Tabu com Bruno Nogueira: "Tive uma chefe que me disse: 'você tem muita sorte, porque mais ninguém aceitaria uma bicha a trabalhar aqui na faculdade'"

Joana Beleza Joana Beleza 4/25/23 - Episode Page - 1h 12m - PDF Transcript

Bem-vindos ao Tabu, um programa onde nos rimos sobre assuntos que você provavelmente acha que não são para rir.

Vou passar esta semana com quatro pessoas LGBT e juntos vamos tentar perceber se é ou não possível rir das diversidades.

Também vamos perceber de uma vez por todas quem acusar as calças nesta casa.

Olá, eu sou o Bruno, a minha voz soa diferente. É natural, eu não sou o Bruno Nogueira, sou o Bruno Ferreira.

É parecido, rima e tudo, mas ele é mais alto e eu sou mais bonito.

Além dessas existe também outra diferença fundamental entre nós, o Bruno Nogueira está neste podcast para falar de assuntos sensíveis

e eu estou nos intervalos deste podcast para falar de assuntos sensíveis.

Assuntos sensíveis às necessidades e ao conforto de condutores e passageiros, como os do novo Pajó 408.

Entre as opções disponíveis estão a ergonomia certificada, a função de aquecimento, a regulação elétrica com memória e até um sistema de massagens.

Assuntos portanto do mais sensível que existe e vai sentar a diferença e senti-la também.

Basta marcar um test drive num concessionário Pajó.

Desculpa ter que estar a reparar, está bem, está bem, está bem.

Primeiro é que tu deixe carinho depois seco.

Sim.

Pronto, ok. Uma técnica como outra qualquer?

É, exatamente.

Só uma pergunta para lançar aqui a conversa.

Para quem não sabe, eu acho que muitas vezes há essa confusão.

A diferença entre orientação sexual e identidade de gênero.

Expressão de gênero.

Pronto, então ainda mais me ajudas, assim que já é tudo desconhecido, porque não almoço.

Tipo, orientação sexual aqui, tu queres f*** de identidade de gênero, quem tu és?

Então vai, bom dia.

Também é.

Obrigada.

Assim, de uma forma simples, acho que é.

A orientação é a tua relação com outra pessoa e a identidade é a tua relação contigo mesmo.

Mas há essa confusão.

Mas há essa confusão que é a forma como os outros te vêem ou como te apresentas.

Era o que tavas a dizer.

Eu posso estar maquilhado e deçaia e ser outro sexual.

Porque uma pessoa não tem que ter uma identificação rigida durante toda a vida,

perante os outros.

É um sacrilegio mudar a...

Cada disto obrigatoriamente é estático.

Exatamente, é isso mesmo.

O que é que acham que no ensino é tão difícil de implementar a explicação destes termos?

Não sei, não são conservadora e ignorante de que se falarmos sobre os assuntos,

vamos contagiar as crianças toda vez.

Nós somos frutos de uma escola que não falava disso.

Exato.

E nunca houve gays, lésbicas, nunca...

Foi só agora, quando se começou a falar disso nas escolas.

Todas as pessoas que vieram até agora eram frutos dessa sociedade que não se falava

e ainda assim eram e existiam e existiam.

Exato.

E emergiram no meio disso tudo.

Exato.

Contra tudo e contra todos.

Exato.

O adulto, tu identificaste como mulher trans?

Se te identifico como mulher.

De certa forma, a sociedade é que me classifica como trans, porque pronto, criou-se.

Hoje vamos já tirar o alfante da sala.

Uma pessoa dizia que tu és uma mulher trans, tá errado?

Tá correto, tá correto, tá correto.

Agora, assim, a minha identificação acima de tudo, pronto, é como mulher e depois

existem essas outras categorias como ser mulher trans.

Ou seja, saber que era mulher trans veio depois de saber que era mulher, sabes?

E depois percebi que, tendo em conta como a sociedade divida, tendo em conta o seu género

e a sociedade de género, pronto, era trans.

Para quem não sabe o que é que é uma mulher trans?

Basicamente identificamos-nos com um género que não é aquele que nos foi imposto

e eu gosto de dizer imposto mais até do que atribuído à nascença,

como base nos nossos genitais, nessas características sexuais físicas.

Não te identificavas e não te identificas com o género atribuído à nascença,

mas todas as pessoas da tua volta, família, amigos, imagino que tratassem sempre como rapaz, não é?

Quando criança sentia-me rapariga, simplesmente não tinha a noção,

embora ela estava me tratando assim, com uma identidade, com um pronome,

com um nome que não é o meu, incorreto, com o qual depois percebi que não se adequava a mim,

que não me sentia confortável, mas, sei lá, enquanto era criança nem sequer tinha a noção.

A partir de que idade é que tu te lembras de sentir as salvas que querias.

Alguma incongruência.

Diferente do género que tinha nascido, sim.

Isso aconteceu principalmente na pobredade,

porque lá acharam que aí, sim, existe quase que uma tribalização entre os géneros, nada a ver.

Aí, sim, comeces a sentir muito mais os papéis de género criados pela sociedade,

tipo estereótipos de género, dividem muito mais os dois géneros.

Foi esse confronto com o que eu sentia, com o que eu era e com o que a sociedade interpretava e alia de mim,

e a forma como tratava que me fez perceber.

Não percebia assim.

Tipo, demorou imenso tempo, porque é exatamente por isso, porque não tinha a informação para saber o que é que se passava.

Sendo-se que algo não está bem.

Tipo, a noção que eu tenho de mim própria, como é um sinto,

quem eu sou, a minha identidade, não está concordante com a identidade que as outras pessoas, que a sociedade, está em porme.

Tanto quando tratavam como rapaz incomodava.

Exato, sim.

Nessa altura, já era muito mais do que só o pronome que utilizavam, ou mesmo o nome, associado a isso,

vem muito mais comportamentos.

Só, tipo, coloque-o em duas caixas,

tem que seguir duas linhas que é suposto seguir,

tem quanto a rapaz ou a rapariga.

Pelo que tu pensaste, chama-se...

Não, nome...

Palavroso, que é desforia do género.

Sim, exato.

O que é que isso provocou a nível psicológico?

Pá, acima de tudo, não saber o que é que estava a acontecer.

Não saber por que é que sentia algo tão errado,

não saber por que é que me sentia tão desconfortável no meu corpo.

E de que forma é que isso afetou a tua saúde mental?

Comecei a sentir e a sofrer com depressão, que se tornou crónica desde muito cedo.

Também não sabia bem o que é que se passava,

só sabia que me sentia imensamente triste e disfuncional.

E prontes e situações concretas, automotilação,

pensamentos suicidas, tentativa de suicídio.

Eu lembro-me que escrevi três cartas de despadida para a minha mãe,

numa dessas vezes em que escrevi uma das cartas.

Peguei só tipo, em todos os calmantes que a minha mãe tinha na gaveta.

E prontes e cedo de casa, fui a uma torrezinha aquela na minha terra

e fiquei lá há bem tempo, por bem horas, a pensar,

mas, para mim, de costumas e há de viver.

E a razão era a hostilidade que afrentava com um mundo tão intolerante.

E nem a capacidade de atingir a harmonia comigo própria,

todas a ver com o meu próprio corpo,

a minha relação com o meu corpo e a minha relação com outros

e a forma como tratavam e como me via.

Como é que foi o vosso caminhão nos diversos sítios?

Quero que seja no trabalho, no ensino, em família.

Eu acho que o caminhão, que é basicamente quando nos assumimos

para a sociedade, quem somos, a nossa identidade, a nossa orientação,

eu acho que só deve ser feito sem haver segurança.

Eu uso uma abordagem bastante simples,

que é simplesmente introduzir o tema como se nada fosse.

Sim.

Não faço uma conversa formal.

Mas sente-se essa necessidade?

Não é bem uma necessidade, é falso já naturalmente.

Acho que é um ponto da minha vida e em que falo naturalmente sobre isso.

Estamos aqui no canal, mas se eu vou dizer

minhas namoradas não sequer estou de repentinas para mim?

Claro.

Fui bem um processo gradual.

Fui muito, fui testando o terreno.

Foi uma tipo de duas amigas minhas superpróximas,

depois outro casal de amigos.

Por aí até ter revelado essa parte da minha identidade.

Todo o meu núcleo mais próximo.

E lá já havia algumas pessoas

com as quais havia uma nuvem negra sobre o qual poderia ser a reação.

Nomeadamente as minhas avós.

Como é que elas reagiram?

Reagiram bem.

