TSF - Minoria Absoluta - Podcast: Num canto Belém, noutro São Bento. A análise ao confronto com Maria Miguel Simões e Guadalupe Amaro

TSF Radio Notícias TSF Radio Notícias 5/6/23 - Episode Page - 34m - PDF Transcript

Demissão rima com dissolução, mas uma semana depois de situações recambolescas, muito

bizarras, inadmissíveis ou deploráveis, as palavras não são minhas, nem de Marcel

Rebeldo Souza, o presidente da República deixou tudo na mesma.

Há um puxão de oralhas ao governo de António Costa, a relação entre Belém e São Bento

está à beira da retura por causa de João Galamba, mas o Parlamento e o Governo não

mudam a bem da estabilidade.

Este é o tema evidente para mais um programa da Menoria Absoluta.

Hoje em Lisboa e no Porto, comigo em Lisboa está a Guadalupe Amaro e a partir dos estúdios

da TSCF do Porto, junta-se a nós a Maria Miguel Simões.

Guadalupe Amaro, comece-se por ti, como é que defines esta semana política, como eu

disse, com muitos casos e casinhos?

Eu posso defini-la como eu me sinto usando os meus sentimentos sobre essa semana.

Há uma perda de tempo, um mal-proveitamento de, não sei, de tempo de energia, de espaço

documentário, do horário laboral, de produtividade dos nossos representantes políticos com maior

responsabilidade e com maior poder, que vão julgando estes jogos de chadrez para demonstrar

poder quem tem...

Jogos de chadrez entre Marcelo Rebaldo-Sous e António Costa.

E António Costa, sim.

Marcelo, numa declaração que fez, na quinta-feira, uma declaração ao país, disse que o Governo

tem falta de autoridade, capacidade e fiabilidade.

São três palavras que condenam António Costa e os seus ministros e definem esse Governo,

o Governo, na tua opinião.

Eu acho que o maior problema de António Costa e deste Governo não são propriamente

estes casinhos.

Se bem, a mim, de certa forma, claro, que me pode indignar, pode me entreter também,

não é?

Claro.

É sempre um bom tópico para tweets muito divertidos.

Mas fora isso, fora a possível descredibilização das instituições e tudo mais, que eu acredito

que não seja o que mais preocupa aos portugueses, eu acho que o maior problema do Governo é

não resolver os problemas estruturais do país que deveria e não propriamente estes

casos.

E deixe-me dizer só também que, bem, eu sinto quase tive azar com o meu episódio a cada-se

nesta semana, porque sinto-me quase obrigado a fazer algo que não me agrada nada a fazer

publicamente, que é, de alguma forma, congratular o presidente da República, que me surpreendeu

pela positiva.

Apesar de...

Na declaração de quinta-feira?

Sim.

Apesar de eu ter um gosto pessoal sabido por um pouco de caos e parte de mim ter ficado

desiludida, sim.

Havia uma parte de mim que queria dissolução, mas na verdade acho que falou bem, esteve

uma boa postura e que foi correto.

Vamos, é exatamente aí.

Maria Miguel Simões, Marcelo Robôldo Sosa acabou ontem por fazer um ultimato ao Governo,

a direita do PSD defende a dissolução, Marcelo devia ter avançado com a bomba atómica,

na tua opinião.

Bom, eu penso que sim Marcelo poderia, poderia ter avançado com essa tal bomba atómica

e podia ter mostrado um pouco de mais polsofirme, que eu acho que os portugueses também estão

um bocado na esperança de ver, não é?

Nós vimos de facto um Governo que não tem tido consequências nos erros que tem demonstrado,

não tem tido nenhum tipo de consequências neste tipo de escândalos e está a dar uma

grande instabilidade, fora toda a instabilidade económica que nós já estamos a passar,

está a dar uma grande instabilidade às instituições e na credibilidade que os portugueses têm

na democracia e no próprio Partido Socialista.

Mas estes casos são razão para a dissolução da Assembleia da República?

Sim.

