Tabu com Bruno Nogueira: “Quatro ecopontos humanos numa lista de espera para um enfarte”

Joana Beleza Joana Beleza 3/14/23 - Episode Page - 1h 0m - PDF Transcript

Bem-vindos ao Tabu, um programa onde nos rimos sobre assuntos que vocês provavelmente acham que não nos deveríamos rir.

Esta semana eu vou passá-la com quatro pessoas com obesidade mórbida

e juntos vamos tentar perceber se é ou não possível encontrar humor no excesso de peso.

O mundo está a acabar, só temos este pequeno almoço, a última refeição

Tu escolhi as primarinas, onde é que tu ias? Mas assim, onde tu tocasse, se limpavas o prato

Ok, só era manga

Ok, é manga

João, tens de decidir rápido, vem um meteorito de queijo

Queijo, bem escolhido, João

O queijo é uma boa escolha

Catarina

Já não é queijo, já não é manga, vou morrer à fome antes do mundo acabar

Tico os ovos mexitos pronto

Ah!

Só uma dois também

Ah, assim, as adustacinhas

É bem

João

O bacon

Sacana

Sabe como é que eu fico?

Pode chegar com a toraja

Com as banquecas

Com a romã

Eu sou uma pessoa

Romã

Tica

Bom, vamos a isto?

Bora

Malta, bom que já já

Bom apetite

Faltem este pequeno

Ah, reparaste?

É só para esclarecer isto

Agora já ninguém vai querer

Mas já não, pois não vou cá

E a comida também não

Bem, vou ser civilizado a comer

Não me apetece

Não me apetece não

Não

Sabe

Desde sempre em tua casa, na tua infância, tu sentes que a relação com a alimentação e com o teu corpo

As pastas que eu tive sempre, sempre presentes

Eu já vinha de uma família que da parte do pai já tinha historial de obesidade

E quando eu nasci, nasci uma miuda comprida e grande

Minha mãe sofreu um bocadinho com a pressão

A nível médico de que tudo me ia acontecer

E que tinha que ter muito cuidado com a minha alimentação e com o meu desenvolvimento

Se não ia sofrer uma série de doenças no futuro

E acabou por incutir aqui um bocadinho

Esta, vou dizer, obsessão

Porque acabou por se tornar

E também que uma pressão social deu não ser

Aquele epítome da menina pequenina

Frágil, não é vulnerável

Eu até aos meus 18 anos

Eu tinha um corpo completamente normal

Apesar de já lidar com um desturbimento alimentar

E com uma obsessão com o corpo, uma desmorfia corporal

Imença

E depois, quando a vida se desenvolveu para a universidade

E para um choque que eu tive imenso na universidade

Refugia-me na comida

Que era algo que eu já tinha aprendido a fazer

Porque durante todo o meu crescimento

Houve esta obsessão com o que eu comia

Eu fui estudar para Coimbra

Houve ali um choque muito grande de noitadas, álcool

Pronto, uma vida boémia que faz parte de um percurso

E foi onde eu me refugiei

Na altura para me conseguir desinibir

Acabei por começar a ver isso assim

E isso também influenciou para o meu corpo se transformar

Foram dois anos ali que eu, no início, ainda funcionava

A sério da altura eu já só ficava em casa a comer

E entrei por um caminho destrutivo

E já na altura fazia estes ciclos viciosos

De um entusiasmo brutal em começar uma dieta

Seguido pela sabotagem

Depois pela compulsão, pela desistência daquilo tudo

Nos primeiros quatro meses de universidade

E trinta quilos

O que que é isso?

Tudo bem

Bem disposto?

Tudo

Pronto, é isso

Está feito

Está feito

Pô, às vezes parecia que eu gostava mais, não era?

Era só isso, para saber se estávais bem

Pronto

Você participaste, num programa que era o peso pesado

Certo

E tu, na altura, estávais com o que peso?

Quando corresse?

Se é de cinquenta e muitos, sete, oito

Não é muito

Pouca coisa?

Sim

É uns quantos móveis do Ikea

E na altura conseguiste reduzir para que peso?

Abaixo duzentos e noventa e oito e...

Bem

E qualquer coisa

Cinquenta e cinco quilos no total, se não me diga

Em quanto tempo?

Quase, quatro meses, três meses e tal

E tu, depois de seis, durante quanto tempo é que conseguiste manter o peso?

A partir, ainda por dia algum, também

Depois volta-se à rotina, à vida do dia a dia

E volta-se a começar a ganhar peso

Dois em dia tens que peso?

Tenho, outra vez, mais ou menos o mesmo peso, cento e cinquenta e qualquer coisa

Então, tem contraste?

Sim, sim

Deve ser o meu peso, normal

Claro, é o standard

É, sério, meu peso normal

Nunca tiveste nenhum cuidado com a alimentação, nunca foi para ti?

Nunca fui, nunca fui muito...

Dado a dietas, não

O meu grande defeito neste caso

São muitas horas que eu passo sem comer

E então, depois quando como...

Ah, ok

Compensas a dobrar e a desligar

Exatamente, exatamente

Tu és taxista?

Sim, totalmente, uma triste taxa

Uma triste taxa?

Ai, mas há um tempo sério

Ai, não se pode ser taxista

Ah, que eu não gosto

Mas é igual

Ah, é?

Pronto, desmotorista de taxi

E tu achas que esse tipo de vida sedentária

Porque no fundo, passas o dia todo sentado

Temos sentado

Mas há muitos motoristas de taxi e obesos

Estamos aqui a descobrir qualquer coisa, não estamos?