Foram perfeitos, foram fantásticos,

foram os mais tensíveis de todos,

de todas as minhas familiares.

A primeira chamada que fiz a minha avó

foi super querida, sempre trataram-me pelo meu nome,

dizer que andava a treinar o meu nome,

porque também tinha escolhido o nome Bacompre,

de complexo, andava a treinar-lo em casa, tudo mais.

Mesmo logo é da Lupe, não é?

É, é exato, o papo é de ser guarda.

É que é paula, filha, guarda.

Paula também, será para isso.

Para que?

Tem ofensa às paulas.

Para que é um processo de transição?

É um processo de paulas.

É super importante termos figuras públicas

que se assumem como pessoas trans,

pessoas trans género.

Em oposição às pessoas cis, que são pessoas cis géneros.

Já agora deixo aqui esta diferença.

É uma pessoa cis género.

A pessoa se identifica com aquilo que lhe atribuíram

à nascença, portanto, se isso se confirmar

somos uma pessoa cis, se não se confirmar

a participação seremos uma pessoa trans.

Pronto, é esta a diferença.

E no trabalho pra ti como é que foi esse...

esse assumir?

Não sou propriamente assumido no trabalho, não é?

Falo com quem tem que falar,

os meus colegas mais próximos que como conhecem

e tratam-me da forma como sinto mais à vontade.

Quando me pergunto eu não escondo nada,

mas também não ando com bandeira...

quer dizer, por acaso até tenho bandeira

e pinhos na minha mochila,

mas acho que ninguem repara.

Tem um bocadinho assim, levo as coisas como

da naturalidade.

Jô, tu identifica-se como pessoa não binária?

Agora, vamos preparar.

Para quem te conhece o termo e a identidade

do género, o que é uma pessoa não binária?

Começas logo a matar.

A partir daqui podemos ir para todo o lado.

Tá bem.

Quando nós nascemos

há um senhor, uma senhora médica

que olha para a máquina e diz

uma coisinha ou não está aqui uma coisinha?

Ou uma grande coisinha?

E a partir daí disto, né?

É um menino e uma menina.

E a partir daí estou com as histórias

de uma sociedade, de pessoas

que são vistas de uma forma ou são vistas de outra forma.

E aquilo que nós sabemos,

porque sabemos de várias formas,

mas uma delas é porque, de facto, as pessoas existem,

é que as pessoas não são só estas duas caixas.

E é aí que eu me insiro.

Ou seja, insiro-me fora destas duas caixas.

Tem sido um processo.

Não foi uma coisa de um dia para outro.

Eu disse uma pessoa não binária, não é?

Tinha esse conhecimento do que era uma pessoa não binária

ou foi a aprender também sobre isso?

Que percebesse que tinha caixavas nessa?

Eu fiz uma tese inteira

sobre pessoas trans e não binárias

e não me percebi

em algum momento que estava falando

uma pessoa que podia ser eu também.

Só quando comecei a fazer um bocadinho de ativismo

comecei a explorar e a fazer reivindicações

dentro da comunidade LGBT,

da Colombo Insiro.

E comecei a falar com outras pessoas não binárias

e a perceber que aquilo que elas contavam

era uma história muito parecida à minha.

Aquela estranheza

da inserção de grupos dos rapazes

quando estamos na escola.

Rapazes contra raparigas.

Então, em que equipe acabam de jogar?

Sentia-te essa dúvida?

Eu sabia que tinha que jogar na equipe dos rapazes,

porque não havia outra hipótese.

E uma pessoa não binária

é isso.

Se você não gostar

em conformidade com aquilo que te editaram

e este não binarismo existe pelo mundo de fora

e há imensos anos.

Não é uma coisa doge.

E há várias formas de uma pessoa sentir não binária.

Pode ser uma rejeição total do género.

Nem homem nem mulher?

Nenhum conceito de género.

Para si o conceito de género é uma coisa

que não nos faz sentido.

Percebem-no e entendem-no, mas não conseguem implicar.

No meu lado não é bem isso.

Sei que aqueles dos grupos não me fazem sentido,

mas há coisas que eu tenho

muito masculinas em mim.

Eu estou com um bocadinho mais femininas

e ainda neste balanço tento perceber

porque é uma construção também.

No dia para o outro temos este rótulo.

Vou assumir este rótulo e agora é o meu rótulo.

E também não tens de prestar quantas a ninguém.

É a parte melhor que é.

Eu não escolhi nada disto.

Só é. Eu só sou.

Até porque eu diria que se tivesse que escolher,

escolherias um caminho

que fosse menos...

Tudo.

Se pudesse escolher ser um rapaz

com todos os feitivos de rapaz

e todas as coisas térias típicas,

o rapaz eu escolhia. Já.

Mas não consigo escolher.

Posso até escolher, mas não voltar a ser

verdadeiro com quem sou, não é?

Em luta.

É constante. É quando saias do armário,

já não queres voltar para onde estavas,

porque o armário era um sítio

de muita opressão, muito constrangimento,

muita dor.

Você já percebeu, de facto, quem és?

Já não queres. Isso.

Muito obrigado.

Boa noite, muitos postos.

Sim.

Hoje o programa é sobre questões

LGBT que há mais.

Tivemos desculpa porque gravámos este

programa há uns meses e é provável

que, entretanto, quando for para o ar

já tenham juntado mais letras.

Há alguns símbolos e um ou outra

imógi, tipo aquele.

Que é tipo...

Não sei bem.

Ao longo do tempo a sigla foi crescendo

Primeiro era LGBT

LGBT

LGBT

gay

gay

gay

gay

gay

gay

gay

gay

gay

gay

Entretanto, juntámos o ar.

Porra!

Então, mas a meia hora acabava no i!

Pois, mas sabe que entretanto chegou aqui um a dizer que não queria bem comer nada,

nem que o comecei a ele, ou ela, ou o lauquê, e então, olha, tivemos que pôr o ar.

Elos vivem de ter que ir a mais para essa passo-or-do-wifi,

de um café em corroz.

Ou então, um gato que passou por cima do teclado.

Há muitas pessoas que já estão enrisadas no nosso lexico

e que são discriminatórias.

Por exemplo, não sejas maricas.

Agora, um problema ainda maior é se alguém disser não sejas maricas a um homossexual.

Porque aí o sistema encrava, não é?

O que é que ele vai fazer?

Tirar os cháles e dizer, tens reação?

O que é que é para isto?

O que me agaisas?

Chega!

Vamos contrastar às pessoas magadas.

Iá!

Viva!

Chega, reva, reva!

Ah, tudo bem?

Era só para se ver se está tudo bem com vosso.

Se iso não alguma coisa, está vago?

Era só para se ver se está bom bem, agora temos que ir embora, está bem?

Tchau, bom trabalho.

Um abraço.

Vamos vir a Deus ao que fica.

A Deus ao que fica.

Sinto que esta viagem é a nossa última viagem.

Ai, que horror!

Querem dizer algumas palavras, despedida?

Comemos os bons alvos hoje de manhã.

Eu gostei.

Uma boa temperatura.

São palavras bonitas para deixar para a família de amigos.

Tu és casada há oito anos com uma pessoa do mesmo sexo, por exemplo, com um homem,

mas não te identificas como homossexual, mas sim como pansexual.

O que é um pansexual?

Eu sempre me identifiquei como bisexual e comecei a identificar-me como pansexual há relativamente pouco tempo,

percebi que a questão do bi podia reforçar algum binarismo e ao contrário do que o facto significa,

porque bisexual significa sentir-te atraído de forma emocional, efetiva, sexual, por pessoas de todos os géneros.

Havia pessoas que achavam que era só por homens ou mulheres cis.

E como não era isso que acontecia?

Podia ser por homens ou mulheres cis, homens ou mulheres trans, pessoas não binárias.

Como diz uma amiga minha, bisexual, como da graça, eu conto com alguém,

meto-lhe as mãos nas calças e fico sempre satisfeita.

É malgria.

Basicamente é isso.

É um bocadinho aquela...

Tudo que vem a rede é a paja.

Não é fácil, porque as pessoas não acreditam que há bisexuais,

porque acham que um homem bisexual é um gay que não tem coragem suficiente

para assumir que é gay.

E então diz-te, não, mas eu também gosto de mulheres.

E depois há outra que é ter-te provado,

ou seja, o facto de estar a viver com a mesma pessoa, que é um homem há oito anos,

achava que era bisexual.

Se fosse bisexual, precisavas de, hoje estás com homem, amanhã estás com a mulher,

somos uns molucos.

