TSF - Minoria Absoluta - Podcast: Reunião à esquerda para analisar apoios do Governo, com Maria Escaja e Guadalupe Amaro

TSF Radio Notícias TSF Radio Notícias 3/25/23 - Episode Page - 38m - PDF Transcript

Como o prometido é devido, o governo apresentou medidas para apoiar as famílias no aumento

dos preços do cabas alimentar, um cheque de 30 euros por mês com retroactivos a janeiro

às famílias mais vulneráveis, aumentos de 1% na função pública e também um aumento

de subsídio de refeição para os funcionários da função pública e também a promessa de

viva zero nos produtos alimentares e, isto caso, o governo chega a acordo com o setor.

Vamos esmiulsar estes apoios nesta reunião do nosso executivo, em minoria absoluta,

e ninguém melhor do que a Maria Escaja e a Guadalupe Amaro.

Guadalupe, começo por ti há umas semanas, aqui neste estúdio, disseste que o governo

criava apenas a ilusão de que estava a fazer alguma coisa.

Com estes apoios, ficaste convencida?

Não, de todo, e, aliás, dessa vez nem sinto que se esforçaram assim tanto para criar

a ilusão, honestamente, mas sim, sinto exatamente o mesmo sobre este pacote medidas, como senti

no passado sobre a habitação e, como, aí continuarei a sentir nos próximos, que provavelmente

sendo a insatisfação das pessoas constantes, também voltaremos a ver estas tentativas

da paz iguala, que é exatamente isso, é que nesses grandes pacotes que são anunciados

em grandes conferências de empresa, imprensa com, tipo, António Costa e Fernandina a chegar

em cavalos brancos e armaduras douradas para salvar Portugal, o que eu sinto é que estes

pacotes de medidas são sempre medidas protetivas, não da qualidade de vida das pessoas, não

dos direitos do povo, mas da imagem do governo, que está a sofrer um desgaste político,

legítimo e, não tanto como eu acho que merceria, honestamente.

E lá vamos à constação social.

Pronto, não, mas as pessoas claramente têm se feito ouvir, estão cada vez mais pobres,

cada vez mais insatisfeitas, cada vez mais se fazem ouvir e ocupam as ruas, volta a

fazer o apelo também que fiz. Há umas semanas atrás, para a manifestação de uma casa

para viver, a um de abril.

E a fazer o mesmo apelo, precisamente.

Pronto, que sejamos lá todos e todas a fazer-nos ouvir e lá está, é assim, é uma estratégia,

que o que eu tiro daqui não é nada de concreto, mas sim propaganda. E mais uma vez volto

a dizer que, desta vez, no pacote de medidas sobre a habitação, até senti um esforço

maior para tentar fazer parecer como se alguma coisa estivesse a ser feita. Nesta

niça, honestamente, do que eu tive as mil SAR hoje, quando foi anunciado, não tirei

nada.

Já contrataram o Luís de Matos e agora já contrataram aquele filho do amigo que faz

uns truques de cartas. Já nem tentou fazer ilusão bem feita.

Há aumentos para a função pública, como eu estava a dizer, tu és funcionária pública,

portanto, o aumento de rendimentos de 1%, aumento do subsídio de refeição, onde é

que vai te pagar o jantar?

Aumento subsídio de refeição de uns 40 céntimos, há papas aqui em maio, podemos

partir lojos pedidos aqui. É de 15%, creio eu que passa para...

Lá está de 5 euros e 100 céntimos para 6 euros.

Exatamente, é uma subida de 15%.

Ah, sim. Ok, 80 céntimos, já dá para uns 2 para 100.

Mas é um valor diário, portanto, no final do mês ainda vai ter algum...

Sim, ainda juntamos uma parte de uma padaria.

Maria Escaja, o Bloco de Esquerda já tinha proposto, há algum tempo, o IVA-0 dos produtos

alimentares, é uma proposta que o governo apresenta agora, mas como eu disse há pouco,

está pendente do acordo com o setor.

Chega tarde demais?

Chega tarde demais, não será necessariamente a expressão que eu usarei para este assunto.

O que acontece é, e aqui concordo bastante com o que a Guadalupe estava a dizer, sobre

estas medidas serem fogo de vista, o governo acabou o ano passado com uma folga superiora

de 3.500 milhões de euros, sendo que a meta era 1.9% do PIB e acabou com 0.4% de déficit,

portanto.

Mas Fernanda Medina disse na conferência de imprensa que o governo vai redistribuir

todo esse lucro.

Mas é o governo redistribuir este grupo?

