Alta Definição: Luís Filipe Reis “Quando saí de Portugal dormi três noites debaixo de uma ponte e passei fome”

Joana Beleza Joana Beleza 7/23/23 - Episode Page - 46m - PDF Transcript

Bem-vindo, Lucio Luccas.

Olá, bon dia. Obrigado.

Lucio Luccas, estou como sou, a alta definição.

No início de tudo foi a mãe.

No início foi a mãe, mesmo ouvindo a cantar,

foi isso que despertou logo a atenção de criança a ouvir a minha mãe cantar.

Uma paixão muito grande e cantava muito bem.

Sobretudo, então eu lembro que ela tinha muito grande,

que era um desafio, porque ela estava num desafio que os meus tios ou alguns vizinhos...

Cantar os outros desafios?

Cantar os outros desafios exatamente.

Ela ganhava sempre.

Quer dizer, tinha um poder, imaginação, inspiração.

Não era um momento que era uma coisa incrível.

Que ela nunca chegou a cumprir essa carreira?

Nunca chegou. Aliás, o sonho dela, saí como uma rádio,

desgou a...

Porque eu sou da guarda, né?

Foi à polvíncia.

Foi lá para falar com a minha mãe, mas o meu pai não deixou.

O outro tempo, né?

Foi um desgosto grande.

Não deixou, eu acho que foi um sonho que ela deixou de realizar.

E acha que ela realizou esse sonho através do filho?

Sim.

Aliás, ela viu tudo no meu princípio da minha vida como cantor.

Eu até me recordo de um dos grandes ex-desmeu que é João Vazverão.

E ela, já nos últimos meses, foi dançar comigo.

Uma festa em que eu fiz em casa.

Eu tentava sempre dar do melhor,

porque a minha mãe nossa percebeu que estava doente.

A companhia sempre...

Ela tinha cancro, né?

Sim.

Então, tocou essa música da João Vazverão na sala.

Lembro muito bem.

E a minha mãe disse,

Vem dançar essa música e comigo talvez seja a música.

Como é que sabe comigo?

Isso e isso foi como sempre.

Foi o acompanhamento desde o princípio da minha carreira.

Até antes, ela me deixara até Deus levar,

que se teve sempre presente na minha vida

e no apoio total da minha carreira.

Ela tinha no som da gravidade da doença.

A minha mulher era uma pessoa que nós costumamos dizer em Portugal,

muito para frente, já.

E tanto sabia.

Ela sabia.

Muito embora, também não queria dar a entender para nós os cabos tristes.

E tudo isso é muito complicado.

Porque a minha mãe era torre, né?

Era o principal da família.

Quer dizer, é ela que está agenteada na canidinha,

a canidinha, a canidinha.

Como se chamava lá no bairro.

E isso realmente notou-se-me quando deixou-se.

Como é que foi essa dança?

Eu sei que a minha mãe dançava muito bem.

Eu deixei-me o vá pela minha mãe.

Mas cada entra era um sentimento.

Eu...

Depois, a família da Avaranda, da minha casa,

via mão a próprias unhas...

Tanto da força que eu fiz,

para não ouvir as lágrimas aos olhos.

Para a minha mãe não notar.

Só que a minha mãe sabia que o que também era sentimento,

e também isso ia acontecer.

Foi uma dor muito grande.

Uma dor muito grande.

Como é que a procura acompanhar nesse período de doença?

Daniela, consegui sempre estar presente.

A minha mãe queria que eu nunca faltasse aos espetáculos,

e nunca faltei.

Eu estava em França,

então dividi-me de vida como hoje divido,

entre Portugal e a França.

Mas eu vinha aqui às vezes,

e nessa altura, quando ela começou,

foi também no verão.

Quando ia dos espetáculos,

ficava em casa muitas vezes, na sala,

no sofá, me acompanhei durante a noite.

É muito difícil.

É muito difícil saber que a hora está a chegar.

E...

Não posso fazer nada.

Eu já me perdoe,

mas nessas coisas, o meu sofá,

se houvesse de nada de dinheiro,

não era o que se dão,

ou o poder ajudá-la,

porque ela já não tinha ajudado a nós.

Estava numa altura que eu já também trabalhava muito bem,

e com certeza que eu podia dar um apoio,

se fosse um sábio,

mas nada havia de fazer.

Nós estávamos mentalizados, que era isso.

Portanto, é muito difícil,

quando tu veses o amor principal da tua vida,

que é a mãe,

quando era mais novo,

quando chegava à casa,

tinha que desabafar.

Minha mãe era a única pessoa

que aceitava tudo de mim,

que eu contava tudo, né?

E foi um apoio grande.

Foi uma tristeza muito grande,

uma tristeza muito grande,

acompanhar a doença,

até ao fim,

saber que ia...

saber que ia...

que ia falseiro e nada podia fazer,

com certeza.

E as conversas eram à base de quem?

O que é que lhe dizia?

Repitiu várias vezes que amava?

Sim.

E se ela sabia,

que o meu pai nunca foi

tanto carinhoso,

mas a minha mãe era mais carinhosa,

estávamos habituados,

então dizia que gostava

e que você ainda vai cantar-me das vezes.

Eu nunca quis mostrar

que eu ia ficar sem a minha mãe.

Nunca.

Ou que ela ir embora.

Nunca quis que ela sentisse

essa dor sua.

Claro.

Essa minha dor,

minha também,

mas a minha que a minha mãe

tinha uma...

pronto, confia-se em mim em tudo

e eu também era com ela,

quando eu chegava dos pertaques,

eu falava como se isso,

chegasse aqui, osso, chegasse,

tinha as minhas coisinhas preparadas na cozinha,

que eu sabia que eu gostava, né?

E...

e sempre fosse a que horas fosse,

ia dar um beijo à minha mãe, né?

São coisas que tu tens,

que nunca...

é muito difícil,

muito, muito difícil,

pois ao ultrapassar,

aliás, nunca esquece,

é uma dor que está aqui,

nunca passa,

bastante sempre.

Pronto.

E desde agora,

menos que os anos,

não, é sempre uma dor

que nunca vai passar.

E quando ela partiu,

o Luís estava cá?

Eu estava na sala

e tinha tado uns...

meia horas e antes,

com...

meia horas e antes,

com falar com a minha mãe,

demos uma morfina, portanto,

que era...

sabia que estava com muitas dores,

e só a mãe mardeus,

ela deu um grito, né?

E eu fui ao quarto,

e só me lembro da minha mãe dizer,

chamar a minha avó,

minha avó, minha avó,

ela gostava muito da avó,

dela, sabe?

São coisas da natureza,

de Deus, portanto,

ele que chamou e via,

fechou os olhos e foi ali.

Eu ganhei na mão,

ela apertou-me, mesmo assim,

e...

é uma dor muito difícil.

Acho que foi as piores...

as piores horas de toda a minha vida,

que nunca vou esquecer,

como é que eu fiz,

porque...

não poderes fazer nada,

estar ali...

e...

e deixar-se embora,

o amor da tua vida,

a tua mãe,

mesmo a nível de carreira,

ela muitas vezes me dizia,

tensão a roupas,

que ficou bem assim,

que ficou bem assim,

tem que estar assim.