E então, pansexual, basicamente, é pessoas?

São pessoas, sim.

A expressão é tua.

Quando assumi-te a pansexualidade, era como se fosse uma espécie de unicórnio,

porque as pessoas...

Toda a gente não trata de um unicórnio.

E por que é que tu achas que é essa estranheza?

É porque acham que é impossível, não existe, não.

Há muito preconceito.

Ou por isso, ou porque tu estás sempre a provar.

E o provar para as pessoas é que tu precisas de estar a ter sexo com pessoas diferentes.

Não podes ter uma relação estável.

Como se fosse uma pessoa que fosse inestável do ponto de vista emocional,

a mentidade de José e Cochristã, principalmente,

vai dizer não.

Há dois, há homem.

É isso que eu queria perguntar.

Se é a religião que entra aí no caminho e que obriga a ter tudo compartimentado.

Sim, muito.

Muitas consequências complicadas, graves, para muitas pessoas.

E em relação à pansexualidade, a estranheza vem muito daquilo clichês,

que é pansexual é com animais, com...

É, é um bocadinho.

É, é um maluco.

Com árvores.

Com tudo, mexe...

Está lá.

O pansexual pode, perfeitamente, ter uma relação estável.

O que significa é que eu posso ter uma relação com uma mulher,

posso ter uma relação com um homem,

posso ter uma relação com uma pessoa na binária.

Não estou preso.

Com um árvo.

Com um árvo, não.

E, por exemplo, tem e é simples que dizer.

Não, é capaz de arranhar um bocado, mas...

Sim, é o que depois falamos para o vídeo.

Patricia, tu és casada com um homem,

no entanto, já há algum tempo que te assumis de bissexual,

tu não sentes que olhar por conceito tuoso sobre a bissexualidade,

coisas de serem mais promiscos,

e de repente tu és casada com um homem,

que é aquele estereótipo do homem e da mulher,

sentes essa espécie de...

Espécie, não, essa...

Essa...

Essa olhar.

O olhar do buffet.

Sim.

Isso.

E tu tens o buffet todo e ainda te queixas.

Exato.

Sim.

Com bastante frequência.

E é um olhar que é...

Vem de várias partes, portanto,

vêm, entanto, parte...

Pessoas de dentro da comunidade,

como de fora da comunidade,

do mundo mais heteronormativo.

Portanto, eu tenho uma aparência que se mantém, não é?

Mas, quando eu digo,

ai, tal, minhas namoradas,

o pessoal fica...

Agora, que cabelo curto não acontece tanto, mas...

Há sempre a ideia de que agora andas com uma mulher,

então, depois, andas com um homem,

e também agora, não estou preparada da tua vida,

tu não decides, quando é que decides, e igual casem,

e as pessoas pensaram,

finalmente, decidiu-se, e agora estou aqui.

Curoso.

Tu sentes que o casamento com um homem,

a coisa tradicional,

que algumas pessoas pensaram, tipo,

ah, ok, então se cria aquela questão da bissexualidade

para a sua...

Pior do que isso.

Eu já tive namoradas que me disseram,

agora é a torceta só.

Estás comigo e é a torceta só.

Não, não, amigo.

Exatamente.

E depois, ao outro lado, que é o...

Mas, pode estar com raparigas, é ok,

e não vê o perigo associado.

Pronto, há sempre as duas faces,

que é a do medo,

e a da...

Ah, com raparigas não é traição, não conta,

porque as raparigas não têm

relações íntimas suficientemente...

Para isso, é só aquele fetiço do homem

e, portanto, não é perigoso.

É, então, dá bem-vindo de mandada na cama.

Em relação ao ser-se tradicional,

eu tenho algum preconceito para comigo própria,

em relação a estar casada com o homem.

Por que que diz isso?

Há dias em que sinto que há uma parte muito invisível,

e que surpreendo as pessoas de uma forma

que não é positiva quando eu falo sobre isso.

Que uma mulher casada com o homem seja bissexual.

Continua a dizer, e continua a assumir,

e continua a lutar por x e personalizar.

Ah, sim, é...

Isso ainda é outra camada da discriminação,

que é a discriminação aparente normalidade, não é?

Aham.

Quando é que tu percebeste que gostavas de raparigas?

Tens noção dessa...?

Foi bastante certo.

Começar a olhar para raparigas,

antes de começar a olhar para rapazes.

O meu primeiro beijo foi como a rapariga,

porque a gente sabe disso.

E claro que também não.

Agora não.

Mais gente vai saber.

E estava frequentemente nas aulas

a olhar com frequência,

com curiosidade para raparigas.

E tornou-se um bocadinho constrador

porque os meus colegas começaram a reparar,

começaram a mandar bocas.

E, entretanto,

disseram-me...

Então, dali um beijinho à rapariga y.

Tens a idealidade de crinhas?

Há 12, 13 anos.

Foi mesmo muito cedo.

Isso tudo passa-se

em Évora.

Exatamente.

Em toda a cidade, sabe por que é Évora?

Eu faço uma coisa aqui,

e antes de chegar à outra ponta da cidade,

já toda a gente sabe o que é que se passa.

É curioso que

eu sempre tive um interesse muito mais marcado

por raparigas e que eu bequezada com o homem.

E quando é que tu começas a sentir interesse por homens?

Mais tarde do que por mulher, já deseste?

É muito particular.

É aquele homem particular, aquele homem particular.

As raparigas eu acho todas, quase todas, no geral.

E pessoas nominárias também acho bastante interessantes.

Com homens cis e heterossexuais,

eu tenho muita, muita, muita dificuldade em alguns pontos.

Especialmente nessa questão,

desde já me ter acontecido,

não tive muitos namorados, mas a maior parte deles é sempre.

Agora é heterossexual, agora estás aqui comigo

e fica do que eu tinha.

E isso é extremamente...

E fico com um certo receio em explorar muito.

Uma coisa que eu aprendi com os meus convidados

é que dentro da própria comunidade também há discriminação.

Há bissexuais que são mal vistos por homossexuais,

porque é como que não se tivessem decidido.

Agora, quero a maior felicidade do que ser bissexual.

Tenção, dessa é como chegar a um restaurante,

entrega um menu e o empregado pergunta

carne, peixe e a pessoa.

Olha, nem quero ver.

Traga-me o que tiver fesquinha em lavadinho.

Está bem?

A homófobia é fascinante,

porque é irritar-se com uma coisa

que não te afetem absolutamente nada.

Uma coisa é, alguém faz uma manobra arriscada no trânsito

e por vos em perigo.

Uma coisa é o que os jorges fazem com o telmo.

Porque para as pessoas é como se fosse Covid,

que é, olha, tal e um gay.

Viste o gay no meio da rua com um namorado sem máscara?

Viste eles já estão sem máscara?

Tem que sair daqui e se não inapem aquilo.

A minha torna se debatir feio é ouvir barba estressa.

Olha, já me tapem.

Outra frase que é,

o que eles fazem lá no quarto deles

é com eles.

Agora, para cima de mim é que não.

Como assim? Para cima de mim?

Como assim?

Como se alguém chegar só perto de uma pessoa e dizer-se

ó, o senhor Julio, desculpe,

importa-se que eu vá ir para esse banco de jardim mamado

à boca de meu namorado.

Ah, com certeza, até já à vontade.

Não, não, nós queríamos ir para cima de sim,

que é para não deixar o banco...

Por cima de mim é que não, isso era o que faltava.

Outra expressão que é,

os homens não choram.

Ai, não, que não choram.

Quem disse isso, nunca tomou bem numa prisão,

porque os choram, os homens.

Choram.

Eu sei pessoas que...

já tiveram lá dentro.

Só quem está lá dentro é que sabe, amigas.

Já imaginaram que há países onde os meus convidados

se entrarem,

só por serem como são.

São presos aos pancados, só por serem como são.

Há imensos sítios onde eles não podem ir descansados,

por exemplo, Qatar, China,

Alfama, enfim, só alguns para...

Essas pessoas, só por gostarem do que gostam,

são olhadas de lado.

A ideia de um homofóbico é que

qualquer demonstração de carinho

entre alguém LGBT

é provocação.

Entrar alguém heterossexual

é carinho.

Como se as pessoas dissessem,

uma coca que se mordam,

se eu não vou escolher uma orientação sexual,

que me deixe sempre em risco levar um bicoiro nos dentes.

Vão ver?

Ai, vou ver!

Vou aguardar ali o Jumi e vou encher o carrinho de pilas.

Vai, Jumi!

Só para eles, para provocá-los.

