Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer: Livros da semana: arquitectura, paisagem nas artes, guerras culturais e um clássico
Joana Beleza 10/7/23 - Episode Page - 6m - PDF Transcript
Os livros da semana têm o patrocínio Renault-Etec.
Está na altura dos livros e eu trago esta semana um livro curioso e surpreendente,
chamado Arquitetura do Bacalhau.
Este é o título que está na capa, mas, na verdade, lá dentro o título percebe-se um bocadinho melhor.
Não é só do Bacalhau, é a arquitetura do Bacalhau e outras espécies.
O que os autores pretendem demonstrar é que os diferentes peixes dão origem nas zonas costeiras
a diferentes tipos de arquitetura, um tipo de paisagem específico.
Os edifícios construídos nas zonas onde se pesca ou onde se trata o Bacalhau
são diferentes das construções que se encontram, onde é predominante a pesca da sardinha
e também distinta das zonas mais viradas para a pesca do atum e por aí diante.
Isto porque as características biológicas de cada peixe impõem soluções arquitetónicas
diferentes, só para dar dois exemplos rápidos.
O Bacalhau aguenta muito tempo depois de pescado e por isso é que se seca, põe-se a secar.
A sardinha triora-se facilmente e tem de ser tratada de imediato, por exemplo, em fábricas de conservas.
E tudo isto, como este livro demonstra, de forma muito interessante,
tem implicações arquitetónicas e implicações na paisagem.
A arquitetura do Bacalhau e outras espécies de André Tavares e Diego Inglês de Souza,
a edição é da DAFN.
O João Miguel Tavares traz um ensaio muito a propósito das chamadas guerras culturais em curso.
Exatamente, estamos sempre a falar delas e verdadeiramente mesmo a questão climática
também está um pouco transformada nesse tipo de guerra cultural.
E este livro chama-se a religião ou que pertence àquela coleção da guerra.
E acho que eu já estou aqui vários exemplos a chamar dos livros.
Não se rende aí que eu já disse e repito que é uma das melhores coleções de livros
que estão sendo neste momento publicadas em Portugal.
Quase todos os títulos valem imensa pena, ou todos mesmo.
E esta é de um autor francês chamado Jean-François Brownstein.
E é talvez o melhor resumo que eu já li daquilo que é o oquismo.
Pelo menos certamente tem que estar disponível em língua portuguesa.
Portanto, para quem quer perceber o fenômeno e as suas diversas ramificações,
porque existem as questões das teorias dos géneros, as questões da teoria crítica da raça,
é ótimo, é super compreensível e tem aquilo que é a palavra fundamental, religião.
Isto está transformado numa religião, as pessoas deixaram de ir à missa
e passaram e rezaram outros deles, como sempre aconteceu ao longo da história da humanidade.
Pedro Mexer, recomenda um livro não exatamente pelo título, mas pelo conteúdo.
Não, Alex, se fosse só o título, não teria comprado.
Felizmente, estava numa livraria e folhei.
E é um livro interessantíssimo, é um dos livros mais interessantes que eu li este ano.
Seca ou Fagia Zoom.
Seca ou Fagia Zoom, porque são vão ser três volumos.
Da Autoria de André Correia, de SAC, é a professora Universidade de Califórnia,
em Santa Barbara, onde Jorge Sissena foi professor.
E é um livro sobre um livro de crítica cultural, sobre metáforas culturais
que descrevem a relação das sociedades com os espaços geográficos.
Isto dita assim, parece-me uma coisa um bocadinho abstrata,
mas depois vê-se que é a maneira como na cultura portuguesa se falou de Portugal
e se educou a ideia de Portugal, aquilo que ele não é necessariamente.
Então tem capítulos como o Rio Doro e o filmador Faina Fluvial,
Miguel Esteves-Cardoso e o Atum,
Salazar e o Viver habitualmente, a Aldém e o Julio Diniz e essa de carotas,
isto não são os títulos, são os temas.
A Casa Portuguesa é um lino em Carlos de Oliveira
e, portanto, é um livro com um âmbito enorme, muito desempoerado,
é de alguém que está fora e, portanto, não tem temores reverenciais
e a quantidade de conhecimentos e de insights,
pois é uma palavra inglesa,
que ele convoca neste livro, é um livro extraordinário mesmo.
O Ricardo Araus Pereira tem 30 segundos para nos explicar
porque é que traz um autor panteonável.
Existe a palavra, não?
Panteonável.
Sim, é verdadeiro.
Acho que sim, vamos dizer que sim.
É um livro daquela coleção da Relógio da Água,
que se chama clássicos para leitores de hoje,
acho que é assim que se chama.
Eu proponho que a gente festeja-se o facto de,
enquanto andam a disputar os ossos,
os livros a gente consiga detalhes a mão muito facilmente
e, portanto, não haja problemas sobre isso,
o Conde da Branho é livre muito divertido,
porque ela está a vida do Conde da Branhos,
contada pelo seu secretário pessoal, que é o Zagalo.
E são duas personagens muito engraçadas,
sobretudo, o Conde do Zagalo não percebe o que está a dizer.
O Conde da Branhos, essa de Queiroz,
a fechar esta reunião semanal,
dois ou oito dias, à mesma hora,
ou a qualquer dia e a qualquer hora em podcast,
Pedro Mexias, João Miguel Tavares e Ricardo Rousper.
Machine-generated transcript that may contain inaccuracies.
As propostas de leitura da semana trazem-nos títulos surpreendentes e com que muito se aprende. Aprende-se, por exemplo, que os peixes influenciam a arquitectura, como se descobre em Arquitectura do Bacalhau. Aprende-se, em Ecofagias, de que modo a paisagem natural é mitificada na literatura e nas artes do último século. Também se descobre que há uma componente religiosa na cultura do activismo; ideia expressa em A Religião Woke. E regressa-se com o mesmo prazer de sempre ao panteonável Eça de Queirós numa nova edição de O Conde d’Abranhos.
See omnystudio.com/listener for privacy information.