TSF - Minoria Absoluta - Podcast: O "ruído" de Galamba numa semana de Coldplay, com Maria Escaja e Francisca Figueiredo
TSF Radio Notícias 5/20/23 - Episode Page - 39m - PDF Transcript
Numa das semanas mais aguardadas pelos portugueses, com quatro concertos dos Coldplay em Coimbra,
o protagonista foi João Galamba, a sala seis do Parlamento, que acolhe a Comissão
Parlamentar de Inquere e tuagem de tão da TAP, passou a ser uma espécie de sala de
estar dos portugueses. Marcelo Rebelo de Souza até chamou os jornalistas para comentar
as audições e na TSF chamamos a Maria Escaja e a Francesca Figueiredo para mais um programa
da minoria absoluta. E comecemos, claro, está pela Comissão de Inquere e tuagem de tão
da TAP. Maria Escaja, tenta-te deixar do esclarecido as últimas audições, tanto de
Federico Pinheiro como também da chefe de gabinete e do próprio João Galamba? Ou ficaste
ainda com mais dúvidas?
Olá Francesco, olá Francesca. Não, acho que nem eu nem ninguém, isto está esclarecido.
Primeiro acho que cada um está a ver o lado que lhe interessa, não é? Quem gosta do PS
acha que o Galamba disse a verdade toda, quem não gosta do PS acha que o Federico disse
a verdade toda. Eu acho que a verdade está a estar alguns no meio porque as versões
não são coincidentes e divergem em muitos pontos. Acho que todo este processo deixa
o Galamba fragilizado. Acho que não sei bem de que forma é que costa pensar segurá-lo
no seu governo. Ao mesmo tempo também não vejo com vontade nenhuma do demitir ou do
deixar demitir-se. Então eu vou aguardar com alguma curiosidade espetativa os próximos
desenvolvimentos, sendo que eu acho que os próximos desenvolvimentos serão nenhum.
Acho que mais uma vez vão continuar tudo como está e vão tentar deixar que isto
passe, não é? Francesca, depois de teres ouvido estes três
protagonistas, se tiveses de comprar um carro usado a algum de eles, compravas a quem?
Pois, eu concordo com a Maria, no meio de tanta confusão. Primeiro não se apura nada
e depois há algo de grave, não é? Apesar da comissão de inquérito não ser um tribunal
e não esteja ali para apurar culpados nem para prender ninguém, mentir em plena comissão
de inquérito constitui um crime, da mesma forma que mentir em tribunal constitui. Portanto,
eu acho que não compraria ninguém, preferir a um stand fiável. E pronto, e depois amém
engraçado nesta polémica toda, que apesar de nós não chegamos a conclusão nenhuma
e percebemos também os objetivos iniciais desta comissão de inquérito que acho que
foi até convocada pelo Bloco de Esquerda, se não me engano. Quer dizer, tinha como
objetivos perceber como é que se decidir as indemisações, as remunerações de órgãos
sociais, de que forma é que o Ministério das Infraestruturas e das Finanças estava
relacionado com a gestão da TAP. Ou seja, estes pontos iniciais estão todos perdidos
também no meio desta polémica e portanto o foco está completamente perdido, na minha
opinião. Algumas vezes vai-se tocando os assuntos, mas os portugueses só querem saber
quem é que bateu o final e quem não bateu. Mas você falava em versões contraditórias
antes de passar para a Maria Escaja. Falava em versões contraditórias, sem mentiras,
quem é que na tua opinião está a mentir? Eu não sei, eu sinceramente não sei, não
há provas, cada um diz que tem provas, depois essas provas, afinal a Câmara estava variada,
ou seja, eu não estava lá, portanto não sei apurar quem é que está a dizer a verdade
ou não, agora que alguém está a mentir, de certeza que está, não é?
Isso não é isso, e sem dúvida, resta a saber quem e quantas pessoas é que estão a mentir,
porque três pessoas, em dois dias diferentes, contarem coisas, estão disparos, certamente
não estão todos a dizer a verdade, um diz que não agrediu, uma diz que foi agredida,
o outro diz que foi agredido, já me perdi em todas as... Ou seja, dizem todos que foram
agredidos uns pelos outros, mas os próprios dizem que não agrediram ninguém, ou seja,
logo aí...
Ainda assim há uma coisa, naquilo que João Galamba diz, que é verdade, que é, ninguém
fala sobre o mesmo que o Federico Pinheiro, ou seja, ninguém é testemunha de Federico
Pinheiro, no entanto, o da chefe de gabinete e João Galamba, pelo menos na questão das
agressões, há uma versão comum.
Mas também, desculpa Maria, mas também acho que ninguém se arriscaria a fazer uma acusação
daquelas e vir ao público, dizer que foi agredido, que foi intimidade pelo CIS, e afim,
isto não tivesse algum fumo de verdade, ou pelo menos, não sei, já...
