TSF - Minoria Absoluta - Podcast: Que valores deixou Abril a quem não viveu a revolução? Com Daniel Ferreira e João Maria Jonet
TSF Radio Notícias 4/22/23 - Episode Page - 42m - PDF Transcript
Deixem a Avenida da Liberdade, mas nasceram muito depois do 25 de Abril, cresceram sem
censura e sem proibições, são o futuro de amanhã para a preservação da democracia.
Falo claro dos jovens e hoje na Minoria Absoluta vamos falar principalmente da democracia,
na véspera dos 49 anos do 25 de Abril.
Juntam-se à mesa Daniel Ferreira, marxista, larinista, suportinguista e João Maria Jôniaê,
um rapaz ar-direitas que pode definir o futuro do país, pelo menos é o que diz o expresso.
Daniel, comece por ti o que são para ti os valores de Abril.
Entenda quanto aqui és um jovem que nasceu muito depois disso?
Bom, olá Francisco e olá João também.
É sempre um prazer estar aqui ainda para falar do 25 de Abril e dos valores de Abril,
que são algo que é algo que o prezo e valorize muito.
Os valores de Abril têm sempre a atualidade, por muito que os direitos e conquistas vão
avançando ou recuando, por muito que haja novas lutas para fazer, por muito que alguns
direitos vão sendo, não queria usar a palavra liquidares, mas que vão sofrendo digamos
assim e vão desaparecendo, continuam a manter toda a atualidade dos valores de Abril.
Os valores de Abril que são valores de liberdade e são valores de democracia, uma democracia
que, e isto é muito importante valorizar, não pode ser apenas a democracia política,
deve ser uma democracia económica, social e cultural que permita que cada pessoa seja
livre, não apenas livre de ir votar no dia das eleições, não apenas livre de ler um
livro na rua, não apenas livre de não ser perseguida pelo apido por ter a ideia X ou
Y, mas de poder ser aquilo que quer, de poder ter aquilo que sonha e de poder ter
condições para um futuro melhor que no fundo é aquilo que todos nós queremos.
João Maria Jônia, como é que podemos valorizar a data para que ela perdure no tempo?
Isto porque somos jovens hoje, mas vamos ser os grauidos de amanhã e talvez o exemplo
para os mais jovens.
Isto é um dos meus grandes medos dentro da minha incapacidade para ver o futuro, lute-me
tornar e vemos hoje muitas pessoas que fizeram o 25 de Abril e participaram ativamente e
hoje em dia tenho uma opinião bastante resingona sobre o 25 de Abril e eu tenho muito medo
que isso me aconteça, há alguma correlação com a idade, mas eu espero corrigi-lo ou ter
alguém que me corriga para ver se não cai nessa armadilha, porque de facto é fácil
tomar por garantia de passados muitos anos e isto são tantos anos que já é difícil
para os meus pais lembraram-se do 25 de Abril, do dia, e é fácil dar-nos por garantias
estas liberdades e termos hoje em dia pessoas a dizer tipo, ah, já não entraça discutir
isso direto ou aquele direto e isso já é uma coisa que é óbvio e garantida, até
porque nós nascemos já com todas essas garantias e os nossos pais, como dizias, embora sejam
mais velhos, alguns deles nasceram ainda na ditadura, mas foi a fase muito inicial da
vida deles.
Sim, tenho um pouco a ideia do que é que era a realidade e depois temos o problema de
realidade pré para as pessoas que ainda viveram, também ter sido vendida como uma coisa
que não era, quando tu não podes noticiar tragédias, quando tu não podes saber os
dados reais do que é que se passa no país e não há pessoas letradas que há para se
informarem sobre isso, é muito mais fácil vender uma narrativa falsa que infelizmente
perdura, até nos nossos, ainda hoje falava disso, perdura até nos nossos manuais de
história, ainda nos manuais de história em que eu estudei, se falava do milagre financeiro
de Salazar, sem se explicar que isso foi à custa de um programa de austeridade tal
forma violente que matou bastante pessoas e que deixou outras em situações de penúrria
extrema, que hoje, que em democracia não seriam possíveis, portanto eu estou sempre
muito atento e acho que a cada celebração do 25 de abril tem de estar muito atento
aos pequenos sinais do que perdura e do que ainda não foi revolucionado nas mentalidades,
conversas como o que importa é até quantas certas pessoas me sempre mal, tenho alguma
dificuldade em aceitar isso como um dogma quando às vezes é importante ter contas adultas,
conversas adultas sobre contas e sobre a economia e não a dívida está abaixa, portanto
bom, a economia é um bocadinho mais complexa do que isso, apesar do que nos possam querer
fazer acreditar e entre essas outras antigamente é que era uma nova coisa, como é que é?
Deus, patre, família e trabalho, trabalho no fim que é para acrescentar a referência
ao nazismo, não fosse a coisa ficar ali perdida e portanto acho que o 25 de abril se celebra
e aí concordo muito com o que o Daniel disse, lembrando que o 25 de abril não pode acabar
que é uma luta constante pela manutenção desses direitos porque eles a qualquer momento
podem parecer pessoas a querer levá-los.
