Alta Definição: Marisa Liz: “Andamos a fugir daquilo que somos, queremos ser especiais mas somos todos iguais aos outros”

Joana Beleza Joana Beleza 3/26/23 - Episode Page - 49m - PDF Transcript

Você pode se relaxar. Você vai demorar um bocado.

Marisa Lis, 40 anos, e estou como sou, na alta definição.

Bem-vinda, Truvão Gerassolo.

Olá, bem-vinda.

Em que altura é que é Gerassolo?

Ao longo do dia. Ao longo do dia, Gerassolo, ao longo do dia, tem prestado.

É tudo misturado, é isso?

É tudo misturado, eu acho que essa é uma das razões de ser o nome do disco.

Não só porque queria transformar-se em música, essas sensações opostas,

felicidade e esperança, como depois, também tem todo o outro lado musical,

de dor e de sofrimento, tem prestado.

Eu acho que isso só passa para a música, porque no dia a dia, eu também sou assim.

Mó tu ora

Olha lá

Durante tantos anos cantem em bares, o Valturas em que estava a ver um dia mau,

e que a única coisa que me fazia feliz era saber que no final da noite eu ia cantar.

10 anos depois de termos falado aqui, o que é que mudou na tua vida?

Tudo. Eu não sou a mesma pessoa, não sou a mesma mulher.

É como aquela frase quando dizia para tudo dar-se tanto.

E a Mota Clevis é mau. Eu acho muito giro.

Bem, que eu não sou a mesma pessoa que eu era há 10 anos, porque senão eu não dei aqui a fazer nada,

não dava a aprender nada.

É a minha essência, eu acredito que é mesmo.

Mesmo dei-me, acho que estou mais confiante.

Mota-se.

Verbalistas para acreditar isso.

É, eu acho que isso é uma das coisas que eu faço aliados.

Muitas das músicas que eu escrevo e que escrevia, e que são letras motivacionais,

a primeira razão de eu escrever eram para mim.

É necessário.

Tantas palavras negativas ao longo do dia e há tantas situações negativas no mundo inteiro.

E eu tenho mesmo dificuldade em ler lá com isso.

E depois vou ao meu lado de Gerassol.

Isto é assim, mas nós conseguimos acreditar, ter esperança em todos nós.

É que hoje nós somos mais fortes sem essenciar.

É qualquer criança para ter um pai ou uma mãe, não é fácil.

Perdez alguém que toma, mas não é fácil.

Todos vivem por mim.

Todos ditam as leis.

Essa canção, que foi uma canção escrita pelo Márcio,

é dos computadores mais talentosos que nós temos no nosso país.

Pedindo uma canção que eu precisava de interpretar,

que falasse sobre tu não ser o que não és,

sobre toda esta pressão que nós temos em cima.

E não é preciso ter a profissão que eu tenho.

Nós julgamos-nos constantemente aos outros,

vivos com opiniões e vivos com comparações.

E então tu às vezes dá a esportir na tua vida.

Realmente a desejar-os ser outra pessoa.

Estamos num mundo de tanto julgamento,

de tanto preconceito, que às vezes não tem a ser nada.

E isto eu vejo até pelos outros.

Às vezes eu tenho colegas que me expressam uma opinião

e eu cao-os.

Acho que vivíamos de décadas antigas,

onde quase ninguém expressava nada.

As pessoas não expressavam o que sentiam,

nós expressavam o que pensavam, o que era péssimo.

Só que passámos para um lado oposto extremo,

onde tudo se diz a toda hora.

E mesmo que não pensam a opinião de todas,

é em todo lado.

E parece que as palavras começaram a perder

um pouco o seu significado.

Antigamente quando todos os dias eu gostei,

tu pode dizer que eu gostei,

eu tinha que ser, tu não dizias,

eu gostei gratuitamente.

E hoje as coisas são um bocado gratuitas nesse sentido.

E com essa parte gratuita,

vem também o julgamento gratuito.

Por que que não faz assim?

Por que que não é assim?

Olha, isso tu usaste o cabelo desta maneira.

E andamos todos a fechar daquilo que soubes.

Porque queremos ser todos especiais,

mas ser todos iguais aos outros.

E a tu ninguém é.

Ou todos somos, até percebermos,

que todos somos únicos e diferentes.

E bora sermos e esta canção,

chamar-se a outra,

que fala sobre,

eu não quero ser outra pessoa.

Tenho monos de cenas para lidar comigo

e para melhorar.

Mas que é ser um.

Obrigadamente.

É minha pratoiedade,

que dá um cabo da cabeça, né?

Foi diagnosticada às 30 tal, né?

Às 34, pai, e 35.

Mas já suspeitavas pelo menos?

Eu acho que toda a gente suspeitava menos eu.

Quando eu dei a notícia, ninguém ficou surpreendido.

Eu fiquei claramente, uau!

Vocês não estão a acreditar.

Mas o médico disse que eu sou hiperactiva.

Toda a minha família, os meus amigos,

sério.

Almarissa.

Fala.

Já toda a gente sabia.

Eu achava só que eu tinha como arusemário brancos

e uma inquietação do caraças.

Constante, desvenuda.

A hiperactividade tem vários estágios,

e às vezes é mais físico,

outras vezes é mais mental.

A minha principalmente é mental.

Há medicamentos que não são medicamentos,

que na verdade não há uma cura.

Há uma coisa que te ajude a pareceres mais normal.

Porque eu também não quero.

Eu tive que lidar com aquilo que eu sou.

Adorava ser uma pessoa mais calma,

mas não ia ser eu.

Ia ser outra pessoa.

A noção do tempo para mim

é realmente diferente.

E a minha questão do foco,

eu tenho um hiperfoco.

Por isso é que a música salvou minha vida.

Eu até à música,

eu não conseguia concentrar,

eu estava a falar com alguém,

passava um pássaro e eu ficava...

É que tem era dar-me só um segundo.

Já foi.

Olha, um pássaro.

Se tu nunca visam o mar,

e furesteram o mar pela primeira vez,

vai estar uma cena.

Tu faz o eu,

isto é o mar.

E não posso acreditar.

Eu sinto estas coisas,

com coisas que eu já vi 500 mil vezes.

E por isso é que eu me distraio.

Não está de encantamento sobre as coisas?

Não sou deslumbrada,

mas foi encantada.

Eu acho que nós somos rodeados de casas bonitas.

Quem é que tu não és?

Quem é que tu não tinha adaptado-te?

A ter um trabalho das novas sim, provavelmente.

E a ser difícil para toda a gente.

E eu quero poupar as pessoas,

essa situação.

Quando que eu estava no casino,

eles davam-me um cartão.

E foi a primeira vez na minha vida

que eu senti que fazia parte de uma empresa.

Só que eles só me davam um cartão,

quando eu ia,

eu pedia a segurança e eu pedia o cartão para casa.

Só para fingir nos que eu trabalho aqui.