É assim, eu acho que, por definição, a chefe de gabinete de João Galamba irá defender
o próprio, não é?
Contudo, acho que é importante apurar quem é que bateu em quem, porque estamos a
fazer agressões no local de trabalho, estamos a fazer agressões físicas, no local de trabalho,
ou seja, não é um fé diver, não é, ah, depois descobe, se eu não se descobre, não.
Federico Pinheiro diz que foi agredido, as assessoras dizem que não agrediram, que
tentaram foi assegurar a mexilha.
E que foram elas agredidas e que levaram murros, eu acho bastante grave, têm sido um lado
a agredir, têm sido o outro, achamos ambas as versões bastante graves, e uma delas provavelmente
estará certa, e acho que é muito importante apurar quem é que, às nove da noite, tem
no local de trabalho, resolveu largar ao soco.
Poderia ser a partir das câmeras de vigilância, mas pelos vistos, há algumas câmeras que
estão...
Pois, pois, pois, é sempre um problema.
Mas além desse tema das bofetadas, há um outro, que é central, no meio de toda esta
novela, que é a atuação dos serviços de informação e de segurança, a Fana Cisca,
já percebesse, no meio disso tudo, quem é que pediu a intervenção do Cis e quem é
que tem ou não razão?
Pois, e ainda a propósito disso, o primeiro-primeiro-ministro tinha dito que não tinha sido informado
ou que não tinha conhecimento, mas ontem, na comissão de inquérito, o próprio Golamba
diz que acho que foi a chamada que veio do gabinete o primeiro-ministro, portanto, há
aqui umas...
Não, foi o gabinete do primeiro-ministro que aconselhou o Ministério das Impreseduturas
a falar com o Cisca.
Ou seja, qual é essa aqui a questão?
Como foi o gabinete, se o primeiro-ministro não sabria, efetivamente, o que é que estava
a passar?
O primeiro-ministro estava fora do país nessa altura e o João Galamba tentou contactá-lo,
isso de acordo com o Ministro, e o primeiro-ministro não atendeu a chamada.
Pois, acho que até foi por isso que a Iniciativa Liberal pediu a presença do primeiro-ministro
na comissão de inquérito para apurar em seus factos, mas posso fazer aqui só um ponto,
porque eu acho muito apelada, porque apesar de nós não estamos a conseguir saber nada
sobre a TAP e sobre esta gestão, e como é que é, pronto, gerida, é triste.
Este, todo este, quase teatro, quase novela, que nós estávamos a comentar antes do início
do programa, o que é que se está a passar, porque nós ficamos aqui um bocado a questionar,
então será que os cinco gabinetos dos ministérios funcionam no governo?
Será que são estas as pessoas que estão a gerir o dinheiro dos contribuintes, ou será
que é esta a competência, que as que até nem conseguiam abrir um documento num telemóvel?
Será que serão estes os funcionários que nós queremos que estejam nestes locais, a
gerir as empresas e as instituições públicas?
E, apesar de nós não estarmos a conseguir tirar conclusões nenhuma, porque nem de agressões,
porque os factos são contraditórios, nem em relação à TAP, acho que estamos a tirar
algumas conclusões de, se calhar de uma incompetência da parte do governo de um país, e isto ajuda-nos
a refletir um pouco sobre o futuro.
Maria, como diz a Francisca, a imagem do governo e das próprias instituições fica manchada
com todo este caso?
Eu acho que fica bastante fragilizada.
Nós estamos desde janeiro, eu sinto que estou sempre a dizer isto, sempre que venho aqui,
repito que estamos desde janeiro em polêmicas atrás de polêmicas, e curiosamente sempre
que eu venho cá há uma diferente.
Tu vens cá há mais ou menos de 4 em 4 semanas.
Depois de 4 em 4 semanas, e normalmente é o tempo a ver mais uma ou duas.
Acho que isto deixa o governo muito fragilizado, e deixa uma imagem, como diz a Francisca,
faz-nos questionar como é que o país está a ser gerido.
Não nos podemos esquecer que estas pessoas tomam decisões políticas e governativas
que afetam a vida de toda a gente.
E eu acho que... Primeiro nós já temos, já temos por tradição e por conversa informale
uma ideia de que é tudo o mesmo e eles vão para lá e não fazem nada.
Ou seja, já há um discurso que tem que ser desconstruído em relação aos cargos políticos
e cargos públicos, e que eu acho que é muito necessário ser feito.
E com estas polêmicas, quem ganha é a Estrema Direita?
Não me vou focar na Estrema Direita.
Acho que a Estrema Direita vai sempre buscar tudo o que puder e, como disse há pouco tempo,
nós não podemos moldar à democracia a imagem do que a Estrema Direita não quer.