E indo ao encontro do que está a dizer o João Maria Jone, Daniel, vai existir uma
campanha, penso que até já está nas ruas digamos assim, que é o Não Podias que vai
dizer aos mais jovens aquilo que não podiam fazer há 50 anos, estes tipos de iniciativas
são importantes exatamente por aquilo que o João Maria estava a dizer, ou seja, para
que os jovens fiquem em alerta e para que percebam aquilo que não era possível durante
a ditadura.
Sim, acho que iniciativas como esta, não falando apenas desta em concreto, mas outras
têm surgido também nos últimos anos, são muito importantes.
Até o facto de estarmos aqui a falar.
Exatamente, são muito importantes para preservar a memória histórica, para preservar o legado
especialmente no momento em que, porque a lei do tempo toca a todos e por isso cada
vez mais a geração dos resistentes à ditadura vai desaparecendo, vai ficando mais velha
e vamos tendo uma população cada vez mais que não tem memórias vivas ou nem sequer
viveu o 25 de abril e por isso estas iniciativas são sempre muito importantes.
E têm surgido nesse sentido, algo muito bom nos últimos anos, depois também criar
aqui e acrescentar algo que também é muito importante e que sequer há por vezes não
se valoriza muito, que é o combate sem trégoas, as ideias retrogradas aos fascismos, que são
é algo que muitas vezes é esquecido e que muitas vezes, pronto, agora temos um partido
de extrema direta no parlamento há poucos anos, que muitas vezes parece que...
E já vamos falar sobre isso também.
Não, ok, ok, que muitas vezes parece que os portugueses até 2017 não tiveram essas
ideias fascistas.
Na altura dizia-se que Portugal nunca teria um partido desse agendo, grande exceção.
Portugal era a grande exceção porque tinha passado poucos anos desde a ditadura, percebes
agora que não era bem assim.
Exatamente, a realidade histórica portuguesa muitas vezes foi utilizada nesse aspecto mas
a verdade é que, e pegando um pouco naquilo que o João Maria Jônia disse, essas ideias...
Podemos dar um burro de João Maria, vamos dizer assim, a meia do programa, só João
ou só João?
Só João.
Só João.
Ok.
Pegando naquilo que um bocado que o Joãoia dizia havia e há um discurso solarista muito
entranhado mesmo nos partidos do sistema e mesmo não sendo nos partidos do sistema,
mesmo na sociedade civil, tal como por exemplo a conversa das contas certas, o antigamente
é que era bom, muitas vezes aquele provincianismo, aquela ruralidade, aquela mentalidade um
pouco retrógrada, acabou por estar entranhado e aqui não estou a falar só da direita política,
muitas vezes mesmo nos partidos mais ao centro e ao centro esquerda, esse discurso
esteve lá e esse discurso preservou-se mesmo que, por razões obvias e mesmo pelas ideologias
dos próprios partidos, não fosse reproduzido e só a perpetuação dessa mentalidade é
que fez com que um partido estivesse em uma direita no fundo a parecer-se mais do que
qualquer descontentamento ou qualquer outra justiça.
E a mesma é essa ideia, Joãoia, isto porque ainda há muitas pessoas que dizem que no
passado é que era bom, como é que um jovem como tu reage quando houve esse tipo de palavras?
E não estava a ter essa conversa porque eu sou muito dogmático nisso, eu acho que nada
do que uma ditadura faça é bom, porque tudo o que faz é, ou para sustentar um sistema
de poder injusto ou para perpetuar a dominação de uma classe sobre a outra e, portanto, eu
não consigo dizer, ah, isto foi bem feito, isto foi um sub-produuto de uma coisa mal-feita
ou a marcha do tempo, quando se faz a comparação da base de crescimento de Portugal com os
restantes países europeus no pós-Segunda Guerra Mundial, Portugal é um país, apesar
de crescer muito, porque todos os países cresceram muito, houve um boom demográfico
e houve evolução tecnológica gigantesca nessa altura, Portugal cresceu muito abaixo
do que seria esperar para a base que tinha, e cresceu muito abaixo porque era uma economia
isolada, era uma economia dirigida por um partido único que tinha uma lei de condicionamento
industrial que impedia que uma pessoa que não fosse amiga do regime abrisse uma empresa
para competir com as pessoas amigos do regime, assim é que se fizeram grandes fortunas
como as de Família Melo ou Espírito Santo, e portanto, esta economia pouco competitiva
até podia crescer um bocadinho, porque o mundo estava todo a crescer, são uns 30 gloriosos
por alguma razão, mas cresceu muito menos do que podia ter crescido, e ainda por outra
razão diferente que se conhece bem da teoria econômica, que é a dependência da economia
extrativa, e isso ainda toca num ponto que eu queria chegar sobre 25 de abril, 25 de