E eu pedi aqui.

E eu pedi porque nunca passei um cartão

naquelas coisas,

tipo, quantas vezes?

Cheguei.

É a melhor hora.

O que não é embora.

Até amanhã.

Depois, no final dessa semana,

eu tive que dar o cartão.

Já não posso mais entrar na casista.

Quer dizer que posso,

mas para eu te fazer,

eu tenho que fazer.

Tu cantas também.

Eu quero cantar

uma das letras deste disco.

E resumo tudo.

Sim.

E isto é o que me faz feliz.

Cantar, compor,

exteriorizar os meus sentimentos

através da música.

Com o mesmo fogo de sempre?

Tenho sempre,

desde o nudo,

eu tenho fogo dentro de mim.

Daniela,

eu quando vi o Zonda Show,

com 11 anos,

em cima de um palco,

é cantar,

cair um tudo.

Eu disse,

e como é que é possível

alguém ser feliz

assim?

Tudo o que acontece posteriormente

e tudo o que define

se a tua carreira tem sucesso

ou não,

neste meio,

que é se tu vendes discos,

se a tua música passa narrado,

se as pessoas vão aos conceitos,

e eu,

em muito miúda,

percebi

que não era isso que me ia definir.

Olha a música ter sucesso.

Quando tu diz isto,

associa o sucesso a números.

Eu posso ter os maiores

números do mundo.

Se eu não estiver feliz,

eu não tenho sucesso nenhum.

Nós estamos aqui

uma vez,

daquilo que a gente sabe.

Para mim,

ser uma pessoa bem-suicida

é fazer coisas boas.

É ser uma boa pessoa

e é estar feliz.

Não me interessa de tudo

chegar a uma altura da minha vida

onde Deus se calhar,

já sou avó,

e tenho anos de discos,

e tenho anos de números

para apresentar.

E depois pensei,

não me liguei a ninguém,

porque eu estive focada

nos números do tempo todo.

Eu não vou deixar isso acontecer.

Não vou,

porque eu mereço mais.

Eu mereço sentir

e ter ligações

e viver tudo aquilo

que nós temos de importante aqui.

Que é isto

que é podermos ter uma conversa

e desenvolver e dizer

como é que tu estás,

como é que tu lidas com isto,

como é que tu achas

que eu vou conseguir ser melhor

nesta situação.

O que é que interessa

eu fazer música e vendo

uma data de discos

e depois não poder ter esta conversa

com ninguém?

Ou chegar a casa e dizer assim,

não estás a perceber.

Venderam-se 20 mil discos.

Silêncio.

Não há ninguém.

O que é que interessa

hoje em dia?

Traçando nada.

E quando te costa cantar

e a música para mim

tem esta importância,

eu mais chego ao mais tarde

e vou desaparecer daqui.

Eu e todos nós.

Portanto,

se o poder deixar algo

uma coisa que seja

a música que eu faço

e que ela

de alguma coisa

de bom a alguém,

ou que se ela ver alguém

com o meu que sinto

uma inquietação do caraças

constantemente,

que haja uma das minhas músicas

que ajuda a que se transforma

em giração.

E é sempre,

nos momentos mais difíceis

da música que te salva?

Por acaso é o silêncio.

Que me salva?

Eu acho que a música

acompanha.

Sabe,

quando tu tens um melhor amigo

e precisas desabafar

e desabafas com ele,

um monte de vezes.

Mas quando tu estás

mesmo, mesmo, mesmo mal,

tu nem desabafar com o sexo.

Tu tens que desabafar contigo.

E é aí que o silêncio me salva.

Por isso é que

as minhas viagens sozinhas

são tão importantes para mim.

Ir,

mexer lá às costas,

desafiar-me

e pensar não tenho nenhuma vengão.

Não tenho aqui as minhas amigas,

não tenho aqui a minha mãe,

não tenho aqui as flutes.

O que é que eu faço?

E já tenho viagens incríveis,

onde o silêncio

e o meio da natureza

gostam de subir montanhas.

Sozinho?

Sozinho.

E descar o ossinho de uma montanha

não é o Everest,

né?

Valar malta.

É uma serra da aeromoga.

Uma serra.

Uma serra já está na cena.

Serra de cano de chido.

Serra de cano de chido.

Então hoje,

antes de ficar aqui tudo lá,

é gritar lá.

E foi na minha primeira viagem

que eu percebi,

ah, o que é isso?

É não ter imputos.

É não ter expectativas de ninguém.

Fazes comer agora?

O que é que faz comer?

Olha,

a minha tema já está aqui.

Não,

é silêncio.

Aliás,

uma das canções de disco

que se chama

Silêncio,

feita pelo Chicago,

é sobre a minha viagem ao botão.

Quando eu descei

ao topo de uma montanha

e a única coisa

que tu ouveses

é a tua respiração.

Tu encontras-te novamente,

porque a gente perde

o timing de respiração.

Então,

a gente perde

o timing de respirar.

Tu és com uma chama,

teremos,

mas não te deixes apagar?

Eu quero acreditar que sim.

Eu posso ir ao fundo,

ao fundo eu posso ir mais abaixo,

mas não fico lá durante o meu tempo.

E eu

criei aqui uma paz interior

de que tudo que tem que ser meu

será.

Como é que tu lindas

com a desilusão?

Eu lindas um bocado.

É verdade.

Vou para aquela fase

mais de velhota resingona,

porque o primeiro tem

esse impulso.

De como é que isto aconteceu?

Como?

E a desilusão?

Não é comigo.

Eu te sinto desiludida

quando vejo as notícias.

E então,

lido com a melhor perspectiva.

Às vezes a melhor perspectiva

não chega logo.

O que é que te magoa?

O que é que é fazer-te mal?

A paz magoa

ver alguém

a sofrer,

ver violência,

ver o que fazem nas escolas,

os pulos são os que os outros.

Fico mesmo triste

porque nós ainda não sabemos

todos lidar com a nossa parte

mal,

porque todos temos

e temos que analisar para algum lado.

Mas ainda estamos

tão focados

em ter a vida que toda a gente

tem,

em sermos felizes.

Foi imposto pela sociedade

há anos atrás

que a gente é feliz,

tem um caso,

tem um trabalho,

ganha bem,

pois tens um carro melhor,

pois tens uma casa melhor,

pois tens uma segunda casa

para já esvejar.

E pronto,

se vejas isto neste momento.

E a Malta aceitou.

E acho que não fomos para o lado de

Malta.

Nós não somos só isto.

A coisa é má.

Como é que a gente leita com isto?

E acho que não está a haver

tempo suficiente,

porque a vida está a ser tão rápida.

E o consumismo é tanto,

e tu queres ter tanta coisa diferente,

e queres ter tudo ao mesmo tempo,

e queres aparecer em todo lado,

e queres...

que não temos tempo para parar.

Nem eu.