Os países governam-se como é, às vezes melhor, às vezes pior, e acho que não podemos estar
reféms do que a Estrema Direita não quer para tomarmos as decisões necessárias de
serem tomadas.
Agora, o que eu acho é que toda esta história, e como a Francisca chamou a novela, efetivamente,
ontem eu ouvi pessoas a dizer, ah, hoje é o segundo episódio da novela, comecei a ver
uma novela nova, no fundo, é um ridicularizar do governo, da política, da tomada de decisões
e dos lugares muito importantes para a vida de nós todos e que afetam a vida de nós todos,
que eu acho que deveriam ser geridos e olhados e cuidados com mais chariade e, às tantas parece-se
as acessões dos estudantes, não é?
De facto, foi o primeiro ministro a ligar quase a vida do governo à continuidade de
João Galamba, no governo, com a audição de quinta-feira do ministro João Galamba,
ficamos um passo mais próximo de uma provável dissolução da Assembleia da República?
Não sei, depende da vontade de António Costa, acho que tudo aqui, tudo que tem a ver com
demissões e dissoluções da Assembleia, depende da vontade de António Costa.
Marcelo Rebelo de Souza, nesse caso?
Sim, mas...
Marcelo Rebelo de Souza tem o poder para a dissolução.
Marcelo Rebelo de Souza tem o poder, mas regra geral, Marcelo Rebelo de Souza avisa que
está dependente de uma decisão que será tomada por António Costa.
Ou seja, Marcelo não disse, mas apareceu na capa de expresso, que se Galamba caísse,
deixaria que era António Costa também, mas lá está.
Marcelo Rebelo de Souza já teve umas declarações, logo depois, a dizer que o único...
Na hora da conferência de imprensa que desconfocou, mas depois cheio do Palácio de Belém.
Precisamente, precisamente, mas Marcelo Rebelo de Souza disse que o único porta-voz do Palácio
de Belém é ele mesmo.
Pois, mas é que ele tem várias versões, ele às vezes engana-se, baralha-se um pouco
com quem é que falou e com quem é que não falou, mas eu acho e achei, já que temos
afado Marcelo, para quem há 15 dias estava a dar um respondente ao governo e a falar
sobre estabilidade e sustentabilidade, acho que o que fez hoje foi miserável.
Francisco, a iniciativa liberal nota incoerências entre a versão de João Galamba e a da António
Costa, como já tínhais referido, faz sentido chamar o Primeiro Ministro a uma Comissão
Parlamentar de Inquérito?
Effectivamente, se o nome da António Costa veio à Comissão de Inquérito, isso houve
dúvidas que surgiram, acho que faz parte da Comissão de Inquérito avaliar se faz
ou não, se vale ou não, não é uma pena.
Em relação a Marcelo, só para comentar uma situação, efetivamente há duas semanas
houve umas declarações ao país e acho que parte do país fica um pouco desilívido
e acho que neste momento, perante o que se tem passado esta última semana, Marcelo
sentia que se viesse falar novamente ao país, teria que trazer alguma novidade com o impacto
ou umas palavras mais fortes, ou umas atitudes mais fortes e como, se calhar, não pretendia
ou neste momento, não, portanto, por exemplo, de só ver a Assembleia da República optou
por não falar e por essa via.
Marcelo de Souza não anunciou uma declaração como o tinha feito há 15 dias, anunciou
de alguma forma uma conversa com o jornalista, na verdade, isto muito nas televisões, deu-se
a ideia que Marcelo de Souza iria fazer uma declaração ao país e pode ter partido
daí o passo atrás de Marcelo e o cancelamento dessa...
Por acaso, eu conduvia...
O que não impediu de falar com o jornalista, eu conduvia a notícia da declaração, fiquem
mesmo com a ideia que era uma declaração para essa desculpa, mas é interessante porque
e aqui ia falar de consequências e de possíveis atitudes e afins, como disse anteriormente,
esta Comissão de Incareitos não é para arranjar culpados em uns, mas pode, efetivamente,
ter impactos, podem ter impactos nas urnas e aqui discordo da Maria, porque parte do
crescimento à extrema direita deve ser o descontentamento da população, como já
referi no programa anterior, e por isso, estes exemplos de incompetência, de descredibilidade,
as instituições promovem o seu crescimento, portanto, poderá haver um impacto nas urnas.
Se eu fosse assim muito, muito crente e visse o mundo de cor de rosa, também acreditaria
que estas comissões que servem de escrutínio podiam beneficiar uma mudança, ou seja,
aprenderem com este escrutínio e poderem promover melhores práticas e melhores atitudes, que
eu acho que não vai acontecer, mas também certos dados apresentados nestas comissões
podem ser investigados pelo próprio Ministério Público, portanto, também podem surgirem
aqui investigações a partir disto.