É um pacote de mais habitação, os apoios de presta...

O governo insiste em redistribuir este dinheiro de forma um bocadinho arbitrário, ou seja,

agora temos este excedente de 125 horas a toda a gente, olha, agora damos...

E assistencial a isto?

Completamente, e é tudo medidas, em vez de aumentar os salários, desconslar carreiras,

de continuar as progressões nas carreiras, inclusive é de cumprir a lei das pensões,

coisa que o governo não fez, o governo não aumentou as pensões de acordo com o previsto

na lei.

A António Costa tem atirado sempre essa questão para 2024.

A António Costa atira sempre as coisas todas para longe do que tem a que lidar neste momento,

não é?

A António Costa esfuta muitas bolas para longe, muito longe, tá?

Seu do campo mesmo, seu do estádio.

E no fundo, o governo insiste em fazer medidas ou em propor e anunciar medidas que são muito

bonitas neste momento, mas que são medidas a conta gotas e que não alteram efetivamente

a vida das pessoas e que não são soluções de futuro e co-horizontes.

Neste momento, com a taxa de inflação, como está, e com a taxa de 2022 e 2023, em inflação

acumulada, as pessoas estão a perder um salário por ano e o salário é muito dinheiro, especialmente

quando o grande aumento que se sente são nos bens essenciais.

É uma boa arbordura por parte do governo negociar aumentos, como nós falávamos, na

função pública.

Sim, mas o que eu acho mais importante é que o governo...

A Fezá, por exemplo, elogiou bastante essa medida do governo.

E há medidas do governo, que eu também elogio, aliás, a maior parte, não foram propostas

pelo próprio governo, foram propostas por outros partidos mais à esquerda, aliás,

se começaste por citar exatamente por dizer que esta medida tinha sido proposta pelo

bloco, lá está.

Mas por que chegar agora?

O governo...

Chega agora porque as pessoas estão descontentes e porque o governo... porque o pacote mais

habitação chegou agora, chegou agora porque as pessoas te arrepentem, porque te arrepentem

o problema da habitação, começou a tocar a classe média, a classe média alta e as

pessoas começaram...

Um maior número de pessoas começaram a revoltar-se e começaram a revoltar-se, pessoas

com mais... com mais expressão na medida em que não se revoltavam antes e agora do

todo da falário.

O governo teve que criar alguma coisa, aquilo não é um pacote medidas e aquilo é um power

point, que não são leis, que não são diretos de lei, que não são coisas concretas, que

não é um power point de intenções, eu também podia fazer aqui um... olha, então vou propor

estas coisas aqui para o país, só que a mim ninguém me liga, não é?

Mas provavelmente a eficácia de um pacote seria tanta como será do governo.

Enquanto a distribuição continuar a ser, o capital aumenta e os salários continuam

a ser sufocados, não vamos sair daqui, a energia aumentou, está-se... o lucro das

distribuidoras e dos retalhistas aumentou brutalmente, todos nós sentimos, não é preciso

que quer vermos um estudo e aos do BCE, dos Estados Unidos e na União Europeia, não

é preciso que a vemos todos nós sentimos, nós vemos ao supermercado e sentimos uma

diferença muito grande do que pagávamos, eu não digo que sequer há um ano antes da

guerra, digo há três ou quatro meses e enquanto o governo não quiser efetivamente aumentar

o salário e melhorar a qualidade de vida das pessoas, vamos continuar sempre com estas

conversas e volto a reitere o apelo que o Guadalupe fez, que dia 1 de abril vamos todos arruinar.

Então vamos já aí, na tua perspectiva, apesar destas medidas do pacote mais habitação

que deve ser aprovado na totalidade na próxima semana, a condestação social não vai diminuir,

embora o governo pareça estar a trabalhar para isso.

Com as medidas que o governo apresenta, eu não vejo como é que possa diminuir.

Guadalupe.

Eu espero que não diminua, mas eu tenho vindo a perceber muito ingênua também, nomeadamente

nas minhas expectativas para a condestação social, de momento, sinto-me até...

Então tu queres pessoas a queimar carros?

Sinto que seria só corresponderia de alguma forma ao nível de...

A violência que estão a sufrer, está a acontecer em França, nesta altura.

Sim, eu acho que é mais um fator que pode ter motivado e que tem vindo a motivar o

governo para sentir que precisa de fazer alguma coisa, que mais uma vez volta a dizer, como

eu disse em uma turbididade já neste, que é o que fazem é a ilusão de que algo está

a ser feito, também o que vocês já referiram da descida do déficit de 1.6 para 0.4.