Uma tendência

A tendência

Obrigado

Escritos, escritos que estão aqui, escritos

Boa noite a todos

Obrigado por terem vindo

O programador já é sobre obesidade

Queria começar com uma homenagem à dedicação

Ao esforço extremo

E acima de tudo, à persistência

De quem já passou por muito

Eu vou pedir um enorme aplausos

Para os joelhos deles

Uma salva de palmas para os joelhos deles

Uma curiosidade engraçada

É que este espetáculo

É o único na minha vida

Em que tem metade das pessoas que a plateia leva

E mesmo assim continua cheio

Os meus convidados são muito interessantes

Os meus convidados são muito criticados

Por sofrerem de obesidade mórbida

Mas na verdade, se vocês pensarem bem

Basta ter um corpo

Uma pessoa ser criticada

Quando era mais novo

Eu era ainda mais magro

E as pessoas diziam que eu parecia doente

Tinha de engordar

Que estava escanzelado

E as pessoas olham para uma vez e dizem

Que vai ficar doente

Que tem de emagrecer

Que está anafado

É pai, eu percebo vocês como

Percebo que mal por mal

São insultados mas com as chamfanas no bucho

Tanto que está tudo certo

Vocês não lidaram com o bullying?

Eu na escola, não

Na escola, não

Na escola sim

Violência, violência, física, não

Acho que temos uma capa

Acho que temos uma capa e...

Psicóloga e vizinho

Deixaste a escola no ano por causa disso?

Sim

Porque era todos os dias todos

Era de massacrado

Sim

Estava mal por aí que disse, não

Chega

E contavas em casa?

Não

E essas de teus pais nunca suspeitaram, nada

Que eu sofria de...

Bidetilência psicológica

Sim

Não

A minha mãe, sim

A minha mãe às vezes me perguntava

O que é que se passa

Mas não...

Nunca cheguei ao ponto de...

De dizer, olha, é isto, isto e isto

Não

E por que?

Médios de calhar

Não acreditar em ti?

Sim

Deia-se algo

Não acreditar em ti

Naquela...

Parte...

Da...

Da escola

Foi muito...

Com complicado

Desde sempre, desde os 10 anos?

Sim

Que me dá particularmente cruel, não?

Sim, muito

Alguma vez sentiste...

Tinhas que fazer...

Sempre andei em...

Médicos e clínicas e isso

Sim

Andei, experimentava

A hemacrescial e uns quilintes, só que depois...

Pronto

Numa...

Da altura

Sei que apareceu...

Uma...

Uma senhora

Vinda do...

Brasil

E trouxe uns medicamentos de lá

E eu vi as pessoas aí buscar

Opá, a hemacresciam

E ali, menos de nada

E o João foi...

Tomei a primeira dose

A hemacresci...

Falta de 17 quilos

Bem

Comece a tomar a segunda dose

Ao fim do terceiro e eu, João

Desmaia

Também é uma boa forma de emagrecer

Desmaiar de não comer

Houve uma análise a esse dito...

Medicamento

Onde a médica descobriu

Que aquilo era veneno de nasceu o que?

Veneno de rato, veneno da outra

E com as duas doses

Hemacresci 30 e poucos quilos

Mas depois...

Depois...

Foi o dobro

Eu lastei, não tenho experiência do bolinho na escola

Tenho um...

Mais em casa

No círculo familiar

Dizerem...

Cresciu a ouvir qualquer dia não cabes nas portas

Mas começa em casa

Para cada ano

Já como falei assim, um assunto sensível

Como é com a minha mãe

Um dia em que ela

Nós era para sairmos

E ela disse, podes vir comigo

Mas tens de vestir em condições e maquilhar

Porque eu não estou a andar com um monstro atrás de mim

E eu...

Estava me encontrando

Um dia aquela corda chateada

Com a vida também

Mas é complicado

16, 17

Depois eu sempre estive acima do peso

E estava sempre...

O gráfico era sempre a subir

Acho que aos 14 anos já tinha esta altura

Eu nunca senti que fosse

Diferente, sabia que era mais alta

Mas não...

Mas não diferente

E há algum momento

Tu percebes que

Que és a obesa

Que tens um peso acima

Daquilo que outras pessoas...

Pois é sempre, lá está

Sempre cresci a ouvir isso

A minha mãe, a familiares assim mais próximos

Faziam assim alguns comentários

Mais desagradáveis

Eu sei que ela fez o melhor

Para a minha saúde

E para mim na altura

Não resultou

Claramente, não estava aqui

Na verdade teve o efeito oposto

Sim

Sim, completamente

E como é que é a tua relação com a comida?

Eu sou muito esquisita com a comida

E acho que é exatamente por ter crescido

A fazer dieta

E então eu não gosto de carne vermelha

Tem essa cuidada

Com as carnes, mas sente-se que

Que a coisa desequilibra

Noutros campos da alimentação

Quando estou mais nervosa assim

Note que como ali um bocadinho mais

Será mais os doces

Do que propriamente comida

De prato, o que nós chamamos

Comida de prato

Há um sentimento de culpa

Quando compensas dessa maneira

Tenho esse sentimento de culpa

Porque acho que a comida não tem valor

Não deve ter valor moral

Uma pizza não é má

E um peixe grelhado

Não é superior por causa disso

Ao fazer-se uma escolha entre

Uma pizza ou um peixe grelhado

Como estava a dizer, ocusido

Sentes a diferença

Ou para ti não há diferença?

Não, agora

No momento em que estou

Da minha vida não sinto diferença

Não sinto culpa

Tenho eu e temos que ter todos

Cuidar com a alimentação

E fazer exercício físico

E ter uma vida saudável

Mas tenho eu e tenho

Uma pessoa magra

Sinto que agora

Estavas a falar comigo

Exatamente, e a dizer o doutor Bruno

Sim, sim

Eu como muito, não parece

Tu deveis olhar para mim e ver

Uma comida assim das pensar

O doutor não é?

Pois porque eu como um pouquinho

Estás a ver

Estás mal, tu como es pouco

E eu como...

Quem fez fez tudo mal

Mas eu não me queijo, estás a ver

Porque eu como

Tu adoras mesmo comer

Adoro

Não é que se note estava só a perguntar

Tu sentes que é uma compulsão mesmo?