Eu acho que se um Governo que já se assumiu como corrupto, mentiroso, que anda deliberadamente

a enganar e a mentirem em comissões em crédito, se isso não é metido para...

O Governo tem sempre contraposto essas afirmações que vêm sempre da oposição.

Portanto, o Governo nunca disse que era corrupto ou mentiroso.

Sim, o Governo não disse, mas as notícias que saem de coisas que se vão descoberto

não é contra dizem aquilo que sabe do Governo e contra dizem aquilo que António

Costa e os seus ministros vêm dizer depois.

Portanto, as pessoas acabam por descrevalizar e acabar por perceber que as coisas nunca

são como António Costa e o seu executivo diz.

Alguma dúvida.

Deixem-me.

Fora.

Sim, se puder, se puder responder respeitoasamente escordo, Maria.

Eu não acho que os portugueses estejam, sejam convontado a com falta de ver o polsofirmo

e as rédeas curtas do presidente da República e mais autoridade e mais mostração de poder.

Honestamente acho que se estão a manimbar para isto.

Acho que a crise de instabilidade, esta ilusão que é exacerbada nos órgãos de comunicação

social, porque pronto, é disto que se vive, não é?

É a crise nacional com menos relevância para a maioria da população, tendo em conta

de todas as outras crises, a crise na saúde, a crise na habitação, a crise na educação.

Eu acho que há crises muito mais importantes e muito mais urgentes de serem resolvidas

hoje em dia e que preocupam muito mais o povo do que isto.

E também relembrar que foi o povo, não algo como a grade de todo.

Eu preferia inclusive, acho que até já tivemos esta conversa em alfa aqui com Francisco,

eu preferia inclusive que a direita tivesse ganho de alguma forma as últimas eleições

do que esta maioria absoluta, maioria absoluta do PS era com mais, não sei, mais receava

de certa forma, mas ainda assim foi o povo que a deu, foi o povo que a deu há cerca

de 14 meses, exato pouco mais de um ano, portanto o povo escodeu e é o povo que deve responsabilizar

e que deve exigir do que o governo compra com o que deve e não o presidente.

Curiosamente, André Coelho Lima na quinta-feira na Assembleia da República teve uma postura

muito idêntica à tua, António Costa também tem dito que estes casos de casinhos não

interessam aos portugueses, nota-o aí uma certa ligação a António Costa, vamos ver

uma mudança de rumo na guata do Pamaro, também já concordaste com a Marcella Balçosa hoje?

Sim, é verdade, mas estou muito moderado, eu sinto muito moderado, acordei assim, não

mas assim eu acho que há motivações muito diferentes da minha para António Costa tentar

abafar e aligiar todas estas polêmicas, não é?

Como é óbvio não quero dar força a polêmicas que, de alguma forma, mas sem o seu partido,

sem essa maioria absoluta, que claro está a tal maioria que o PS tanto aqui, tanto batadeu

para ter, que podia tanto o PS como honestamente o presidente da República, é também responsável

para esta maioria absoluta e acho que agora estão os dois, de alguma forma, a levar com

os estrinhos do tiro pela colatera que criaram.

Maria Iglesias, deixe-me entrar aqui num outro ponto, isto porque o Marcelo já falou

várias vezes em dissolução, andou a falar do assunto ainda nas últimas semanas, dizendo

que o importante era que a dissolução não acontecesse cedo, mas fosse para acontecer

que fosse mais tarde, na declaração Marcelo Balçosa acabou por não avançar para essa

bomba atómica, para a dissolução, isto também descredibiliza um pouco a ação do

presidente da República.

Isto por quando a falar do assunto deixou que se fizesse um debate à volta da dissolução

ou da possível dissolução do Parlamento e Marcelo Balçosa acabou por deixar praticamente

tudo na mesma.

Sim, assim, o papel de Marcelo Balçosa pode ser visto para mim de duas formas e com

sua antisso, a sua inercia ou não.