abril não pode ser discutido sem falarmos de colonialismo, e de colonialismo por várias
razões, porque o Estado Novo Quisco, Portugal, fosse essa economia extrativa de recursos
africanos que levou ao subdesavoveimento da nossa capacidade produtiva, da nossa investigação
e desavoveimento cá, portanto a nossa economia tem baixo valor acrescentado, porque achamos
até a metade dos anos 70 que podíamos viver de colonias, que é uma coisa absolutamente
anacrónica, tem resultados abaixo da média europeia também, porque perdemos uma geração
entre a guerra e fugir da guerra, eu acho sempre importante falar do desastroso que
foi, e os desastrosos que foram economicamente esses 40 anos, e foram por mais razões ainda
por termos rejeitado o Plan Marshall, por não termos participado em momento algum e
não termos escolhido um lado na segunda guerra mundial, que é uma coisa que estranhamente
nos orgulhemos historicamente apesar de uma guerra entre os nazis e o resto do mundo ficar
neutro não parecer uma coisa moralmente muito aceitável, portanto sim acho que é preciso
começar a repensar essas coisas, a nossa relação com a história colonial, porque ainda recentemente
em debates de praça pública tivemos, por exemplo a questão da praça do império,
aí também se vê o salazarismo que ainda resiste, porque o quereres manter no espaço
público a referência a um território independente como uma província, que nem nunca se pensou
aquilo legal a maneira, é claramente uma necessidade de quereres orgulhar de um passado
imaginado e não de quereres construir um futuro melhor, e o estado novo foi isso e
por isso é que Portugal não deu pra frente durante uma data de tempo.
E vamos olhar também um pouco para o presente e também para o futuro, como canta o Sérgio
Godinho, só a liberdade a sério quando houver a paz, o pão, a habitação, a saúde,
a educação, há muita coisa de abril que ainda está por cumprir, Daniel.
Claro, há muitas vitórias de abril que ainda estão por garantir, há muitas que ainda
está por conquistar e também muito por isso que os valores de abril ainda são atuais,
porque ainda há muito porque precisamos de lutar e só no que disseste temos a paz,
o pão, a habitação, a saúde e a educação, sendo que umas mais e outras menos são neste
momento.
É garantido com o IVA-ZER.
Ah, apesar de depois termos de ver.
Já resolveu o problema do...
A habitação, por exemplo, que temos falado muitas vezes aqui sobre esse assunto, portanto
é um bocadinho o parente pobre desta governação.
Bom, nos últimos anos a habitação tem sido efetivamente um pouco o parente pobre,
ou pelo menos é aquele problema social que tem sido mais esquecido de uma ponto de vista,
embora eu não gosto de dizer que ficou por cumprir a habitação com abril, porque como
sabemos depois de 25 de abril houve grandes esforços nesse sentido, até porque a situação
habitacional portuguesa era assim um pouco escandalosa e nós estou aqui usarmos a palavra
exagerada.
É verdade, a quantidade portuguesa se não tinha 2 em casa, eletricidade em casa, acho
que é muito difícil encontrarmos alguém que não tenha, familiar, há 2, 3 gerações
atrás que não tenham tido uma dessas privações, porque era algo efetivamente bastante...
Ou chão mesmo em casa.
Ou chão mesmo, sim, sim, sim, é verdade, é verdade.
E desculpa, agora aprende-me aqui...
Perguntava-te que o valor de abril é que ainda falta um cumprir, ou o que é que o governo
deveria fazer, exatamente, para que esses valores também perdurem?
Bom, o governo deveria em primeiro lugar cumprir aquilo que está estabelecido na nossa Constituição
da República, a parte que ainda não foi amputada e que é uma revisão constitucional, na verdade.
É verdade, há muitos, vão havendo revisões constitucionais, infelizmente num sentido
que normalmente não é positivo de uma ponto de vista, mas e por isso também um dos valores
de abril e uma das vitórias de abril que é preciso conquistar e defender é a Constituição,
que por si só não chega, mas é ainda uma importante base política e uma base de garantia
de direitos sociais que é preciso manter.
No entanto, e eu tenho aqui anotado até, por causa do que disse o Joné há pouco...
Podes responder, sim.
Sim, sim, sim.
Não é responder, é, mas acrescentar, quando falaste do colonialismo, acho que é uma
coisa muito importante e que se fala muito pouco, agora vem-se falando mais felizmente
nos últimos anos e nas últimas gerações, mas o, digamos, aquela mentalidade um pouco
luzotropicalista, herdada do seu laserismo que se mantém, é engraçado.
A herdada da Primeira República, tem mais do que isso.
Sim, sim, sim, sim.