Eu acho que sim

Porque eu de manhã levanto-me

É logo ir a comer

Ali a meio da manhã

Vou ver outra vez comer

É isto

Tu quando

Comes sentes que não devias estar a comer

Ou não tens que querer esse sentimento de culpa?

Eu muitas vezes penso

E eu que estás a fazer isto

E

Só que o desejo é

O desejo começa a dizer

Como, como, como, como, como

Como, como, como

E quando tu te sentes

Satisfei de ter acabado de comer

Tens esse sentimento de culpa ou não?

Não

Se houvesse

Mais

E linda

Repare só porque acabou

Sim

Caramba

Agora olha, é ir

Preocupas que

Isso não te assusta da tua saúde

Assusta

Imenso

Você consegue identificar

Por que é que tu o fazes?

Sempre fui

O miúdeo que tive

Tudo

Perdiu o meu pai

E ainda era no novo

Desde a morte dele

A

Desmoronaram-se

Pronto

Dividas que ele

Deixou

Foi

Depois

Ter que me assumir

Como

O homossexual

E isso tudo

Começa

Será que vale a pena isto?

E então

Vale a pena isto o que?

Esta luta

E não deve ser fácil para eles andar na rua

Quer dizer, andar no geral

Já é difícil

Mas na rua

Quando vão na vida deles

A partir do momento em que as pessoas olham

Eles sentem-se logo com mais 50 quilos

É como se o olhar das pessoas

Pesasse

Porque é um olhar julgador

E nós não queremos

Olha-nos porque temos medo da diferença

Essa é a verdade

E no meu caso

Eu olho porque eu tenho medo

Que eles se desequilibrem e caem em cima de mim

Agora que o sol tem uma conversa

Muito importante com o vosso coração

Para perceber como é que

Ele está a sentir

De ter calhado no vosso corpo

Olha-me a sorte

Deste bechinho

É como se tivesse uma passada de 200 dias todo

Ele está tipo...

Ele está a virar, ele está a virar.

Ele está a fazer uma maratona desde 92.

Nem se que ele dê uma aguinha.

Nada, está ali a correr.

Eu faço o que posso. Eu faço o que posso.

Não, eu sou o coração, mas podemos falar agora um bocadinho.

E pá, agora não.

Agora não, com o...

O gordo lembrou-se de calçar umas meias. Não posso.

Porra!

O senhor, o coração, era só para saber...

Ai, agora vai buscar o comando.

Ai, agora vai buscar o comando.

Ele está ligado à cherte que ele adormece a ver a Julia.

E já podemos falar um bocadinho.

O que é que corromá-la na nossa vida

para estarmos todos com uma caninha de pesca a ir

para um sítio que não sabemos?

Mas é que o mioquinho é.

Queria só dizer isso.

Quem é que põe a mioca?

Tem que põe a mioca, senão não dá.

Então vai, quem quiser sirva-se.

Ai, querida.

Pega na mioca, vai lá.

Pega na mioca, vai lá.

Vai ser a primeira e a última vez.

Tanta coisa, tanta história que nós ouvimos e de repente...

Eu nunca tinha visto estas miocas.

Estas miocas?

E já vi-se tanto.

E se já visto muitas?

Estava muito triste.

É o nosso almoço. Estão a perceber ou não?

É o nosso almoço que está aqui em questão.

Agora que vai ser a malta.

Agora é assim, é só triste.

Isto no fundo nós só estamos a põe miocas a passear.

Tipo a Nazária, um aquaparque.

É um andaparque para mioca, show.

E se nós fizermos assim, querem ver?

Via todos.

Liberdade!

Não é liberdade, é chama peixe.

E agora um tema que talvez para mim é o mais importante.

Qual?

Que é o tema que vai mesmo ao centro da questão e sexo.

Gostas?

Também gosto.

Gosto.

Quer dizer, atualmente é complicado.

É claro que não consegues fazer o pino ou coisa assim, mas...

Como eu?

Não sei isso, já não sei.

Sim, eu faço muito o pino.

Aliás, eu começo sempre assim.

As pessoas até estranham assim.

Ainda estou a despejar.

Já estou a fazer o pino.

Fico de tixarte e de casaco.

E de nudo da cintura para baixo e faço o pino.

E, por exemplo, deixo-me embora.

Como estava a dizer, não consegue fazer as condições que tu queres.

Ou que...

Podes imaginar, mas...

E vai também rodar para o lado contrário.

Mas inverter o sentido roda na direção contrária.

Assim que ficar difícil, coloca os joelhos no chão,

faz uma respiração profunda

e, com a mesma força de vontade inicial, vamos lá outra vez.

Sobe.

Tiveste vergonha e, por isso, evitaste uma relação.

Por causa de ser gordo?

Não.

Não.

Não.

Não.

Uma mulher.

Para chegar ao ponto de se envolver contigo,

sento-te como é.

É porque realmente gosta de ter.

E, então, nunca tive esse problema.

Mas notas às vezes.

Quando sai para uma discoteca, ok?

Há pessoas que, se tu tiras para dançar,

não dê só contigo português.

Por exemplo.

Ah, é? Que sentido.

Acontece, sim.

Para que tu passa as pedras para dançar.

Mas vem outro a seguir e pede e volta.

E tu dizes, então, não sou dançado por mim porque sou gordo?

Não é?

E mulheres só besas.

O que é que tu achas?

Não vou dizer que...

que não gosto, porque, claro, gosto.

Tanto que a minha ex-mulher é obesa, né?

Mas...

Mas é trato?

Ou é o próprio dos outros tipos?

Não tenho, não tenho.

Eu interesso-me pela pessoa.

Não interessa-se a gorda, se a magra, se a branca, se a perita.

E todos eles já tentaram várias dietas sem sucesso.

Nós já falámos sobre isso também.

E a principal razão que eles partilharam comigo

é que há sempre um lado psicológico que é sempre descurado.

E aí entra a questão financeira.

Porque é um tricionista, psicólogo.

Tudo isto é caro.