1.9 para 0.4.

Para 0.4, assim como uma folga, mais do que tinham estimado, para aí 3.500 milhões,

eu creio, é mais um fator que faz o governo fazer cada vez a pior figura quando as pessoas

estão a passar tão mal.

Mas deixe-me questionar-te, desde o início da governação de António Costa, que se

apontou sempre muito para as contas certas, inclusive durante a geringonça.

Fernando Medina acabou por dizer que estes apoios aparecem porque o governo tem uma política

de contas certas e, como estavam a dizer, o déficit ficou abaixo do previsto.

Isto não mostra que quem tinha razão, afinal, era o governo.

Eu acho que na verdade o que Fernandina percebeu e talvez tenha ficado é até com medo de ter

contas certas de mães, sabes?

As suas contas, as contas do Estado, tarem demasiado certas e as do povo não para ser

as neiras.

Não, não, pronto.

Mas conseguem perceber onde queria chegar.

E pronto, sobre algumas medidas concretas que já falaram, nomeadamente a descida do

IVA, do cabas de produtos bem alimentares essenciais, de 6% para 0%, ela está mais

uma vez.

Reduzimos impostos quando fazemos esse tipo de reduções, como já vimos na redução

do ISP, já vimos na redução do IVA na restauração, tem-se visto agora na redução do IVA também

neste tipo de produtos, em Espanha na verdade, o dinheiro vai para as empresas e não é sentido

no bolso das pessoas, porque os preços dos breves alimentares têm continuado a aumentar

mesmo quando a inflação desce, claramente...

Se viu-se em Espanha?

Se viu-se em Espanha?

Exato.

Mas o exemplo de Espanha foi dado várias vezes durante a conferência de imprensa do

Governo, porque em Espanha a descida do IVA foi rapidamente comida pelo aumento dos preços

que continuou a cavalgar.

O Governo, com esta negociação com o setor, quer pelo menos limitar que isso aconteça.

Dei-me perguntar, não é uma boa medida?

Para mim, mais uma vez, custa muito a crer que isto se faça sentir no bolso dos portugueses

e que se faça sentir nos preços das comidas, honestamente, dos alimentos, até porque mais

uma vez não tem acompanhado a descida, às vezes, pontual da inflação, tem aumentado

de 12% a 60% no caso do arroz, por exemplo, e do carapá, o peixe pobre.

E mesmo que os custos se produçam a cair continuamente, agora, ao mesmo valor que

estavam há um ano ou dois anos atrás, mais uma vez isso não se traduz no preço dos alimentos

e esta medida também, eu creio que não se vai traduzir, eu gostava muito de acreditar

que sim, creio que não, porque mais uma vez estamos à espera da boa vontade das empresas.

Para mim, vai ser uma medida que vai acabar por ser tal como os 450 mil euros de apoio

ao salário mínimo que foram dados à SONAI e que se reverteram ao aumento de 400 mil

euros no salário da CIEL.

Maria Escaja, ainda nesta questão do IVA, tem esperança nas reuniões e na negociação

que o governo está a fazer com o setor?

Eu tenho sempre esperança em negociações e diplomacia, o que eu não tenho, tendo a

não ter muita esperança e talvez seja um bocado cínico em relação a isso, é a boa

vontade dos grandes retalhistas, tenho muito pouca e acho que vendo tudo o que tem acontecido

nos últimos tempos, há razões para tal, eu queria só dizer uma coisa, aliás duas,

uma é, eu não acho que, não estou contra, perguntaste-se se não achávamos que era

uma boa medida, eu acho que é uma boa medida, não, não, não...

A bola de esquerda como eu já tinha dito, por exemplo?

Certamente, não estou a criticar a própria medida, o que eu critico é que seja, o que

eu critico é que o governo não se comprometa com medidas efetivamente fortes e que façam

grandes diferenças, estamos a limitar o preço, neste caso, a cortar o IVA de um cabase

essencial e eu acho muito bem, agora, por que que nos limitamos a isso, por que que

não se acompanha, por que que não se acompanha com o salário, o aumento da inflação?

E eu digo-te mais uma coisa, a outra coisa que eu queria acrescentar que é, contas certas

é nós termos dinheiro para chegar ao fim do mês e não andarmos a contar céntimos

quando o governo está sentado em cima de 3.500 milhões de euros, contas certas é nós

não termos que estar com a corda na garganta e chegar ao fim do mês sem saber como, isso

seriam contas certas.

O dao de esquerda, de resto, desde o início, foi sempre muito crítico dessa política de

contas certas.