Por isso é que eu preciso destes meus

afastamentos

para pensar como é que nós realmente,

enquanto humanidade,

conseguimos fazer as coisas melhores.

O que é que a mãe que a tua mãe

foi para ti e é importante na mãe

que tu és hoje?

Uis,

para já,

difícil de comparar,

tenho a minha mãe num pedestal.

Portanto,

foi-se super difícil para mim

não me culpar constantemente.

Porque a vida muda,

né?

As minhas antigamente,

tu eras boa mãe,

senão te caça mais nada.

Era,

tu visse para os seus filhos,

e eu vivo para os meus filhos,

mas também vivo para mim.

E esta é aquela frase para ti,

de se eu não tiver bem,

e se eu não tiver bem,

eu também não vou estar.

Mas a minha mãe

é uma das razões

que eu tenho um disco.

É uma das razões

que eu sequer tenho esta vida.

Se não fosse a minha mãe,

eu não conseguia fazer isso.

Obrigada, mãe.

É a mãe que queria ser hoje?

Ainda não.

O que é que falta?

Falta-se o melhor.

O que é que te arrepende?

Arrepende-me se calhar

de algumas alturas,

quando tu estás cansado

e estás mais estressado,

e não ter tido a paciência necessária.

Ou se cá não diz a coisa certa,

no momento certo,

ou às vezes diz a coisa certa,

mas como eu falo tanto,

eu disse a coisa certa,

e depois continuo a falar

e jovem para a coisa errada.

E é pé, sim.

Principalmente,

uma das coisas que eu penso mais

é não te esqueças

como é que era?

Como é que era o bem?

Como é que era a sua criança?

Era muito diferente.

É a sério das coisas

que a mais me emociona,

e eu sei que te cortes

desta cena, não é?

Tu não me seras fazer

perguntas nenhuma,

porque eu, sozinha,

vou em um sítio emocional,

então isso já não consigo.

Eu nunca devia ter pai

há 8 ou 9 anos.

E há malta que é católica

e reza à noite.

Há malta que tem outras relações

e reza.

Há malta que pede

os anos da guarda.

Eu não sabia rezar.

Entendo, eu fesia assim na cama

e pedia assim.

Não sabia quem,

não é verdade.

O mundo, o universo,

já não me lembro.

Lembro-me do que é que eu pedia.

Eu pedia nunca me deixe esquecer

do que é que eu estou a sentir agora.

E eu sabia, porque eu via aos adultos.

E eu ponho dentro de mim,

faz diferente.

Não te esqueças o que

é que sentes agora.

Não te esqueças o que é que é

ser criança.

Nós nascemos e começamos logo

ao ouvir não.

Logo.

E o que é ser pessoa do Sim.

E desta magia da criança,

a quantidade de vezes que eu

ouvir na minha vida.

Marisol, o mundo não é assim.

Eu estou a te dizer,

não é com 12 anos,

é com 35, com 36, com 40.

O mundo não é assim.

Isso é possível.

Isso é utópico.

E todas estas coisas que eu sinto,

eu acho que vêm daí.

Eu acho que tenho meio que um piter-pain

dentro de mim.

E que se eu deixar de acreditar nisso,

eu não quero estar aqui.

Se eu deixar de acreditar,

que é possível

haver um mundo muito melhor.

E nessa pureza e nessa magia,

só nos aceitarmos.

Só isso.

Se eu não tiver isso,

se eu não tiver essa esperança,

é muito difícil para mim

acreditar em mim, se quero.

Eu sou olhar.

Poerilo é isso que tu procuras

que os teus filhos mantenham.

Ele já o tem,

só que um mundo vai tratar

de lhes tirar-se,

como a maior parte das pessoas.

Eu espero que não.

Mas é difícil,

porque tu como mãe,

depois passas.

O mundo é incrível.

E temos que acreditar,

e temos coisas mais para dizer.

Cuidado.

Isso é pregoso.

Não faças isso.

O que é que são essas pessoas?

Portanto,

nós estamos a passar os nossos filhos,

mensagens,

contraditórios constantemente.

Eu adorava

que os meus filhos e todas as crianças

conseguissem sentar num mundo diferente.

Adorava.

Se tu me cesse assim,

vinha o gênio e o da lâmpada.

10, 3,

6.

Esse provavelmente era o primeiro.

O segundo era doces para toda a gente.

Mas eram tudo coisas meio fantasiosas,

provavelmente.

Seria possível ouvir agora

níveis de bocas,

ou níveis de algão doce.

Imagina.

Não era incrível.

Não era.

Nós tínhamos saltadas noventas.

Mas tu não sentias já?

Não dá sentido.

Comias e saltadas em cima das noventas.

Quem pode ser melhor que isto?

E isto na minha cabeça,

as vezes é um filme,

porque eu, se for sozinha para aí,

eu fico neste sítio.

Se cara inventar e toda esta fantasia,

para lidar com a dor.

Porque a vida não fosse tão dura?

Sim.

Desde nenhum daqui,

eu acho que inventei isto,

para lidar com aquilo que eu não consegui alugar.

Eu não costumo falar muito da minha vida pessoal,

mas o meu pai morre quando eu tenho 8 anos.

É a minha relação com o meu pai,

foi muito tipo o filme a vida dela.

Muito mesmo.

E eu acho que foi ele que me levou

com esse mundo da fantasia.

E quando ele morre,

eu não quis que esse mundo acabasse.

De todo.

E para te dar exemplos,

imagina.

O meu pai trabalhava no teatro.

Um dos trabalhos que ele teve,

varria ao chão no teatro.

Ele chegava e dizia,

não estás a ver o espetáculo que o pai fez.

Eu era o protagonista.

Estava no palco.

O público todo a delirar.

É histórias, mirabilantes.

Ele jogava a boxma, não jogava.

E mistrava-me as luvas.

Olha, isto foi de um combate que o pai teve.

Foi super difícil.

E não era nada.

Nunca tive um combate nenhum.

E sei que isto foi muito comigo.

Falva-as parecer mais nova.

E por ainda com 8 anos.

E eu ficava...

E esta fantasia

deu-me uma perspectiva do mundo,

que era irreal.

Tudo era possível.

Como é que o meu pai consegue ser

as suas coisas todas?

Ele é mágico.

O meu pai teve super poderes.

Dentro de mim,

essa era a sensação que eu tinha.

Apesar de não estar com ele,

porque os meus pais esperaram

quando era muito nova.

E depois, quando ele morre,

cai a realidade.

Como se ele morreu.

Eu, durante alguns anos,

achava que o meu pai era um espião.

E que eu era a única que sabia da verdade.

E que ali há parceria a dizer a toda a gente

que tive num trabalho na remédia,

onde salveu o mundo.

Se precisava de mim,

o pai teve que ir para lá.

E eu fiquei com este sentimento

que foi mesmo difícil.

E eu acho

que é daí que eu vou buscar

o meu mundo encantado.

E que é quase necessário.