Agora, ou seja, existem vários impactos, várias consequências que podem surgirem
daqui.
Deixem-me só fazer uma denda, eu acho que isto obviamente tem impacto no crescimento
à extrema direita, não é isso que eu estou a negar.
O que eu não gosto é de focar o debate político e a análise política na extrema direita ganhar
com isso ou não.
Ok.
E já agora, na sequência da pergunta que fiz a Francesca, achas que António Costa deve
vir à Comissão Parlamentar de Inquérito pessoalmente, isto porque tanto o Primeiro
Ministro como o Presidente da República, caso sejam os chamados, podem responder por
escrito.
O Bloco de Esquerda já vai dizer que quer António Costa em grito carnioso, na Assembleia.
Eu acho que António Costa deve vir de carnioso à Comissão de Inquérito.
É certo que pode responder proscritos, mas como toda a gente sabe, proscritos é tudo
muito mais fácil.
Eu também tenho mais facilidade em responder ao que quero que seja proscrito, não é?
Dá para pensar, não é?
Dá para pensar, tens tempo, escreves e apagas, não é o que estás a dizer no momento e que
está gravado e que não se pode voltar atrás.
E foi o que aconteceu com João Galamba já agora, houve muita coisa que ele se ilio
naquela Comissão Parlamentar de Inquérito que se tivesse sido proscrito, se calhar,
tinha sido mais ponderado.
Para quem acompanha minimamente o Procurso de Galamba há uns tempos, toda a gente sabe
que o proscrito será sempre mais seguro para ele, não é?
Ele é João Galamba é uma pessoa que...
No Twitter nem sempre.
Não, no Twitter não.
Mas João Galamba lá está, o escrito ele já é intempestivo, ou seja, João Galamba
proscritos já muitas vezes pis ao risco, portanto pessoalmente será sempre um risco
maior.
Por outro lado, acho que Galamba esteve muito controlado na Comissão.
Foi logo a maior surpresa praticamente do início.
Acho que nos aburreceu muito a todos.
João Galamba tirou a tarde para aburrecer e adormecer um país inteiro repetindo três
e quatro vezes as mesmas coisas em todas as respostas, mas são uma estratégia...
Não sou jurista, notas.
Mas isso é uma estratégia como qualquer outra, não é?
E dá um...
E acho que Galamba precisa, depois de ter sido acusada de ameaçar o Federico com dois
murros, se não estou em erro, acho que Galamba precisa obviamente passar uma imagem pública
de uma pessoa mais calma, mais contida, um homem sério, tranquilo, que está ali sem
nada esconder.
Por outro lado, quem acompanha minimamente sabe que Galamba não é propriamente essa
pessoa.
Não conheço pessoalmente, lá está, só falar apenas do que é público, mas já
houve momentos em que Galamba foi muito intempestivo.
Voltando a Marcel Rebeldo Sosa, exatamente na véspera da audição de João Galamba,
o presidente da República disse que é uma ilusão achar-se que se pode ter poder sem
responsabilidade.
O presidente não descansa enquanto João Galamba não sair do governo, Francisca.
É engraçado, porque vamos perceber aqui o seguimento...
Convém dizer já agora que isto foi durante uma cerimônia onde recebeu a seleção em
cadeira de rodas de ande-bola.
Ah, por isso.
Sim, completamente apropriado, não é?
Sim, e Marcel Rebeldo Sosa mesmo assim acabou por fazer estas considerações.
É engraçado, porque primeiro se ele quer que ele caia, também quer que costa caia,
não é?
Porque se diz que se a Alamba caísse...
Marcel Rebeldo Sosa não disse isso, saiu numa notícia dos preços?
Disse depois, pronto, tem esta ideia de que caíram os dois, vá.
Não sei, porque por um lado também houve esta ideia que foi passada bastante na semana
que se esperava uma dissolução da Assembleia da República e que não tinha sido dissolvida,
porque não sabia quem é que ia pegar no governo a seguir.
Portanto, não sei se estas dúvidas em relação à oposição se mantém ou se não se mantém
ou se esta maioria absoluta está tão denificada que, ó, pronto, vamos à oposição.
Maria Escaja, Marcel Rebeldo Sosa nessa mesma cerimônia disse também que o prestígio
das instituições é o mais importante e tudo o resto depende exatamente disso.
Pode ser um fator determinante para a dissolução ou não da Assembleia da República?
Eu acho que primeiro há muitos fatores determinantes que deveriam levar Marcel Rebeldo Sosa a pensar
antes de falar, porque a necessidade de Marcel de comentar tudo leva...
E ele de resto há 15 dias disse que iria ser mais interventivo ainda.