E aliás, pronto, convém também a lembrar que o luzotropicalismo é adotado pelo Estado
Novo quando ter outras teorias, como as que se defendiam antes, se tornou um bocadinho
inaceitável devido ao final da Segunda Guerra Mundial e à nova ordem mundial que surgiu
a partir daí e, portanto, a partir daí é que o Estado Português resolve começar
a adotar a mentalidade de luzotropicalista e essa mentalidade ficou entranhada nos portugueses
até porque, ao contrário do que aconteceu com outros países, como é, por exemplo,
o caso da França, ou não houve uma rotura tão grande com o colonialismo e, por isso,
esses traços ficaram na sociedade e continuaram a ser debatidos e continuam até hoje, mas
em Portugal, como houve uma rotura, o que foi bom do ponto de vista de não mantermos
relações neocoluniais tão flagrantemente com os colonias, foi mal porque, a partir
desse momento, os portugueses sentiram, em primeiro lugar, que foram apenas vítimas
do fascismo e da guerra e não que foram agentes e, em segundo lugar, que, como tinha havido
uma quebra, como tinha havido uma rotura, já não era necessário debater o colonialismo
porque os colonias eram independentes, não tinham qualquer relação de dependência com
Portugal e, sim, felizmente, têm consequências e teve a médio e longo prazo e, ainda hoje,
a mentalidade mantém-se porque o colonialismo nunca foi seriamente debatido, como dizia
o Jone.
Mas vamos mesmo tocar nesse ponto, isto porque a revolução traçou três objetivos, eram
os três Ds, democratizar, descolonizar e desenvolver, não entendo, este último ponto, o desenvolver
está em constante evolução, digamos assim, nos últimos tempos, Jone, tem sido feito
menos para desenvolver o país?
Sim, é minha resposta mais rápida, mas não sei se de forma assim tão simples, dando só
uma chega final no Daniel, de facto, acho que um dos maiores sintomas disso e a Comissão
dos 50 anos de 25 do ano está a fazer isso bem, é que não se fala dos movimentos de
libertação como uma parte importante da construção da democracia portuguesa e são provavelmente
os agentes mais importantes, houve agora uma exposição sobre a Milga Cabral, são
provavelmente os agentes mais importantes no fim da nossa ditadura, porque através
da sua luta armada lá, pelos seus direitos, acabaram por garantir os nossos cá e libertar-nos
das amarras desse passado imaginado que eu falava há bocado, que acabou a pessoa querer
prendernos, é uma imagem muito ridícula e daí o dedo do desenvolvimento, é uma pessoa
estar em 1968 ou 72 com o mundo acelerar loucamente em progresso tecnológico e social, agarrar-se
violentamente a um país do século 19 e agarrar-se a continuar ali a poucas figuras
históricas que eu acho mais ridículas do que se alasar nesses aspectos, é uma pessoa
que vivia 100 anos, centital anos depois da sua realidade imaginada perfeita e continuava
agarrada aquilo até à morte, acho que poucos fizeram uma figura mais triste nesse
aspecto e condenou um subdesenvolvimento que só se conseguiu depois e nisso eu fico
muito satisfeito com o processo que o rumo que a Revolução tomou e o pós-revolução
acabaram por tomar através da indigração europeia.
Como se diz, a ditadura deixou as estradas por algo a trovar.
Sim, em grande medida deixou as estradas por algo a trovar e apesar de o que se pode dizer,
muita escola e muita universidade por fazer e portanto acho fundamental lembrar isso,
mas acima de tudo tenho pena, apesar de acharem importantíssimo e aí discordo muito de Daniel
que as revisões constitucionais foram essenciais particularmente para garantir a nossa integração
europeia que tem sido o nosso maior garante de desenvolvimento, porque o grande problema
do estado de novo foi como nos isolou do desenvolvimento que se passava na nossa volta e a grande
vantagem da Revolução foi ter-nos trazido para o espaço europeu e isso fez-se através
de revisões constitucionais.
Agora tenho pena que se tenham um bocadinho da mesma maneira que a mentalidade de andarmos
à boleia das colônias para desenvolvimento durante o estado de novo, agora a mentalidade
de andar à boleia dos fundos europeus para o desenvolvimento e este governo nisso e
por isso é que eu digo nos últimos anos não se tem feito o suficiente para desenvolver
o país, porque o investimento público vem de todo só de fundos europeus e tem de haver
pensamento estratégico em Portugal e investimento público em Portugal, mesmo que isso custa
um bocadinho na fama de contas certas, para que o país se desenvolva, porque só com
fundos europeus não anda rápido o suficiente.
E como já disse este, na tua opinião este governo não tem nenhum pensamento estrutural
para o país.
Mas voltemos à questão do populismo e precisamente António Costa, nas comemorações do aniversário
do Partido Socialista que fez na quarta-feira há 50 anos, António Costa disse que já
não há uma ditadura que nos prossegue, mas há um populismo que ameaça a democracia
e temos de combater esse populismo.
É importante que estes partidos do chamado sistema, como é o caso do Partido Socialista
e também do PSD, alertem para esses populismos que estão a atingir o país.
É importante que se perceba que o populismo tem razões para acontecer e é importante...
Como dizia a pouco, Daniel.