Estou sob a mão que é a vida.

Olha, morou um bocadinha a preparar,

mas espero que gostem,

porque eu tive...

Onde tem que começar a preparar tudo?

Não é o marisco, que não sei o que.

Apanhar o marisco.

Apanhar antes de madrugada.

Olha.

Olha, mas até não está...

Apanhar-se com muito marisco.

Então, é uma catapelada.

Olha, posso servir-vos?

Força.

Alguma coisa que você não goste?

Gosto-te-se.

Gosto-te-se.

Com certeza.

Gosto-te-se.

Já falamos sobre isso.

Ai.

Não mete os pés, só chove-se agora.

Quer dizer, ok, caga.

Não era só, era só...

No resto, só te podes pôr o marisco.

Ok, só não queres mesmo pés.

Mas já agora...

Não certeza, pode ser pés?

Pode ser tudo também.

Tenho uma boca santa.

Ok, frases que vamos guardando na vida,

não é?

Já o posso.

Certo, certo, certo.

Ai, tu não gosta de servir.

Eu gosto de servir, desculpa.

Não gosto, não gosto de escolher as coisas que vêm para o meu prato.

Com certeza.

Como na vida, não é?

Como na vida.

Queria perguntar se vocês sentem,

pelo vosso histórico académico,

ou seja, pessoas que estudaram, que são informadas,

tão menos suscetíveis à discriminação

do que outras pessoas que possam ter

menos condições e menos estudos.

Acho que sim, de certa forma,

mas acho que a transversal é independentemente

de sermos pessoas tipo LGBT ou não.

Acho que isso pode influenciar qualquer pessoa,

a qualificação e o tipo de qualificação

do ensino superior académico que tem.

Agora, relativamente a questões LGBT,

eu acho que nos dá uma valência

para melhor combater

determinadas narrativas que usam,

transfóbicas,

ou outras que mais,

baseadas na vida científica

que não se comprava,

muitas das pessoas preconceituadas fazem-no.

A renda é espicante.

A renda está loufa.

A renda está tão rosa.

A renda está tão saborosa.

Está tão saborosa.

Está bom.

Está muito bom.

Está muito bom.

Mas eu quero aproveitar que não está aquela valda

para dizer que não suporte para sexuais.

Eu estou pra dizer isto aí nesse tempo,

mas que há limites.

Acho que uma coisa de aceitação,

como até tipo tudo, não.

É um critério.

É um critério.

É um critério.

Mas eu também sou panseco-sebaldo.

Não.

É esse tipo de panseco-sebaldo.

É este aqui.

Mais velho.

Ok.

Olha, olha, olha.

Olha, olha, olha, olha.

E foi aos pares.

É incrível.

Te juro que...

Olha, olha, olha, olha, olha.

Oh, meu Deus.

Estão muito grandos também.

Ok, não.

Incrível.

Estão enamorados.

Estão sexualizados golfinhos.

Tem uma opção lá.

São tão bonitos.

Olha, olha, olha.

Olha, assim é golfinho.

Agora sim.

Oh, meu Deus.

Olha eles.

Eu sou viva aqui.

Eu sou viva.

Eu sou viva.

Eu sou viva.

São três.

Olha, são rouases.

Ele tá meio mais perto da gente.

Fala lá, não vai com eu.

E eles gostam especialmente das pessoas na binária.

Imaginem isso que tão a ver com arroz de feijão.

Não esqueçam isso, mas grilhado com arroz de feijão.

Às vezes, normalmente, sobem pelo lado do bar,

querendo assim fazer.

Mas não apanhámos disso.

Eu apanho sempre disso.

Sobem e fazem-te assim no nariz.

Não te assim, mas não te um linguadão assim.

Depois vão se embora.

Isto é a melhor maneira de ver golfinhos.

É em sonho.

Bem, então vê boé golfinhos.

Imaginem, se agora você for...

Começas a ver sereias.

Se eu fizeram um vídeo de golfinhos...

Estás a ver, estou a ver golfinhos.

Há fotografias de golfinhos.

É incrível.

Ei, olha lá que eu.

Pois posso fazer coisas assim.

É incrível mesmo, cara.

Olha, olha, olha, dois.

Pois.

Como é que alguém vai ser deliberadamente

pertencer a uma comunidade

de tipo tão perseguida, marginalizada, violentada.

Passar por todo o processo

que, ah pá, de certa forma,

é bastante violento, moroso.

Só para quê?

Porque sim.

Tipo, não me parece algo realista.

Porque, dessa, espera-te um grande...

Sim, acima de tudo lá, Sera.

A dependência financeira

dos meus pais que já apreciaram um boé pobre.

Estou a ver.

Tipo, é que ainda por cima

eu podia ter aquela realidade,

aquele contexto de pais

que podem não aceitar muito

bem quem é.

Tipo, serem mais conservadores

e retrogresia e tudo mais.

Mas, de alguma forma,

poderes ter alguma vantagem financeira

com base nos seus pais

através dos seus pais mesmos.

Tipo, no meu caso nem isso.

Tipo, sempre fomos muito, muito pobres.

Enquanto, na primeira fase,

ao longo da pobreza, era tipo,

não saber o que se passava

e todo o problema e todo o processo

a jornada de auto-conhecer,

nessa era o impacto psicológico que tinha

era principalmente tentar-me

anestesiar da realidade.

Porque aí já estava a par da realidade,

já tinha uma precessão dela,

mas queria tipo,

queria anestesiar-me,

tipo, ter comportamentos evasivos

para não me confrontar tanto com ela,

porque sabia que não havia nada

que eu pudesse fazer para melhorar.

Então, já, era uma merda.

Agora que este episódio de Tabu

vai a meio, proponho uma reflexão.

Afinal, quem somos?

Para onde vamos?

Porque estamos aqui!

Há falta de tempo para refletir

sobre todas estas questões,

foquemos-nos na última.

De todos os podcastes nacionais,

não escolhemos Tabu, por acaso.

Escolhemos-lo porque é um formato criativo,

pioneiro na forma comum,

descontração e desconstrução.

Descontreidamente, Tabu

desconstrói temas sérios e contribui

para um mundo melhor,

através de uma experiência de prazer,

tal como o novo Peugeot 408.

Sim, estamos parando de um automóvel

pioneiro que nasce da criatividade

das equipas Peugeot,

para graças aos motores híbridos

plug-in, encarar com seriedade

a transição energética,

sem pôr em causa uma experiência

prazerosa e descontraída de condução.

Ou, em linguagem corrente,

um automóvel que junta o útil

ao agradável.

Não acredita!

Marca um teste Drive em tempo útil

e vai ver como é agradável.

Acho que foi estupadriso.

Existe uma frase interessante,

que há direitos adquiridos

e não são direitos garantidos.

Acho que foi o que disseste.

Que lutas chamemos-lhe assim,

é que sentem que as pessoas LGBT

conseguiram conquistar

e que tantas outras sentem que faltam.

O pai, eu lembro-me perfeitamente,

em 2010, não me engano,

quando o casamento entre pessoas

mesmo tem que ser aprovado.

Fiquei completamente emocionada

com aquilo.

Há pessoas que não se lembram disso,

que são mais novas e que não se lembram disso.

Mas há uma diferença grande.

Primeiro, entre aquilo que é

a lei e a prática

e nós temos uma legislação

bastante avançada,

tanto na adopção,

mas no reconhecimento direto,

mesmo em nível constitucional.

Na prática, sentes que não...

Todos estes podem desaparecer.

É um caso paradigmático.

A Hungria foi dos países

onde a homossexualidade

foi descriminalizada mais cedo.

Onde foram reconhecidas uniões civis

e em pessoas mesmos sexos.

E na primeira fase da pandemia,

com mudança da constituição,

as pessoas trans, as pessoas intersexos desapareceram,

deixaram-se reconhecidas, desapareceram.

Não existem, perante a constituição da Hungria.

E casamentos, uniões,

estáveis, sendo pessoas

dos mesmos sexos e adopções, acabaram.

E não precisam de tão longe.

Nós temos um partido,

um partido que tem um programa político,

eleitoral, que diz que quer acabar

com o casamento entre as pessoas da mesma gênero

e com o Serviço Nacional de Saúde

com participar

as mudanças e os procedimentos

de afirmação de gênero.

E que tem uma considerável representação parlamentar.

E eu acho que as pessoas tinham muita vergonha

de dizer as coisas, até poderiam pensar,

até poderiam pensar coisas homofóbicas,

transfóbicas, racistas,

mas tinham muita vergonha de dizer.