Porque não são contas certas, aliás, não são, como se vê, não são os contas não

tão certas, quem que as faz?

Além da subida de rendimentos, como já pedi-te, parece-se-o a fazer contas?

Além dessa subida dos rendimentos que já pedi-te, que outras medidas é que o governo

deveria ter apresentado, por exemplo, uma limitação ao preço máximo dos meis alimentares?

Por exemplo?

Houve muitas propostas nesse sentido ao longo das últimas semanas.

Sim, tem havido várias propostas e tem sido uma discussão interessante.

Sim.

Por outro lado, a direita diz que seria um ataque ao mercado e que as prateleiras iriam

ficar vazias.

Hoje que eu te digo do mercado, eu percebo o mercado sofre muito, tem muitos problemas,

o mercado quando vai pagar a conta da luz está aflito, quando vai comprar leite e arroz,

também trema-lhe um bocadinho no corredor do supermercado, percebo que está do mercado.

Mas faria sentido essa limitação?

Faria, faria, até porque o que eu disse há bocado sobre não confiar na boa vontade

dos grandes retalhistas.

O que eu temo é que nos aconteça, mesmo com o IVA a zero por cento, um bocado o que

aconteceu em Espanha, que é o IVA baixar, mas os preços continuarem a subir e aí

eu acho que esta medida poderia ser acompanhada de um controle de preços que garantisse que

nós estamos só a tirar o dinheiro no fundo, a tirar o dinheiro de todos, do bolo que vai

para todos e a meter só nas mãos dos grandes retalhistas deste país.

Ela só não sai em Espanha, como em Portugal, com a redução do ISP dos preços dos que

for possíveis.

Sim, exatamente.

Já é algo que nós sabemos que não resulta, que tem mostrado não resultar e que mais

uma vez não está a ajudar diretamente as pessoas, é uma tentativa de ajuda indireta

que aí nada nos diz que vai reverter em algo concreto.

Ainda assim, faláveis da redução do ISP, o governo tem dito várias vezes que sem

essa redução o preço teria aumentado ainda mais, tanto na gasolina como no gasóleo.

Sim, se não limita-se, se não limita-se os preços mais engenhos de lucro, com certeza,

se não controlar-se o mercado, claro.

Não entendo, faço também uma pergunta que fizesse.

Sem controlar o mercado os preços podem subir até onde quem os decidir, caíra, não é?

Faço também uma pergunta que fiz a Maria, esse limite aos preços seria uma boa solução?

Sim, sim, mas tal como a Maria já disse, e para mim também é questão mais crucial,

será o aumento dos salários, porque tudo acompanha o aumento da inflação, o aumento

dos preços, o aumento dos custos, a exceção dos salários, e o que acontece agora é o

que...

Mas vai ser aumentado em 1%, não fica-se desatisfeita?

Não, não fica, aliás, quer dizer, por mais...

Mas continuar a perder um salário por ano, está descansada.

Tipo, eu estou tão desesperada como acredito que a maioria das pessoas, que honestamente

sim, qualquer extra que possamos ter ao fim do mês, eu agradeço.

Agora, a perda de compra em 2022 foi 4%, assim provavelmente continuará como está o estado

atual e o custo de vida, portanto, esse 1% para mim não é nada, não é sequer uma compensação

do que eu já perdi.

Eu me compensar muito mais, mas deixa-me só continuar para dizer que o que está a acontecer

agora é o que acontece sempre com qualquer crise, que é, quem vê a maior perda são

os trabalhadores do valor da sua força atrabada e que é uma perda que não recuperam nunca.

Quando os preços aumentam, quando tudo aumenta a exceção do seu salário, esses preços

não vão voltar a descer, não vão voltar a descer para os valores que estavam anos

atrás e o seu salário não vai aumentar proporcionalmente, portanto.

E depois, e depois chegas a casa e...

É sempre um acumular, por isso é que qualquer pequeno aumento que eventualmente se vá fazendo

de salarial, imagina, é dar uma migada de toda a dívida que o estado tem para com as

pessoas.

Migalha foi de resto uma expressão utilizada por Caterina Martins no debate de quarta-feira,

que deixou a António Costa muito insatisfaito, mas já criticaram bastante estas medidas

do governo, portanto, pergunto-vos o que é que falta a este pacote anti-crise.

Faltam, por exemplo, e falámos disso na semana passada, apoio os diretos aos jovens,

fazem falta, Maria Escaja?

A primeira coisa que faz falta a este pacote anti-crise é ele querer efetivamente ser anti-crise.

Isto são medidas a contagotas pequeninas e não voltamos à mesma conversa.