Pois, o que é um problema?
O que é um problema?
Eu continuo a manter que eu acho que o governo só cai se ou se Antonio Costa quiser, ou
se Marcel vir que o PSD tem condições para ganhar eleições sem depender de grandes acordos
à direita.
De outra forma, não vejo... não vejo qualquer... não, não é...
É-mos tanto, tanto Marcel Rebeldo Sosa como Antonio Costa estão nisso há muito tempo
e têm os seus interesses e eu não vejo que Marcel Rebeldo Sosa ponder, tanto que Marcel
podia ter demitido... podia perfeitamente ter demitido o governo ou dissolvido a Assembleia
naquela terça-feira, escolheu não o fazer e tinha mais que razões para fazer, se quisesse.
Portanto, eu acho que, enquanto tudo isto acontece, nós temos dois políticos que estão
a tentar ser muito cuidadosos para que as coisas não se desenrolem de tal forma que
seja mesmo necessário dissolver a Assembleia ou demitir o governo, acho honestamente que
isso só acontecerá quando um deles vira um proveito próprio ou para si próprio ou
para seu partido.
Francisco, por acaso, agora lembramos do PSD, agora tem um cartaz, nem com maioria absoluta.
Eu perguntou ao PSD, nem com esta maioria absoluta.
Por acaso, agora já não é esse cartaz, já passaram para um que é consigo?
Agora eu consigo, que é... se do ver o conseguir ou se consigo também, pronto, estes trocadistas
têm sido...
Mas curiosamente, já que falam em alternativas políticas, há quem diga ao longo das últimas
semanas, e tu, Francisco, já foste muito crítica de Luís Montenegro aqui neste mesmo
programa, mas há quem diga que Luís Montenegro tem melhorado a postura como líder da oposição.
Concordas com esta ideia?
Está Luís Montenegro a criar uma alternativa ao PS?
Se essa alternativa incluir...
Incluir pelo menos almoços com o Roi Básque.
Exatamente, com a iniciativa liberal, então eu acredito nessa alternativa a um partido,
efetivamente, que eu confio na Assembleia da República, que é a iniciativa liberal,
no PSD, há quadros excelentes no PSD e que certamente constituiriam um governo forte
e capaz de alterar o rumo do país.
Agora, tudo depende destas reações a esta instabilidade do país e também eu acho que
é a postura com que nós encaramos os problemas, porque muitas vezes o que ouvimos da oposição
é dizer mal, mal, mal, mas eu queria ouvir mais soluções, soluções, soluções e enquanto
não ouvir nenhum discurso mais direcional para esta vertente de resolver, será sempre
o fácil.
Eu acho que dizer mal é sempre fácil, não é?
Mas consideras que pode ser Luís Montenegro o futuro primeiro-ministro?
Sim, considero até, porque é o atual presidente do PSD.
Queres responder?
Mariusca, seja.
Acho que Montenegro, acho que neste momento qualquer partido e qualquer líder de algum
partido que não seja o PSD, é a vida super facilitada para ser oposição.
Quer dizer, não há por onde falhar nós aqui, também podia agora, imagina eu sair
daqui agora e liderar um partido e ninguém achar que eu podia ser a primeira-ministra,
assim do nada, não é?
O mesmo com Montenegro, Montenegro, Montenegro, não vejo nenhum, não reconheço nele, qualquer,
não é qualquer qualidade que estou a ser, mas não reconheço nele a capacidade de liderar
um país quando tem o próprio partido completamente dividido, tem uma posição interna e um descontentamento
interno enorme, não vejo como é que Montenegro possa liderar um país, tanto que acho que
nesta altura, quer dizer, acho que nesta altura não há ninguém que não consiga fazer oposição
ao governo, não é?
Temos acesso a tudo o próprio governo que está a fazer oposição a si próprio.
Exato.
Uma das coisas, um dos problemas que nós temos aqui e com o qual nós todos temos sofrido
é com as guerras internas do próprio PS.
Exatamente.
As coisas estão a chegar a este ponto, porque o próprio PS está fraturado e tem disputas
internas.
Pedro Nunes Santos e Medina não comunicaram, Medina ficou, não comunicaram sobre animização,
Medina então admita-se ou da TAP como para mostrar que a final é que pode, ou seja,
isto tudo, são consequências das próprias guerras internas do PS, portanto a partir
deste momento, o próprio PS consegue fazer tanto estraco as suas guerras internas, bom,
quem é que não consegue fazer oposição, não é?
Fazem oposição aos seus próprios.
E mesmo com essa maioria assalada é com a dívida do que é que temos à espera.