Se António Costa soubesse um bocadinho mais, ou quisesse saber mais do que saber, que
algo que saiba, mas quisesse saber um bocadinho mais da história do seu partido, que eu diria
e o Daniel gosta de ter essas conversas de história alternativa comigo, não sei se
concordarão, mas o Partido Socialista no mínimo faz 100 anos, são 50 anos de Partido
Republicano e Partido Democrático e talvez um bocadinho mais da Liga de Paris e agora
o PS, mas há um contínuo de alinhamento político situacionista de gestão de poder.
O Partido Republicano, como existe e como aparece, é uma formulação burguesa do Medeir
Revolucionária, mas com o único objetivo de substituir elites monárquicas por elites
monárquicas que se chamavam elas próprias republicanas e a Primeira República e isso
é uma continuação da monárquia constitucional com pessoas diferentes lá e sem usar croas,
mas com uma lógica mais ou menos idêntica e o PS e o PSD, que também já quis desempenhar
esse papel, mas nunca lhe foi permitido que o PS, de facto, tenha este património histórico
que o PSD nunca teve, de ser o herdeiro direto do sistema anterior e de se confundir
com ele, digamos, dá aso a estas preocupações populistas para esta maneira de funcionar,
para esta maneira de funcionar de não estar preocupado com os problemas das pessoas,
porque o chente, mas porque acha que isso lhe vai render mais votos, de não estar preocupado
em gerir bem o Estado, porque tem essa convicção republicana, mas porque acha que isso vai
ser uma maneira de ascender na hierarquia do partido e o PS, neste momento, e a festa
de 50 anos do PS para mim misturou-me muito isso, parece não ter aprendido essas lições
de que confundir-se com o Estado, governar no eleitoralismo sem qualquer tipo de visão
em que as pessoas possam acreditar e governar distante das pessoas, poderá eventualmente
ter o mesmo destino que eu temo profundamente, mas isso é uma lição para o PS e também
será para o PSD, porque quando ocupa o poder não tem um comportamento neste aspecto muito
diferente.
Mas entendes que o Partido Socialista, nesta altura, está a utilizar esses populismos
e mais concretamente o scega de André Ventura como aliado, tendo em vista vitórias eleiturais.
De novo, da mesma maneira que a Fonse Costa usava a ameaça da implantação da menarquia
para se manter no poder, o exercício do poder pelo poder é um cancro da nossa política,
antigo, e que pronto, no Salazar era um exemplo ótimo disso, como eu estava a falar há bocado,
é o poder pelo poder e o projeto de ficar por ficar sem qualquer tipo de vontade de modernizar
ou avançar no tempo, e aqui no caso do PS, a mesma coisa, não vejo, vemos agora dois
ou três casos recentes óbvios, não vamos subir as reformas por causa do controlo arçamental,
afinal, os chondagens estão mal, vamos subir as reformas, não vai haver IVA-ZER porque
há uma medida estúpida, afinal IVA-ZER há uma medida espetacular porque as pessoas
vão achar...
Há uma espécie de descoordinação.
É uma descoordinação, é um governar ao sabor do vento e se as pessoas sentem que
os políticos do sistema não têm um projeto e governam ao sabor do vento, preferem a pessoa
que fala mais rápido ao sabor do vento e não há pessoa que fala mais rápido ao sabor
do vento que a André Ventura.
É isto, André, André, desculpa, não me chamo de André, desculpa, não tens cara
de André.
André, é mesmo Daniel, mas é isto que o Guiugione estava a dizer, ou seja, o PS também está
a utilizar, está a utilizar a extrema direita para tentar de alguma forma catapultar eleitorados.
E já agora faz um comentário hoje, mas cem anos do Partido Socialista.
Primeiro, Rebanda, dá a pergunta do Francisco?
Sim.
Alguém já tínhamos falado sobre isso também, na verdade.
Exatamente, exatamente.
Agora, isto não é, claro que se vê mais no nosso Partido Socialista, mas não é algo
muito diferente daquilo que vai fazendo o Centrão, especialmente o Centro Esquerda,
por essa Europa fora, desde os países da Europa de Leste até a Europa Ocidental.
Todos os sítios onde há um partido do Centro Esquerda forte há sempre uma tendência,
especialmente nos últimos anos, haver essa divisão entre a extrema direita, ou uma
direita mais populista, mais musculada, como se dizem os especialistas agora, e um Centro
Esquerda que vai alargando o seu espectro.
Sim, agora esta coisa não é dizer que é direita radical, mas isso não é extrema
direita.
Exatamente.
Como se radical não fosse o...
Estrema Esquerda...
Ou a Esquerda Radical e a Estrema Esquerda.
Sim, sim, sim.
É um bocadinho diferente, mas ainda encontro o que eu estava a dizer, esse tem sido muito
um rumo que é o do Centro Esquerda, o Centro, se tentar posicionar contra a extrema direita
garantir que ali é que está o bastião da democracia e alargar cada vez mais o seu
espectro, que já vai desde comunistas até sociais liberais e até alguns liberais em
certos países, e tentar agregar em todo um polo sem grande coerência política uma
única alternativa ao fascismo, ou a extrema direita, ou a direita radical, também depende
do país.