O que este pacote precisa é de aumentar o poder de compra e a qualidade de vida dos

portugueses que estão a perder.

E aí, há muito por onde podemos pegar e certamente os jovens que estão a entrar para

o mercado de trabalho ou mesmo os que trabalham e pagam as suas propinas e tudo isso, esses

jovens estão certamente a sofrer com tudo, porque, de facto, o dinheiro cada vez chega

para menos coisas porque não há um aumento real e não há uma intenção real de combater

esta crise.

Parece que estamos novamente com aquele espectro, aquela sombra da austeridade quando

já foi efetivamente provado, que é das piores coisas que se pode fazer para resolver

uma crise, porque quando o poder de compra das pessoas aumenta, a crise diminui e nem

sequer percebo o que é que passa pela cabeça de uma pessoa que é secretário-geral de

um partido chamado socialista de não pensar em distribuir justamente os seus 3.500 milhões

de euros a mais.

Mas, volto a deixar a nota que, na conferência de imprensa, Fernanda Medina disse várias

vezes que esse dinheiro vai ser redistribuído na atualidade dos portugueses.

Ah, isso é um dia de dinadice?

Acabamos já aqui o pôr de cansa, não diga mais nada.

Pronto, eu estou descansadíssima, já vou...

Guadalupe, como está a gente?

Ui, vamos gastar dinheiro hoje.

3.500.

Ah, Guadalupe vai ter um aumento salarial, portanto, podia pagar o jantar, pelo menos

isso.

Guadalupe, os jovens muitas vezes têm dificuldades em entrar no mercado de trabalho, além disso,

têm salários baixos.

Daí, volto a fazer novamente a pergunta, precisam de medidas direcionadas diretamente

para eles?

Mesmo que até um certo patamar de rendimentos?

Além disso, têm salários baixos, frisando isso, frisando isso, claro que não seria

necessário tanto assistencialismo se a força de trabalho fosse devidamente valorizada,

mas, sobre apoios necessários diretamente para os jovens, são necessários apoios diretos

para muitas franjas da sociedade?

Sim, são para os jovens, sim, ajudaria a resolver os problemas na habitação, já

seriam um peso, provavelmente, maior peso tirado de cima de nós, em vez de se inaugurar

residencias universitárias, na residencia dos estudantes.

Exato, 15 metros quadrados, 700 euros a 1.100 euros, obrigada Carlos Moedas, sim, obrigada

por nada.

Mas sim, Losta, sim, precisamos de apoios diretos todos, nós precisamos de apoios diretos,

os jovens precisam de apoios diretos, sem dúvida, as pessoas mais velhas, as pessoas

mais idosas, as famílias, os mais vulneráveis, pelo menos.

Mas Losta, nós temos num ponto, nós temos num ponto, nós temos num ponto do aumento

de custo de vida e de perda de poder de compra, que a maioria, a maioria da população portuguesa

está vulnerabilizada neste momento, então, sim, nós precisamos de apoios generalizados,

e isso seria...

E nem é, e nem é de apoios, nós precisamos, nós precisamos de mais poder de compra, e

exatamente isso.

É como, é um bocadinho como a história da habitação, o apoio, o apoio à renda do

seu apoio de Estado à renda, nós não temos que estar dependentes de subsídios do Estado,

não podemos pagar o Estado.

O Estado, sim, está a criar essa cultura, o Estado protege uma data de independência,

é isso que está a criar ao tornar-nos dependentes de subsídios.

Exato.

E ao proporcionar e fomentar uma data de negociatas e de... que a tentar não ser muito radical

na forma como vou falar, mas a potenciar uma data de formas de gestão de um país que

permitem que nós... que nós tejamos dependentes de um subsídio... eu não quero estar dependente

de um subsídio do Estado para pagar parte da minha renda, eu quero que o Estado impeça

a especulação da forma como está.

E essa devia ser sempre a forma...

Tal como eu não quero 125 euros em dezembro, eu quero um aumento dos salários e não

cabe na cabeça que o governo acho mesmo que nós vamos todos comprar estas soluções

que parecem fantásticas e que eu acho que eu não sei o que não são.

Isso porque o partido socialista, que o Estado social só tem o seu liberalismo, é um dos

nossos mais fortes partidos liberalismo em Portugal, eu acho, se recusa a focar na gente

de todos esses problemas e todas essas crises que seria mais uma vez controlar o mercado.

É um desfazamento da realidade por parte do governo neste momento?