Se o Marcelo Balçosa quiser ter um mandato aprendado por estabilidade e por uma tentativa

de agradar, eu acho que o seu discurso nesta quinta-feira, ou melhor, o seu raspanete nesta

quinta-feira foi bem sustido, se as motivações dele forem de deixar um legado de um presidente

que se impõe de um presidente que é levado a sério, o que se passou nesta semana com

António Costa não ajudou nessa matéria, portanto eu acho que a imagem dele foi

posta em causa, o próprio António Costa contribuiu para isso com o caso do Galamba

e não sei como é que ele irá conseguir recuperar essa credibilidade daí, eu achar

que uma boa prova para isso seria de facto ter passado de um raspanete, de um ralheta

à prática.

Desculpa.

Diz, desculpa.

Não, ia-te só responder, eu concordo de contigo que haja de facto isso, Francisco,

me permitir.

Eu concordo de contigo de facto há urgências neste momento na questão da habitação, na

questão social, na questão económica, mas eu acho que para resolver isso é preciso

haver seriedade no governo e é preciso de facto que mais que uma partida que tenha

maioria absoluta que foi escolhida há pouco tempo, é verdade, é que a partir de que

queira reformar o país, que era ajudar os portugueses e eu acho que ninguém consegue

sentir esse tipo de ajuda, não é?

Tem havido algumas medidas para tentar ajudar um pouco em termos económicos portugueses,

mas isso tem sido o passo muito ao lado quando nós vemos que a imagem do governo

está desgastada e não conseguimos ver nada de novo em nenhum tipo de esperança aí.

O que falta acima de tudo é vontade, não é?

É vontade de levar os problemas e eu acho que os portugueses não, de alguma forma,

acreditaram que essa seria a melhor das opções, não é, porque votaram no PS, mas não acho

que acreditem que haja vontade por parte do governo, mas também acho que não acreditam

que haveria vontade por parte das possíveis alternativas e também acho que isso foi

algo que motivou esta decisão e esta postura do Marcelo no último discurso.

E já lá vemos as alternativas que existem, ou não a maioria absoluta, mas força, força,

pode concluir?

Não, porque imagina, se ainda houve esta postura de estabilidade que de certa forma eu respeito,

mas eu acho que Marcelo está só a ser de alguma forma também estratégico.

O que seria pior para o PS neste momento?

A dissolução da Assembleia da República, como eventual victimização por parte do PS,

ou continuar a manter no governo e a desgastar-se continuamente?

Há vários comentadores que dizem que António Costa até queria era eleições.

Não sei, sim talvez, exatamente porque não há nenhuma alternativa, mesmo das más,

que poderiam ser a meu ver mais, não há uma alternativa, e é exatamente por isso

que eu acho, esse foi um dos principais fatores que motivou esta decisão e esta postura

de Marcelo Rebelo Soda, porque o que é que aconteceria?

Claramente ver que o PSD está a entrega um líder completamente incapaz, quem é que

tomaria as redes?

Isto indico que se Marcelo Rebelo Soda tivesse confiança na liderança do PSD e acreditasse

que pudessem ganhar umas eleições agora, que teria de salvidar a Assembleia da República.

Se fossemos eleições antecipadas, o Partido Socialista provavelmente voltaria a vencer?

Sim, porque quer dizer, a direita está, não sei, completamente...

Maria Miguel, se fossemos eleições, hoje qual é que achas que seria o resultado?

É sim, eu gostava de não basear em sondagens para dar a minha opinião, estão a basear nas

pessoas com quem convive, dos meios onde frequente, e também de algumas opiniões que vou lendo.

Eu acho que, ou haveria ali uma proximidade entre PSD e PSD, penso que o PSD ganharia,

não sei se como a maioria é absoluta outra vez, e acho que isso é indicativo de alguma

forma.

Sim, isso sem dúvida que não, e na verdade até era algo que me fazia com que eu quisesse

de alguma forma agora a dissolução, porque para mim a melhor, a melhor, a mais realista,

a mais realista melhor solução governativa é o PS vencendo, não é, porque infelizmente

não vejo que seja executível um governo de PCP, mas é o PS vencer sendo condicionado

pela esquerda, portanto, que provavelmente eu acredito que seria...