Enfim,

muito moderna também,

acopalhava,

e nas letras,

tens por as letras,

sequer era muito exigente também,

ela era muito...

portanto,

fazia muita volta.

Pensando em ela todos os dias?

Todos os dias,

não há nenhum dia que eu não pense.

Por causa ontem a vida guarda,

e claro,

o nosso mitério,

como sempre,

passa uma reza na igreja,

e é engraçado que...

não é um tirador,

mas ele viu-me um bocadinho,

parece que tive com a minha mãe.

Há uma paz?

Há uma paz.

Sonha com ela?

Muitas vezes,

cheiro com a minha mãe.

Muitas, muitos,

nos bons momentos,

nos maus momentos,

em tudo,

sobretudo nas despedidas.

Quando ia a viagem,

deixava-me a minha mãe,

portanto,

foi...

sempre o difícil,

muito difícil.

A minha mãe

fez uma canção alé de cigano,

foi que criam bom o passaporte

para os meus espetáculos das associações

em todo o mundo.

E a minha mãe disse-me,

filho,

não tenho nada para te dar,

porque somos pobres,

vou te fazer uma música

e uma letra

para que tu conseguis gravar

o disco em França,

isto é o princípio,

quando eu fui para lá.

Então ela fez um alé de cigano,

e essa canção foi um sucesso,

que me abriu o caminho

para todas as comunidades.

Lança-me o primeiro êxito

para entrar no campo discográfico,

para me ajudar a realizar o meu sonho,

e depois então me deixou

uma canção com um sucesso,

talvez o maior sucesso da minha vida,

foi a Mãe Santa Mãe,

que eu escrevi o 8 dias depois,

que é passada no cemitério,

acompanhar a multiborda

da minha mãe,

quando me deixou.

E que essa canção foi um êxito.

Eu tinha que lembrar-se

da minha amiga,

que não ia fazer parte

do sucesso da minha vida.

Ajudou-me a realizar o meu sonho,

deu-me o primeiro passo

para o primeiro espetáculo,

para ter um êxito,

e depois, quando foi embora,

ainda me deu uma imaginação,

inspiração, coragem,

para escrevermos essa canção,

e cantar essa canção,

foi o êxito da Mãe Santa Mãe,

que é uma das canções

que eu não posso deixar de cantar

em todos os espetáculos.

Isso é o que eu costumo dizer,

que quem tem fé em Deus como eu,

era difícil passar um dia

sem lembrar a minha mãe.

É possível que a minha mãe

faça parte do meu dia a dia.

Minha vida,

Minha Santa Mãe.

Que um menos incríveis

você lembra de viver com ela?

Muitas incríveis,

incríveis de estar a compor

quando foi essa luta de cigana.

Muitas vezes, estarmos ao pé

dos ciganos onde eu nasci,

no bairro a cantar,

ela também estava a pé de nós,

a cantar, muito alegre.

Lembro também de uma prenda

que me deu,

que foi uma maior prenda

que tive a minha vida, né?

O bairro onde eu nasci,

da São Vicente,

às telas lojas que vendem

coisas natal, né?

Na montra estava a bateria

pequenina que é.

Só o bomzinho, a tarola

e o pratozinho,

mas oito sete escudos.

Oito sete escudos.

Caríssimo, né?

Oito sete escudos.

A minha mãe não ganha,

meu pai ganhava isso no mês,

certeza.

E ele chega cá,

já a minha mãe descanhar,

o menino Zuz

vai andar aquela bateria

que está na vitrina.

E o meu mãe respondeu,

não sonhos,

porque aquela bateria

são para os meninos ricos,

para a família rica.

Até depois,

ó, não somos,

pois não.

Novos somos ricos,

só vão ser

para os meninos ricos.

Pronto.

Um dia antes,

mandamos buscar,

não queremos,

já não vi lá a bateria nele.

Eu já não sabia

que havia pedido lá.

Não me decidi.

Fiquei tão triste.

Dia 24,

minha mãe acordou-se.

Eu cheguei à sala,

pernina,

uma casinha pequenina,

quase colada com quarta,

com uma sala era pequenina.

E aquilo já era assim,

que parecia quase uma bateria verdadeira,

né,

das grandes manóricos.

Acho que eu fiquei

uns minutos,

assim, meio,

sem estar em mim.

Via saber mais estar.

Comprou aquilo,

as expectações.

Portanto,

são coisas que ficam sempre.

Essa xinopla bateria,

começou quando?

Muito fácil, Daniel.

A comunidade cigana

tem uma coisa de ponto,

a nível dos negócios.

Vendas-feiras, por exemplo,

e vendam muito ou pouco,

não há problema.

Chegam ali,

mantam e moravam bem,

e começaram a fazer o tixo de café.

O xino do café,

acho que o café dele

está sempre em mim,

sempre.

Então ia para a minha café,

para o pé deles,

e sabes que o cigano

é uma autodidata.

Aprende tudo ele.

O que acontece?

Eles começam a tocar,

eu punho as caixas para o pelão

e os caos-garfes.

A casa,

que era o alporto,

e começava a tocar.

E mesmo em casa,

e antigamente,

para meter as joias,

e aquilo era de lata.

Então,

dava um bom som,

e eu,

que os garros,

que dava o dia em casa,

dava o dia em casa.

É paixão.

E também foi uma autodidata

a aprender?

Tudo.

Eu nunca tive escola nenhuma.

Aliás,

quando comprei a bateria,

que depois queria meu próprio grupo musical,

em primeiro,

comecei com o parlamento.

Então,

desde que era um rapaz,

tecava o acordeon,

depois nunca,

ninguém me ensinou nada.

Foi a vida.

E em casa com a bateria,

ninguém se cachava do barulho?

Não,

porque a bateria,

agora vai ter o cabelo grande,

e penso logo,

aquelas coisas, né?

E não quis estudar agora,

sempre.

Vamos castigar.

Ah, bem, bom.

Então,

meteram a trabalhar no escritório,

durante o dia,

e à noite vai estudar,

aquelas escolas que haviam tidamento,

de noite.

À vez de ir para a escola,

à noite,

mas era na época de ensaiar.

É, foi isso.

Gosto de humildade.

Gosto de simplicidade.

Não gosto de pessoas

que façam mal.

Gosto das pessoas

que façam bem,

aquelas que precisam.

Como é que era a vida?

Da sua infância.

Da sua infância.

Da sua infância.

Era uma vida bonita.

Não se passava fome,

não.

Os pais trabalhavam,

não podíamos ver,

tínhamos uma vida,

qualquer coisa,

tínhamos que pensar primeiro

para depois comprar, né?

Mas,

tínhamos uma casinha pequenina,

muito pequenina,

e lembro-me,

que os primeiros bailes que eu fiz,

o meu tio trabalhava na construção

do seu filho,

e chamei-o,

e disse,

ah, dizer que eu até custo,

estar assim assim,

fui o que fiz.

A primeira sala ganhou aos meus pais,

comprei banheira,

tudo isso,

antigamente,

nem todas as casas de nossas condições,

aquilo era uma casa pequenina,

eram tempos diferentes,

difíceis também,

para se conseguir algo,

que era na música,

que era os objetivos,

cada um de nós,

e por isso é que eu imigrei, né?