Não é para eu acreditar.

É para eu querer acreditar.

Porque tu não acredita só porque sim.

Tu tens que fazer a estranha.

Há sempre uma razão para acreditar.

Tu lembras de darei a notícia há 50 anos?

Lembro-me, perfeitamente.

Meu irmão estava a jogar a bola na rua

de aquelas coisas estranhíssimas.

E estava a dar um filme na televisão

sobre a vida depois da morte.

E estava a dar esse filme.

E eu estava a perceber médio o filme, sabes?

Mas estava a perceber caldo em que tinha morrido.

Mas o que é que ele não tinha acabado ali mais uma vez?

Estou a dar fantasia.

Estava a ver até comigo.

E a minha mãe chamou-me o meu irmão.

E isso, então, José Fai disse,

na verdade,

o pai estava doente e não conseguiu.

Lembro-me,

lembro-me perfeitamente.

É qualquer criança perder um pai ou um homem

não é fácil.

Perdez alguém que o homem não é fácil.

E quando tu és criança

e não tens ainda...

Nós não conseguimos lidar com a perda.

Já é difícil.

E mesmo quando dá perda

da tua mãe, do teu pai,

de alguém muito próximo, de um amigo teu,

a perda existe,

tu sentes,

tens um núcleo grande à tua volta

de tapoeia e depois passam duas semanas.

E toda a gente segue a servir.

O que é no irmão.

Eu também segui a minha.

Nós temos de seguir.

Não vamos ficar todos no buraco negro,

mas passado duas semanas continuado a doer.

Passado um ano.

Passado dez.

Passado trinta.

Doi sempre.

Pois tenho um orgulho gigante

que vem este lado de meus gerações.

Que é, se há alguma coisa de mágico

que eu poderia ter dado ao meu pai

e que,

se ele tiver a ver

o que deve estar em estas,

é que eu já cantei o lindo Benfica.

E o meu pai era um bem-fiquista

fuzenho.

E ir ao Benfica cantar.

E tudo o que eu já passei no Benfica,

a minha emoção é tanta,

e a minha ligação é tanta,

muito por causa do meu pai.

Eu gostava mesmo que houvesse um céu

para quando eu se casasse lá,

mas foi outro Stelle,

Bom.

верage,

탁ába.

É diferente ser monde um menino a um menino.

É diferente.

Eu acho que a diferença 재밌 uma menina

porque como muito mais exigente covid

e a injustice para ela.

Mas é porque eu tenho que ser.

Eu não tenho a consciência disso.

Eu acho que as mães tenham uma tendência

de Prazos Maparias é tv!

E isso é com aquilo que tu tens dentro de ti, não é com aquilo que tu vais apresentar exteriormente.

Isso não interessa e se passa.

Os mães com os rapazes tentam se pôr outro lado,

protege-se de uma forma diferente,

e ter um rapaz em uma capariga é mesmo diferente.

E uns dos dois são opostos, uma data de coisas,

o que é muito engraçado e que me dá a goz, mas também é um desafio gigante.

Porque era bem mais fácil que eu descesse uma coisa a um,

e os dois ouvir sem a mesma coisa.

Mas não, não houve uma coisa de uma travata.

Havia a tua flor azul no teu banqueire da tua vida interna?

É, ela e o João.

Havia mudou a minha vida, mesmo.

Eu estava em Dona Maria e fico grave,

e saio de Dona Maria sem trabalho,

sem perspectiva nenhuma.

Eu não tinha nenhum concerto, nenhum.

Por ser que a minha admiração e a minha gratidão pela semana libera será eterno.

Ela foi a única pessoa que me convidou para cantar.

Foi a única dinheiro que eu ganhei nação.

Foi na Escócia.

E que eu disse que não queria de nenhum, porque era semana.

Como é que o dia pequeno era semana?

Havas que a cantar e eu disse,

não clare, não, mas é um caixinho, eu não quero caixinho.

Tipo, é uma honra.

Não posso pedir dinheiro para cantar para a semana.

E ela existiu e vai ficar marcada para sempre.

Para sempre.

Eu estarei cá a passimônio sempre.

E a Bia foi...

A Pá, a Bia mudou a minha vida.

Enfim, muda a tua vida.

E ela principalmente, ela é um furacão.

Um furacão-moiro.

Que alterou tudo aquilo que eu achava que sabia.

Que era, sequer.

Depois dela nascer.

Eu já nem lembrava o que é que eu morria.

Ou o que é que eu chorava.

Ficou tudo...

Noutro patamar.

Não há nada mais...

Poderoso...

do que talvez os chastres feios.

Não há.

Eu sou completamente apaixonada por eles.

Até, possivelmente, sabes,

eu tenho que me controlar diariamente

para não estar tipo lappa.

Eu, quando gosto muito de alguém,

eu tenho espais nos físicos,

que eu tenho controlado, tipo,

deixa, para, Marisa.

A minha filha chegou uma altura,

quando deixou-me coitadinha, Pá,

porque eu estou sempre a dar vejo.

E ela escolheu uma altura e disse ao mãe,

porque eu não sou assim.

Tipo, eu gosto, mas não gosto tanto.

Já o meu filho é toda hora, já me soube,

já está duas horas.

Olham para o outro dizer,

eu amo-te.

Não, eu amo-te, amo-te.

Tu é tão lindo.

Pai, a Bia fica...

Você, isto ali está há duas horas.

Ah!

E ela é mais estragmática,

é mais despachada,

e eu não consigo

não ser afetuosa com a minha filha.

Então, o que é que eu comecei a fazer?

Eu esperava que ela adormecesse.

Isto é péssimo dizer, e ela sabe,

porque ela acordou muitos de vez,

porque ela adorme com o pé de fora da cama.

Eu entrava no quarto e pensava assim,

ai, o que ele tem?

Ai, controla-te.

E então eu ia lá e fazia.

Mestinha.

Para.

Para.

Para, só dá um beijo.

Passado, segundos.

Está a vir ao levantar-se a dizer,

Mãe, eu estou a dormir.

Mas a mãe só estava dando os beijinhos no pé.

Mãe, isto é só estranho.

Por favor,

quem está a fazer?

Eu estou a dormir.

E ela acordou a dormir,

a mãe, e o doutor,

o doutor,

desculpa-me,

não vou dar prazer,

desculpa-me.

Desculpa-me a quem é a mãe,

me diga aos meus filhos,

eles é que não sabem que estou a dormir.

Ficam a saber agora.

Eu vou à cama,

e eu diga a cada um deles,

as suas maiores qualidades,

o que é que eu tenho orgulho,

que eu vou estar sempre aqui,

e que mesmo quando eu não estiver,

eles ouvirem a minha voz,

que ela vai estar lá.

E todos os dias eu digo isto,

não sei se é,

sabes como eu perdi o meu pai de,

que se não for fisicamente,

que estes palavras,

de alguma forma,

entrem no inconsciente,

e que ficam lá para sempre.