Deixe-me pedir também a tua opinião para o outro assunto, há uns dias entrevistei o
Alberto Auronjo de Carvalho, que foi um dos fundadores do Partido Socialista, e falávamos...
Não respondia aos 100 anos do PS, então...
Não respondeste.
Se quiseres responder já, depois já vamos à outra pergunta.
Também é engraçado porque é algo que eu gosto muito de falar, é por isso.
Obrigado, Johnny.
Boa deixa.
Que é a diferença entre a origem do Partido Socialista e os outros partidos socialistas
ou sociais democratas, que normalmente vêm de uma base operária, de uma base da classe
trabalhadora, de partidos que começaram fora do Parlamento a fazer reivindicações, enquanto
o Partido Socialista, tal como o Partido Republicano, vem de uma elite, de certa forma,
uma elite da esquerda republicana, que muitas vezes fora do Portugal fazia um papel de
oposição e defender valores nobres, mas sem grande ligação às bases, e eu acho que
essa diferença diz muito sobre o nosso sistema político, não apenas sobre o PS e sobre
a sua base eleitoral, até porque o PS tem uma grande base eleitoral entre as classes
trabalhadoras, como se sabe, infelizmente, e não só isso, como também um facto de
em Portugal continuarem a existir, dois partidos à esquerda dos socialistas, com força e com
força nas ruas, ruas essas onde o PS não tem força, e mesmo a própria intercindical
que está ligada ao PS, que é o GT, também não tem força entre as classes trabalhadoras,
acho que vem muito dessa origem histórica.
Não tem tanta força como a CGT-P, mas vai tendo alguma força entre os sindicatos.
Vai tendo alguma força, mas se compararmos com as intercindicais de outros países, acho
que estão ligadas aos partidos de cento à esquerda, tem um peso muito maior.
Mas deixa-me então voltar à pergunta que eu estava a fazer, porque vai um pouco também
ao encontro desta conversa.
Como eu dizia, conversava com o Alberto Auronso de Carvalho sobre a imaturidade ou não dos
políticos de hoje, em comparação com o passado.
Eu lisia que não tem essa ideia, ou seja, os políticos de hoje estão mais preparados
do que a altura, mas gostava ter a tua opinião em relação a isso, até porque temos tido
bastantes polémicas nos últimos tempos, até em relação ao governo, há quem chama
ao antigo secretário do Estado das infraestruturas exatamente imaturo.
Essa imaturidade ou estes casos e casinhos que vão acontecendo contribuem também para
a degradação da democracia.
Eu acho que mais do que uma causa são uma consequência daquilo que é a nossa sociedade
e que são as sociedades modernas.
Vivemos muito no imediatismo, vivemos muito numa sociedade onde há um consumo exacerbado,
muito rápida, sei lá, muitas vezes mesmo.
Isto nota sempre as coisas, como, por exemplo, quando as pessoas veem séries em 1,5, quando
as pessoas não conseguem ver um vídeo com X tempo, quando as pessoas leem cada vez menos,
isso é uma...
E essa sociedade, nós estamos a construir, a sociedade de consumo, a sociedade capitalista,
no fundo.
Tem...
Isto me dá raio o boca, claro.
Claro, tem que ser.
Tem tomado esse rumo e esse rumo, obviamente, reflete-se nas tuas que cresceram nesse sistema
e que cresceram com essas mudanças.
E isso também se vai refletir, obviamente, nos políticos, tal como, obviamente, haver
uma menor politização, uma menor participação política, e não estou a falar apenas em eleições,
claro, com os números da abstenção e o seu aumento são flagrantes, mas mesmo uma participação
política ativa, ou pretendo ser algum partido, alguma associação, algum sindicato, é algo
que vem diminuindo.
E, obviamente, estas duas coisas, do meu ponto de vista, tanto a menor participação política
como as mudanças da sociedade que não acontecem só em Portugal, obviamente, que não acontecem
só na Europa, é algo que vem acontecendo um pouco por todo o mundo, porque vivemos
também no mundo globalizado e não há ilhas, por muito que alguns países sequeram isolar
acabam por sofrer essas consequências e se têm...
Alguns até são ilhas.
Alguns até são ilhas, é verdade, mas sofrem as consequências que vocês imaginam.
Vamos falar agora sobre as comerações.
Não pode defender o capitalismo?
Não.
Pode defender o capitalismo muito rapidamente, se for muito rapidamente.
É, só que há uma relação caricatural de direta entre este conceito de eficácia
quase robotizada e o capitalismo, e o capitalismo não precisa nada de ser isso.
O capitalismo é um sistema de aferição de valor e pode se aferir valor a coisas
mais pensadas, mais ponderadas, a conhecimento adquirido através de muito tempo e não
fazer tudo mais rápido e o mais despaixado possível.
E essa maneira de decidir o que é que vale ou não também varia com o tempo.