Os invernos eram dudos?

Não guarda muitos outros.

E, não hoje,

tenho muita gente amiga,

que me diz,

vamos de férias para a neve,

para aqui,

neve não convida,

e para a neve,

com todo respeito.

Eu via neve todos os dias,

quando é no inverno,

a casa era pequenina.

Eu tinha que tirar,

uma paixa,

a neve e para a escola,

quando chegava à escola,

com as mãos,

todas as casas formadas,

queimadas,

de férias.

Luiz, é o segundo irmão mais velho de 4.

Segundo irmão mais velho de 4.

E mimado?

Eu não posso dizer mimado,

posso dizer uma coisa que é assim,

como eu contactava muito mais,

com a minha mãe,

e minha mãe sabia que eu era vai-doz,

que a minha mãe ia à feira,

e comprava a roupa,

também,

com a qualidade do oceano,

então,

a minha gera da loja.

E depois a minha mãe disfarçava aquilo no saco,

né,

e ao saco da feira,

misturava tudo,

e meu irmão não reparava nada.

Quando tinha coisa assim,

minha mãe sempre foi muito...

Mas também, mimado,

não digo,

também era o que trabalhava mais,

eu que tomava conta da casa,

do recado e às compras,

os meus irmãos,

eu ajudava tudo,

eu ajudava...

Tenho um exemplo,

minha mãe foi um casamento,

eu estava hospitalizada

naquelas razões naturais da vida,

pronto.

Então, a minha mãe,

estávamos convidados com um casamento,

e minha mãe não tinha a roupa preparada,

teve no tempo de 2 dias no hospital,

fui eu que lavei a roupa,

passei e estava tudo pronto,

e foi-me para o casamento,

sem certeza nem.

Eu tinha que até uma...

Fiquei com a ouvirança,

mas como...

Não é preciso olhar para o dedo,

para o braço da minha mãe,

que é sempre...

Tenho aqui o dedo que foi,

e os meus...

Não tinha 6 anos antes,

5 anos e meio,

e minha mãe estava a mudar o armário,

uma peça para a outra,

né,

e ele viu-me logo,

e criava,

não podia,

que aí os motos ficou...

Mas, não,

eu usava tudo.

Lembro que o primeiro que eu comprei,

foi comprar um perfume,

a prestação, hein.

Foi,

pinto silvestre,

o que nos pensamos.

Italiano,

então mas,

que já queres o perfume,

ganhei,

já dava a minha mãe,

mas depois que ficava,

mas eu não posso pagar tudo,

sou moral,

sou moral,

então mas,

vais pagar pouco a pouco,

eu não falho,

se falei a nunca mais,

não falo nada,

comprei o perfume,

a prestação,

e já vai a dúvida.

Quanto é que terá costado,

lembro-se?

Estava mais com o ordenado,

com as 50 comidas,

uma coisa já cara,

e pronto,

o rei da minha vida,

até chegaram dos gans,

foi uma vida muito dura,

muito difícil,

muitas encruzilhadas,

muitas tempestadas,

mas isso,

de uma força,

de uma vontade,

e nunca desci,

porque,

de momento,

desci na vida,

né,

porque quando tu passas por coisas,

o facto de eu,

quando sei de Portugal,

já tenho uma grupzinha,

baile,

já estava,

mais ou menos orientado,

e dormes três noites,

debaixo de uma ponte,

três noites.

Passas fome,

mas o que eu nunca desci da nele,

eu olhei para o céu,

e há sempre aquela luz

em economia,

e que eu disse,

Deus há de me ajudar.

E disse, Deus,

o que estou a passar aqui hoje,

eu nunca mais vou passar,

se um dia me dera sorte,

e se me dera um bom caminho,

porque o basta é só ter sucesso,

ter os espetáculos,

ter dinheiro, não,

é importante saber agirir

a carreira para não perder na vida,

não entrar em outras vidas.

Se o nosso Senhor me ajudar,

me dera essa ideia,

e eu prometo,

nunca mais vou dormir debaixo de ponte,

nem passar mal,

e assim foi graças a Deus,

mas foi a fé,

foi a força a voltar.

E não hoje as pessoas,

depois, Deus,

meu livro,

segredo,

escrevi meu livro,

já muito mais tarde,

já depois de ter alcançado o meu sucesso,

porque as pessoas,

depois não estou a pensar,

ah, eu está aqui a contar,

como explicou,

a gente tem pena,

não,

a pena foi o que tive de mim,

mas mesmo eu consegui,

depois de ter uma alegria enorme,

em mim,

eu o que tive pena de mim,

porque tinha vindo de um cito,

que tinha casa,

que tinha comer,

que já ganhava dinheiro da guarda,

para ir para França,

mas que isso,

foi o que eu quis.

Como é que foi a viagem?

A viagem foi com o bóio.

E a despedida?

A despedida foi das suas mães.

Eu lembro a Maté Bordeusas,

que já não tinha lágrimas para deitar,

já não tinha lágrimas.

Os seus pais foram à estação?

Sim.

Se segue a minha mãe ficou muito mal,

uma despedida,

aquelas despedidas,

até que tu vivas,

nunca te vais esquecer.

Por que é que

eles queriam que o Luiz ficasse,

e o Luiz queria ir?

Queria mais.

Eu sempre fui amicioso,

ainda hoje,

quando tu tens o amor grande pela tua mãe,

e mesmo assim,

para aquilo que tu gostas,

pela música,

para aquilo que queres fazer,

deixas o amor maior da tua vida,

já tens tempo,

a força,

a tens custar muito,

deixar as famílias,

a tua mãe,

enfim, o ambiente,

ter estudo,

e já ter trabalho,

já ganhar algum menininho,

já ter uma vida mais ou menos,

pronto, era o princípio,

mas crer ainda mais,

quer dizer,

tenho tudo aqui,

um bocadinho,

do pouco tinha, já tinha,

e depois ir para nada,

ainda sofrer.

Deixe-me gostar muito, Daniel.

Quando chegar a Paris,

nada é o que esperava.

Nada, o rapaz,

que eu ia lá para ensaiar o conjunto,

na Vista Larmal da Iazinha,

em Seréjo, na Guarda,

e eu não estava lá.

Quando chegar à porra,

não estava ninguém,

não estava aqui o Ruiz,

não estava, só vez à vida,

aqui, já são quatro dias.

Nem para o quarto hotel,

tenho olho,

vi ali, em frente,

o periferique,

dá a volta à Paris,

periferique,

e chama-se Porta Lavilete,

que é onde fazem os mercados portugueses,

e eu vi ali,

aquele cantinho,

com isso aqui,

mas fui ali, fiquei três noites.

Como é que foram essas noites?

Eu costumo dizer que,

claro, é sempre difícil,

estás na rua,

foi no meio dos tempos,

já é fesquinho,

portanto, e para isto também,

tinha fome, tinha cedo,

tinha essas coisas todas,

no meio,

mas há uma coisa importante,

é que, com a vontade de vence-se,

nem dava conta de que tinha fome,

que tinha cedo,

que estava de milia,

a força à vontade

era tão grande,

de querer vence-se,

e querer ficar naquela cidade.