E que se eles fecharem os olhos

e fizerem muita força aos jovens.

E quando estão acordados a meninas?

A toda hora, as pequenas.

Acho que sou beira chata.

Eu gosto de dizer que é.

Eu não me diga toda a gente.

Eu, quando gosto, gosto.

E eu, quando gosto, vais saber.

Quando a chuva cai,

tens a teu solo de mãe.

Fim.

Estava cansa que eu tenho que ir a tris,

não disse, chama-se contido.

Mas não era esta música.

Era outra.

Havia toda uma outra canção,

que nós tínhamos gostado,

e que ela gostava,

mas, conhecendo a minha filha,

havia ali alguma energia,

e quase parecia que ela estava a fazer um favor.

E eu não queria que esta canção fosse isso.

Saímos do estúdio na quinta-feira,

e de repente, o último dia de estúdio,

a noite anos,

tenho que fazer toda uma canção.

E acabá-la.

A letra é qualquer coisa do tipo.

Sim, sei que tu vai sair,

e eu não irei impedir.

E este era aquilo que eu queria dizer.

Só que eu sempre escreva esta parte,

não conseguia escrever.

Eu quase não queria dizer isto,

mas às vezes sim, pode sair e tal,

e eu não te fui impedir,

mas assim, mais ou menos,

a escalar e...

Eu não sei.

Olha, que eu tenho que pensar sobre isto.

E mandei-lhe, e disse-lhe a filha,

a mãe mudou a música,

consegue ajudar a música,

gostas, achas esta letra toda sincera,

concordas com tudo que está aqui escrito,

e ela mandou uma mensagem a dizer,

é tudo verdade, mãe.

E esta música é muito mais bonita.

Obrigada.

E pronto.

E é isto.

E já me perdi na pergunta que tu me fizeste.

Mas respondeste-te.

Respondi.

Responeste-te e a paia de quatro.

E é todas as outras, exato.

Você sabe que a gente só sai da casa e de tanue?

Sim, sim.

Estou na prática, isso.

Ah, ok, isso.

É difícil conciliar a vida que tu tens com o facto de ser mãe?

É, superdifícil.

Porque o tempo que eu gosto de passar com os meus filhos,

é muito...

Portanto, para mim nunca chega,

e o ano sempre numa inquietação do caraço,

só estou a cantar e estou,

ai pá, porque eu dizia estar em casa e estar em casa.

Pois estou em casa,

porque sabe que tenho que tratar daquilo ano passado,

aquela música.

Esta é, para mim,

das coisas que eu preciso mais devoluir,

para me tornar a melhor pessoa.

É conseguir focar-me quando estou a fazer as coisas,

e não estar sempre a sentir culpa

de estar a fazer uma coisa e não estar a fazer outra,

que é constante.

E é difícil conciliar,

acho, para todos,

para quem tem dependentes,

e ao mesmo tempo quer seguir o seu sonho,

há aqui muita gestão,

não dá para tudo.

Isto é de uma mãe separada atrás,

que desafiosem essa música?

Ah, uma mãe separada atrás de outra.

Eu era uma mãe quando estava em uma relação,

e tornei-me outra quando fiquei sozinha,

quando estava a conhecer-me,

a descobrir o que é que eu era sozinha,

tive uma razão de 20 anos,

e era descobrir-me que mulher é que eu era separada,

que mãe é que eu era separada,

foi toda uma aprendizagem,

e que é uma aprendizagem para mim e para todos.

Que marcas é que deixam na mulher

em um momento como esse,

em uma relação de também a 20 anos?

Deixa marcas sempre,

mas eu vou dizer muito sincera,

não há nenhuma marca que eu não a quero ter.

Não há nada do que nós vivemos,

que eu não voltasse a fazer o mesmo.

Acho que todas as relações

numa determinada altura da tua vida

existem por algum motivo,

e todos nós aprendemos a ser pessoas diferentes,

as mesmas, mas diferentes,

até porque quando tu disparas,

não deixas de ser uma família,

e a família continua,

simplesmente a vida muda.

Portanto, nós temos que nos adaptar a isso,

mas há aprendizagem que fizemos,

e a evolução que tu pode esterem

qualquer coisa que te acontece na vida,

é muito maior do que o acontecimento em si.

Portanto, o que aconteceu, aconteceu.

Tem um tempo, tem uma hora, tem um dia,

tudo o que tu podes aprender com isso

pode durar o resto da tua vida,

e é aí que eu tento ir.

É ok isso que aconteceu?

Claro que não é bom,

não é bom de tudo pensar assim,

não dá certo,

como a gente pensava que ia dar,

e depois pensas ao contrário,

deu certo, deu um bom é certo,

deixa o feio de dar,

agora bora tentar que outro seja bem certo.

Isto é todo um processo

que não passas,

mas que é um processo importante,

e que te dá a conhecer a ti,

forças que tu tens, que tu desconhecias.

É pá, nós não foi assim há tantos anos

que as mulheres tiveram que começar

a conseguir lidar com uma data de coisas

ao mesmo tempo,

e ter-se essa culpa na sociedade.

Eu lembro-me de uma das perguntas

que mais me faziam,

quando eu e o Thiago estávamos juntos,

e amoreletro estes,

estávamos os dois na entrevista,

e perguntavam-me a mim,

até como é que é conciliar.

Eu disse, não vai estar aqui ao lado.

Essa pergunta também não devia ser para ele.

Por que que essa pergunta é só para mim?

Qual é a responsabilidade que eu tenho que eu não tenho?

Por que que eu tenho que me sentir culpada?

Mas ele não.

E isto começou a me fazer mesmo confusão,

e andei muito tempo a pensar sobre isto.

E se eu era mamãe,

e prosseguir os meus sonhos,

não tenho um trabalho das novas,

que não estou há as horas,

que seca os outros pais têm,

mas que calhar,

tenho menos de qualidade,

que seca outras filmas não têm,

e por que que a mata está a julgar,

e por que que estamos,

os estes feitos são feridos,

tu amas os estes filhos,

tu estás lá,

tu és aquilo que supostamente

quer dizer ser mãe,

que é cuidar-se daquilo que elas precisam,

quando elas estão doentes,

quando elas não estão,

proteger, dar as bases necessárias,

passar valores,

levantá-los quando elas caem,

não os levantar quando elas caem.

E isto, para mim, acho que é um bom papel.

Se não é um papel com um horário certo,

e se não faz nem menos mãe,

ou um momento pior,

estar sozinha,

depois de uma separação,

quando todas estas coisas,

não é fácil,

mas tudo é possível.

E agora, neste momento,

já não sinto isso.

E este álbum parece ser

a voz de uma dor vencida,

de uma dor que foi ultrapassada.

Mas está lá agora.

Então lá temas que foram

o mais íntimo do que pode ser

o sofrimento.