Aliás, emagrecer é mais caro do que parece.

Mas pode ser mais barato.

Como é que pode ser mais barato?

Por exemplo, se vocês pagarem só

a um senhor moldavo

para sempre que vocês estão a levar comida à boca

ele dava-se uma chapada na cara.

Que é tipo, aí eu queria mais este chocolate.

Não comer mais, gordo.

Não come mais comida de boca, não.

Eu não estava pensando em uma coisa no outro dia,

que o meu médico disse que para o meu peso

o ideal era o ver de dois litros e meio d'água por dia.

Que vocês, que aliás,

deviam andar com um carro de bombeiros à tiracola.

E não deve ser fácil estar na vossa posição

por várias razões.

Porque as pessoas olham, as pessoas comentam,

comentam o aspecto, riem-se.

Quando tudo o que vocês queriam era passar despercebidos

e passam, o que eu quero dizer é que vocês passam

se estiverem no meio de uma frota de fortrânsitos.

Tipo, como é que ele está?

Onde é que está o João? Não se nota?

Só pela matrícula.

A verdade é que nós estamos aqui a rirento.

Temos de saúde, são casos preocupantes.

E depois desta semana em que eu tive a oportunidade

de conhecer melhor estes quatro eco-pontos,

ficou uma bonita amizade.

Portanto, isto acaba por ser também duro para mim

estar a fazer piadas sobre pessoas que eu aprendi a gostar

e que estou numa lista de espera para um enfarte.

Agora digo-vos uma coisa.

Não sei se vocês já pensaram como é que querem

que se faça quando morrer,

se querem ser cremados, porque se querem ser cremados

a minha pergunta é,

onde é que querem que as chingas sejam espalhadas?

Em que churrasquerem é que vocês acham...

que eu sinto...

Desculpa, estou com vontade de pedir desculpa

ao mesmo tempo que estou a fazer isto.

Vocês não entram em termos de um forno,

têm que ir aos bitóques.

Não é ter este primeiro bitóque, agora vai este bocado.

Primeiro, cremamos este bocado.

Não me diga, isto quer dizer que não vamos apanhar nada.

Eu acho que também a pesca

é mais sobrecontemplar do que propriamente pescar.

Isto não é tanto sobre o que nós pescamos,

é sobre o que nós fazemos com o tempo

em que pescamos.

Olha, pescadores, veem?

Eles veem com o ar que entra às peças.

Nós estamos com o ar abatido,

um ar destruído, um ar vencido.

Caterina não, a Caterina está impecável.

Eu estou numa missão.

Eles veem muitas coisas.

Para, não se for abaixo.

Bom dia.

Vamos perguntar aonde é que eles foram.

Tem alguma coisa?

Ah, eles também não falaram muito.

Bom, então vamos exorcizar coisas.

Vamos, vai, eu vou exorcizar primeiro.

Vem, nesse exercício, vem até cá para fora.

Eu não sei tirar nós.

Eu não sei tirar nós,

porque eu sou um pescador.

Já dizia uns meus avós.

É um estupor.

Que é na fex encontradora.

Não fez sentido para não.

Não, porque as pessoas rimou.

Era esse objetivo.

Se não fossemos nós apanhar este valente peixe...

Passávamos de famosos.

Fomos uns bravos, hein?

Um dos uns bravos do Poutão.

Com o trabalho.

Os peixinhos gostavam de miocas.

Não gostavam?

Quando foram bares de miocas,

a ver se o peixe tirou o que não veio logo.

Qual foi,

se a dieta

mais idiota que vocês tentaram?

Idiota vendo agora, por que na altura parecemos bem, não é?

Leiquitos.

Batidos.

Tinha uns pozinhos numa saqueta,

já era a única coisa que eu mexia.

E quantos quilos é que perdeste, com essa dieta?

Um mês, cinco quilos, que não é?

É pouco choco.

É normal?

Para aquilo que eu estava a comer.

Há muita gente que gasta

muito, muito, muito dinheiro

com estas dietas,

porque se é uma indústria que lucra imenso...

Pois sim.

E ter acompanhamento é caro também, não é?

Sim.

O SNS,

vindo nos dar mais uma ajuda.

Esperamos meses.

Aí a fila é grande,

esperamos imenso.

Eu sei que para ter

uma consulta

de endogranologia

demorou meses.

Há várias coisas que podem estar associadas

a obesidade.

Se estivessem que se encaixar

dentro de alguma dessas definições,

qual elas é que acham

que é a causa da vossa obesidade?

Desturo-me alimentar.

Desturo-me alimentar mesmo.

Compulsividade...

Pela genética.

É sim, genética sim,

mas

também o que eu falo,

às vezes o que me apetece a comer

é qualquer coisa que eles me fazem.

Mas

eu acho que cada vez que gostar

de todos nós, mas

as coisas são compulsivas.

Mas o que é?

O que é compulsivo?

A compulsão é a culpa, é a vergonha,

todo um leque de sentimentos

muito negativos

que te levam aqui um bocadinho a fechar-te,

a isolar-te

e a rejeitar-te tudo o que

possam dizer sobre o tesouro.

Você está isolando porque não quer ouvir comentários

ainda mais na comida?

Sim.

Mas este peixinho está a uma categoria.

Tá bom.

Outra coisa que podia ajudar,

vocês sabem que eu estou aqui mais

para vocês para ajudar, era

arranjar o outro nome

para o índice que mede o peso.

Reparem, um loubeso ovo,

índice de massa corporal

e depois de massa já não está a ouvir nada.

Onde é que ela está?

Um dos preconceitos

com o zobez é achar-se que são desleixados

e com pouquise higiene.

É um disparado claro

que há obesos que cheiram mal,

como há magros que cheiram mal

e se há pessoa que sofre para tomar bem,

é passou eu para chegar aos meus pés,

tenho meus óculos de ver ou lões

e um dia de baixa.

E às vezes

do joelho para baixo nem toco.