Há algo que me dizia

que me ia ajudar

a realizar o meu sonho,

e então,

eu não desci,

não foi fácil.

Mas chegou a dormir,

nesses dias, conseguiu dormir?

Não, porque,

100 séculos de mim,

é possível,

por cima passa o carro,

estou a dar a hora,

e eu estava por baixo,

não, consegui dormir.

E não consegui matar

a fome de nenhuma maneira?

A fome não tinha dor de comer,

não tinha nem para comer,

mas acho que,

conseguia estar assim,

sem comer,

tendo que ir lá nos sacos,

trazer lá na terra, e...

Nem pensava voltar para trás?

Nunca, não perceba.

Aliás, voltar para trás,

tive depois,

nesse Natal,

minha mãe vai à minha procura,

tal,

para me trazer para a guarda,

e eu já estava a ensaiar

um conjunto ali, e tal.

Durante o dia,

eu não sabia falar,

mas mandava um jeitinho,

numa loja francesa,

que vendia em Bacalhau,

e o homem queres ajudar,

não estava ruim.

Eu não sabia falar francês,

mas também era clientes portugueses,

estava bem.

Já tinha ganho,

um sessão de cites,

para alugar o quarto.

A minha mãe vai me buscar.

Estava no café,

um taco português,

foi uma surpresa assim.

Fiquei contente de ver minhas mães,

assim,

agora como vou dizer as caras?

Nem cama tenho,

nem cozinha tenho,

nem taxa estou.

Foi...

Isto é...

Isto é...

São momentos

nunca...

esta desculpa.

Quando vi minha mãe,

fiquei contente, alegria,

mas ao mesmo tempo fiquei...

agora apareceu, quer dizer,

foi alegria,

foi tristeza,

naquilo vou agora dizer as caras, minha mãe.

Falar que é que o senhor da loja,

e o que há dias passeia,

e as dentes ali,

as colceiras no chão.

Por que vocês?

Na rua.

Ficava com o chão.

Quase,

havia um tacho velho,

e se fosse ali, aqui.

Porque eu dormia no chão.

Não tinha nada.

A minha mãe viu aquilo tudo,

e tal,

queria me trazer para Portugal.

E isso não é.

Eu vim,

com o objetivo,

ir para vencer.

E sou bom daqui,

quando vencer.

E foi assim.

Este percurso tão batalhado,

muitas vezes,

não é tão visível,

que é comum a tantos imigrantes,

que antes de primeiro tempo,

são de facto,

são muito duros.

Com certeza.

Aliás,

todos os imigrantes,

é gente de trabalho,

é gente que luta,

e claro que também sofreram como eu.

Mas há uma coisa importante.

Não pode depois,

quando vês de França,

já que braço aqui do casinho,

já fechei do casinho,

é já não sou imigrante.

Não.

Não.

Eu continuo a ser imigrante,

com muito gosto.

Com muito gosto.

E defendo muitos imigrantes.

Sei o que passei,

sei o que eles passam.

E sem eles,

eu não estava aqui sentado com todos.

Eu não estava de certeza abrindo.

São muitas vezes esquecidos, né?

São.

Qualquer um artista,

porque é esquerdo,

mais acho famoso,

foi lá fora.

Então se podem dizer,

o verão é aqui,

que a gente sabe,

os legostes,

e depois,

meus grandes artistas,

onde eu posso me alcançar

os outros nomes

do que eu fiz as primeiras partes,

lá fora.

É a América, a Canadá,

é a França,

e depois também a forma

que mais vindo tudo lá,

vão para a Tostecas,

já não tenho vergonha nenhuma,

vão para lá,

para a Tostecas,

com a camisola da regissona redal,

da seleção,

do bem-fica,

do sport,

com barreiros,

com minha música,

quando vai para lá

passar a música portuguesa,

a Tostecas,

tem orgulho,

tem variedade a ser portuguesa.

E é isso que é bonito.

Os portugueses têm que saber,

que lá fora os portugueses

também gostam do Portugal.

Eu vou morrer imigrante,

eu fui para lá com o objetivo,

tenho lá minha vida também,

tenho minha vida cá,

porque o que é que não é de ser?

Porque agora já a realizei,

venho embora,

fecho a porta e não,

adoro.

Também agradeço muito aos portugueses

que me ajudaram,

porque os meus primeiros dois discos

que eu fiz aqui em Portugal,

sem nunca passar a atletizão,

fizeram um disco do ouro,

isto quer dizer que é vendas,

vendas reais.

Falo portugueses,

obrigado portugueses,

está escrito.

As feiras,

marcas e lojas,

bom,

venderam.

Agora,

os espetáculos e influência,

estão lá,

qualquer um artista,

tem que criar um nome,

a primeira coisa que fazer,

tanto que artistas,

com muito nome,

com todo respeito.

Vale, evidente,

eu respeito e gosto,

mas vou lá fora e não vença.

A vida lá também não é fácil,

trabalha-se muito,

luta-se muito,

nós temos portugueses,

com milhares e milhares,

já de empregadas,

empresas,

empresas muito influentes,

e gente foi palado,

também daqui,

com poucos estudos,

e hoje temos grandes empresas,

mas também esses grandes empresários

também são milhas.

Quando chegas à porta de Deus,

eu preciso mais,

os Deus ajudam,

a mim e o outro,

porque tem aquela mentalidade

de sábado onde vieram,

e sempre tanto.

Obrigado,

portugueses,

portugueses,

como eu...

Eu sou o meu objetivo da música,

quem vai contactar o Luís Felipe Reis?

Quem conhece os espetáculos?

Porque tu só começa a ter espetáculos,

pois tens um reportório,

segundo tens um nome.

Pega os filhos,

pode falar comigo.

Eu vou te contar aqui

uma coisa muito rápida,

eu estava a sair ao conjunto,

e pagávamos já,

pagávamos o quartinho.

Depois,

ele disseram,

tu vais cantar,

a gente vai te dar também.

Não,

muito frango,

eu não me lembro de nada.

Eu não tinha dinheiro para os sapatos,

por baixo estavam todos rotos.

O que é que eu faço?

Esteve,

pô,

a camisinha está boa e tal.

Ah, sei.

Há ali um mercado,

vou buscar

o papelão

daqueles calçados,

portanto,

a tesoura,

eu tinha aqui sim.

Mas pera aí,

não me lembrei.

Antes de ir para a sala,

fazer o balho,

estava a chover.

É que o melhor,

tudo ficou tudo esfeito,

e eu estava a cantar,

uma balada,

todo já.

Queria preparar o meu estilo,

e depois dava para o pé,

já toda sentada,

era o sol para mim.

Há a ponta que eu tinha.

Há, ha, ha.

Fazer uma festa boa,

sem oblar o nosso amor.

Esse Luiz Felipe,

que está a cantar

com os sapatos

rotos por baixo,

acreditava,

querê lá.

Sim,

eu sabia que vencei

no campo dos gráficos.

Nunca pensei,

depois,

de ir tão longe,

como fui,

de fazer olímpias,

de ver o distridor,

de platina,

das músicas que tenho feito,

por esse mundo de fora,

que as pessoas cantam comigo

nos espetáculos.