Está muita dor neste disco também,

que tu uso, né,

de uma separação da morte

de um dos meus melhores amigos,

que ainda me custa ultrapassar,

e depois tem toda a superação.

Quem nunca amou ninguém

Quem nunca amou ninguém

perdeu uma seida de não morrer em vida.

Eu iniciei essa canção

a pensar numa amiga minha,

e quando estava a gravar esse clube,

não estava a conseguir ir para o chip,

certo?

E do nada,

eu comece a me lembrar do meu pai,

e esta música

foi tudo para aí.

E de repente eu olho para a letra,

e eu nunca, na vida,

consegui fazer uma música sobre o meu pai,

nem para ele,

conscientemente,

saiu sem querer.

Fique a ferida de uma dor

sem ti.

Estas feridas,

engajadas,

fos capaz de as vencer.

Não, tenho muita ferida aberta,

pois há cicatrizes,

é isso que faz ser quem tu és,

e é impossível os caras aqui apagar-se.

Pode dizer que estou super resolvida com tudo.

Tenho feridas abertas e feridas

que doem,

não doem sempre,

às vezes voltam,

peçam fantasmas,

que vem para te lembrar

de algumas coisas,

e tu te lembras de estar através.

Por que é que tu fos pescar o penso

e podes lá em cima?

Uma perda como a do teu amigo,

o teu olhar vai mais para o lado da fantasia,

no sentido de dar relevância

às coisas boas,

ou vais mais para o lado de absorver

o que de mal acontece.

Para ter um amigo,

é diferente tudo.

Tu não estás à espera de para ter

uma pessoa que não é o seu mais velha,

que não é, sabes,

tenha essa ferida aberta.

Ainda não consegui,

conscientemente,

aceitar que o refeção está cá.

Eu tenho mesmo saudades de ele.

O Rex foi das melhores pessoas que eu já conheci.

Era a magia da Mareletre.

Era mesmo.

O Rex era o mais velho,

eu não via como um pai,

mas havia um lado paternal dele

comigo muito assumido,

e eu sinto falta disso.

Não só do amigo como tudo isso

que ele me passava,

que eu na verdade nunca tive.

E então ele era o que,

me acalmava,

mas acalmava com a estria,

sabe, não era ele

onde dizia aquelas que têm calma.

Não pode ser isto de ninguém,

dizendo que têm calma.

Uma pessoa dizia,

eu já estou calma,

quero dizer que eu não tenho calma.

Não, o Rex fazia uma piada

e desconstruia tudo.

Era uma das pessoas

que ia para o meu planeta facilmente.

Era uma pessoa da Mulara.

Era uma pessoa que tenho quatro filhas,

que ele irá amar para sempre.

Eu não me vou cansar de dizer

das pessoas que eu tive mais orgulho

em conhecer a minha vida.

O Rex só nos deu casas boas.

Por isso é que custa tanto ver ele partir.

Era daquelas pessoas que iluminava

qualquer sítio.

Se eu tivesse no meio da tempo estar,

provavelmente ele vinha lá do fundo de azerme.

Minha menina chitulou o ataque ao teu girassol.

E isto mudava tudo.

É mesmo difícil perder um amigo.

O que é que as pessoas não vêem quando olham para ti?

Geralmente não vêem.

Se eu estiver longe por causa da minha altura,

já não veem no geral.

Imagina, quando estás num concerto,

ninguém vê.

Só se estiver em cima do palco.

Percebem que eu sou cantora.

O que é que as pessoas não vêem?

Não veem...

Quer dizer, um mal feito e o veem.

Já viram.

Até na televisão.

Não veem o quão desconcentrado eu sou.

Se calhar.

E desorganizada.

Eu acho que as pessoas acham que eu tenho mais controle

sobre a minha vida do que o que eu tenho.

Mas eu tenho muita ajuda.

E isso tem que ser dito.

Minha cabeça funciona para tudo o que é criativo.

Imagina, se vocês disseram assim,

bora sentar e terem ideias.

Uau!

Sonho!

Bora!

E a seguida,

eu tinha que se mandar o mail para quem?

Isso foi quando?

Ontem?

Já foi.

E achas pequenas coisas.

Se eu não tivesse a ajuda da Susana e da minha mãe,

estava lixada.

O que é que tu me perguntaste?

Não está certo.

Ok. Correto.

A esposta, vale.

Vou alertar.

Quero fazer a guerra no coliar.

O guerra no coliar

é também uma forma de tu alertar da sociedade

recuperando um tema de variações.

Mas a música serve de alerta também

do que está a conhecer.

Acho que a música é um grito de cansaço.

Para já, quando eu recebi,

foi um morro no estômago.

Uma referência, né?

Supendo, nós conhecemos os dois discos de variações.

E nunca mais,

a música é nenhuma cantada pela voz dele

em 30 e tal anos, 40 anos.

De repente, eu tenho uma canção

com ela cantar sozinho

esta letra,

esta música,

quando tinha acabado de acontecer

a guerra na Ucrania.

Eu não sei, mas calculo

que ele tenha escrito isso na altura,

talvez por causa da guerra fria.

Calcule que o sentimento dele tenha sido

aquilo que nós sentimos agora

e que estamos vindo a sentir ao longo dos anos.

Eu acho que variações há tantos anos atrás,

também vivia, se calhar,

no mundo da fantasia,

que tinha aquelas coisas todas,

liberdade e um vamos-nos aceitar,

e que eu, desde Nuda,

foi uma das minhas grandes influências

para eu ser eu mesma.

Depois, escaja ele mesmo,

eu também quero ser eu mesma.

Eu, quando estava a dizer

e já não sei onde é que foi,

que eu sentia sempre que eu não fazia parte

de uma turma,

eu até hoje

é muito difícil para mim fazer duetos.

Por causa do tom,

a primeira vez que eu ouço a canção

de variações,

e pare, depois vou gravar a guitarra,

o meu tom,

é o tom dele.

E há alguém que disse que já não nos assim.

Então olha, eu não tinha ninguém da turma,

era porque ele estava no corredorato

à esfera para entrar em os dois no sala.

E eu sei que isto é tudo lá,

vem o mundo da fantasia, né?

Claro que eu adorava ser amiga

da uma da variações que ele fosse vivo.

E isso era tipo, brutal.

Mas eu não sei se isso é verdade,

mas eu gosto de acreditar,

que se calhar não explodimos

só da mesma turma.

Sabe-se que,

íamos falar das mesmas coisas,

mas eu sou mesmo grata,

ele não está cá,

mas eu tenho pedido de cantar esta canção

e toda a música,

ele nos deu,

e eu gostava mesmo que houvesse um céu

para quando eu escasse lá a civil

de poder dar um abraço.

E dizer obrigado, António,

que tu me das tu na minha vida.

Mesmo,

só que a gente sabe.

Manteis o desejo imortal de querer ser feliz,

como está, não foi assim que aconteceu?

Completamente.