Fica assim, deixa correr a água,

esfrega os pés um no outro,

passa o jogo que Deus quiser.

Isso sou eu que vejo os meus pés,

eles nem sequer veem os pés,

eles acham tão a flutuar desde 2007.

Ah, o que está a acontecer?

Agora, não há pessoas

mais solidárias do que eles.

Não há ninguém mais solidário

com causas sociais do que eles,

porque eles eram pequenos

e os pés diziam, como tudo,

não deixe nada no prato,

que há muitas crianças em África morrerá fome.

E eles até hoje não mandaram nada para o lixo,

nada, sempre a votarem contra a fome.

Só que é deles,

Mãe, a vida só começou.

Mãe!

Tô olhando para trás,

tu achas que é sua obsessão da tua mãe

por um ideal de corpo.

Isso foi a ignição para tudo que se seguiu.

Eu acho que, nenhuma nem outra,

sabíamos o que estava a acontecer

e o impacto que isto ia ter a longo prazo.

Mas sem dúvida que foi ali

uma obsessão pelo

o que eu deveria de comer

e o tipo de corpo que eu tinha que ter,

como fazia.

Merazes escondidas,

ou em eventos sociais teram

um medo enorme de comer à frente de pessoas.

Eu ainda hoje lido com isso,

felizmente já estou

numa recuperação que não tem nada comparada,

uns anos atrás tem nada a ver,

mas eu ainda sinto,

hoje que estou mais consciente,

que às vezes eu estou tipo a lanchar tranquilamente

e só ouvir uma porta a abrir,

o meu instinto imediato é tipo esconder.

E hoje eu sei que não preciso fazer isso

e hoje já refruti aqui um bocadinho a moeda

de me posicionar e me desculpe

e me defender e me salvaguardar destes...

deste percurso que acabou por vira

de boas intenções.

As piadas do Gortes são as piadas mais fáceis

que se ouvem em todo o lado.

Ter uma namorada mais pesada

e ser assassinado durante a noite

com o peso dela revelar para lá.

Desculpe.

Desculpe.

Mas...

Isso que independentemente de ser mais pesada

ou não,

uma pessoa,

um homem musculado

que tenha mais de 100 quilos,

também se sentar na minha cara,

também no resultado não vai ser fixe.

E como é que ele está sentado?

Está de frente a frente.

Ou seja, a cabeça está para ali.

A cabeça está para as piadas de...

O que ele diz o que quer?

As pessoas faltavam num programa, né?

Mas elas estão para as piadas de...

Ah...

Catarina Coruj, uma salva de palmas para a Catarina Coruj.

A Catarina, a Catarina é a nossa única convidada.

E bem, não quis revelar o peso, mas eu posso assegurar-vos

que está ali, entre os 100 e um prédio na baixa.

Catarina pretende só o movimento body positivity,

para quem não fala inglês, quer dizer corpo e positivo,

com uma diabetes dela.

Diz que a dieta mais maluca que fez

foi a dieta das chaquetas,

e que também não resultou.

Esta em particular não funcionou,

porque ela não desfazia as chaquetas em água.

Ela desfazia molho de leitão.

Em 2018, inscreveu-se no concurso Miss Plus Size,

nas Calas da Rainha.

E ganhou.

Na altura dele, num rame de flores e uma faixa,

as flores, entretanto, já morreram,

mas a faixa, eles reaproveitaram

e está agora a servir de vela no navio Escola Sagres.

A Catarina explica que ainda hoje

tem vergonha de comer à frente de outras pessoas.

Diz que se houve passo ou a porta a abrir,

é um instinto e que para logo de comer.

Claro que não há pessoa a pedir para provar, não é?

Também confessou que, por muito apoio psicológico

que tenha, a compulsão para comer

vai estar sempre com ela. Imaginem viver assim.

É como se um viciado em sexo fosse por ter do elefante branco.

A Catarina vive sempre com uma voz na cabeça que lhe diz

porque é que não estás a comer, Catarina?

O que é chato? É que a voz é a dela,

porque se criar o truque era ouvir outra voz.

Por exemplo, se fosse a Maria Vieira Azeca,

como parrecita, ela perdia a fome.

Nossa!

Passada? Não!

Eu não sabia o que é que ele está a ver.

Este é um sonho.

Estar a dançar com o Bruno, porque eles têm um sonho.

Tem um pequeno nome disto a dançar,

pois já existe o meu sonho.

Ah, ok. Ok, sexy.

Anka.

Olha lá, que aberta com esta.

Espera aí.

Vamos lá.

Agora é que ele ganhou.

Incrível!

Se não tivessem tido nenhum susto,

tu fizesse querer repensar,

ou querer, tu quer, já percebi, mas...

Eu tive ferião há uns anos já, sim.

O que aconteceu?

Tive princípios de um infarto.

Só que...

Há um tempo em que se pensa, em que se muda,

e depois...

Outra vez.

As pessoas começam a dizer,

ah, é gordo, porque...

que queres? Não, não é assim.

Não é.

E eu...

já tentei, já fiz,

e não é o que se espera.

É preciso alguém que nos diga,

olha, precisas disto, disto, disto, disto.

E infelizmente ainda...

não...

não é isso.

Quando assumi-te, atuou-me à sexualidade,

sentiste também,

a dupla discriminação por ser sobejo

e por ser homossexual.

Sinto.

Em termos de...

trabalho,

a gente chegarmos a um...

em algum sítio, ah,

este é um trabalho que tu, se calhar,

não dá para ti.

Tu és casado

com o homem e tal.

Este é um sítio onde trabalham muitos homens.

Os podem gostar?

Sim.

Quer dizer, tu percebas como és as portas...

Sim.

ou se fechando.

E muitas já se fecharam.

Sempre gostei muito da praia da piscina,

e aí eu aparei com os meus pés-de-feiros,

e...

levava...

uma mala cheia de livros,

e não tirava todo.

E o que agora eu acho mais estranho

é as pessoas acharem que aquilo era normal.