Não só por parte do governo, é por parte de muitos partidos de oposição à direita

e tem que... queriam esta ilusão, eu não sei, até certo ponto às vezes eu fico preocupada

com a sua saúde mental, se acreditam mesmo que vivem numa...

Em uma ditadura socialista.

Sim, no socialismo.

Em socialismo, em socialismo, estas décadas de governo de PS, PSD e a sua consequente liberalização

do mercado para umas franjas de socialismo acho muito giro, acho talvez um bocado preocupante

a nível de elitracia política de pessoas que cada vez mais têm representação e força

para lamentar, mas acho muito divertido também, acho que fazem bons billboards.

Esta semana fica também marcada pelas palavras fortes de Marcelo Rebaldo-Sousa, embora em

relação ao programa mais habitação, Marcelo Rebaldo-Sousa disse que o programa mais habitação

é inoperacional e comparou também as chamadas leis cartazes, é provavelmente uma conversa

que vamos ter nos próximos episódios, ainda sobre este pacote anti-crisis, acham que

Marcelo Rebaldo-Sousa vai ficar mais satisfeito nesta vez, Maria Escaja, ou seja, este pacote

já será opresional?

Não, eu acho que já não é tão aparentemente marxista, sabes?

Isso, já parece mais mudrado.

É mais mudrado.

É mais mudrado.

Eu vou ser sincera, pouco me interessa e pouco me importa o que é que o Marcelo acha ou

não acha.

Presidente da República.

Presidente da República, mas a opinião do Marcelo não influencia em nada o resultado

destas medidas.

Sim.

Marcelo pode gostar, pode não gostar, honestamente, o que me importa e o que eu gostaria era

que as pessoas gostassem, era que os trabalhadores gostassem, era que os estudantes gostassem,

era que os formadores gostassem, agora se Marcelo gosta ou não, mais cedo ou mais tarde

sabremos, não devemos ter que esperar muito para sabermos a opinião do Marcelo sobre

estas políticas.

Pessoalmente acho que vai gostar, mas também pessoalmente não quero saber, não quero

minimamente saber do que é a opinião do Marcelo rebelde-soda sobre qualquer medida

que o governo apresente, lá está mais uma vez, o que me importa tal como me importa

as casas é a opinião do povo e as suas condições concretas, se melhora, se traduz

numa melhoria da qualidade da vida das pessoas, que eu não acredito que se vá traduzir

infelizmente.

Eu gostava muito.

Eu sei que estou sempre a critico com muita frequência em que alguma agressividade, o

governo e o PS, eu gostava muito de gostar do PS, eu gostava muito de gostar do governo,

eu gostava muito de estar feliz com o seu trabalho, era o que eu mais queria, era que

me provassem erradas, sabe?

E votarias no PS em 2026?

Não, não é persistente.

Mas eu também estava a estar errada.

Eu adorava apoiar medidas do governo, eu adorava acreditar, não acredito e isso é

essa responsabilidade do governo que nos tem levado a perder qualquer confiança nas

suas situações.

Saindo um bocadinho deste assunto, durante os tempos de engonça, não foi-se tão crítica

do governo?

Como estás a ser agora?

Acho que sim, não foi, de facto não foi, não foi porque sentia que havia medidas que

estavam a ser tomadas e que, de facto, estavam a influenciar a vida das pessoas por pressão

mais uma vez dos partidos à esquerda, do meu PCP e do Bloco da Escala, é exatamente

por isso, na verdade, nós estávamos a falar há pouco, é exatamente por isso é que compreendo,

tenho tanta dificuldade em compreender as pessoas que, por medo de um regresso da direita, deram

esta maioria absoluta ao PS, espero que estejam a contorcer-se com remorso, porque eu acho

que, para mim, a via a seguir é dar força aos partidos à esquerda do PS, porque essa

é a única forma, primeiro, o PS continuará a ser quem está no poder, de certa forma,

e essa é a única forma de manter o PS moderado, não tão radical no seu liberalismo, eu diria.

Não aconteceu durante os tempos de joringoça, pelo menos de acordo com a tua opinião.