E agora tem essa legitimidade.

Alguém está a te gravar.

E isso reflete-se, por exemplo,

nas redes sociais.

E nós temos medo que esta polarização

vá acontecer

no dia a dia.

Nós fomos conquistando

os direitos perante a lei

que as pessoas

de fora da comunidade

não conseguiram

ou não quiseram, ou seja,

qual for a razão, não acompanharam.

E o que falta é mesmo combater

o desfazamento que há entre a lei

para prevenir caixa de regressão

e que haja perto de direitos.

Daí a questão dos direitos que conseguimos adquirir

não serem garantidos.

A questão é, se eu beijar a minha mulher

é amor.

Se eu beijar outra mulher, é provocação.

E é para quebrar por conceitos

que este programa serve.

Portanto, eu queria pedir a duas mulheres.

Queriam ouvir aqui uma marce da boca?

Ou filmar, que é um tio meu

que tem embarcado na Suíça.

Não, mas admiram-se

do preconceito. Eu estou a tentar ajudar.

Vocês não colaboram?

Tenho uma grande admiração pelas pessoas

que avançam com a mudança de sexo.

Porque, atenção, já para mudar de casa

o inagímetro de sexo

está a encaixar tudo por divisões, sabe?

Eu mesmo quisesse, eu não fazia

porque só a trabalhera dirá

loja de cidadão, eu perdi a loja à vontade.

Boa tarde, vai ter de preencher

esta papelada toda

para mudar tudo para Paula e eu.

E aí, dá está, dá está.

Fica Carlos, que ali foi só um dia estranho.

Fica Carlos, fica Carlos.

Uma coisa que eu também reparei

é que a comunidade da LGBT está sempre a fazer paradas.

Mas paradas estamos nós, filha,

que somos hétero.

Vocês são rega-bófenes, rega-béfe, não se pode.

A gente não temos nada disso.

Um chato zétero sexual, não acontece nada.

Mas eu tive a pensar,

eu acho que a grande questão

do conflito é acima de tudo um problema

de Martin, porque

um abrigo na rua, houve uma palavra

acabada em sexual

e fica logo cheio de nevos.

Aqui há uns tempos, não sei se viram,

que estão na internet,

em que alguém ia para a rua perguntar

o que é que você faria se descobrir

que o seu filho é heterossexual.

E as pessoas ficam logo,

''Ei, pai, lembra em carboja?''

''Então, porra!''

''Maluco ou o quê?''

Porque ouvem o sexual

e é logo mau.

Da próxima vez que vos perguntarem

para não terem de fazer outra cita do armário

mudem a palavra, por exemplo,

''Tão é Álvaro e tão tem demandada com o homem?''

''Fanfie?''

''Quê que é Fanfie?''

''Tão Fanfie?''

''E arrancam?''

''Sai, hein?''

''Deixa de ser um problema!''

''Cocé, bem?''

''Vocês vão?''

Mesmo que não estarem aqui representados

no programa, está na sigla

LGBTQIA mais o A

de assexual,

que eu até tenho pena de não ser,

porque a quantidade de problemas

que estavam resolvidos na minha vida

imagina o sonho que deve ser

ao ginásio

mesmo para fazer exercício.

Sabe?

Aparece um rabo e vocês pensam

''Olha, bom material de calção!''

Sabe? E é uma paz.

É que nós temos que imaginar o que está

para trás do calção.

O assexual, aquilo faz ricochete no calção

e volta para trás e vão para a passadeira.

Estas pessoas

nunca ou quase nunca fazem sexo.

Já viram o tempo que poupam.

Eu se pudesse recuperar todo o tempo

que passei a fazer...

O que é que eu fazia com os de seis minutos?

Sabe, hein?

E a comer uma taça daça aí

e a macro?

Aos olhos da religião, os meus convidados

são uma aberração. É como se

Deus tivesse a fazê-los

se tivesse enganado na receita.

Então, Deus,

o que é que estás a fazer?

Estou aqui a acabar o Carlos.

Passe-me uma pilinha

e o ajudante.

Ah, não lhe disseram.

Agora que o covite está tudo atrasado.

Só temos pipi.

E Deus...

Olha, mete pipi e chama a Carla.

Pode ser que ela não note.

Vamos comer uma sopa,

depois vamos ver se que ele deu merda.

Tu assiste-te como non-binário

a cerca de animeio, certo?

Mais ou menos?

Pai, um ano. Há coisas no meu local de trabalho

que eu já começo a afincar o pé,

como o meu nome.

O teu nome, da Ana,

é João? O meu nome é João.

Adoro o nome João.

Gosto mesmo, é o meu nome favorito.

Se tiver quatro filhos rapazes,

mais ou menos quatro.

Mas...

Tem um conjunto de peso agarrado ao nome,

ou seja, as pessoas até podem não saber

que eu sou uma pessoa non-binária,

mas tratam-me por João.

Pronto, já é algo.

Mas desde criança, o que é que tu sentias

antes que te deixava nesse sítio inserto?

As experiências mais teriotípicas

que eu nunca gostei de futebol

e que eu brincava mais com as meninas

de cosmoninos, mas isso é muito limitativo

porque isso não significa

com meninas que sejam uma pessoa non-binária

ou que não sejam rapazes, não.

Várias rapazes costam mais brincar com meninas

por vários motivos.

Eu, por exemplo, gosto de mais brincar com meninas

de que deixar aqui uma parte.

É uma caminhada também.

Por exemplo, quando nos separavam por grupos,

rapazes contra raparigas,

e na minha cabeça,

eu tinha de fazer um esforço ativo

para me lembrar para qual grupo é que eu tinha que ir.

Era uma coisa instantânea.

Eu só achava que era um rapaz diferente.

É o que eu achava.

Sou um rapaz diferente.

Eu tinha namorado e gostava de raparigas,

sempre gostei. Então, pronto.

Ok, se calhar isto é uma coisa diferente.

Não é nada disso que estás a pensar.

O combate era muito de

de ignorar.

Recordas certamente pelas piores razões

de casos de bolinho que tenhas sufrido na juventude?

E lembro-me de diversas vezes

na escola, quando tinha pai e os meus,

que 11, 12 anos

de ter uma paixoneta por uma rapariga

que era da minha turma

e de haver mil dos mais velhos

que também tinham uma paixoneta

por essa rapariga

e que fizeram

das piores coisas,

das violência mesmo verbal,

não é? Estais palavras agressivas

e violência física também

passei-se em umas situações.

Quando passamos para essas

situações depois,

como o canismo defesa, não queremos

passar mais por isso.

E acho que

durante muito tempo andei...

Tudo bem, avate o tempo.

Eu poder, hoje em dia,

experienciar

as partes femininas

que existem em mim

e o masculino que existem em mim

e fazê-lo livremente,

sem comentários, era uma coisa que eu gostava

de ter tido quando tinha a qualidade

porque eu acho que nenhuma criança deve

passar por isso, né?

E passei mal, passei...

E as coisas foram se lidando

e só muito mais tarde é que consegui

com este trauma que obviamente

ainda deixa marcas, né?

Qualquer agressão destas que não é resolvida

vai deixando marcas.

Voltaste a sentir

já em idade adulta?

Não, porque agora não me permito,

né? Ou seja,

já nem as outras pessoas têm

tanto poder sobre mim.

Nem eu estou no patamar

de me esconder outra vez. Tipo, eu só quero ser

eu, ser feliz.

Eu acho muito super divertido.

É aerodinâmico.

Não parece bom para pagar que tu tenhas

laçado a cantar a porrer.

Ainda mais divertido.

Ainda mais divertido.

Estudente.

Era lindo acabarmos por matar alguém,

de verdade. Temos que ter

todos uma pessoa e sacrificá-la.

Ok.

Ah!

E as mantendo uma família, desculpe.

Mas é resinido também para o programa.

Ah!

Cruzaram!

Sontem-se!

Isso! Boa!

Que lindo!

Os meus pais eram muito críticos

de pais homofóbicos.

A minha mãe era aquele tipo de mãe

a quem os meus amigos todos iam contar

os segredos e tal.

Mas quando o filho disse que tinha um namorado,

caiu o caro e me atrenda.

Foi complicado.

Há muita aquela coisa de

que nós fizemos de errado.

E o que é que os outros vão dizer?

E estás juntos a fazer passar vergonha?

E estás a ser egoísta?

Vou ser egoísta assim porque é a minha vida.

Porque quando dizem,

façam o que quiserem lá escondidos,

do quarto para dentro.