Tu...

tens de um namorado?

Há quanto tempo?

Há quase nove anos.

Ele é obeso também?

Sim.

E já eram os dois no princípio da relação?

Sim.

Foi difícil na tua relação com a tua mãe e o teu peso?

De repente, a filha

namora como a pessoa que é obesa.

E como é que a mãe reage?

A mãe reage bem.

Porque aí, nesta altura,

a mãe já estava mais resolvida.

Antes do...

do teu namorado, que eu não sei o nome,

mas antes...

A Jorge?

A Jorge.

Antes da tua relação com o Paulo,

tiveste outras...

certamente outras relações.

Sentiste que a tua aparência

teve impacto

na maneira como olhavam para ti?

Sim, achei que

foram condicionadas

muito pelo...

o fetichismo

que eu na altura não comprei em dia.

Muito bem.

O que é que era e...

Que é de homens que têm fetis...

Ah, sim?

Sim.

Por senhoras maiores.

E alguns com vergonha

que tentam esconder

e o falavam com alguém.

O rapaz

estava tudo certo,

tudo maravilhoso.

Mas, por exemplo, público não...

não pode se nem olhar para mim

na minha direcção,

senão toda a gente vai saber.

E eu não quero que os meus amigos achavam

que eu ando com a...

a minha usagorda.

Inês Rodrigues,

uma salva de bámas para Inês.

A Inês partilhou comigo

que é esquisita com a comida.

Pois é. Imaginem se não fosse.

Esta altura estava consente

e tal quilos. Mas não.

Aos oito anos, que começou pela primeira vez

a fazer dieta e a ir ao nutricionista,

por acaso...

Eu lá na casa pedi o número desse nutricionista

porque eu queria muito fazer a mesma dieta

que ela porque eu também estou precisado

de ganhar 30 quilos.

Durante anos,

a Inês diz que vivia a perder e a ganhar peso

no efeito yo-yo.

Isso agora está resolvido que é só

fazer a mesma dieta.

Sabe enquanto estava lá

se o yo-yo ficava lá embaixo

precisava fazer o cãozinho.

Não é para todas as gerações, esta piada.

Considera que o facto

de ter vivido em restrição deste cedo

fez com que desenvolvesse com a comida

uma relação do fruto proibido e ao mais apetecido.

Não é o que parece

porque se fosse fruto,

não estávamos agora aqui neste programa.

A Inês diz que quando está no supermercado

é muito observada

que lhe olham para o carrinho para ver o que é que leva.

Há, de facto, este preconceito.

Se vimos um gordo a levar comida de plástico

no carrinho, nós julgamos.

E se vemos que está a levar vegetais,

nós pensamos, olha, deve ser pastor.

Está a comprar comida para as ovelhas,

estão queridos.

Também me disse

que gosta de experimentar coisas novas.

Falámos sobre isso, Inês, que gosta de experimentar

coisas novas. E é por saber isso

que hoje trouxe aqui

uma sopa

e um pesco

que tu vais adorar.

Se estiveses de Covid

Parabéns, pá.

Se estiveses de Covid

Parabéns, pá.

Se estiveses de Covid

Como é que foi?

Faz exatamente um ano.

Estava em uma cama do hospital

devido ao peso

e devido às dificuldades respiratórias

que já tinha anteriormente.

Fui mesmo abaixo, fui mesmo abaixo.

Aliás, o médico cuidou de mim, disse-me

que em cada 10 com o meu

o escapava.

Tu tens três fitros também?

Três fitros.

Vinta mais velha,

a doença do meio

e quatro mais novo.

Já tiveses tudo, não é?

A docência para a docência.

Tu sentes

que a tua condição física

afeta a tua relação

com os teus filhos?

A nível se calhar

das atividades

às vezes

podem pedir ou exigir um bocadinho mais de mim

e, claro,

eles sempre conseguem acompanhar.

Parece tempilhas.

Sentes, por exemplo, quando estás a conviver com eles

e há outros pais que também estão a brincar com os filhos

sentes da parte desses pais

ou de outras pessoas

um olhar a julgar?

Sim, e aliás, até já ouvi comentários

este pai deve passar mal com este menino

porque, como é normal as pessoas veem,

se calhar,

elas pensam que não consigo

acompanhar o rito dele

e muitas vezes é verdade, claro.

E tu sentes que a tua forma

de te alimentar

afeta a forma dos teus filhos

de se alimentar?

É uma das nossas grandes lutas

que é para tentar

alterar isso para

que eles também não sigam o mesmo caminho.

Tu com a obesidade

imagino que haja uma série

de doenças que se podem me manifestar

com mais facilidade.

Sim, sim, sim.

Eu, por acaso, atualmente

tenho a mesma atenção

em tua modicação para isso.

Já tive uns picos de colesterol

mas isso está controlado atualmente.

E de coração?

Por acaso, ainda há pouco tempo fiz exames

e ele responde bem, é grande e...

O que seja?

É grande e...

Vai, trabalha, vai.

O que eu sinto é que muitas vezes

nas pessoas que sentem o preconceito

as armas também já estão apontadas

e com razão,

porque já sofreram muito para fazer isso,

já estão apontadas a qualquer coisa

que possa vir

mesmo que veem em paz.

É tipo, Pablo, esquece,

nós já levámos muito na tromba

e, portanto, descusas de estar atentado

por culpa de pessoas idiotas

que julgam a vocês.

E quem vai tipo, não, não,

quer brincar com vocês porque eu acho, de facto,

que há coisas hilariantes na obesidade.

Como há coisas hilariantes

quando isso, na magreza,

um pessoa ir para um avião

e, de repente, alguém ter um lugar

e imaginar que tem outro lugar ao lado

e vai ser um...

Chegou ao João e senta-se num lugar

num voo de oito horas

ou vai para uma casa de bem-do-avião

tem um lado, infelizmente,

ou felizmente, ao que é?

Este avião não está preparado.