Eu tenho desejo,

eu tenho vontade,

eu estou vivo e eu quero viver

e eu quero ser feliz e quero cantar

e amar os meus filhos

e amar toda a gente que eu consegui,

e fazer coisas boas no mundo,

e ir de férias de vez em quando.

Desejo imortal

de querer ser feliz.

Em que momentos

é que sentiste plena de felicidade?

Sinto como sempre plena

quando eu sou uma gargalhada

dos meus putos, sempre.

Eu fico feliz com felicidade, Daniel.

E às vezes não é a minha.

É difícil para os tuos filhos

estarem filhos da Marisa Lis.

Acho que sim.

Acho que para um nada é bom,

porque eu acho que sou boa mãe,

mas não deve ser fácil,

acho que nem de mim,

nem de qualquer pessoa

que tenha a profissão como a nossa,

e eu tenho de proteger-los tudo,

mas não é possível.

Eu não uso as roupas

calhar assim mais convencionais,

todas as minhas ideias de videoclips

e músicas e disto,

mas aquilo que é mais difícil para eles

é aquilo que eu descaro

de deixar mais mim,

que é independentemente

do que vos diga da mãe.

Eu sou eu,

e eu tenho de boa orgulha assim,

porque eu le tenho

para ser a pessoa que eu sou.

Portanto, eu tenho orgulho.

O que é que te orgulhas mais?

Ser boa amiga,

ser lial,

ser uma pessoa lial,

e de ser uma pessoa honesta.

Nunca na minha vida

conquistei nada passando por cima de ninguém,

nem manipulando,

nem desejando o mal.

Tudo o que eu tenho

e tudo o que eu conquistei

foi de forma honesta.

Qual foi a melhor coisa

que disseram sobre você?

Eu acho que a melhor coisa

que podem dizer sobre mim

são os meus filhos.

O dia da mulher,

o meu filho faz-me um benéquinho,

que é um jogador

da Seleção Portuguesa,

porque ele é do Porto.

E depois a parte de trás

está Marisa Pinto,

que é o meu nome mesmo,

e a número 10.

Como você é que o teu jogador

preferiu dar o recosto,

eu posto o número 10.

Eu amo que mãe.

Toda vez que ele me disse assim,

Sais quando tu estás a acordar,

às vezes fazes aqui

boas riscos nos olhos

e eu chamo-se Seleção Portuguesa

e ele, ah, são várias mães.

E eu, obrigado, filho,

bom dia, e ela chão tão lindas.

Da minha filha,

eu estava a tomar bem,

e ela perguntou

qual era a parte

que eu mais costava do meu corpo.

E disse a minha cicatriz,

e ela, como assim,

ó filha, por tu cês estes aqui.

E eu digo, e tu,

qual é a parte que tu mais gostas

do teu corpo?

E ela tinha pai de 5 a 6 anos.

E diz assim, toda e eu.

Por que toda e eu sei e ti?

Acho que para os dois meios

ilugios que eu já ouvi a minha vida.

O que é que o pau que ensinou sobre a vida?

O pau que ensinou-me a ser eu.

Eu, quando não tinha confiança

para ser eu,

ia para a escola,

de cabelo assim,

à frente da cara,

com três pajamas por baixo das calças,

que era super magra.

Não te aceitares.

E fazer assim,

eu tenho um metro e meio.

Eu demorei bué desenvolver-me.

Muitos e cinquenta e três.

Muitos e cinquenta e três,

peço desculpa que fico perto de Estado.

Quando entrava para o palco,

eu não era bem eu.

A minha essência estava lá,

aquilo que eu estava a cantar era lá,

mas aquela confiança não era eu.

Não era fingir a confiança,

eu sentia enquanto ela estava.

E depois acabava e era a travessão.

Deixa-me ir para outro sítio,

que horror,

não sei o que ainda...

O pau que ensinou-me a ser livre.

Eu não gostou de ver muitos vídeos meus,

para quem, né?

O início, quando eu via,

eu deixei de ver,

para não deixar de ser livre.

Porque eu via e disse,

o que que eu estou a fazer?

Por que que eu danço daquela maneira?

Por que que eu estou a fazer aquelas caras?

E o facto de eu tentar controlar,

deixei de ser eu.

E antes eu disse para,

olha, não quer saber,

deixa-me ser doida,

a vontade de saltar

e achar que sei dançar

e não sei.

Mas deixa estar,

porque eu estou a sentir a música,

dessa maneira,

portanto o pau que ensinou-me a ser livre.

Daniel, faz-me uma pergunta,

consegui dizer sim, ou não?

Por favor, faz-me uma só.

É fácil essa posição de pernas?

E?

Então, podias ter respondência?

Sim.

Sim.

Parece ser muito confortável.

Não...

Só não vou tentar, porque, enfim...

Porque estamos aqui, não é?

Pois, quantos casos a casa vais tentar,

com mais calma?

Quando tu amizade com a Aurea,

foi alvo de documentários,

foi difícil para...

abraçar o silêncio para ti?

Não, para já fazer-te chorar,

porque foi realmente curioso,

e deu piada.

Minha filha até chegou a casa e disse-me,

olha, mãe, estou a dizer na escola

que tu e a Aurea são namoradas,

e o que é que tu descesse de ela?

Eu não estou comecei a morrer,

se isso fosse verdade,

eu já sabia,

que eu tenho esta sinceridade com os meus filhos.

Sabe o que é que me dá vontade de rir?

Porque acho meio surreal,

duas mulheres serem efetuosas,

uma com a outra,

e serem amigas,

e fazerem um videoclip juntas,

e então são namoradas,

não há auto-hipótese,

elas estão envolvidas.

Eu gosto de Aurea,

eu gosto de ser afetuosa com a Aurea,

eu não quero nada com a Aurea,

sem ser amizade dela.

E para a minha parte das pessoas,

parece que foi extremamente difícil,

elas são amigas,

gostam de música,

tornam um videoclip onde se abraçam,

e, ah, as amigas abraçam-se bastante.

Por outro lado,

houve muita gente que ficou triste

de não ser verdade.

Tivemos muita gente na rua,

quando nós íamos tomar café ou íamos a algum lado,

mas por que?

Mas já tentaram.

Mas já tentou.

Opa, gostávamos de ter feito esse jeito

às pessoas,

e tentaram,

mas não deu,

não deu,

estava cheio de trabalho,

também não deu para tentar.

Alguém te deve um pedido de desculpas?

Boeda gente.

É a primeira resposta que temos

por um boa gente.

Eu estava malta de não ter fiches comigo,

que me dizem coisas que não eram fiches,

veja, pá, mas...

O que é que é não ser fiches contigo?

Ah, pá, não ser sincero.

Para mim a sinceridade é uma coisa

de pessoa forte.

Quando as pessoas não são sinceras,

é quase meio que uma fraqueza.

Preferes uma verdade que doa?

Ah, é completamente.