O regresso da Jeringonça, portanto.

Mas sim, podia não ser necessariamente no mesmo modo, mas sim, o PS só tem políticas

à esquerda, só tem políticas que, de facto, de alguma forma, por mais pequenas que sejam,

protejam os direitos do povo quando é obrigado pela esquerda a fazê-lo, tal como se está

a notar agora nesta mídia, é absoluta.

Voltamos ao discurso do Marcelo Baldeçosa na quinta-feira, o presidente da República

disse que vai ser mais entreventivo, é uma das conclusões que retira de toda a polémica

da semana.

Guadalupe Amaro, um Marcelo Baldeçosa, um Marcelo Baldeçosa mais entreventivo, é

sinónimo de quê?

Que naquanta que o presidente já fala, quase, só dizer...

O que eu percebi menos, que fiquei mais confusa que a sobra, não só porque já o consideram

um presidente bastante entreventivo, exato, vigilante que está em cima do acontecimento

e que se informa que continua a ter a sua atividade documentadora político, a coexistir

com a sua atividade presidenta da República, e também porque não sei exatamente as palavras

que usou, mas transmitei de alguma forma a mensagem de que agora é que estar mesmo

atente.

Como assim?

Não tens estado atento?

Não tens estado atento de tudo o que se passa no país, a forma como o governo...

O governo, né?

Então, no entanto, uma mensagem para o governo de António Costa houve de resto várias mensagens

para António Costa e para os ministros, no entanto, houve claramente um ministro que

esteve no centro da polémica, João Galamba, que apresentou a demissão, mas António Costa

não aceitou esse mesmo pedido.

Maria Miguel Simões, depois do raspaneto de ontem de Marcelo Baldeçosa, João Galamba

deve apresentar novamente a demissão.

João Galamba tem que uma escolha, não é?

Ou escolhe o lado de António Costa e escolhe manter-se no cargo com o presidente a discordar

claramente essa decisão e com os portugueses também, como é mais, com uma taxa de aprovação

pequena, ou então escolhe aceitar a opinião da nossa figura mais alta, em termos políticos

e de facto não tem outra escolha a senão sair.

O Adolo Pantónio Costa manteve João Galamba, disse que o ministro não tinha culpa daquilo

que o antigo adjunto tinha feito, Marcelo diz que o ministro é responsável por tudo

que se passa no Ministério.

João Galamba tem autoridade política para continuar ainda por cima, tem um dossiê dos

mais complicados destes governos, que é privatização da TAP.

Deixe-me dizer que eu por norma não tenho grande inclinação para pedir ou para querer

admissões imediatas ou admissões no geral de ministros ou outros representantes políticos

por consequência, só apenas por consequência destes casos e destas polêmicas.

Para isso, para achar que uma admissão terá algum efeito, eu teria que acreditar que o

governo, que o primeiro-ministro, tem capacidade para escolher pessoas competentes para resolver

os problemas.

Não acho que tenha, acho que vai sempre escolher pessoas que mais uma vez vão para os seus

interesses pessoais e econômicos, afrentos em interesses do povo, portanto honestamente

é uma questão que quase me dá igual.

Quando tens João Galamba, na verdade, eu não acho que João Galamba tenha grande poder

de escolha, como se viu agora dessa primeira vez, eu acho que a escolha está a decisão,

está no primeiro-ministro, se a António Costa quer continuar nesta demonstração

de poder e da autoridade por contraposição ao presidente da República, ou se calhar

vai repensar e se calhar andou-se a apertar mal e quer usar fagos da presidência novo,

quer que ir nas suas boas graças novo, que tem convido bastante.

É verdade que a António Costa deu a mão a João Galamba, mas Marcelo Baldeçosa na

quinta-feira voltou a ser muito crítico, portanto um ministro tendo esta, tendo a principal

figura do Estado praticamente contra ele, pode manter-se no governo nessas condições.