Vou guardar de gordações

da nossa vida,

sempre a dois.

Talvez seja bom para mim,

se eu não esquecer.

Quando um primeiro empresário

me convida,

para ir ao Olimpíá,

eu rimo.

Depois até disse,

eu passo,

muitas vezes,

para ir ao Olimpíá,

para tomar café,

para ir ao lado.

Então,

foi,

nunca senti isso,

para não deixar.

Nem eu ficar mal visto,

nem eu ter uma sala vazia,

nem eu ficar decepcionado.

Eu fui com uma carrilzinha

aqui e lá na altura,

de precisar de uns amigos,

e fomos fazer colagem.

Durante a noite.

Colar as cartazes.

Eu depois dei muito bem

com a diretora da Olimpíá,

que não ajudou,

porque eu não sei que bem,

que é esta sala,

aquele velho.

Aqui é onde se mete,

que as pessoas usam assim,

assim, assim,

e eu comecei a dizer,

se for vendido sempre para aqui,

pois para aqui,

que eu venho para encher,

para a sala de cabezeres,

que eu queria saber.

Cheguei aqui fora,

porque as boas pessoas,

quando eu colo o mini bilhete,

queres comprar.

Às 50,

ah, também peço pouco.

Ah, a gente comecei,

eu comecei a ajudar,

mas eu já sabia

o que a sala tinha.

É uma luta.

Conseguiu vender as as comunidades?

Comunidades,

a sala cheia é completa.

A última vez que fiz,

tinha sido desatentados.

Voltei novamente

a trabalhar na mesma,

de que a mesma forma,

não fiquem em casa.

Nós íamos pôr a publicidade,

nesses discoteques.

Saísco português.

Então vamos para casa,

não, agora,

às duas e tal da manhã,

vamos outra vez,

colar a publicidade,

o que a outra já foi tirada,

ou por maldade,

ou por brincadeira,

e já não estava lá

para usar-se para o prédio,

mas os prédios voltaram a colar.

São esses, pelo menos,

um trabalho,

com toda a humildade,

necessidade,

mas de manhã,

quando for para o Olimpíado,

é melhor tu ir para uma sala

daquelas vezes,

para uma sala completa.

Estás ali,

no camarim da Di Piaf,

algum dia,

eu pensei na minha vida,

só o facto de estar ali,

não podia ter a sala fazer,

não podia.

Os português ajudaram,

e é isso que eu tenho que agradecer

à comunidade.

Sempre ajudar,

sempre.

Daniel,

o Bata Clé tinha tido os atentados,

e a diretora da Olimpíada,

a Olimpíada disse-me,

isto está muito mal,

70% de luteira,

Deus já fiquei assim,

não distinto.

Sei que os portugueses

não me deixaram.

Aqui foi outubro,

e o meu foi em janeiro.

Chuva,

um dia cinzente,

mas as pessoas fizeram fila,

para encher o Olimpíado,

e isso nunca posso esquecer.

E o miúdo do bairro de São Vicente,

quando está no Camarindo,

foi deditado,

o que é que pensa?

Ainda cheguei a pensar assim,

mas deixando tocar aqui,

toquei no quadro,

toquei na baúlia,

toquei no outro squast,

deixando tocar a vez,

é verdade.

Se calhar,

foi trabalhar tanto,

estar tanto,

ser responsável,

profissional,

exigente comigo mesmo,

e nós, a equipe,

toda trabalha comigo,

e sabe que eu sou muito exigente,

nos programas,

televisões,

nunca faltar,

está sempre profissional,

sempre ao hora,

os outros tempos,

passaram as noites,

em viagens,

em tarmos programas,

televisão de manhã,

sem dormir,

sem se forçar,

e fazer a barba,

sem ninguém ver,

e esconder lâmina aqui,

e para sal,

de banho,

fazer a barba,

para parar.

E há um grande investimento,

nessas viagens,

nesse querer construir um nome,

que não passa para o público?

Nada.

Sempre há alturas,

que eu cheguei a um sítio,

vindo ao hotel,

mas já tenho um hospetáculo,

até mesmo,

já conheço outro hotel ao sítio,

deixo-me só fazer aqui a barba,

ou um dos rabos,

já de meia líquida,

posso ser nesta altura,

se o que eu sei,

muda-se no carro,

ou nas outras malas,

mas tento improvisar,

nunca me preocupei,

é responsabilidade,

quando cheguei a casa,

tento ter uma vida mais equilibrada,

e mais saudável,

mas é verdade,

na estrada, não,

na estrada perdo sempre no trabalho,

mas as pessoas,

por vezes, não sabem,

mas ao outro lado,

que as pessoas não sabem,

pelo que a gente passa,

é verdade.

O facto de ter sido um miúdo,

que sempre trabalhou,

ajudou-te, depois,

a ter essa capacidade de resistência.

É, essa capacidade,

e depois também,

me ajudou muito,

na minha vida pessoal,

quando tu, novinha,

aprendes a fazer tudo isso,

por mim, é muito mais fácil,

né,

tanto foi essa humildade toda,

que me ajudou, e claro,

sempre é muito mais fácil,

quando tu vejo com essa experiência,

poderes lidar depois,

quando tu ouvidas,

porque na vida,

eu acho que,

ter mês de agosto,

e mês de julho,

quase todos os dias,

tens que preparar a tua roupa,

tens que,

malas, isso para aqui,

espalhe,

e as pessoas, às vezes,

não é porque o artista ganha,

pois o que ganha,

é aqui,

enfim,

fazer o conforto não,

se ele vai trabalhar,

tem que fazer o máximo,

para aquilo que ele vai ter,

que as pessoas vão dar,

de espetáculos,

poder levar para casa.

O que é que eu irei para o hotel,

de cinco estrelas,

se eu posso dormir no hotel,

de três, ou de duas,

um exemplo,

se eu posso trazer roupa toda,

o que é que eu ia demandar,

comprar a roupa,

fazer-me ser de comercial,

e vou buscar o dinheiro

de meu caixê,

para comprar?

O que é que eu vou ao estrangeiro,

e deixo lá o dinheiro de todo o caixê,

cheio de malas roupas?

Não, na cidade,

eu morro nada,

e sou checo ao fim do ano.

E toda a pessoa que trabalha,

sabe que isto mesmo,

pode comprar isto,

ao mês que vem,

já pode comprar outra coisa,

e eu é igual.

Portanto, não vou,

porque tenho muitos dias de espetáculos,

porque lido com algum dinheiro,

financeiramente,

graças a Deus que sim,

pois claro,

que vou,

nem tal fora não,

é para levar para casa,

que foi de bom trabalho,

foi daquilo que eu sou de moderno.

Porque sabe o que eu estou a ganhar.

Exatamente,

isso é muito importante.

Gosto de cantar,

gosto de alegria,

não gosto de mentiras,

gosto de sinceridade.

Ainda aponderou ser padre.

Isso é por aí,

porque eu queria ser bispo antes de padre.

Bom, possível,

mas isto talvez,

por influência,

eu fiz a primeira comunhão.

A minha educação é muito religiosa.

Sim, é melhor.

E há a missa,

então lembro que dá o desenho

dos meus avós,

quando eu fui da serra,

e vamos lá passar,

ver se estávamos lá,

então em maio é o terço.