É que, com isso,

eu sei lidar,

se eu não sei,

eu vou lidar com o que?

Ou eu vou perder uma tempolidade

para lidar com uma mentira?

Se eu vou ter que lidar com isto,

diz-me já a verdade,

para lidar, já,

ir respeito muito mais ao que me diga a verdade.

Estou extremamente compreensiva e tolerante.

É normal as pessoas errarem.

Tenho a sorte de ter pessoas

onde eu posso ser mesmo sincera,

porque tu hajas que dizer

o que é ser sincero.

Tudo não pode ser sincero

com toda a gente.

Nem toda a gente.

Está preparado para isso?

Não está preparado para isso.

Ou até nas relações.

Quando começa uma relação,

no início é tudo.

Vemos permitir que vemos ser sinceros

um com o outro.

Tu nunca me vais mentir.

Se tu tiveres vontade

de falar que tu vais me dizer,

não vais.

E eu só disse, vou.

Isto nunca acontece.

Nem nas relações namizadas,

porque tu depois não queres magoar o outro.

Tu só consegue ter uma conversa sincera com alguém,

se tu conseguires ser sincero com ti.

Só que a maior parte de nós,

quando vai ter uma conversa sincera,

é para mandar à cara as coisas.

Tu queres dizer um outro com o outro,

ainda não sabe o que tu achas que é o não sabe.

Mas não estás disposto a ouvir.

E isso não é justo.

E eu achava que era uma pessoa sincera.

E não era.

Eu escondia montes de coisas,

para não magoar,

para não criar dúvida.

Porque imagina, tu diz,

é pássica lá, estou com dúvidas.

Mas não estás, estás naquele momento.

Eu te li um...

Mas não falar sobre isso,

estás logo a esconder.

Não, porque se eu vou dizer isto,

a pessoa vai pensar que eu não...

Já está tudo a filmar.

Já estamos todos...

Mas há erras,

que as pessoas não são sinceras.

Bora ser sinceros, está tudo bem?

Chegar aos 40, batia alguma coisa?

Não sentia-se a diferença de,

ah, tenho 40 anos.

Foi mais, igual, tenho 40 anos.

Como é que eu sobrevivia até agora?

Acho um milagre ainda de estar viva.

Doida como a sua mãe desfocada, não é?

Porque pá, acho um milagre,

não tem sido atropelada.

Eu estou sempre a bater contra tudo.

Eu tenho tempo a cair.

E eu não sei como é que eu ainda

não magoei seriamente.

Há um longo destes 40 anos.

Malta, continua o cá.

Isto só pode ser boas notícias.

Eu tua consegui ser uma pessoa mais ou menos.

Se te fosse garantido uma resposta,

a uma qualquer pergunta tua,

sim.

Quem que tu querias mesmo me saber?

Gostava-te de saber se algum dia

o mundo vai ser diferente

como eu imagino.

Mas eu já nem sequer estar viva, sabes?

Se me dissessem assim, daqui a 300 anos

o mundo vai chegar a um sítio

que era aquilo que eu sonho a sonhos,

é que era possível.

Mas vamos chegar lá.

Você não vai estar cá para ver,

mas nós vamos chegar lá.

Eu ia sentir uma felicidade imensa.

Não ia chegar lá aí,

ou nem chegar aos meus filhos,

nem chegar aos meus netos.

Mas alguém ia chegar lá.

E alguém ia poder viver isso.

Porque nós, 300 anos,

lemonamos a fazer coisas

para chegarmos nesse caminho.

Então é nossa vida contra où.

E eu espero que assim exista.

Eu sei que isto éockey topico

Umaientes muito bonitas.

E você não parece um ameiço, não é?

Que é que긴азывas o mundo,

mais quero mesmo,

é até mais plaza, a interior.

E se a gente se aceitar,

acho que vão parecer todos mais felizes

e vai ser muito mais fácil.

Não vamos estar a julgar constantemente.

E acho que nós onde vamos tentar, pelo menos,

pelo menos. O que é que pode acontecer? Pior, eu acho que está a ser difícil. Portanto,

se a gente tenta estar assim de frente, se cantar a consciência de coisas de falso.

Tens algum trecho, algum dos temas deste álbum, queres aí dar um cheirinho?

Agora nem estou lembrado de nenhuma música, não estava nada a esperar disso, espera,

tenho que me focar.

Mas a Marisa? Eu sou a Marisa, isto tem um disco, isto está a gravar, tu podes fazer cortes, fazas cortes e mistura de papel.

Mas isto é bom, que tanto for para...

É o ótimo, claro, é o ótimo. Eu vou cantar um bocadinho dos girações e tempestades, que é a canção que fez o disco.

Pera em girasol, na tempestade.

Que bom.

Fica por aqui, não é?

Sim, sim.

Mas não, não quer dizer isso.

Se encontrasse aquela menina de 8 anos que estava a ver um filme sobre a vida depois da morte, nesse dia, o que é que ele dirias?

Continuar a acreditar que pode ser que seja possível.

Eu acho que é isto, é possível.

Mas já não sabe. Mas se cá até há fadas e já não sabe, imagina, hã-de-fadinhas, há andarem a fada da primavera, a fado do autônimo e tantas as fadas que foram às florzinhas, todos eles têm reuniões à sexta-feira, acho que é muito a tarde.

É dizer, já percebas-te flores em Porto Salvo?

Não.

Isso era o teu trabalho, Isabel.

O teu trabalho era pelas as flores em Porto Salvo.

Eu adoro.

Eu acho que tudo é possível. Se o amor é uma coisa inexplicável e é real e é tão poderoso, então tudo é possível.

As coisas mais importantes que nós sentimos não se materializam.

Então não só podemos acreditar que existe magia no mundo.

O que é que dizem os teus olhos?

O que é que dizem os meus olhos?

Dizem giraçais e tempestades.

Foi bom.

Foi bom.

Essa foi boa.

Obrigada, Daniel.

Obrigado.

Obrigado.

Obrigado.

Você é a maior.

Só seis.

Se que eres bom comportamento, não é conosco.

Olha uma granha.

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A cantora de 40 anos, que foi vocalista da banda Amor Electro, lança agora um disco a solo e, dez anos depois, regressa ao Alta Definição com a certeza que, na essência, não mudou. Começou a carreira nos Onda Choc aos 11 anos e desde ai nunca teve um “emprego normal”, nem, admite, conseguiria. “Se eu puder deixar alguma coisa que seja a música que eu faço e que ela dê alguma coisa de bom a alguém.” Tem dois filhos e tenta sempre nunca se esquecer do que é ser criança e mantém a esperança que é possível termos um mundo melhor com mais pureza, magia e entendimento entre todos: “Sem essa esperança é muito difícil acreditar em mim”, mas admite, contudo que “Se calhar eu criei esta fantasia para saber lidar com a dor”. O Alta Definição foi exibido na SIC a 25 de março.

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