Uma vez eu acredito que sim, acredito que sim se a António Costa está assim a o decidir,

assim o quiser, quiser continuar a seguir essa linha.

Até respeitando a constituição, como se tem dito ao longo desses últimos dias.

Maria Miguel Simões, o governo fica sem margem para mais erros depois deste grande

raspanete de Marcelo Baldeçosa, ou seja, quando tivermos um novo caso, o governo vai

ter de cair?

Eu não acredito muito que o governo vá cair antes do tempo, já não acredito ali, acho

que o governo vá cair antes do tempo.

Achas que vai chegar a 2026?

Sim, do que aquilo que temos visto, é assim, se depois de tudo aquilo que aconteceu, não

só com o João Gallambi, eu quero lembrar que o João Gallambi já esteve envolvido numa

polêmica na questão do hidrogênio há alguns anos atrás, portanto, se a António Costa

continua a seguir...

Mesmo na questão do hidrogênio, o João Gallambi tem sido bastante elogiado no setor.

Há quem diga que o João Gallambi fez um excelente trabalho.

Pronto, mas na altura foi polêmica, não é mesmo?

O problema do PS já está no nível em que, até quando o trabalho, se calhar, é bem feito,

há sempre uma polêmica por trás, há sempre alguma coisa que não ficou bem explicada,

há sempre alguma coisa que os portugueses não sabem, há sempre intrigas e coisinhas

que descredibilizam mesmo que nas coisas que são bem feitas.

E isso...

Pronto, tuja, como nós aqui dissemos, tem casos de desgaste agora, em relação à continuidade

do governo.

E neste caso do governo, António Costa, eu acho que depois daquilo que nós vimos de

Marcelo Rebeldo de Souza, de facto sim, se calhar, vai continuar, espero é que continue

de uma melhor forma, porque tem sido mesmo muita coisa atrás de muita coisa e...

Mas, como dizia Água da Lupa a pouco, o governo foi eleito há pouco mais de um ano.

Portanto, ainda tem-se calhar alguma credibilidade política.

Daqui para a frente, daqui a alguns anos, 2024, 2025, não será, na opinião de Marcelo,

claro, à altura certa para dissolver o Parlamento e com ficar eleições antecipadas?

É, sim.

Eu sei a coisa que tenho aprendido os últimos tempos é não fazer previsões por Marcelo

Rebeldo de Souza.

Até por, como dizia Paulo Portas, na política, quatro meses, é muito tempo.

Exatamente.

Mas eu acho que há uma coisa que eu considero na política que é, a política não pode

ser estática, nem em pessoas, nem em votos.

A opinião do povo deve ser sempre ouvida e respeitada, como é óbvio, mas não podemos

ficar refém de um tempo político.

Era bom que isso acontecesse para umas coisas, ainda bem que não aconteceu para outras,

mas ficar refém de um tempo político em que havia muita projância, as coisas corriam

mais ou menos bem, para mim não é um indicativo que chegue.

Acho que se deve ouvir mais os portugueses, não sei como, sem ser pelo voto, mas acho

que seria, de facto, interessante, até porque seria interessante, mesmo em termos de sondagens,

que as sondagens se aprimorassem, para nós conseguirmos perceber melhor o que é que

os portugueses querem, o que é que os portugueses pensam neste governo.

Guadalupe, parece que o futuro do Partido Socialista, ou seja, a sosseção a António

Costa está de alguma forma a comprometer este governo.

Eu recordo que o Ministério das Infraestruturas, antes de João Galamba, era liderado por

Pedro Nunesante.

Eu acredito que isso tenha sido uma mais estratégia de António Costa, não escolher

representantes políticos, não escolher ministros por competência, mas sim por, talvez, probabilidade

de sucederem, não é?

O seu próprio jogo de Sex Session, o que nós estamos a assistir aqui, em um muito pobre

House of Cards, muito lamentável, um portuguesinho homilhante.

