Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer: Livros da Semana: Céline, Mónica, Turgeniev e Miguens

Joana Beleza Joana Beleza 5/27/23 - Episode Page - 7m - PDF Transcript

Esta semana, o Renault E-Tech assume a pasta do...

espaço.

Não.

Não nos vamos arbar em Carl Sagan e explorar por palavras em infinitude do cosmos, mas

vamos falar de exploração.

O Renault E-Space, E-Tech, Full Hybrid, tem tanto espaço que se fosse colocado no mercado

de arrendamento em Lisboa, no mínimo, seria alugado por 2.000 euros, no mínimo.

É verdade que não tem casa de bem, mas isso também é uma ideia conceptual, visto

que para a maioria dos senhorios o que importa é receber no fim do mês, claro.

Mas pronto, se acha o contrário, pode carregá-lo para parar-os ao anúncio.

Se não, pode continuar e saber que o E-Space tem até 777 litros de espaço de bagageira

para encher com o que bem e apetecer, mas por favor, resista à tentação de reinar.

E por falar em espaço, já chega de espaço publicitário por hoje.

Bom programa.

Bom, está a altura dos livros e eu trago esta semana um livro acabado de sair, é

a tradução de uma obra literária publicada originalmente em França no ano passado, mas

que é, na verdade, um romance escrito há quase 90 anos, que só foi publicado, foi

escrito em 1934, algo que toda indica, e só foi publicado há 2 anos, a história deste

livro tem ela própria, contornos romanescos, o livro se chama Seguerra, o autor Céline,

um dos mais extraordinários e dos mais controversos, escritores franceses do século XX, é apontado

com frequência, aliás, como exemplo, quando se fala da necessidade de fazer a distinção

entre o homem e a obra, no caso de Céline, a obra é genial, o homem foi um defensor

do nazismo e um propagadista de ideias racistas, ele próprio é um colaborador dos nazis,

que teve de fugir de França quando as tropas aliadas desembarcaram na Normandia e derrotaram

a ocupação das forças ditelarem França. Nessa altura, Céline fugiu para os predis

genórdicos, perdeu, ou alguém lhe roubou, não está muito claro, uma mala com muito

do que tinha escrito e nunca tinha publicado, pensou-se que esses papéis tinham desaparecido

para sempre, mas há perto de 2 anos, em julho de 2021, os papéis do escritor reapareceram

misteriosamente e este é o primeiro livro saído dessa arca de textos inéditos, chama-se

A Guerra, e a Guerra, a que faz referência, é a primeira guerra mundial onde Céline

combateu e onde foi ferido, aliás, eu chamei este livro romance há pouco, mas há quem

eu considero, sobretudo, uma obra claramente autobiográfica e que é com todas as qualidades

da prosa de Céline, crua e terrível, como, no caso dos grandes livros do autor, viagem

ao fim da noite ou morta-crédito. Guerra de Louis Ferdinandes Céline, edição

Livros do Brasil. O Pedro Moschia traz também um clássico.

Sim, é um clássico russo, pais e filhos, Dr. Gneve, e que tem uma tese, é que se pode

dizer assim, que hoje para nós é bastante evidente, mas que no século XIX não era

tão evidente assim, que é que a tese de que os choques políticos numa sociedade são

também um choque de gerações, é sobre pais a julgar filhos, filhos a julgar pais,

e sobre o aparecimento simbolizado numa personagem daquilo que se chamou, ainda se chama hoje,

o nihilismo, que é, como se diz desta personagem, um homem que se atreva a não acreditarem

nada. É um romance muito diferente daquelas romances pesadões russos, tem um estilo muito

diferente do Dostoevsky ou do Tolstoy, etc., e é um romance que parece muito moderno,

que embora falo de uma situação política que não nos é familiar, fala de uma problemática

que é muito moderna.

O João Miguel Tavares traz dois livros numa única autora.

Sim, da Maria Filmena Mónica, o mundo de vida sente quem gosta de Pepsi Coca-Cola,

quem é os gatos e quem gostou do bilhete de identidade e quem não gostou. Eu sou daqueles

que gostou do bilhete de identidade, eu sou o livro biográfico, teve um grande impacto

quando foi publicado, e aqui são mais drivações biográficas da Maria Filmena Mónica em dois

formatos diferentes, aqui um livro de entrevistas conduzidas por João Céu e Silva, e aqui uma

reflexão sobre aqueles que são os livros da sua vida, uns que ela escreveu e outros

que ela leu, é uma mulher intelectual portuguesa e desbocada e que foi formada numa cultura

anglo-saxónica, tudo aquilo que são raridades no panorama português, e é uma pessoa que

eu gosto muito pela sua singularidade e que me diverte e com o qual eu aprendo muito,

portanto fica aqui a recomendação.

O Ricardo Aros, para trás também, é dois livros de uma única autora, Silu Sofia.

O que é, professora Sofia Amigues, nós já não temos tempo, já ultrapassamos de tempo,

a professora Sofia Amigues tem este livro que se chama Filosofia Contemporânea, Figuras

e Movimentos, é uma espécie de curso breve de Filosofia Contemporânea, quem quiser

está aqui, um curso breve e acessível, digamos assim, desde Egel até Gijec, com uma referência

inicial acante, Gijec é como se tivesse Gijec, que não tem culpa de ser ridículo, uma referência

inicial acante, como antecessor, mas o último livro da professora Sofia Amigues, é este

que se chama Artes Compostas, Stanley Cavell, A Estética e o Futuro da Filosofia, este

é para leitores mais sofisticados, claramente eu vou ter mais dificuldade, mas o azul-atru,

sim, é um acessível curso breve de Filosofia Contemporânea.

Está concluída mais uma reunião semanal, de hoje a 8 dias, à mesma hora, ou a qualquer

hora em podcast, Pedro Mostias, O Miguel Tavares e Ricardo Aros Pereira.

Filosofia Contemporânea

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Na estante semanal, sem sombra de governo, há a história rocambolesca dos papéis perdidos de Céline, misteriosamente reencontrados, do qual se extraiu agora o romance “Guerra”; romance ou autobiografia disfarçada? Há dois livros de Maria Filomena Mónica, a luta geracional analisada pelo russo Turgenev e filosofia explicada a leitores sofisticados.

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