Nós vivemos, por exemplo, num momento em que, em certos setores da sociedade, ainda
não é transversal, mas que se começa a dizer, tipo, é, se calhar exagerarmos na cultura
da massificação dos centros comerciais ou na cultura de...
A comida tem de ser o mais barata possível e não pode ter qualquer tipo de tratamento
ou ser feita com mais amor e carinho, não é?
Agora, está cada vez mais na moda e é valer dinheiro uma vida mais lenta, digamos.
Portanto...
Às vezes não estamos condenados a ficar arreificados por causa do capitalismo.
Acho que não.
Acho que o capitalismo, essa coisa que o capitalismo tem boa na minha leitura é que percebe
quando está a fazer asneira e transforma-se completamente, mas isso é uma coisa que
aconteceu até agora.
Não pode deixar de acontecer.
Podemos só seguir o caminho do Lone Musk até o abismo final, mas eu espero que não
e terei cá para isso.
Vamos passar um bocadinho muito rapidamente pelas cerimónias deste ano, do 25 de abril,
não sei se vocês já assistiram às cerimónias no Parlamento, eu já em trabalho, mas quem
foi convidado este ano foi o presidente brasileiro, a Luiz Inácio Lula da Silva, não aceitou,
que vai seguir para a Espanha na terça-feira de manhã, mas antes da sessão solano vai
estar num Parlamento para uma sessão de boas-vindas, onde vai discursar ao lado de Augusto S.
Silva e vai discursar também para todos os partidos.
João-Mario Jone, compreende-se toda a polêmica em volta desta visita de Lula da Silva, não
só ao Portugal, mas também ao Parlamento português.
Compreendi, compreendi que os partidos gostam de fazer barulho e cliques e quanto menos
tiverem de esforçar a pensar em ideias e mais poderem esforçar a fazer TikToks, vão partir
para isso, não é?
Infelizmente temos o nosso debate político sequestrado por um partido que não tem uma
ideia sobre o que fazer o que o país em área nenhuma, eventualmente querem fazer uma reforma
dos termos e condições do Twitter e acabar com a bandalheira, como diria o líder desse
partido, mas que é um partido que domina o debate político a fazer barulho sem consequência
nenhuma.
E daí percebo, infelizmente, o PSD e a iniciativa liberal foram atrás e abriram um espaço
ou uma visão que para mim não faz sentido nenhum, Lula da Silva quando vem cá a falar
Portugal não é Lula da Silva, é o presidente do Brasil, Portugal teve relações muito tensas
com o Brasil por causa da presidência bolsonar, como toda a Europa e no geral o mundo ocidental,
só Vladimir Putin é que melhorou as relações com o Brasil, que já eram bastante bons
durante a presidência bolsonar, até o teve lá cinco dias antes da invasão da Ucrânia
e ainda com esta conversa da Ucrânia ainda me vê mais uma coisa que é, tal como durante
a campanha, havia muita gente a desculpar-se a dizer que não sabia como escolher entre
Lula e Bolsonar, porque Lula era corrupto, agora também há o Lula tem uma posição
errada aos nossos olhos em relação à guerra da Ucrânia, portanto não sei como escolher
entre eles e Lula é igualmente mau.
Não te fazia confusão que Lula da Silva discursasse na sessão solene do 25 de abril?
Não me faria confusão que o presidente do Brasil discursasse na sessão solene do 25
de abril, porque eu acho que das poucas coisas que dão relevância geopolítica a este país
é ser o el de ligação entre a União Europeia e o mercado da América do Sul, dito isso
obviamente que é uma pessoa com posições que nós podemos discordar, como seria também
Bolsonar, mas é irrelevante para o caso e acho mesmo imaturo e infantil do ponto de
vista da gestão de um Estado que se põe às posições políticas de uma pessoa como
parte da discussão para se é convidado ou não, porque o que interessa é a relação
bilateral e aí não há razão para, eventualmente na coisa de dizer que é culpa da União Europeia
da invasão, mas em princípio não há grande razão, até porque já vem a União Europeia
já mudou de discurso, não há grande razão para esta polémica a todo.
Vão existir protestos, a Iniciativa Liberal vai ter apenas um deputado na sessão de boas
vindas à Lula da Silva, o CHEGA não se sabe bem, vai ter o protesto provavelmente à
porta da Assembleia e provavelmente também dentro da própria Assembleia da República.
Foi uma ótima maneira do CHEGA a arranjar maneira de protestar o 25 de abril, sem dizer
que está a protestar o 25 de abril.
Mas Luiz Montenegro há uns dias criticou estes protestos e disse até que estes partidos
não estão à altura de assumir cargos na democracia portuguesa, portanto concordas com Luiz Montenegro
neste ponto?
Totalmente.
É a primeira vez que calhar que concordas com o presidente da PSD, Daniel Ferreira,
faz sentido para ti Lula da Silva discursar na São Solene do 25 de abril, ou seja,
é crítico toda esta polémica ao longo das últimas semanas?