Uma relação precisa de criar lazos.

Precisa de coisas lamechas,

trocar um beijo no meio da rua,

haver um proto-sol, dar as mãos.

Que, no altura de crise, como todas as relações têm,

ajudam a criar.

São criticadas.

Ainda, infelizmente, não podem dizer

que têm uma orientação sexual diferente

no trabalho que podem ser despedidas

ou que sofrem de represálias.

Esse tipo de coisas de continuar a dizer

que uma orientação sexual é algo de intimidade

que não deve ser dita, é muito mal.

Eu não tenho de assumir nada.

A questão é não negar a quem quer

esse direito.

Tu disseste que até hoje, 19,

mais ou menos, sentias heterossexual?

Sim, nunca tinha sentido nada por...

de alguma coisa por alguém do mesmo sexo,

e quando é que tu percebeste que não era só uma...

A primeira vez que eu senti alguma coisa,

para além...

Eu nunca tive grandes problemas em dizer

olha, aquele gajo de agir,

só que naquela altura, para além de achar,

engraçado,

é pá, dava uma voltinha.

E achei que...

E só de 19?

Sim.

Antes nunca tinha sentido.

Ok.

E na altura eu falei com a mulher namorada,

e isso olha, quer experimentar.

E foi engraçado porque ela queria que eu experimentasse

sem nós terminarmos.

Eu achei que não, acho que.

Para mim não fazia sentido.

E portanto, terminamos.

Eu experimentei.

Tive ali, durante um ano e tal,

dois anos em que tive relações,

em que fui...

Pensei que só ia lá sério, né?

Para o seriótipo, em que saltei, né?

Foi um bocadinho de gregolinhas.

E depois conheci uma pessoa com quem vivi 10 anos.

Espera.

Tem aqui só uma nota que diz professora de química.

Agora tu é que sabes quando é que...

Eu tinha 16 anos e andei com...

Com a minha professora de química.

Que sonho, estás a ver?

Estás a ver?

Que é...

Que é a coisa mais...

Que tinha 27.

Loura de olhos azuis.

Sim, sim.

Para fazer assim uma coisa...

E o que é que acontecia?

Eu tinha 16 anos, parecia mais velho,

ela tinha 27, parecia mais 9,

e portanto, aquilo estava muito bem.

E os meus pais achavam o máximo.

O filhera basicamente...

A minha mãe não dizia isso nem o meu pai,

mas os outros viam achar, né?

Que o filho andava para para a professora e, portanto, era...

Quando depois eu comecei a ter namorados,

e ainda estava em casa dos meus pais,

meus pais queriam impor morários.

Porque eu não podia sair à noite, não podia ir à falha.

Quer dizer, então há...

Há 4 anos, há 5 anos,

que o professor eu tinha...

Claro.

Não pode ser.

Um salto para o Eldar.

O Eldar é pansexual,

mas as pessoas que estão de dizer e para demistificar

que isso não quer dizer que faça sexo com árvores e com animais,

ok?

Está esclarecido, mas o que é certo

é que nos dizem que lá estivemos.

Apareceu lá uma raposa que estava andado de galha.

Sabe, é bem assim, com o ar bem perdido.

Só há as voltas.

Que o direcção é assim, desalinhado.

Ninguém comentou nada.

Nós nisso fomos impecáveis,

não dissemos nada.

Pensámos.

Não dissemos.

Confesso que ao início ser pansexual era como ser um unicórnio.

Isso era porque às vezes dava por ele

e não sabia o que é que tinha na testa.

Em conversa com o Eldar,

ele explicou que pansexual resumidamente era

se meter a mão nas calças de alguém,

nunca fiquem satisfeitos.

Portanto, está explicado.

No fundo é uma espécie de kinder surpresa.

Só que como você sabe, sai uma salsicha,

um papo seco virado para baixo

ou um fular de valpasso.

Sabe, o que é aquele mais?

Eldar contou que chegou a namorar com a professora de química,

quando ele tinha 16 e ela tinha 27

e que os pais achavam o máximo,

até que começou a sentir atração pelo então namorado da irmã.

E aí, talvez os pais que soubessem nós já sem o máximo.

Estou imaginário a loja-antar.

Tão paizão.

Namorado da mãe da mandacão cua.

E o pai? E ele?

Nada, nada, nada.

A professora de química, mas e mais não sei o que.

A partir do momento tem que passar a ser professor universitário.

Passou a ser um professor que até gosta de homens,

mas quando era mais novo, dizê-lo, era só o panelero da pontinha.

Tenção, Eldar.

Tás a ver o copo meio vazio.

Não eras só o panelero da pontinha.

Tu eras o panelero da pontinha.

Até tico mais.

Se não ganhais dinheiro que contis certos com essa frase,

é porque não tens olho para negócios.

Aqui, eu é que sou...

Coa...

Virei o que aconteceu.

Se alguém me perguntar, não fui eu.

Tenho que ver buracos.

Eu senti qualquer coisa, tipo...

Não foi, não foi.

Eu pensei que tínhamos morto alguma coisa.

É possível, mas vamos querer...

E bom, foi o possível.

Com brilho, com expirs.

Estou brincando, estou brincando.

Estou uma máxima de agudo.

Estou máxima.

Estou bem.

Estou um bocado assim.

Sim, sim.

Completamente assim.

Guadalupe, o teu processo de transição continua.

Isso aconteceu e que o ritmo se tiver enganado.

Há três componentes, que é a social, a médica e a legal.

Oh, meu Deus.

Para mim, eu sinto que o processo de transição

é de tu tentares atingir harmonia contigo própria,

com a imagem que tens, com o teu corpo, com a tua identidade

e também com os outros, com a sociedade

e com o seu corpo, com o seu corpo.

E também com os outros, com a sociedade.

E também com os outros, com a sociedade

e como te vêm e te tratam.

Sim.

Transição social da identidade antiga

que te tinha sido imposta,

transicionar socialmente à medida que vais,

revelando a amigos mais próximos,

à tua família e à sociedade no geral,

a tua identidade, a tua verdadeira identidade

e não ao que se foi imposta.

É legal alterar todos os documentos

que ainda têm tua identidade antiga.

E depois de transição médica,

pode ir de hormonoterapia,

bloqueadores de hormonas,

distrogênio, coisas de género,

ou processamentos cirurgicos também,

que podem ir de cirurgia de feminilização facial

para adquirir estraços considerados femininos,

mais femininos, associados a feminilidade

ou até a cirurgia de redignação sexual.

Quanto é que pode custar o processo de redignação sexual?

De 15 mil a 25 mil euros

e eu sei que no caso de homens trans

podem fazer a ser necessário

até 11 apreciamentos cirurgicos

para fazer uma fala ou plastia,

é um nome.

Fala ou plastia o que é certo?

Fazer um pênis, cirurgicamente.

E no caso de mulheres trans

nas vaginas de plastias,

dois apreciamentos cirurgicos.

É bem importante dizer que cada caso é um caso,

cada pessoa trans sabe e sente

o que é que precisa de fazer para atingir a tal harmonia.

Então as pessoas têm que fazer todos os passinhos.

Quando é que para ti, no teu caso,

das por terminar da transição?

Há-se uma meta?

É sim. Atualmente eu considero

com a cirurgia de redignação sexual.

Acho que sinto muito bem

com todo o resto do meu corpo.

Por exemplo, pessoas querem fazer mamaplastias,

colocar implantes mamários,

fazer cirurgias de feminilização facial,

mudar alguns dos seus traços faciales.

Estou ok.

Portanto, atualmente considero

o passo que falta.

Salva-te Pamas para Guadalupe.

Guadalupe lançou um crowdfunding

para financiar a cirurgia de redignação sexual.

É assim que se chama.

Em três dias conseguiu mais de 15 mil euros.

A reunia disso tudo

é que vai fazer a cirurgia numa instituição católica

que se chama o Hospital de Jesus.

Por outro lado, Jesus foi a primeira

a usar cabelo com prédio e mateada.

Portanto, ela percebe.

O Guadalupe juntou 15 mil euros

em três dias e é mais do que precisava.

Portanto, no fim da operação vai sobrar dinheiro,

mas também vão sobrar peças.

Jovem da terra um pouco.

Imagine como uma pessoa,

uma mulher trans

e onde é que vai nascer?

Nessa musca.

Querem que eu acredito que Deus existe?

Querem?

Foi assim uma coisa mais inclusiva, e Deus era giro, não era?

Ô, na Chamusca, que eu fiquei sem Netflix e preciso de uma entreteira,

ver como é que aquilo é?