Maria Escaja, vamos passar para um segundo tema, além do pacote anti-crise, no caso,

os abusos sexuais na igreja, de acordo com a Comissão Independente, foram abusadas 4.800

crianças ao longo de vários anos em Portugal, isto vaziado em 500 e 12 denúncias diretas

que foram feitas à Comissão Independente. Numa primeira fase, a Conferência Episcopal

colocou-te parte de suspender os padres suspeitos, mas nos últimos dias, o patriarcado Lisboa,

por exemplo, já veio suspender 4 padres. Maria Escaja, a igreja reagiu tarde demais a toda

esta crise, que é uma crise também. A igreja reagiu tarde demais, não só esta crise,

mas no geral. Não é um assunto agora, não é uma coisa que seja falada agora, já se

falava vários anos, já se fala muitos anos, já houve muitos exemplos dos outros países,

o papo, inclusive, já tinha falado sobre esse assunto, portanto, só mesmo o que a igreja

tem feito e fez até não poder mais, que foi agora, é subiar para o lado, pega num padre

sobre o qual ela me denuncia e mete-o na outra paróquia, pronto, vamos ver se isto agora

passa e estamos há muitos anos a viver neste esquema, a igreja está há muitos anos a

viver neste esquema. Houve encobrimento e silenciamento destes casos?

Certamente, quantos casos já ouvimos que afinal alguém sabia, afinal o Bispo sabia,

afinal o Outro Para que Sabia, afinal havia pessoas que sabiam e ninguém dizia nada e

este sentimento de impunidade que a igreja sentiu durante muitos, muitos, muitos anos

e efetivamente foi, impune, não há qualquer dúvida disso e vamos ver quantos padres é

que efetivamente serão acusados, até porque vários crimes já prescreveram. A igreja passou

durante muitos anos impune em relação a tudo isto e as vítimas eram envergonhadas

e descredibilizadas e tudo isso. Eu acho que finalmente isso deixará de acontecer ou

tornar-se a mais difícil porque entretanto as pessoas já perceberam que efetivamente

não é um assunto que se possa mais ignorar ou que se possa varrer para debaixo do tapete.

Deixa-me cometer uma inconfidência. Dizias há pouco que foste católica durante um

certo vídeo da tua vida.

Este distanciamento de que falaves foi algo que também te fez a ti diretamente distanciar

para essa redundância da igreja?

Eu não te sei dizer exatamente, eu teria que pensar qual foi o ponto exato em que eu

deixei de acreditar, foi uns anos mais tarde e provavelmente teve mais a ver com a vida

e com o mundo e com as experiências de vida e de repente... mas não quero entrar por

aí até porque...

Claro.

Guadalupe.

Já vou para ouvir este podcast e eu vou desculpar.

É bom que isso, é bom que isso. Guadalupe, que mensagem passa à igreja com esta mensagem

tardia?

Acima de tudo que continua a descredibilizar e a invalidar as experiências das vítimas.

E não é com a resposta tardia, na verdade. Que resposta fosse tardia já seria de esperar

porque mais uma vez, como as casas também já disseram, isto é algo sabido, este problema

generalizado já é algo sabido desde há muito tempo, nunca tinha sido feito e inquérito

como foi feito, nunca tinham apurado os factos, mas era algo que já sabia, portanto, a resposta

sempre seria tardia. Não se trata tanto disso e não é tanto a minha angústia relativamente

a este assunto, porque é um assunto bastante angustiante, eu tenho um sentido nauseada sobre

isto honestamente e não tem tanto a ver com a resposta ser tardia, mas com a forma como

a resposta está a ser feita, que é mais uma vez e aí se vê o claro, óbvio, encobrimento,

não só aí, como por exemplo, no facto de serem chegado a 4 mil casos, cerca de 4

mil casos, não é comissão independente, e dos parcos e bispos de entrevistados, segundo

eles só sabiam de 8 casos, eu creio, nesta disparidade, tu, a mim pelo menos já me creas

alguma desconfiança que me leva a crer sobre esse possível encobrimento, mas ele torna-se

óbvio, lá está na forma como a resposta está a ser dada, no discurso de quem tem mais responsabilidade

na igreja católica, que é sempre de proteger a imagem da igreja, não de verdadeirmente

ouvir as pessoas, ouvir as vítimas, dar valor à experiência aos que estão a partidar,

e acima de tudo trata-se de uma questão para mim, e eu creio que mesmo para quem levou

a cabo o inquérito e quem está a tentar fazer algo sobre o assunto, não se trata

este ponto de uma questão de justiça, de justiça assim, mas não criminal, não legal,

mas uma questão ética está a ser dada, a igreja, a oportunidade, porque lá já

já sabia que isso já aconteceu há imenso tempo, não se trata de, a resposta foi motivada

pela opinião pública, na verdade, mas está a ser dada uma oportunidade à igreja de se

redimir, não é, e não é de todo, e estão a seguir exatamente o caminho contrário,

cada vez estão a fechar sobre eles próprios e a tentarem só defender-se, a defender-se

a defender-se a imagem, e mais uma vez não se preocupar com o que poderiam fazer para

verdadeiramente limpá-la, porque na verdade este instinto de tentar mais uma vez encobrir

e controlar os danos, de tudo limpar a imagem da igreja, eu sinto que as pessoas, pelo

contrário, cada vez têm uma imagem pior.