Então, e há a missa,

e às vezes era mais à noite.

E como é que eu depois cantava

e também me leve um bocadinho

para gostar também da música.

Então,

os meus pais achavam de dormir,

ao estar.

Então, como me viu o padre,

falar e a cantar,

queria ser padre.

A música foi,

depois das festas, à noite,

quando vinha ao conjunto.

Também,

como os pais me diziam,

que quando eu sabia que vinha ao conjunto,

sozinho,

às vezes ele tinha medo,

porque era criança,

e uma estrada longe,

um quilômetro no nome de tal,

longe,

no conjunto,

e a correira atrás,

era uma paixão fórum.

Ainda puto,

entra com os bombeiros,

de cara...

Olha, a caixa de bombeiros,

era quando era cadê?

Fui para lá,

no que iam todos focos,

ia lá ouvir,

mas se os focos,

não,

devia ser à minha espera,

não apagavam o foco.

Tecava a caixa,

e assomávamos no nosso cadê,

mas é como seja o bombeiro.

Só que,

no ios focos.

Quando é que canta,

pela primeira vez em público?

Na escola,

foi uma canção dos S.I.D.

Foi no Cinectiado,

que a minha mãe não foi grada contente,

porque com a roupa que estava vestida,

da escola,

depois cheguei lá,

cantei,

porque ganhei o primeiro lugar,

em público,

como eu tinha o conjunto,

já na guarda.

Fiz muitas primeiras partes.

Lembro que,

ainda vez cantei também,

e eu não tinha quase nada a gravar,

foi a primeira parte,

os embalhou,

no Baixo São Vicente,

ele deixou-me cantar também.

O primeiro espectáculo,

é sempre aquilo que,

vais pedir,

ah, deixa-me cantar a primeira canção,

alguns deixam-te,

outros não deixam,

mas eu fiz muitas primeiras partes.

A Chiquita,

por exemplo,

foi uma artista,

estava em França,

estava no espectáculo,

estava em sala cheia,

cantei,

mas só cantei as duas.

Estava lá,

cantar.

Mais uma,

as pessoas começavam a pedir,

já era bom,

trepão.

E depois,

comecei a empresar,

cantei a S.I.D.,

que disse,

vais-me ajudá-me

para a publicidade,

para os cantistas,

de fazer as primeiras partes.

Deixe-me fazer parte de Marco Paulo?

A S.I.D.,

fui para casa,

já estou nervoso,

S.I.D.,

quis fazer-me parte de Marco Paulo,

e acabou,

nem que seja só uma canção.

Não trei.

Boa.

Treio de mira,

tal, boa.

S.I.D.,

S.I.D.,

e depois está a conclusão

que eu fiz-me das primeiras partes.

E eu digo ao S.I.D.,

nunca vou ser cartaz,

daqui há um ano e tal.

Quais cartazes?

Peraí.

Se não pôr-me alho,

o alho já estava ocupado

para o espectáculo,

para a mutualidade.

Milital pessoal.

Agora vais-te desrescar.

Se não encheias isto,

nunca vais-te fazer para o parque.

Alto desafio.

Olha, eu faço uma proposta

de lado,

eu fiz uma proposta de lado

com ele,

e eu fui prês,

mas depois os outros

fizeram a primeira parte,

mas eu já era o cartaz.

Ele tinha proposta de lado

no métrito, em todo o métro,

para mim,

para os outros,

como eu fazia.

Nesse alo estava cheio,

portanto,

houve ali um conhecimento

das pessoas começando,

eu via neles,

que eles criam mais um,

mais uma,

então foram essas experiências

que depois,

quando fui fazer

a mutualidade,

porque as pessoas,

a sala encheia,

mas é um trabalho, Daniel.

É sempre um trabalho.

O que você quer fazer,

mas eu não fiquei em casa,

a espera só naquela muda de espereito.

Eu tenho que fazer um trabalho dobrado.

Eu tenho que convencer este homem

e dizer que eu consegui.

Três meses de amor,

Três meses de sol,

O tempo que eu tenho,

só para te amar.

Os seus pais sempre sentiu

que tenham orgulho em si.

O meu pai era um pouco mais frio.

O meu pai era um homem

pronto,

único,

veio de uma terra

completamente diferente,

de uma metade da serra,

lhesada serra,

daquela conservadora,

mas ele teve sempre muito orgulho,

não mostrava.

A minha mãe, para sempre,

se tivesse em palco,

as lágrimas vinham logo,

chorava,

ou na televisão,

ou este aqui.

Uma parte sabia cantar,

né, de espiar,

mas a Sara acho que sim.

A minha mãe me ensinou,

mas uma vez ele disse,

filho,

que tens que falar,

que o cara não quer,

é um equipe de trabalho.

É que os populares,

tu fizesse,

três meses de amor,

falou portuguesa,

mas tá bom, isso já,

já tá bom,

já tens o teu nome,

é bom,

agora tenta fazer uma coisa

para teres outro público.

Tens o próprio pai jovem,

porque o cara não ia dizer,

para cá está o pai,

está a falar bem,

para se eu esquece o meu nome,

foi um exidinário.

Vai lá,

nunca sabia cantar,

nem espiar, tão pouco,

mas deu essa opinião,

tu esquece o meu nome,

que teve.

Meses e meses,

no meio de ímpio de Gala,

em primeiro lugar,

como o que é meu,

é meu também,

portanto,

houve uma mudança,

mas sim,

tinha muito orgulho também.

Ele parte,

quando o Luiz tinha que idade?

Eu fui há 10, 11 anos,

11 anos,

ele viveu muito a minha carreira,

ele nasceva nos coliseus,

os lobos doro também,

se fosse mais de idade,

eu não sei,

mas já vinha umas lágrimas,

porque eu nunca via,

meu pai chorar muito,

e agora por último,

quando eu me despedi de ele,

já ele tentava umas lágrimas,

já ouvia mais sentimental.

E é logo uma vez disso,

que eu amava?

Meu pai não,

meu pai não,

acho que nem em mim,

nem aos meus irmãos,

a minha mãe sim.

Feliz de quem,

possa dizer,

que tem ainda,

que ali deu um ser.

A mãe querida,

continua a ser obrigatório?

Sou cantosa,

e a santa mãe querida,

quase nunca,

as pessoas chegam lá,

brincaram,

são cantares,

e é esta,

e a mãe querida,

e esquece o meu nome,

e a santa mãe.

Santa mãe,

tu ves pessoas,

no verão,

ao espetáculo,

começas às 11 e meia,

fez logo pessoas,

e dois aliás no avós,

e tal,

por do sol,

já espero,

olha que eu estou aqui

para a santa mãe,

não sei o que,

e posso ir,

e gosto-te.

A santa mãe,

minha mãe querida,

O listlipo,

teve um concerto

mais difícil e lindo,

no mesmo dia

que acompanhei o cemitério.

Eu saí do funeral,

e já tinha contratado

um empresário

que não ia para o espetáculo,

não vou?

Não, não, é impossível,

tem que compreender,

senão,

quase me assas terminar.

Enfim,

tudo bem,

eu sou um professor,

não,

minha mãe diz para cantar o funeral.