É a Pás Chamusca.

A grande surpresa foi a reação dos seus avós maternos,

que apesar de serem pessoas de um meio conservador e com pouca escolaridade,

foram os que melhor reagiram.

A tão filho quanto a nossa avó.

Ah, é esfilha agora? Pronto, então está tudo bem.

O que tem a dizer é te alimentar para ver senhores essas mamas, ah?

Pronto.

Guadalupe, a certa altura, disse que uma pessoa LGBT pobre da aldeia vai sofrer mais.

E eu concordo.

Porque não há uma estrada e vários.

Não há uma cleres, não há uma mango.

Tendo montar num burro e fazer 100 quilômetros para comprar um toposha.

Claro que sofre mais, amiga.

Bem-vindos à segunda parte do nosso Cozinha com Alma.

Estamos com o Guadalupe.

Guadalupe.

Tem batata palha.

E então...

O que é que eu posso fazer para ajudar?

Podes despejá-la.

Mas não toda.

Despeja que pode descer.

Se você mandar assim um bocadinho só.

Ok.

Ok?

Ok.

Está tudo a ver.

Porque o Cozinha é sujidado também, não é?

Exatamente, sim.

É caos.

Eu não me incomoda a me ser.

Exatamente.

Sim.

Vejo aqui os programas de colinho.

Boa batata, de repente, não foi?

Não.

Foi, não.

Eu só pisei a coisa.

Podemos verter os ovos.

Bora.

E agora, tem que mexer constantemente.

Pois é que tem muita batata palha.

Não, está errado.

Porque a batata vai, tipo, a molcer boé.

E depois, tipo, temos outra batata palha.

Mas para quê?

Para pôr mais?

Para, tipo, esmoder-se por cima e acabar assim meio crocando.

Para ficar crunchy.

Exato.

Claro.

Vira, amigas.

Como é fácil fazer uma refeição vegetariana.

Para fazer da brasa é, tipo, a refeição mais simples do mundo.

Leva alho francês, leva brás, leva batata palha.

E pimenta.

E pimenta.

Que bé.

Não.

Todo frasco de pimenta.

Todo frasco de pimenta.

Leva 50 ml de água.

Está uma homenagem.

Quem sabe, sabe.

Quem não sabe, perde-se na street.

Talvez não me esperasse voltar a ouvir,

mas eu sou como o novo Pajó 418.

Inesperado, sob todos os ângulos.

E embora não pareça, este programa já está a chegar ao fim.

A sensação de que o tempo voa, quando estamos entretidos,

explica-se pela produção de dopamina no cérebro,

que faz subestimar a sua passagem.

Atenção.

Não sou eu que o digo.

Quer dizer, sou, mas, com base num estudo da Fundação Shambhalimô,

isto para dizer o quê?

Que as viagens a bordo do Pajó 418

também parecem sempre mais curtas do que são.

Porque este é um automóvel que sabe entreter.

O conforto do habitáculo faz lembrar de uma sala de cinema.

A iluminação LED proporciona um ambiente sofisticado.

O som do sistema premium focal de 10 alto e falantes é cristalino.

E os sistemas de conectividade e infotainment

garantem que a tecnologia chega a todos.

Por isso, marca um test drive num concessionário Pajó

e vai ver o que passa de pressa.

Como passou este podcast.

Eu estava muito ligado à paróquia.

E quando eu sumi, fui ocorrida à paróquia, não é?

E as pessoas falaram imenso, falaram imenso.

E eu passava e havia bocas e coisas horríveis.

Depois, quando eu comecei a aparecer na televisão,

foi muito pouco tempo depois,

por causa do trabalho de investigação,

deixei ser o panoeléio para ser a senhor sua doutora.

E, portanto, já não interessava com quem é que ia para a cama.

Era uma idiota ingresia, uma gentricidade, uma coisa.

Claro.

Com validade, porque foi só para a televisão.

Não é?

Mas passei na faculdade de medicina, por exemplo, sim.

Tive uma chefe a dizer-me...

Não sei, tenho muita sorte.

Porque mais ninguém acertaria uma bicha a trabalhar

aqui na Ficulada.

Pronto.

No meu dia a dia, no meu trabalho, eu vi-te uma máscara.

Eu meto a minha bata, apanho o cabelo,

fica assim bem rapazinho.

Mas antes que eu tenho que fazer isso,

para encaixar ali num padrão?

Claro.

Porque eu tenho a certeza que a partir do momento

de pintar-se as unhas,

a unha já é um caso diferente num hospital,

porque, pronto, idealmente, ninguém devia pintar as unhas.

Mas até isso, não é?

Procustões de saúde, não é?

Mas, por exemplo, há imensas médicas que usam as unhas pintadas,

porque, pronto, não vão ter contacto com os coisdoentes

e é OK.

Se eu levasse as unhas pintadas, ia ser questionado.

Até podiam alegar-te que era por questões de saúde.

Teriam razão.

Mas não alegam-te com outras pessoas.

Passem-me um alegar-me.

Nós vamos trabalhar a cumprir a nossa função.

Dar-me melhor pelos dentes.

Estar a discutir com um doente.

Porque é que a nossa identidade é assim?

Porque é que nós vestimos o que queremos?

Então, no meu caso, o que eu faço é uso um escudo,

uma proteção.

Mas isto até, às vezes, é um bocadinho violento,

porque obriga-nos a entrar dentro do armário outra vez.

Salve, Pamas, para Jô.

Jô é uma pessoa não binária

e, desde muito cedo, percebeu que não se identificava

nem com o padrão masculino, nem com o padrão feminino.

Portanto, Jô é tipo delícias do mar.

Não se percebem o que é, mas há quem coma.

O que é que eu estou aqui a fazer?

O tempo que eu estive lá na casa,

para não me enganar com os pronomes,

eu parecia que estava a atuar no alto da barra

de ferro-me.

Ah, bem, de repente era...

Jô quer comer?

O que é que Jô quer comer?

Onde vai Jô?

Está ali Jô.

O que é... Atenção.

Você segue, vai.

O que os não binários defendem

é que é preciso por um E

no final dos adjetivos

para assim ser mais inclusivo.

O que é que está cheio, atrasado

ou esfomeado?

No fundo é algo gravio.

Está atrasado?

Estás baralhado, Mousse?

Ééééééééééé!

É, é, é, é, é.

Estás atrasado? Estás baralhado, Mousse?

Ééééééééééééééé!

Contome que quando em dia a festival deram,

por exemplo, e havia divisão de tarefas.

É a vez das raparigas

ou são dos rapazes de lavar em aloça.

Jô tinha de pensar para clarequia,

pois tinha ratolas...

sont as minhas a lavar aloça e Jô

e há as gajas que lavem.

Pô, to não.

que as gajas têm que lavar. No dia seguinte, são os homens a lavar a locio.

Ah, filhas, ainda bem.

Que o ano tão cansada, daqui com a lombar apanhada.

Portanto, João não sabe bem que gente sem quadra,

mas eu sei, é no género esperto que má merda.

João acaba por explorar o lado mais feminino

da sua identidade do género em épocas festivas como o Carnaval.

É como aqueles machões que passam um ano todo a fazer voz grossa.

Mas chega um Carnaval de Torre e investe em uma líquida.

Então, Carlos, mas eu não tenho vindo da mamãe da boca de um pescador

e ele é, calma, era Carnaval, acho que o sarravijo.

Carnaval dá tudo.

Há dúvidas?

Já vi isto ao ponto que nós chegamos e dizemos que o privilégio é passar.

Passar despercebido. Isso é que é o privilégio.

Não é privilégio, não é um direito, nós viemos todos viver...

Infelizmente é um privilégio.

É só tão mal, exatamente.

O panorama real é só tão mal que comparativamente

eu considero uma privilégia.

Mas na verdade...

As pessoas não têm ideia e talvez ainda bem por um lado,

do número de suicídios.

Há uma coisa tássida, um acordo tássido com a comunicação social

porque sabe que há um fenomenotização

quando se metisse em um suicídio para ir fora e potência no dia seguinte.

E não há.

Mas isso depois tem um efeito preverso, que é isso,

que eles vão terem noção.

Quem está ligado às associações,

a prevalência de doença mental de edição suicida para ir fora,

na população da LGBT que é mais,

é mais elevada do que na população em geral.

E na população trans dispara.

Tu és presidente da Ops de Diversidade.

Que tipo de apoio é que vocês dão às pessoas que chegam até vocês?

Este ano, a Ops faz 25 anos.