Regressando à Comissão Parlamentar de Inquérido, esta semana marcou também um pouco, ficou
marcada por entradas e saídas na Comissão Parlamentar de Inquérido, isto porque Mariana
Mortágua deixou a CPI à gestão da TAP, entrou o Pedro Felipe Suárez para o lugar
dela, nos chega, a André Ventura também passou a deputar de substituto e já apareceu
algumas vezes na CPI, mas queria te perguntar mesmo a relação a Mariana Mortágua, fica
a fazer falta a Mariana Mortágua à Comissão Parlamentar de Inquérido, ela que é uma
das protagonistas destas CPIs desde o tempo do BES?
Fica a fazer falta talvez ao espaço mediático e documentário, não é, as pessoas habituaram-se
muito a personificar na Mariana Mortágua, ou seja, Mariana era a cara do bloco e eu
sou grande admiradora do trabalho da Mariana, muita admiradora mesmo, mas não acho que
a Mariana seja a única pessoa no bloco capaz de estar presente numa Comissão Parlamentar
de Inquérido.
E acho que o Pedro Felipe Suárez também, com o tempo que já tem de ser embolado, acho
que está mais que capaz e apto e que será muito bom nesta Comissão de Inquérido, acho
que faz falta ao imaginário público de ver a Mariana Mortágua, uma mulher jovem com
força a destruir homens poderosos, mas vamos lá ver, a vida interna de um partido e a
política de um país não está dependente de uma pessoa ser muito bem comissões de
Inquérido.
O bloco tem mais quadros que serão perfeitamente capazes de continuar o trabalho que a Mariana
fez durante estes anos todos.
Já agora, Francisca, pergunto-te se Bernardo Blanco é uma nova versão, digamos assim,
de Mariana Mortágua nas Comissões Parlamentar de Inquérido.
Será uma nova versão de uma Cecília Meirelles, que também é uma dupla, que uma pessoa tem
saudades, mas eu acho que o desempenho está a ser excelente e, aliás, mesmo o próprio
tema da TAP, eu lembro que foi um tema um pouco mais introduzido pela Iniciativa Liberal,
antes de falarmos da nacionalização e prefeitização, ninguém estava falado neste tema, até que
a Iniciativa Liberal introduziu este tema na opinião pública, porque antes se fizessemos
uma sondagem, toda a gente era a favor, quase, de manter TAP como uma companhia nacional
e depois...
E bem...
E mal.
Mas isso em presas de Estado são outras conversas que, acho que claramente, escordemos.
E a partir daqui, acho que este trabalho, ao longo dos vários meses, tem vinda-dar
frutos, há mais crotínio e também aqui uma continuação de uma excelente prestação
na Comissão de Inquérido.
Posso fazer uma pergunta, Francesca, tu achas que a TAP devia ser privatizada agora?
Eu acho que a TAP devia ser reorganizada e também não ser vendida ao desbarato, não
é porque...
É que no meio de tudo o que estamos a passar, se a TAP fosse vendida agora, acho que até
eu comprava a TAP.
Sim, sim, claro.
E olha que eu não tenho muito dinheiro.
É preciso haver aqui um período...
Neste momento, tem que haver um equilíbrio, ou seja, também nós investimos tanto dinheiro
na TAP, que não podemos vender.
Agora, o objetivo sim é vender, mas também não ter perjuízo com esta venda.
Se bem que também as contas, e acho que em Portugal há uma falta de pensamento ao
longo prazo, e se nós chegássemos à conclusão que ao longo prazo, o atraso desta venda trazia
mais perjuízo do que a sua venda agora, também não me importava de vendê-la agora.
É uma questão de contas, que acho que temos economistas para as fazer.
Curiosamente, na audição de quinta-feira, João Galamba pediu cinco minutos para fumar
um cigarro, e é o que nos leva ao segundo tema do programa, embora, Maria, não possas
fumar aqui em estúdio.
Vamos falar sobre a nova lei...
Já estava aqui assinando um cigarro em pleno estúdio da TSA.
Vamos falar sobre a nova lei do tabaco.
Não estava.
Limitação...
Não estava, não estava.
Limitação dos pontos dos postos de venda e proibição de fumar em alguns locais ao
ar livre, por exemplo, perto das escolas e de hospitais.
Maria Escaja, é uma lei demasiado proibicionista, até já alguns deputados da partida socialista
admitiram isto mesmo, em declarações ao público.
Eu tenho duas opiniões diferentes sobre duas partes desta lei.
Não acho que seja excessivo proibir as pessoas de fumar em alguns locais, porque já sabemos
que não se pode gerir uma sociedade a base do bom senso, não é?
Se assim fosse, não precisávamos de 230 deputados a legislar, não é gerível só
com bom senso e, portanto, tem efetivamente que haver medidas algumas delas restritivas.