Não está preparado para o João.

E não...

Ele é uma aborração.

Pente do ponto de vista.

Se tu viser essa maneira, o que é?

Ele está a brincar porque ele é uma aborração

ou está a brincar porque

está a agosar com o Clixo

e este avião não está a preparar para ele?

Sim.

Vou buscar a sobremesa,

enquanto você os deixa pensar.

A ideia é...

Ele é de dividir o estado porque ele é esquisito.

Mas pronto.

Tem bom respeito.

Eu sou lambão,

pensa que é uma rotação.

Olha...

Estava com outras pessoas.

Já a porta do quarto de noite.

Pode, ao menos,

espalhar as...

Está bem?

Ah!

Bruno.

E aí?

Para de ver.

Acho mal rir em suco da condição.

Eu o retiro.

Estamos rindo a situação.

Estamos rindo a situação.

Ah! Como é que eu sei?

Não estava fixo.

E tem bom respeito.

Vamos ver, vamos avaliar.

Quem é a cavalia? Temos que ser boas nestes.

Eu não quero aquele tipo de problema

de culinar o que acontece.

Hum!

O que está na boca?

Eu vou ser honesto.

Está bom.

Não vou dizer porque.

Não está ato, só contar o que eu achava.

Está muito bom.

E não é assim uma grande desgraça

viver num corpo gordo

e bater contra as móveis.

Acontece.

Eu estava com a boca anca.

Eu pensava que era mais magrinha

e que havia ali nunca.

É uma pancada num móvel, na esquina.

Sim, sempre.

Mas não estás a contar, não tens sensores, não é?

Não há muita.

Não apita tão bem de revender ali uma trancada.

Aquelas barreiras das cadas rolandas.

Nos centros comerciais.

Para não passar nem os carrinhos de bebê.

Sim, para não passar nem os carrinhos de composto,

os carrinhos de bebê.

Ok, aqueles pinos que estão.

Às vezes é complicado.

Hoje estão muito fechadinhos.

E nunca na vida.

É pá, nunca na vida.

Estava muito longe.

Então isso tem o quê?

Pode entrar um pino, não é?

É para cá se faça.

Faças a direito.

Eu vou assim um bocadinho.

Depois encolha a barreira como se fosse fazer uma diferença.

Sim, sabe?

Uma guerra.

Tipo uma gazela.

Um lado, cada vez.

Mais coisas assim que eu não...

Não, lutas o dia a dia com coisas que...

Que não estão feitas.

As banheiras, normalmente,

tens que pôr mesmo muito pouca água.

Para conseguir ficar.

E se poupam?

E rodando.

As maminhas ficam frias.

Pois é.

E fãs de respeto.

Ou pões as pernas.

Pois é, pois é.

Claro, vocês têm...

Mas eu estou a falar para o experiência.

Sim, sim, é verdade.

É a câmera do ouvido de noite.

Não, eu estou a falar de experiência.

Sim, sim.

Mas minhas frias é um problema real.

Pois é.

Eu quero falar para a câmera.

O entorno das duas motas,

com o taparoeiro sempre a regar?

Sim, a regar o tipo frango.

A regar ali as maminhas.

Que é uma imagem triste,

mas fixe, tem que ser.

É o que é.

A quem possa apreciar.

Sim, claro.

A regar maminhas.

Eu aprecio, por exemplo.

Não queria estar a falar sobre isso, mas...

João Brás, uma salva de palmas para o João Brás.

Grande João Brás.

Vocês não sabem,

esta é uma pequena parte.

Este programa tinha cinco convidados.

Mas infelizmente o João Brás comeu quinto.

É taxista e é classe 2 na portagem.

O carro é classe 1, mas...

Quando estávamos na casa, ele corrigiu-me.

Diz-me que não era taxista, era motorista de taxi.

E eu depois corrigi novamente

e expliquei-lhe que o João não é motorista de taxi.

O João são motoristas de taxi.

O João em 2011 concorreu

ao programa de televisão Pessepesado,

onde entrou com 156kg.

E nos cinco meses do programa,

perdeu 55kg.

Felizmente já os encontrou.

E para não os perderam outra vez,

guardou tudo ali na zona do Lombi do Cachaço.

Há um ano, o João foi infetado

com Covid também.

E teve 22 dias internados nos cuidados intensivos.

Seis dos quais em como é induzido.

O médico disse-lhe que em cada 10 pessoas como ele

só uma sobrevive.

E ele nem sequer estava a falar do Covid.

Ele estava a falar de gordos em geral.

E ele disse que o Covid deixou-se com elas

como cansaço

e dificuldade em moverse.

Sabem, a quem aqui isso também acontece muito?

A pessoa com 150kg sem Covid.

O João disse que é gordo

porque passa muitas horas fora de casa sem comer

e depois quando chega tudo serve.

Tudo serve?

Não sei porque julgar pelo botão dessas calças.

Não sei se tudo serve.

Mas imagina, gaga.

Ele nem deve ter tempo de chegar à cozinha.

Tipo, olha esta escravaninha.

O João é pai de três filhos

e diz que é obesidade

e as cadeiras com eles.

Isto é verdade, muitas vezes

eles estão a jogar as escondidas em bling

e vão encontrar o pai escondido

no chimarrão do saldanha.

Ninguém pode dizer que ele não se mexe.

O que eu senti já

é que a forma como eu me senti

à minha autoestima

me condicionava

de demonstrar a minha verdadeira personalidade,

meu caráter.

Isto bate muito

com o facto de eu ter sido muito introvertida.

A única coisa que eu senti

que o corpo influenciava

era mesmo na minha postura, na minha presença.

Eu houve alturas que eu não sabia fazer

conversa de ocasião.

Eu simplesmente ficava acalada no meu canto

mas felizmente

com todo o trabalho

da positividade corporal

e da autoacetação

isto também foi melhorando

e eu comecei a me sentir

muito mais confortável na minha própria pele.