Deixe-me só dizer, também respondendo à pergunta que fizeste a Marica, volto a

dizer que, na minha opinião, eu não acho que seja a credibilidade política do governo,

a falta dela, o número de polêmicas que mais motivará ou terminará se haverá uma

dissolução ou não, mas sim o facto de Marcelo acreditar ou não, que há uma alternativa

com força à direita capaz de ganhar eleições.

Até se diz, em 2004, que quando o Jorge Champaio avançou para a dissolução, é porque

tinha a certeza que havia uma alternativa na altura ao governo de Santana Lopes, que

era na altura José Sócrates.

Portanto, Marcelo Bote-Soda pode estar a pensar na mesma coisa.

Sim, eu acredito que sim.

Essa é a instabilidade que está em evitar, não é?

Maria Miguel Simões, acredites também que a Sução a António Costa está a comprometer

este governo socialista.

Fernando Medina, Mariana Vera da Silva, Anacatina Namentes, estão todos no governo, Pedro Nunes

Santos, já lá esteve e, entretanto, acabou demitido, ou melhor, demitidos.

Bom, eu confesso que não há na companhia muita vida interna do partido socialista.

Agora, a ideia que me dá é que o PS, em termos de sucessor, tem nomes pesados, não é?

E já se fala, tem vários correntes dentro do partido.

Agora, eu acho que em termos de sução, eu vou sempre muito para aqueles que tiveram

na Câmara de Lisboa.

Não sei porquê, tenho sempre essa inclinação.

Portanto, vamos ver o que é que nos reserva Fernando Medina e vamos ver o que é que virá

aí nos próximos episódios nesta House of Cards pobre, como disse Guadalupe.

De facto, terça-feira, quando cheguei a casa, parecia que tinha vivido um episódio de House

of Cards.

Vamos então falar sobre alternativas, ou possíveis alternativas ao governo socialista

de António Costa.

Guadalupe Amar, sei que não queres a direita no poder, mas vejo PSD, iniciativa liberal,

ou até chega com maturidade política para poderem formar o governo.

Assim, idealmente, deixamos só responder já à primeira parte de não querer a direita

no governo.

Sabes que isso não é assim então.

E na pouca disser se preferias a direita, vez da maioria absoluta.

Isso não é assim tão linear, nem sempre é assim tão linear, porque idealmente, claro

que eu quero ter um governo à esquerda, de facto à esquerda, sem o PS, isto ver.

Mas realisticamente, eu também, olhando para a história do país, para a história

de decisão de voto dos portugueses, eu sei, constatando o facto de que andamos sempre

aqui neste ciclo de passando a bola de mão para mão, a bola do poder entre PSD e PSD.

Portanto, eu acredito que seja quase necessário ao povo e à democracia portuguesa essa alternância

para que depois possa voltar um PS, eu espero, condicionado pela esquerda, mais saudável

e mais responsável e mais capaz.

Portanto, na verdade, eu acho que um próximo governo de direita, isto, por acreditar que

vai ser assim tão mal que as pessoas perceberão...

Não vão querer voltar aqui.

Exatamente.

E que voltem a dar... as pessoas precisam de ser relembradas eventualmente, este ciclo,

trata-se muito disso.

Temos uma área curta em Portugal.

As pessoas voltem à mão e precisam de ser relembradas, do quão incapaz e do quão mais

áustria ainda é a direita no poder e, por um lado, será péssimo na nossa qualidade

de vida, certo?

Mas, por um lado, tem até algum interesse e curiosidade em ver como será um governo

do PSD, que hoje em dia, atualmente, seria a única forma do PSD estar no governo, um

governo do PSD com iniciativa liberal e uns chegados que se vão comer e consumir por

dentro e uns aos outros.

Mas deixem-me recuperar a pergunta.

Até tendo em conta os episódios das últimas semanas, como muitos protestos, até na sessão

de Boas Vindas à Luda Silva, achas que iniciativa liberal e chega tem maturidade política para

poder chegar...

Não, não acho de todo.

Claro que não acho.

Nem pensar.

Maria Miguel Simões.

Deixemos acabar.

Temos a iniciativa liberal e chega que, opa, peço desculpa, mas são um autêntico

circo.