Qual é a tua coragem, Daniel?

Sais do...

No funeral,

estás agora, os minutos,

a alma também está quente,

e vais-te pôr

enfrentar melhor as pessoas

a fazer um espetáculo.

Tens que cantar,

tens que ouvir música,

ser alegre,

ser alegre.

A única forma que eu tive

foi um segredo que eu acho

que eu contei a ninguém,

vou contar aqui,

então isso é os meus tecles,

ou seja, ligue-me a aqueles nos brancas,

sempre,

de maneira que eu não consigo

ver o público.

Eles estão fazendo uma mudança

completamente do espetáculo,

eu estou andando,

mas foi muito todo.

Eles não viam,

alguns viram,

pessoas já me disseram isso.

Passei um espetáculo para chorar.

Estava lá tudo,

parece que era Deus,

era a alma da minha mãe,

era tudo,

foi os dias mais legítimos.

Ela tinha um segredo

que nunca lhe contou?

Sim, Daniel,

ele tinha um segredo

que nunca me contou.

Tenho um quadro,

eu acho, de fato,

porque meu mãe tinha muita fé,

ele tinha um quadro,

e com a minha mãe tinha assim

tudo que rezava,

e desde lá fico,

vai correr tudo bem,

rezava,

e eu tinha muita confiança,

e eu levo o quadro,

e meto na urna da minha mãe.

Alguém que eu me informei

para pessoas, pronto,

que sabem destas vidas,

sim, nunca devia ter feito isso.

Que isso era quase...

Pronto, não sei qual era o segredo,

mas a minha mãe tinha muita fé,

e ela um dia disse,

quando eu dançou as noivas,

eu deixo de um dono.

Mas sinceramente,

sou muito honesto,

não sei,

não sei desse segredo.

Procurei,

não só em Portugal,

como na América,

inclusive até a última vez,

estive na Flórida,

não consigo identificar o que era.

Eu consigo descobrir esse segredo.

Quando vai para França,

nos contrabalhar nas Vindimas?

Vindimas.

Muito.

As Vindimas

foi um momento,

também muito difícil,

portanto,

que a pessoa sabe o que é a vida,

e é ter amigos às vezes.

Eu tinha um amigo,

que nos dava nas caixas,

na palhaça, no bar, no tarte,

era um ajudante.

Era como irmão, ajudei,

pronto, enfim,

ajudei o que eu pude,

na França por causa de mim,

teve trabalho por causa de mim,

enfim, rejeio para o ponto.

Chegava até a porta,

ele disse,

só te posso deixar ficar oito dias.

Fiquei logo, o quê?

Dava-me só oito dias,

ah, vai, mano,

o comer é que começava,

não deu de comer,

enfim,

não é, não desqui.

Tava um amigo dela,

tinha conversa com o senhor,

que era familiar dele,

não pode arranjar,

mas, ah, para a Vindima,

está habituada,

e é isso,

para você vai de lado,

que gata,

eu quero, eu quero,

mas já para as Vindimas,

foi o meu só.

Eu estava lá a dormir,

e assim,

bom, se eu vou ficar aqui a dormir,

e a comer,

o que eu vou ganhar,

de certeza,

quando for embora daqui,

do horário das mãos,

vai ficar pouco.

Outro dia, cinco da manhã,

já ia lá a luz,

ele ia trabalhar,

o quê que eu faço?

Alvão, o quê que você está fazendo aqui?

Eu ando aqui para lá para o quarto,

nessa era,

só às vinte e meio,

e eu nos venho,

as vinhas,

vejo que está no oeiro,

assim,

não, mas eu quero ajudar,

que tenho que dizer,

olha, que eu os quero ajudar,

limpo isso embaixo,

e eu limpo os caminhos,

as vinhas das Vindimas,

fazia novamente aquilo,

era um ajudante já.

Fiz aquilo no final,

contas, olha,

este envelope,

é daquilo que você trabalhou nas vinhas,

este envelope aqui,

é da mobilidade,

simpatia,

e do trabalhador,

que você é,

que você é,

ele mandou fazer isso que você fez,

e este aqui,

é uma boa urgente para você.

Tens que começar, Daniel,

descarste lá,

não tenhas nada,

com qualquer pessoa.

E nessa batalha,

saúde nunca se ressentiu?

Não, a saúde foi uma altura,

depois de tudo esse esforço,

que me arrepentou uma ursa nervosa,

mas, felizmente,

graças a Deus,

salvei muito movimento,

às vezes dias sem comer,

e lutas, e nervos,

e eu vi, reparei quando eu estava aí,

para o hospital,

por acaso, foi meio do meu filho,

como vôo nessa altura,

e eu vi, aos meios,

fazer os amarrar a cabeça,

e eu já me sabe desto,

por lá aparecendo lá,

tenho fé em Deus.

Segundo o que disseram,

se tivesse ser operado,

era mais difícil,

mas, como arrepentou para fora,

eu fiquei limpinho.

Graças a Deus,

foi só esse pequeno problema,

que tivesse intervenção,

que tivesse mais do resto,

que tivesse de ser muito saudável.

Esse primeiro casamento,

não aguenta um ano?

Claro, o casamento,

que tu não tens tempo de dar,

sei lá,

também já pedi perdão por isso,

e talvez também critica-me próprio,

e fui culpado,

porque a música falou mais alta,

e todos nós na vida pecanos,

e eu fui um pecado,

porque quando vi a mãe da minha filha,

além de preparar o casamento,

isto está a dizer,

eu vi o meu futuro,

em França.

Eu vi uma saída,

eu sei que é feio dizer isto,

e eu sei que não é bonito,

mas a força de vontade,

eu queria ser muito bem,

e outra possibilidade.

Acho que é o erro da minha vida,

que eu nunca vou preparar,

mas, visto a força de vontade,

que eu queria ser,

eu não tinha tempo de dar.

Claro, depois há amizades,

que eu digo,

não gostar,

mas,

eu acho,

nessa altura,

eu pensava-me,

a meu amor,

aquele amor que nós chamamos de juventude,

mulheres,

a meu amor,

era a música.

Era tão forte,

e como eu não tinha possibilidade nenhuma,

era a única que pode ser,

depois,

realizar um sonho meu,

uma filha que não...

não acompanhas,

qualquer um pai gosta,

eu não dei conta de eles cresceram,

tanto meu filho também,

antes já pedi desculpa a eles,

e não que ele faltei com amor,

com carinho,

mas sei que isso não é tudo,

está apresente.

Mas não podia,

só tinha essa opção,

então eu escolhi,

opção que eu queria gostei,

e que não fui contardear a mim próprio,

que não fui,

contra as minhas ideias,

que não fui contra a minha família da mãe,

que como eu disse,

faz sempre o que eu fiz,

a minha mãe apoiava-me sempre em tudo isso,

e então foi isso que eu fiz.

Como é que é a relação com os seus filhos hoje?

Muito boa,

os meus filhos é a minha vida,

muito boa eles compreendem,

são os meus próprios críticos,

também das minhas canções,

os meus espetáculos.

Mas tem que idades?