Mas, aqueles tempos

em que eu achava que toda a gente

quando se riam estava a ser rido de mim

eu também me escondia

e mesmo em relacionamentos

amorosos, se alguém

me conhecia alguém

mas é de bom.

Pois não acreditavas

que era positiva.

Gostavas de ser mãe

e é uma coisa que te preocupa

a educação alimentar

que vais dar aos teus filhos?

Sim, para cá se penso nisso muitas vezes sim.

Pense muito e acho que temos que

nos educar ainda primeiro um bocado

aos dois na alimentação

e mudar

muitos hábitos alimentares

antes de podermos alimentar

outra pessoa.

Um bom motivo para mudar?

Sim, estamos no caminho

preso.

Migas forever

Migas forever

E agora, o que é que vai primar?

Não podem queimar

É, até brilhar

Mas tu estás a pôr no fogo mesmo?

É mesmo no fogo

Mas eu gosto

de freguer.

Às vezes eu...

Eia malta, boé quente

Eia, está meio todo para a cara.

Queimei

Eu não gosto disso

é enjoativo. Tu gostas?

Mais ou menos. Desculpa, estava

surpreso.

Estive com a chapada de marshmallow.

E não metas no fogo

para...

O que é bom?

Está a ficar muito escuro. Dá uma

aburreira a todos.

Uma quê? Uma aburreira?

Eu não faço ideia o que é, mas acho...

Eu acho que tenho a ver que, provavelmente,

com fezes...

...toda a cagar

desguiça.

O que é isso, senhor?

Te vejo de cinco meses a chorar.

Olha a boquinha a pedir.

Aí, cinco, essa aqui, uma tableta

esclareta, também estava a se chorar.

Aconteceu

imenso, imenso.

E, assim, a algum lado,

olha o gordo, e eu,

se calhar, atraía-me.

Agora, não. Agora, não.

Agora, respondo. Eu faço a pessoa

que está a passar.

Ê, olha o gordo.

Diz isso tu. Não posso.

Por que? Estamos aí. Não faz mal.

Nós fomos pis, vamos fazer outra vez.

Tenho em mim todas as pessoas

que há alguma vez te disseram isso.

Sim.

Ê, olha o gordo.

Mete-te aqui debaixo e te papas logo vejo.

Então, a badocha.

Ah, a badocha é o c*** da c***.

A feira que eu consigo descer.

A genera.

É que o que estamos muito de dizer é uma genera.

E aí, mas o gordo...

O gordo não é p*** do perigo.

Pesso um bidon.

A genera está indo nos portas.

Temos aqui o João Posadas,

um dos meus queridos novos amigos.

Ora, João Posadas.

Ora, João.

O João.

Você é fresco.

O João diz que se sente duplamente discriminado

por ser obeso e também por ser homossexual.

Sabe o que é que você é, João?

Você é uma bicha bucha.

Eu caio divertido.

Que é uma brincadeira, que é palavras na bicha bucha.

E de facto é muito bonito, porque reparem,

ele gosta de tantos homens

e até resolveu ser dois.

O João diz que em agosto teve Covid

e foi uma desgraça, teve chave em casa

e os nervos davam-lhe para comer.

Comia chocolate, bolachas, tudo.

Ao menos é importante que saiba

que ele só tem esta compulsão de comer

muito em duas situações da vida dele,

que é quando tem Covid

e quando não tem.

Em termos profissionais,

o João diz que já lhe negaram trabalhos

por ser obeso, mas também por ser homossexual.

Portanto, o João sofre preconceito adorar.

Ele contou-me que numa das empresas

chamaram-me para a entrevista,

mas nem chegou a ir, porque entretanto

disseram-lhe, já não estamos interessados

porque tu és casado com um homem.

E depois conversaram-lhe,

aqui só há espaço para uma diva,

sou a porca.

Aham.

É a lesta que estou,

eu não gostou dessa.

É a vingança dessas porcas

que não querem vós, sim,

a bichabuja.

O João partilhou conosco que a irmã dele

tem 200 quilos

e ele tem 150, portanto,

que estará a mãe deles

depois de dar à luz dois semartes.

Tadinha, era parecido o túnel do Grilo.

Também nos confessou que adora comer

e é essa a razão que ele encontra

para a obesidade mórbida.

Está aqui uma grande descoberta por acaso.

Tema de Mirele não trabalhar na PJ.

Ora bem, ora bem, ora bem,

eu comecei de Toblerones por dia

dentro de uma sandes de leitão,

sou ao bezo mórbido,

tu queres ver que não é a Zumba

que está aí para as ancas?

Há alguns anos teve um susto,

um princípio de infarte

e nós conseguimos falar

com o infarte

que nos disse, porra,

eu ainda comecei, mas depois como é que

eu mando a ver este bicho abaixo?

Porra!

Começava de palmas para o João,

a Catarina,

a Inês

e o outro João.

Muito obrigado por terem vindo.

Sabe a palmas para eles.

Obrigado.

O que vocês acharam da experiência?

Eu achei que foi

foi uma ótima

experiência.

Realmente em pessoas como nós

que nem sempre são ouvintes...

O que tu falaste do Bruno?

O de qual o Bruno? Não conheço.

Um brinde. Muito obrigado por estes dias.

Foi um grande prazer

conhecer-vos e espero que consigam

atingir todos os vossos objetivos.

Obrigado.

Nos voltemos a encontrar aqui uns anos

opa!

Eu já minta gordo

Eu já minta gordo.

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É possível encontrar humor no excesso de peso? Neste episódio Bruno Nogueira convida quatro pessoas com obesidade mórbida e transforma as suas histórias num espetáculo de comédia. Oiça aqui o quarto episódio de Tabu, um programa onde nos rimos de temas marcados por preconceitos e violência: “O bullying com o meu peso não começou na escola, começou em casa. Um dia a minha mãe disse-me 'para saíres comigo tens de te vestir e maquilhar bem, porque não quero um monstro atrás de mim'”.

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