Tipo, comportam-se.

Não sei como é que a iniciativa liberal, nomeadamente, que tantas vezes se sente no

direito de acusar os outros, como Agustínio Silva, de falta de maturidade política e

depois, como o caso recente, de terem postado um youtuber super misógio e um racista, um

badameco qualquer, a insultar ex-deputadas e o próprio Primeiro-Ministro, de uma forma

que eu até passei a insultar em casa, o Primeiro-Ministro, talvez, de falta.

Não nasce a lei da República.

Não nasce a lei da República.

Portanto, acho que a iniciativa liberal perdeu todo o direito de acusar alguém do que faz.

Maria Miguel Simões, há maturidade política à direita para formar governo.

Bom, e à direita estamos a incluir a iniciativa liberal na direita?

Estamos a incluir, sim.

Mas estamos a incluir a iniciativa liberal, sim.

Ok.

Eu também inclui.

Portanto, estamos a cu...

Ok, vai.

Eu acho que...

Pelo menos no Parlamento, se então está à direita do PSD.

Isso, então, se muito bem que é onde eles pertencem.

Bom, eu acho que o PSD por dentro tem maturidade, tem alguma reação de maturidade.

Agora, se tiver governado acompanhado, estará muito mal acompanhado, principalmente...

Pelo cheguei, eu não quero se que me terem equação, porque eu vou confiar na palavra

de Montenegro a dizer que não, de uma forma...

De acordo, se que eu cheguei, eu me gosto de confiar na palavra das pessoas das

dias, espero não me arrepender, mas não vamos ter o cheguei na equação, não dou,

como é óbvio, maturidade ao cheguei para estar num governo, porque o cheguei internamente,

pronto, tem sido o que é.

Entre as iniciativas liberales, a iniciativa liberal, ainda hoje, ali também que até

Carla Castro está descontentando internamente com o partido, a iniciativa liberal está

a ter as dois parece-me de um partido já convencional, não é?

E esta questão que a Carla preferiu foi gravíssima, foi lamentável, quero deixar

aqui também uma pela que não façam o que a iniciativa liberal fez, permitir que as

pessoas vão à Assembleia da República com as fontes subscrições que têm numa plataforma,

é perigoso.

Deixem, dêem a sua oportunidade às pessoas que não tenham uma plataforma para isso, todos

temos que ir à Assembleia da República, não é preciso estarmos a convidar necessariamente

aquele tipo de figuras e claro que descredibiliza os partidos à direita, descredibiliza a direita

também e os partidos deviam estar preocupados com isso, deviam realmente estar preocupados

à direita com o seu futuro, até o PSD deveria, porque tal como nós vimos com o CDS, os

lugares na Assembleia da República não são garantidos e o PSD está a passar uma grande

crise.

Pois é, exato.

Não diria que lá está como tal como disseste de maturidade política, mas de confiança,

também de credibilidade, não por ter grandes suções de polêmicas como tem acontecido

com o PS, mas tu acreditas que o povo e mesmo o povo que tende mais para a direita vê

no Montenegro um possível primeiro ministro que acredita nele?

É assim, não acho que seja o ideal, não é?

Acho que haveria neste momento figuras que no PSD que fariam de forma melhor, mas Montenegro

foi eleito e naquele período.

Queres dar algum exemplo?

Figuras no PSD que possam suceder a Luiz Montenegro?

Se calhar não me vou comprometer a esse nível, porque lá está, eu tenho aprendido muito

ultimamente a não deixar aqui, a não me comprometer, a com opiniões, mas espero que

Montenegro consiga acordar e consiga de facto fazer ali alguma coisa, não sei, ganhar

uma energia, ganhar vontade, parece que ele não quer só no cara onde está, tem sido

mesmo frustrante.

Eu tenho tido algumas esperanças no PSD porque em termos políticos estou um bocado refém

à direita, mas de facto não conseguem, quanto alguém direito a olhar para o PSD e

pensar não, de facto é aqui que eu quero, esta é uma direita na qual eu posso confiar.

