

Não, por acaso não.

Mas conhecia-se.

Sim, claro.

Eu trabalhei no centro de Santiago...

e se acostumbra a ver muito...

daqueles cafés.

Tenho muito já.

E é tipo...

uma gente de...

de oficina...

com gravata...

beber um café...

É o galeto...

com o balcão.

Pois te vê assim com o balcão.

Com o balcão estapado em baixo.

Estapado.

Muito bem.

Também há outros sentidos incríveis...

na cidade de Santiago.

Chascó na casa do Pablo Neiro...

da que agora é um museu também.

O bairro Bela Vista é assim um bairro...

A Buna Ruda, que agora há pouco tempo...

teve nas notícias de novo...

Exatamente.

Por um exame da Lênus.

Põe que fizeram.

Onde se comprovou que tinha sido...

invernado nesta notícia.

Por acaso ninguém desconfiava...

que ele tinha sido.

Eu achasse...

Eu acho que também.

Há um tempo.

Mas o bairro da Bela Vista...

é um bairro bastante incrível.

Assim, um bairro...

digamos, hipster, assim, do Santiago.

Um museu das belas artes.

Também um bairro muito interessante...

é o bairro La Estària.

O Centro Cultural Gam.

É um edifício moderno...

coberto todo por cobre.

É encoberto.

É coberto.

Sim.

Sim.

É encoberto.

Mas curiosamente é antiga sede da Dina...

que era a polícia secreta da época da ditadura.

Mas agora é um edifício...

moderno ao contrário da ditadura.

Ditadura, sim.

Isso é uma boa reapropriação...

Sim.

Também a Igreja de São Francisco.

A Plaza de Armas.

E lá visitar o Museu Arte Pre-Colombino.

O Mercado Central.

A Plaza de Armas é a praça principal de Santiago.

Sim.

Sim.

Também em Santiago, para ser à noite...

o bairro Vita Cura.

É um bairro bastante aconselhado...

para ser à noite bastante caro...

pelo que estou a perceber aqui.

É caro.

É muito caro.

É muito caro.

Já percebemos que os cites mais baratos...

que lhe irias para sair à noite em Santiago.

Eu acho que o bairro...

veja a vista.

Veja a vista já.

Estava a sofrer aí.

Sim.

Mais alternativo.

Sim.

Aí tende tudo.

É tipo...

bairro alto.

Uma coisa assim.

Outra coisa...

Por acaso...

Desculpe para me perguntar, Emmanuel.

Como é que tu te mantens a par da música,

por exemplo, que nós temos estado a ouvir?

São os teus amigos que se vão mandando?

São coisas mais atuais, não é?

Sim, claro.

São mais atuais.

Não, por...

pelas redes sociais...

vauvendo.

Vauvendo.

O que é isso?

O que é isso?

E como está a chegar muito chileno,

chegam com aquela música?

Claro.

Ficas a ouvir o que é que estão a ouvir.

Faz um chazan.

Faz uma troca cultural, não é?

Exatamente.

Não sei.

Outra curiosidade da Sheila.

É um país que é um dos maiores

e melhores produtores de vinho do mundo.

E há uma parte do Vinho do Chile que é produzida

a poucas horas de carro, de Santiago.

E toda essa região é possível ser visitada

com restações e o vinho, obviamente.

O Vinho do Chile é bem bom.

Há alguns europeus que têm alguma resistência

a incluir vinhos fora da Europa, não é?

Mas também o italiano francês.

O vinho do Chile já se citou numa gama alta.

É incrível mesmo.

Em termos mundiais mesmo.

O problema é que aqui em Portugal também tem vinho,

então não chega aquele vinho chileno.

Chega a pouco e o que chega é francamente caro.

O vinho do Chile que chega.

Deve ser.

Deve ser caro.

Aqui nunca havia uma garrafa

de um vinho chileno para a casa.

Fora do Santiago.

Não era nada capaz de ter.

Já tem aqui um vinho de vinho.

Fora do Santiago temos Torres del Paine.

É um sítio óptimo para as pessoas fazer caminhadas.

É um parque mundialmente famoso também

pelos seus picos altos, pelos seus valos, pelos seus logos.

Torres del Paine?

Sim.

Torres del Paine, sim.

E é a oitava maravilha de mundo.

E é uma reserva da biosfera.

Valparaíso também fica no noroeste de Santiago,

um lugar também protegido pelo Unesco.

Uma geração que toda a gente liu a Isabela Lhende.

Sim.