Esta, de certa forma, é uma oportunidade perdida, por parte, por parte da igreja.

Sim, sim, sem dúvida, é isso que sinto.

É um tema, provavelmente, que vamos voltar também, em outros episódios, e já sei que

vocês não querem saber da opinião do Presidente da República para nada, mas vamos ter de

tocar neste ponto a reação de Marcelo Baldeçota, em relação a estes...

Não, calma, neste ponto talvez seja um bocadinho mais importante.

Isto porque o Presidente da República, numa primeira fase, as palavras dele foram interpretadas

de alguma forma como uma desvalorização destes casos, mas, nas últimas semanas, Marcelo

Baldeçota foi muito crítico em relação a esta postura da igreja, inclusive, é por,

logo numa primeira fase, não suspender os padres que eram suspeitos.

Como é que viste toda esta questão, Maria Escaja?

Das opiniões do Marcelo?

Sim.

Como vejo todas as...

Principalmente esta última de...

Eu acho que Marcelo percebeu...

Toda a gente sabe que Marcelo Baldeçota é católico.

Exato.

E acho importante que ele fale e, por isso é que eu estava a dizer que neste caso

parece mais importante, acho mais importante que ele denuncie e que tenha uma posição

marcada contra os procedimentos da igreja em todo este processo.

Eu acho que Marcelo, no início, esteve muito mal naquela entrevista, que disse que 400

casos não eram assim tantos, depois desculpou-se dizendo que para o panorama do Criain e para

os casos que deviam existir, sendo que só sabia de 400, era essa ideia, não sei se era

melhor ou não.

Também pode ter ido correr atrás do prejuízo, na verdade não tenho opinião sobre a opinião

do Marcelo nesse ponto, mas depois, numa da segunda PSO eu vejo que falou sobre este

assunto também, não esteve bem, foi quando disse que as suas declarações dizendo que

apenas...

Eam motivadas pessoas.

Tinguem motivadas pessoas a fazer denúncias, como se uma pessoa que foi abusada por um

padre ou vi-se o presidente da República e que fala sobre absolutamente tudo a dizer

que as suas declarações são poucas, são poucas, então agora vou ler eu dizer também,

como se este processo fosse sequer minimamente credível, e acho bem que Marcelo finalmente

fala do assunto com seriedade, condena o que tem que condenar, porque lá está, é presente

a República, é católico, e acho que quanto mais católicos disserem publicamente, acho

que ainda algum preconceito, alguma desconfiança de alguns crentes em relação a estes assuntos

fantásticos, quanto mais católicos assumidos falarem sobre o assunto, denunciarem o que

se passa, condenarem as ações da igreja, acho que só temos a ganhar com isso, sim.

Uma questão aqui, pode não nos importar pessoalmente, a opinião do Marcelo mesmo

sobre este caso, mas para as vítimas sim tem uma...

Neste caso é uma opinião que pode ter uma grande importância e um grande impacto, como

tiveram essas primeiras mais influídas.

Sobre o IVA do Cabeja, não parece muito importante, até porque ele não vai comprar os produtos

do Cabeja de Alimentação.

Pessoas que durante décadas não sentiram coragem para falar sobre a violência sexual que

tinham sofrido, e agora finalmente tem essa coragem, e conseguem falar sobre o assunto,

ouvirem o chefe de Estado a acreditar nelas, por oposição, lá está primeiros comentários

mais influídas, em que de alguma forma desvalorizava o assunto, claro que terá um impacto enorme,

e claro que qualquer pessoa que tenha responsabilidade política e, honestamente, que tenha visibilidade

acima de tudo, se tiver alguma aproximação à igreja católica deve ser vocal sobre isto,

e deve tentar passar a imagem de que sim, que as vítimas são à vidas, e de que há uma

preocupação genuína, por parte, lá está mais uma vez que tem mais valor de pessoas

que de facto participam ativamente na igreja, e que tem pelo menos um peso maior.

Exato.

E é assim que terminamos esta reunião da minoria absoluta à esquerda, neste caso, o

cuidado técnico...

Robámos o governo.

Robámos o governo.

Pode ser de robaram o governo.

O cuidado técnico foi do Paulo Jorge Guerreiro e do José Manuel Capo, a minoria absoluta

está disponível nas plataformas de podcast e a NTSCF.pt.

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Edição de 26 de março de 2023