É uma direita fofinha nesta altura, como os que eu disse na minha aventura.

Eu nem considero fofinha, não gosto de considerar as várias direitas nesses modos, eu considero

neste momento que o PSD está ainda na sombra do PSD, não está a recuperar do que se passou

de Rio e Rio, Montenegro prometeu imenso e não está a cumprir, em termos ideológicos

nós achávamos que até poderia haver uma corrente mais conservadora no PSD com Montenegro,

não se viu isso, embora ele tenha tido alguns takes mais, eu nem diria conservadores,

até bastante infeliz, mas sem qualquer tipo de caráter ideólogo, sem qualquer plano

de futuro, a própria resposta que o PSD teve às declarações de Marcelo foram muito

pobres, o PSD está sem caráter por dentro.

O caro de Montenegro tem só uma grande falta de autostima, mas que há precisa de terapia

a seguir contas de Instagram motivacionais, eu sinto que apresentei dessa vez.

Então vamos por aí, Maria Miguel, há pouco falaste sobre o CDS, lembraste que o CDS

esteve na Assembleia da República durante muito tempo e acabou de perder esse acento

parlamentário, mas deixe-me perguntar-te-se, em caso de eleições até antecipadas, se

acreditas que o CDS pode voltar à Assembleia da República?

Bom, vocês quando estão com o CDS estão com aqui numa ferida que não está acerada,

eu gostava, eu não vou mentir, eu gostava de voltar a ver o CDS na Assembleia da República.

Com o Numelo?

Sem Numelo, com caras novas, que vou mais uma vez referir, o CDS tem sangue novo, tem

pessoas competentes, o rosto da direita conservadora ainda está vivo dentro do CDS e não precisamos

de pôr lá sempre as mesmas, há tanta gente nova no CDS na JP que eu acho que o CDS quisesse

levar ali um rebrand e quisesse ir buscar pessoas competentes com quem os portugueses

conseguisse identificar e que não tivesse sempre com um ar de chateado eu acho que iriam

ter sucesso.

E queres falar em algum nome desta vez?

Também não, também não vou apontar nomes, tenho visto que Francisco Camarres tem feito

e tem dado umas entrevistas interessantes, há rostos dos quais eu gosto da JP de ver

que ainda estão, ainda tenho dado opiniões por aí, mas não vou estar aqui indicar nomes

e até porque as pessoas podem também já estar fora e eu não estar utilizada nesse

aspecto.

Guadalupe, faz falta o CDS?

Não, eu acho muito bem defunto exatamente como está.

Fora do Parlamento?

Moro de enterrado.

Vamos terminar o programa abrindo aqui uma casa de apostas, Guadalupe, qual é que é

a tua aposta para...

Adoro apostas, que divertido.

Qual é que é a tua aposta para a data das próximas eleições legislativas?

Ou seja, acreditas que vai haver ou não eleições anticipadas?

Não, não acredito.

Por que não acredito que achar que mais uma vez que a direita, mais especificamente

o PSD se conseguirá arregar esse ponto?

Maria Miguel, mantém que vamos ter eleições apenas em 2026.

Mantenho, mas se o PSD tiver um líder novo ou se conseguir recuperar, eu prometo que

me venho a redeemir desta minha posição.

Olha, eu sei que estamos a acabar, portanto eu quero só deixar uma nota de congratulação

ao sindicato nacional de maquinistas que conseguiu chegar a acordo com a CP.

Portanto, a greve vai terminar?

Sim, feliz por mim.

E por todos aqueles que utilizam transportes públicos.

Em Lisboa, de facto, tem sido difícil utilizar transportes públicos, principalmente para

aqueles que precisam do transporte para se deslocar de casa para o trabalho, é o caso

da Guadalupe.

É desta forma que terminamos, mais um programa de minoria absoluta que está disponível

em DSF.pt e também nas plataformas habituais de podcast.

O trabalho técnico foi de João Félix Pereira em Lisboa e de Joaquim Dias no Porto.

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Edição de 06 de maio 2023