Trinta e oito e trinta e seis,

estou muito feliz por isso,

de embora tivesse nascido em Paris,

também vai para cá com quatorze,

e a minha filha nasceu a vinte quilómetros de Paris.

E eles percebem o tempo que dedicou à profissão?

Sim, sim, sim, sim.

Aliás, quando eu fiz a primeira Olimpia,

eles sofreram mais tempo,

porque viviam aquilo que eu estava vivendo.

Sempre tivemos uma boa amizade,

moro, e eles vivem muito a minha carreira,

e quando foi isso, para viver no Olimpia,

eles, no quanto, o espetáculo que mora,

ficavam satisfeitos.

O que é que eles já lhe disseram,

que não esquece?

Já disseram que gostam muito de mim,

e que sabem que não fui um pai

que estava muito presente,

mas compreenderam aquilo que tive um gosto

pela música,

fora disso tem sido um bom pai,

que me amam.

E o Luiz Felipe Jalles disse tudo o que queria dizer?

Ainda não.

Ainda não.

Ainda não disse,

porque ainda tenho que ter uma conversa com eles,

que há uns anos, sem o ano,

porque sou o fato de desculpar,

sou o fato de ver na verdade

que eu perdi muito tempo

de sentar com eles,

e amar a música,

estar na música e música,

e ventar-me com a música,

grudar com a música,

e só tudo para a música e música.

Eu acho que,

terá que ser uma conversa com mais tempo,

com mais calma,

é que eu possa,

pelo menos que eles me entendam,

e eu acho que,

quando eu explicar tudo,

eles vão entender.

E eles sabem o quanto o pai os ama?

Sim, sabe,

e sabe o quanto o pai ama,

o quanto o pai está presente,

e eles sabem,

e se eles sabem,

só que,

só desculpa não dá,

tem que se dar a realidade,

e tem que se dizer,

na verdade o porquê?

Porque eu troquei tudo,

e todos,

para aquilo que eu mais gosto.

Se fui egoísta,

não sei,

foi também contribuir

para uma vida mais confortável também,

para os meus filhos,

com certeza, talvez,

para aquilo que todos os queridos portugueses,

que era aqui,

que era por tudo o que não tem andado,

tenho aproveitado bem aquilo que eles me dão,

tenho gestido bem,

para que tenham conforto,

bom para mim e para os meus filhos,

para a minha família,

maneira que,

foi um objetivo,

foi uma ideia gratinha em mim.

Foi um homem de muitas paixões?

Sim,

as mulheres contribuíram muito para a minha carreira.

Eu gosto de dizer assim,

as mulheres, as fãs,

porque uma fã,

vai acompanhando sempre,

eu acompanhar atrás de uma amiga,

atrás de uma amiga,

e isso foi um forte meu,

um segredo meu,

de saber agir,

e que tens de respeitar as tuas fãs.

Muitas já bastinaram por si?

Sim, muitas.

Nunca lhe apareceu no quarto de hotel,

sem...

Agora não aparece,

porque não sabe qual os hotéis.

Mas primeiro sim,

mas eu tenho sempre uma coisa,

nunca misturei Daniela com fãs,

nunca sempre respeitei-se,

lá, mas é verdade que,

por qualquer um artista,

que vamos dizer a influência,

é as fãs, as mulheres.

Sempre foi uma grande fonte de inspiração

para as grandes baladas.

Alguém lhe deve um pedido de desculpas?

Não,

não.

Ninguém me deve desculpar.

Não estou sagado com ninguém.

Muito embora na vida,

tu sabes que como tudo,

não é?

Há sempre a realidade,

no bom sentido, na saudável,

isso acontece em todo lado.

Como eu procurei sempre o meu caminho sozinho,

somos colegas,

a gente encontra-se na televisão,

o exemplo,

ah, temos que jantar aqui, não.

Não sou muito por aí,

sou mais reservado.

Ele tem que fazer o papel dele

como cantor,

eu também tenho o meu,

a gente pode segurar a televisão,

cumprimentar-me,

despertar o resto,

não,

eu gosto de estar no meu lugar,

no meu espaço,

cada um no seu.

Gosto de ser nesse ovo,

nesse conta,

nesse viz,

e isso é a minha política de estar.

Qual foi a melhor coisa

que disseram sobre si?

É aquilo que me dizem diariamente,

que me dizem quando me encontro,

que é ser humilde,

ter um bom coração,

ser honesto,

responsável e profissional.

Quando eu alcancei 4,

dor e dois platines,

e diz-me assim, editora,

é pá,

tens que pôr um pouquinho mais assim,

mais...

mais vaivoso,

que um pouquinho mais de cima.

Se for por isso,

desistirá do contrário.

Agora vou para o espetáculo,

pôr um maldeio e agir um tapete,

como seja,

posso pôr um tapete

para quem entrar para o palco.

Pôr um tapete para o palco,

como as casas,

como as suas rodas.

Por exemplo,

deve ser esse tapete.

Ah, se o camarinho não tem...

tem menos meio-meta,

mas é para aí,

que a gente vai vestir.

Já fiz espetáculos,

por exemplo, de fora,

vesti-me a cozinha,

o cheiro da dobrada,

a feijão,

tudo aqui,

para o palco.

Eu gastava para fome em casa,

depois cheguei ali,

fui com o cheirinho da comida.

Tens sabor!

Nós temos é que dar ao pulgão

o espetáculo,

e tudo isso é satisfeito.

Os bastidores,

é que a gente tem.

Tem que ver um bom programa,

tem que estar assentado

e estar instalado.

Agora há as dificuldades,

os improvisos,

e os problemas,

nós temos de ver.

Se encontraça aquele miúdo

que está a ver a Montra,

com aquela bateria,

e não tem nem a para comprar,

para que ele a para ricos,

o que é que diria esse miúdo?

Conversava com ele,

e de certeza,

se ele fosse a paixão,

tão grande como a tenho,

de certeza,

que o ia ajudar,

com muito gosto.

Mas,

comprar-lhe a bateria,

hoje, felizmente,

tinha possibilidade,

comprava-lhe de certeza absoluta.

E ensinava-lhe,

se tivesse tempo também.

O que é que dizem os seus olhos?

Os meus olhos dizem que

tenho muitos anos

para viver com a ajuda de Deus,

e para cantar.

Por isso,

que os meus olhos

estão sempre

descionados para a frente,

e com certeza,

que não vou cantar,

muitos, muitos anos,

juntos,

todos os pequenos,

que eu amo.

Muito obrigado.

Foi um gozo.

Muito obrigado.

Muito obrigado.

Muito obrigado.

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Foi a fé que salvou o cantor Luís Filipe Reis. Aos 20 anos saiu da Beira Alta e rumou a França com o sonho da música, mas passou muitas dificuldades: “Se Nosso Senhor me ajudar eu nunca mais vou dormir debaixo de pontes”, recorda o autor de “Telefone (do amor)”. A perseverança levou-o ao sucesso, sempre confiando em Deus, e hoje em dia é um dos cantores mais acarinhados de Portugal. Numa emocionante entrevista de vida, o artista recorda também as saudades da sua mãe, já falecida, e um segredo que ela guardou até à morte. O Alta Definição com Luís Filipe Reis foi exibido na SIC a 22 de julho.

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