Eu não acho que seja chocante não se poder fumar em uma espelanada coberta, e eu sou
fumadora, que declaração de interesse sou fumadora e pretenço àquela parte dos fumadores
que são conscientes de que há outras pessoas que não fumam e que podem não querer respirar
o fumo do meu cigarro.
Portanto, as planadas cobertas não vejo grande problema com isso, até porque muitas vezes
as planadas têm as mesas muito próximas, já me aconteceu estar almoçar e estar a
respirar o fumo de um cigarro de outra pessoa que me incomoda.
Agora, lógico, quando eu estou a fumar certamente poderei estar a incomodar outra pessoa.
Em frente às escolas, idem, equipamentos de saúde, idem, as universidades, eu acho que
o governo deve ter pensado em fazer educação por atacado, mas é assim, as universidades
são frequentadas por maior de idade, e eu acho que a partir desse momento a limitação
do fumo à porta da universidade, se for um espaço aberto e amplo, talvez seja um
bocadinho excessivo.
Paragens da auto-carro também acho bastante bem, até porque acho que já todos assistimos
a 10 pessoas debaixo de uma paragem da auto-carro e alguém a fumar e os outros todos a respirarem.
Nós não podemos esquecer que o tabacão é substanciado no si e vem com o fumo passivo,
é também, e Francisco, saberá quantos mais exatos que eu, mas é também uma questão
de saúde e o causador de vários problemas de saúde.
Francisco, a Pélua até ao teu sentido como médica, faz sentido proibir para para educar,
como dizia Maria Escaja?
Primeiro, ninguém, ok, proibir, eu acho que foi proibir, mas não foi bem uma proibição,
foi mais um condicionamento de comportamentos, que é diferente, ou seja, nós em nível
de políticas públicas e políticas de saúde, nós podemos atuar em vários fatores e podemos
condicionar o comportamento das pessoas, em vez, por exemplo, por oibir o tabaco em
si.
Mas eu queria dar aqui um passo atrás e explicar também a importância de políticas públicas
de saúde deste nível, todas estas medidas partirão do programa que é uma geração
livre de tabaco até 2040 e que num país em que 14,2% de portugueses fumam.
14,2% só?
Exatamente.
Estes dados são de 2019, não sei, mas é mais prevalente nos homens, 20% dos homens
e acho que é 9% das mulheres com idades superiores aos 15 anos.
Só só se seja atenção, isso é demais, mas eu acho que não seria mais adivinhado.
E eu vou explicar porque não é só, porque assim, primeiro as pessoas folgam-se muito
naquela mensagem dos pacotes de tabaco fumar mata, mas por que é que formar mata?
Existem no cigarro, existem vários componentes.
Existem componentes pro-inflamatórios, carcinogênicos, que vão provocar cancro a
nível do pulmão, da bexiga, da orofarins, também promovem doenças cardio respiratórias,
cardio vasculares, também os próprios efeitos editivos com a nicotina, por isso é que
as pessoas quando não fumam ficam todas irritadas, que é um síndrome da destinência
que faz com que elas fumem cada vez mais.
E também existem os impactos do fumo passivo, que são bastante semelhantes às das pessoas
que fumam ativamente.
E depois também há um grupo especial que fica mais em risco, que são as próprias crianças,
que são fumadores passivas, por exemplo, dos pais, que têm mais tendência a desenvolver
autitos, as acervações de asma, as refeições respiratórias.
E se isso não interessa a ninguém, tanto a nível de impacto individual como impacto
coletivo, podemos falar de números, são gastos mil milhões de euros em curar doenças
relacionadas com o tabaco, mas também em perdas de produtividade, porque alguém que
está doente não está a trabalhar, não está a produzir, portanto, à perda para a economia.
E eu acho que, para comentar estas medidas, também temos que apelar um bocadinho à
evidência o que é que a evidência destas políticas nos traz.
Efectivamente, a evidência diz-nos que se nós limitarmos os locais de fumo, ou seja,
onde as pessoas podem fumar, a probabilidade de surgirem novos fumadores de creches, tal
como há uma diminuição do consumo do tabaco.
Também, antes de dizer em que as planadas agora vão ficar vazias, também a evidência
diz-nos que não há impactos económicos nem em perdas de rendimentos por causa de
medidas destas.
Portanto, estás ao lado de Manuel Pizarro nesta nova lei.
Isto são os factos que eu apresento, ou seja, e eu sou uma pessoa da ciência, portanto,
sou a favor da evidência.
E também posso fazer a minha declaração de conflito de interesses?
Eu não fumo e acho o fumo do tabaco altamente irritativo.
Já aguarda, deixa-me fazer-te também uma outra pergunta.
Fumar tabaco aquecido, como é o caso da Maria Escaja, é igual a fumar o tabaco dito normal?
Eu não quero saber.
Isto porque o governo faz uma equivalência no programa.
Exato.