E portanto Valparaíso era-nos trazido

através das suas histórias, das suas sagas familiares.

O Valparaíso é bem parecido à Lisboa.

Tem serro, aquelas cores, aquelas roubas pintadas.

É bem parecido.

Faz-te lembrar às vezes.

Sim, sim, sim.

Claro.

Quando a gente está a olhar a Lisboa de um mirador...

Também lhes os livros da Isabela Lhende.

Não te interessava a própria?

Não, na verdade não.

Mas lembro-me, a Casa dos Espíritos

foi assim uma sensação muito grande no mundo inteiro.

E o filme foi, aquelas curiosidades,

foi filmado cá em Portugal.

Mas era outra gera já.

Já não disse tantas.

Já não disse tantas.

Já não disse tantas.

Para terminar aqui, de facto, há imensas sugestões.

Já tem que fazer um filtro da San Pedro da Atacama,

que é um autêntico paraíso que está situado

no deserto mais seco do mundo, o deserto da Atacama.

E são coisas, pelas imagens que vi,

pelo que vi, são coisas inacreditáveis.

Não sei se já visitar-se.

Já foi, já foi.

E confirma-se que é...

É, é...

É que é muito diferente o sul do Norte.

Claro, quando hablamos do sul, por exemplo,

é só verde, vegetação.

E o sul é má árido, é deserto.

Mas tem aquele outro encanto

que também é bom, bonito.

Não podemos terminar sem ir às sugestões gastronómicas.

Claro.

O Sebastian já falou aqui, e por acaso coincidia

com a minha primeira sugestão gastronómica,

que é o chacarero italiano.

Uma espécie de cachorro, né?

É, aquele tipo má sandes.

O cachorro seria completo.

Completo italiano.

Mas leva-se uns molhos diferentes, né?

Tenho o pão, a salchicha,

tomate, abacate.

Não é maionese?

É maionese casera.

Sim, é maionese casera, claro.

O que vamos fazer às vezes?

É o que estava falando, tipo, para matar a segurada,

e a vez que nos reunimos a fazer cachorro.

E ver quem é que faz melhor aí, se faz em um concurso,

ver quem é que faz melhor.

Também há o famoso cordeiro da região de Magallanes.

O salmão, a pescada.

Há também a casuela, que é um caldo picante,

com um naque de frango batata, cenoura e milho.

Os sanguches, que é uma espécie de um prego no pão,

mas com muito queijo.

E a chorrilhana, que é uma espécie de carne à brás.

Não sei se tens mais alguma susto

tão gastronómica que não queres.

Bebo muita água.

Bebo água, é verdade.

Não sabe.

É, claro que pode ser a empanada,

também empanada chilena,

que é assim carne picada com cebola.

São bem grandes, são umas empadas grandes.

Pronto, há uma zona que vende empanada de quilo.

Você sabe que não pode comer sozinhos.

E queria terminar com um...

Não há nenhuma susto, mas há um fun fact que encontrei,

que a maior comunidade palestiniana fora da Palestina

encontra-se no Chile.

E há, inclusive, um clube futebol,

na Primeira Divisão, chamado o Palestino.

Pois, quando eu fui lá, por acaso,

estava na feira a comprar com a minha mãe

e trouxe uma camisola de Palestina.

Foi a viagem pelo Chile,

através dos olhos do Sebastián Núñez,

que lá nasceu em 1990.

Obrigado.

Ficamos ainda mais com vontade de ir ao Chile.

E, sobretudo, de percorrer esse país tão diverso,

que vai, de facto, desde o verdíssimo norte,

até o gilésimo, se me permitem a expressão,

gilésimo sul,

onde um dia um pinguim foi o primeiro a ver um europeu a passar.

Obrigado e até para a semana.

Obrigado.

Vamos para a tua terra.

Para a tua terra.

Para a tua terra.

Vamos para a tua terra.

Vamos para a tua terra.

Machine-generated transcript that may contain inaccuracies.

É o país mais a Sul do planeta e um dos mais compridos e estreitos. Casa de Isabel Allende, de Gabriela Mistral e de Pablo Neruda. E também de Salvador Allende, de Augusto Pinochet e até de 33 mineiros que comoveram o mundo. A nossa viagem esta semana é ao Chile.



O Chile num prato: Chacarero italiano, típica comida de rua.

Num livro: Papelucho, de Marcela Paz (1902-1985)

Num filme: Machuca, de Andres Wood

Num lugar imperdível: Lago de Todos los Santos

Em música: Portavoz; Pailita; Chancho en Piedra