Sim, eu acho que é uma polémica que não tem grande cabimento, como já disse aqui,
o Jony é uma forma de alguns partidos não apenas o CHEGA, arranjarem alguma forma de
se diferenciarem dos outros na questão do 25 de abril e há aqui uma coisa importante,
em primeiro lugar Lula da Silva não nos podemos esquecer que lutou pela liberdade
ao longo da sua vida, não apenas no início, não apenas na altura da ditadura militar
do Brasil, mas também depois e mesmo o caracterizar de Lula como uma figura divisiva
é algo que me choca, porque e muitas vezes de gente mais velha que nós, ou seja, que
se lembra que Lula nunca foi uma figura divisiva, recebendo muitas vezes mesmo críticas à
esquerda no seu país por causa disso.
Lula sempre foi agregador, sempre agregou desde marxistas até ao centro direto com
quem governou nas primeiras vezes e com quem também vai governar agora.
Onde é que Lula se torna divisiva quando o Brasil tem aquela viragem radical à direita
que começa não com a eleição de Bolsonaro, mas ainda antes com a questão do impeachment
ou do golpe, aqui depende da posição de cada um, como é que ele queremos chamar e é
aí que começa a divisão no Brasil que depois é exportada e esse descontentamento é exportado,
Lula sempre foi uma figura ao longo dos seus governos bem vista tanto no resto do mundo
como no Ocidente e por isso acho que esta caracterização dele como uma figura divisiva
não é algo que me agrada muito e depois claro a questão da Ucrânia que em primeiro
lugar acho que é uma forma de mostrar, quanto mais não tivéssemos já provas, que Lula
e Bolsonaro nunca foram equivalentes porque como Bolsonaro havia tanto escândalo, havia
tanta coisa que nos tocava que a relação dele com a Rússia era algo meramente secundário
e a relação de Lula com Vladimir Putin, que não é tão forte como a de Bolsonaro,
está neste momento a ser o mais criticado na sua...
Mas para terminarmos, queria mesmo a tua opinião em relação a esse assunto, o protesto da
Iniciativa Liberal em grande medida tem a ver exatamente com a posição do Governo
Brasileiro em relação à guerra na Ucrânia, portanto em relação a esta crítica da Iniciativa
Liberal, tu és a favor? O que do protesto da Iniciativa Liberal?
Do protesto da Iniciativa Liberal tendo em conta que Lula da Silva, embora já tenha
condenado na verdade a invasão à Ucrânia, nunca teve uma posição muito clara até
aos dias anteriores.
Sim, Lula da Silva.
Ou seja, o que era a tua posição em relação à guerra?
Obrigado.
A posição do Lula da Silva não é uma posição para a Rússia, é uma posição comum entre
os dirigentes do Sul Global que não são os aliados de Vladimir Putin que têm outra
posição, que têm uma posição de efetivo apoio à invasão e à guerra.
O que Lula da Silva tem é uma visão que muitas vezes o Ocidente também teve, que
é de olhar para o equilíbrio e aqui é muito importante olharmos também para a realidade
da América do Sul, porque a América do Sul e a América Latina mesmo, incluindo aqui
os países da América central, isso ainda é mais evidente, durante a altura da guerra
fria, especialmente sempre prevista como quintal dos Estados Unidos da América e, por muito
moralmente corretas que pareçam posições de apoio total ao Ocidente, países como o
Brasil ficarem totalmente colados ao Ocidente, vai inevitávelmente fazê-los ser puxados
para esse lado onde eles não querem estar e esses países só conseguem ter uma posição
importante no mundo se mantiverem um equilíbrio e se virem um equilíbrio no mundo e países
como o Brasil quando olham para a realidade veem que um equilíbrio entre o Ocidente
e países como os dos Brics por exemplo são a forma de se destacarem melhor e lá está,
é por isso também que não existe uma posição efetiva de apoio à Rússia, porque uma colagem
excessiva à Rússia também seria subordinar esses países do sul global a uma outra potência,
eu não vou estar aqui a dizer que a Rússia não é uma potência que quer alargar a sua
dominação porque ela que acontece, acontece com a Rússia, acontece com os Estados Unidos,
acontece mesmo com a China e com a Índia, é o mundo em que vivemos e neste momento olhando
da perspectiva do mundo...
Eu também me neguei a referir outra vez, a discutir os no-alunhados, é importante também
acho que, concordando totalmente com o Daniel, também a perspectiva do é longe, não é?
Nós não sabemos que lado é que está certo ou não queremos saber na Europa, na Guerra
do Iémen ou na do Sudão, que são mais perto do Brasil do que o Ucrania, mas para o Brasil
está longe.
E não só para os políticos mesmo, para a sociedade civil não é um debate no Brasil,
a guerra do Ucrania de todo.
E é assim que terminamos, o programa Minduria Absoluta, este para celebrar Abril, o trabalho
técnico foi do João Félix Pereira, este programa está disponível nas plataformas
de podcast e a NTSCF.pt.
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Edição de 22 de abril 2023