O governo faz uma equipareção quase completa entre os dois.
Há uma...
Acho que em termos de segunda evidência pelo que eu estive a estudar, eu acho que o impacto
a nível passivo não é tão forte, mas a nível individual não há estudos que robustos...
É demasiado recente.
Exatamente, que nos digam faz mal ou não faz bem, portanto se calhar esta comparação
está a provenir futuros estudos que possam vir esclarecer que este tabaco aquecido faz
mal na mesma.
Até por correspondentes do PS, que eventualmente vão apresentar uma proposta de alteração
a esta lei, dizem que não faz sentido equiparar os dois.
E queria só também acrescentar uma coisa.
Há muito também esta ideia neste debate, que veio que fumar ou ar livre vai prejudicar
menos as outras pessoas do que fumar em espaços fechados.
Isto é mentira.
A exposição a estes constituídos todos tóxicos é igual.
O que difere é que se calhar num ambiente fechado não se dissipa tanto o fumo e portanto
se calhar o tempo de exposição não é tão grande, mas faz tanto tão mal estar a ser
exposto ou ar livre como ser exposto num espaço fechado.
Antes de terminar, mas Maria Escaja, queria o teu olhar sobre um comentário que a Jona
Mortágua fez no Twitter.
Ela escreveu se o governo recuar nos absurdos da nova lei do tabaco.
Acabaremos por concluir que foi mais eficaz, que foi mais uma eficaz manobra de diversão.
Concordas com esta ideia?
Antes de responder essa pergunta, deixe-me só acrescentar o que eu não concordo na
lei do tabaco, que é com a provisão da venda.
Eu acho que dá uma ideia de quem fez esta lei, nunca viveu fora do Porto do Lisboa,
ou seja, o vício já existe, a dependência já existe, não é limitando ou obrigando
as pessoas a percorrer 100 km para ir a uma tabacaria comprar um maço de cigarros, que
isso vai alterar, não é?
Acho que somos todos adultos, somos todos conscientes, todos estamos plenamente conscientes
dos meus vícios do tabaco.
Agora, eu vive em Lisboa e eu trei facilidade certamente no interior do país, não é o
caso, e vai fomentar no fundo o mercado ilegal, que é nocivo, tanto para quem compra, porque
não sabe bem que cigarros é que está a comprar e que é muito mais caro, e para o próprio
Estado que vai estar a perder o dinheiro dos impostos sobre o tabaco.
Só queria mais acrescentar mais uma coisa, que estas medidas também não podem ser
isoladas.
Há aqui uma componente muito importante, que é a educação, mas também de consultas
de sessão tabágica, que este é um vício que tem consequências, e num dia em que
nós sabemos que aumenta ao 28% o número de autênteses sem médicos de família, preocupa-me
não haver também este acompanhamento, ou seja, se por um lado estamos a proibir e
estamos a controlar este comportamento, também temos que oferecer soluções e ajudar estas
pessoas a combater este vício, porque acho que ninguém, toda a gente que fuma, eu acho
que sabe que fumar faz mal, nem que não seja pelos pacotes de cigarro, agora, por ser
um vício é muito difícil de combater, e temos que dar ajudas para isto.
Mariasca, já regressemos, então, ao comentário de Joana Mortágua, concordo, aliás, se
quiseres ainda crescendo outra fantástica, é uma obra de diversão que foi as buscas
nas estados do Portembe e Fica e Sporting, eu acho que o governo tem um dossiê de assuntos
potencialmente polémicos que guarda para libertar quando está...
Não entende nada com o Sibó Fuscares de Alemão.
Quando está à Casa Ardeir, quando os ministérios estão à Ardeir, alguém se diz, e sacai aquele
dossiê que tem as manobras de desteração, eu sei, então, olha, temos aqui esta lei
do tabaco pro Iba, vende em todo lado e ninguém fuma mais em lado nenhum, bora, manda
essa, não resultou, não resultou, então, agora, vamos aí, olha, manda aí umas buscas
às sábis dos três principais clubes nacionais para ver se esta já funciona, curiosamente
não está a funcionar, eu aguardo para ver o que é que sai deste dossiê na próxima
semana.
Podemos estar perante uma manobra política francesca?
Sabe, é engraçado, porque eu acho que mesmo esta parte do Federico Pinheiro e toda esta
polémica está a desviar, como já encontramos no início do programa, está a desviar as
atenções dos próprios resultados que se pretendam por aí na comissão, portanto,
isto também quase poderia ser considerado uma manobra de destração.
É desta forma, então, que terminamos, mais um programa da Minúria Absoluta, que teve
o Cuidado Técnico do João Félix Pereira, um programa está disponível nas plataformas
habituais de podcast e também em tscf.pt.
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Edição de 20 de maio 2023