Nós, para além, temos uma casa de acolhimento.

As pessoas que nós acolhemos, nós asseguramos,

não só o alojamento, não é?

Desde apoio psicósocial, psicotrapêutica, apoio à empregabilidade.

Depois, fora da casa, imensas coisas.

Depois, o ridículo fazemos muita formação,

muitas empresas privadas.

A pedir formação porque querem criar um ambiente inclusive

e acham que passa primeiro

para desmistificar uma série de coisas.

Mas sentes que essas que vos chamam para essas ações

têm no quadro pessoas LGBT?

Tem muitos funcionários que, infelizmente,

ainda não sendem à vontade para se assumir

e poderem viver livremente.

E as pessoas sabiam que aquele flano era gay,

aquela mulher era lésbica, aquela outra, etc.

Sempre que apontaste-se só para membros da equipe.

Sim.

Percebesse?

Isso foi um áudio disfarçado, mas...

E ainda bem estás cá porque já estamos para falar disso.

Sim, mas não sentiu essa segurança para...

A primeira coisa que eu disse, olha,

eu venho cá a falar do direito à diferença.

Eu venho cá a falar do direito à indiferença.

Porque eu quero, um dia, andar de mão dada

com o meu namorado, com a minha namorada,

e toda a gente estar se marimbando para isso

e não olhar a ser indiferente.

Só que, até chegar a isso,

é preciso reduzir a diversidade enorme que há.

É assim, vamos já tirar isto do caminho.

Guadalupe, não é?

Eu disse guada uma vez e disse isto.

Não é guada.

Não, você disse guada.

Que ainda foi pior.

Guada.

Guada.

Guada.

Tentei.

Lupe, disse isto.

Não, eu disse que era OK.

Mas reticente.

Guadalupe.

Eu sei que mais.

Guadalupe.

Guadalupe.

OK.

Mas parece Badal.

Jo, não dá para fazer muito.

Jo é sílaba.

Jo já sabia que não era para dar espaço para nada.

Jo...

Então...

Vamos tendo valorismo a esforça!

Valorismo a esforça.

Tis sério, estranho que não rima com a nada.

Sabes, fica fraco.

Mas Patelí.

Uma pior.

Patrik.

Uma pior.

Descutei.

Não.

Claro, que eu acho que é uma Hitler.

Descutei.

Hell.

É.

Gosto desse. Parece um gato, tipo, a mandar uma bola de pele.

Foi um prazer estar com...

Tixota?

Ai, tixota!

O que é que chamaram de tixota?

Tixota linda.

Tixota linda.

Ai, tixota está tão grande.

Tixota cresceu muito.

No entes pai, ai, tixota.

Onde é que andais? Estás toda suja, tixota.

Muitas vezes podia estar com uma namorada

e se houvesse um rapaz na noite que podia

criar logo na cabeça dela aquela fantasia,

que eu acho que não faz sentido.

Não é uma fantasia que faz sentido.

Seria interessante, mas pronto.

Mas há quem acha?

Tu achas que há esse fetichismo?

Eu noto que se tiver com uma rapariga

que o rapaz queira estar a isso, a essa situação,

ele vai introduzir-se, tentar introduzir-se,

e é um claro situação, ok?

Vamos chamar assim.

É muito frequente a ver um homem que vê aquelas duas

e pensa, é pá, vou ser eu, vou ser o surto.

E elas vão ser as convertidas,

vão ser, como testa a questão da conversão.

Há gente muito acreativa

e estamos a falar de reconhecer o esforço da criatividade.

Por pena, não é?

O homem vive bem com isso.

Com a pena da mulher.

É história da vida de todos os homens, é isso.

Sabe a que falamos para a Patrícia?

A Patrícia viveu a vida toda no olentejo

e foi lá que descobriu que era bissexual.

Poderia que o calor que faz,

uma pessoa que começa a alucinar,

mas não sabe o que é que leva à boca, não é?

Claro que é, é pipi, é pilinha.

Está muito arrafado.

Olha, meta na conta que depois em casa vejo.

O que não quiser é o congelo, pois.

Patrícia, hoje em dia está casada com um homem

e disse o seguinte,

muitos acreditam que estou curada

como se por gostar de homens e de mulheres

e significasse que estava doente.

Nada disso, Patrícia.

Que o doutor Bruno tem estado atento

e o seguinte que estás doente é quando estás com um homem.

Parece que ficas assim meio xoxinho.

Você pode aceitar.

Voltar-se a estar com mulheres.

E um vídeo de 12 em 12 horas,

que é para aqui para o doutor Bruno

poder acompanhar a recuperação,

em casa SOS.

O doutor Bruno faz domicílio.

Para acompanhar o tratamento.

Foi abordada por um tipo que lhe disse,

este tão bonito e estás aí com uma mulher,

a namorada dela respondeu-lhe

e ele seguiu as,

ele lhes aporta de casa e tentou entrar.

Só não aconteceu nada de mais grave,

porque a Patrícia,

esperta, está habituada a estas situações,

não fez a coisa por menos,

isto é verdade,

ameaçou o senhor

com uma garrafa do cal.

Prestem atenção,

um tipo segue um casal,

não é?

Arromba-lhes a porta para agredir

e só para porque é ameaçado

com 33 centílitros

de leite de chocolate.

Patrícia é médica e disto no hospital

também já sofreu discriminação por parte

de uma senhora com cancro na mama

e quando a Patrícia lhe fez palpação,

a mulher gritou, saia daqui sua fufa

e nós entretanto conseguimos falar

com a senhora e ela explicou-me

que o problema dela não foi esta mão.

Foi esta, que ela achou-se tu?

Matam-me. Obrigado.

Mas agora vamos para as novas amigas.

Patrícia,

João,

Helden,

Guadalupe,

muito obrigado por terem vindo.

Até à próxima, obrigado.

Como é que vocês se imaginam

no futuro, ou como é que gostavam

que esse futuro fosse?

Daqui a 10 anos que estava de ser

presidente da República.

Bolas? Deus nos enlivre.

Mandona?

A mim.

Estava daqui a 10 anos

tendo-me a sucessão de ter feito um implante

de cabelo para não ficar...

O que é que é que é como se fosse agora?

É uma resposta como outra e qualquer.

Assim, eu ia parecer super egoísta

ao lado dele. Eu quero paz no mundo.

Eu não quero que se perdida.

Eu quero cabelo. Acha-se melhor?

Sim.

Não quero ficar tixota.

Não vais ficar tixota.

Depende de ti ficar tixota ou não.

Seus tuas escolhas.

Depende das tuas escolhas.

Neste momento, estás bastante tixota.

Mas podes deixar de ser.

Ter um filho ou uma filha

está nos vossos planos? Sim.

Gostava.

Ou adotar? 11 crianças.

Nunca vou ter esse tipo 5.

Nunca vou ter ninguém para isso, mas adorava.

E já tenho nomes.

Quais são os nomes?

Eu vou ser gozado.

Não quero que os meus filhos sejam gozados

antes de terem esse tipo de nomes.

Ter uma família

e ser feliz.

Acho que é o que todos queremos.

Ser feliz.

Obrigado.

Seus tuas escolhas.

Depende das tuas escolhas.

Seus tuas escolhas.

Seus tuas escolhas.

Seus tuas escolhas.

Seus tuas escolhas.

Seus tuas escolhas.

Seus tuas escolhas.

Seus tuas escolhas.

Seus tuas escolhas.

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Neste último Tabu, Bruno Nogueira passa uma semana com quatro pessoas LGBT e, juntos, tentam perceber se é possível rir das diversidades. No confronto entre os preconceitos de género da sociedade e a liberdade individual de cada um, o caminho destas pessoas é feito de dor e angústia. "Quando sais do armário já não queres voltar a entrar, porque é um sítio de muita opressão e de muita dor". "A minha identidade não estava concordante com o que a sociedade me tentava impor. Quando me tratavam por rapaz, isso incomodava-me", esclarece Guadalupe, uma mulher trans que na adolescência sofreu de depressão e chegou a tentar suicidar-se. "A hostilidade que eu enfrentava com um mundo tão intolerante" foi a razão de grandes angústias, assume. Ao longo de uma hora de programa, foram muitos os momentos em que Bruno Nogueira e os seus convidados deram vários exemplos de insultos e situações de discriminação relativamente à população LGBT, o que leva a enormes problemas internos: "A prevalência de doença mental na população LGBTQIA+ é mais elevada do que na população em geral e nos trans dispara", afirma Hélder Bértolo, presidente da Opus Diversidades.

 

 

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