Alta Definição: Filipe Matos: “Ser bonito abre portas, mas permanecer é outra coisa. Há muito trabalho por trás que é importante ser feito”

Joana Beleza Joana Beleza 5/27/23 - Episode Page - 38m - PDF Transcript

O Espresso faz 50 anos.

Celebre connosco e torne assassinante, em Espresso.pt.

Bem-vindo, Flipe.

Obrigado.

Que conselhos é que te deram para esta entrevista de vida?

Para responder o que me vier à cabeça e para não cansar muito.

Eu não me atreio a ver imaginar o que se passa na tua cabeça neste momento.

Flipe Matos, 31 anos.

Estou com pessoa de alta definição.

Gosto de domar, gosto de conhecer pessoas.

Não gosto de trânsito, não gosto de mentiras.

Já decidiu o que acabo de fazer.

Só vim aqui para fazer as pazes comigo mesmo.

Quem é que te dá os melhores conselhos?

A minha avó e a minha mãe.

Os meus pais são separados desde que eu tenho 2 anos

e eu cresci com a minha mãe e com os meus avós.

E a minha avó sempre teve uma presença muito forte na minha vida.

Principalmente dos 2 aos 7 anos.

E então sempre fui habituado a ouvir o conselho da minha avó

com depois da minha mãe, mas sempre a pensar no da minha avó.

Que bom conselho de vida é que tu não seguiste.

Se calhar para não me ter vindo para esta área.

Toda a gente sempre me disse, não vais para esta área que é uma área arriscada.

É uma área que não é segura.

E se calhar hoje em dia, eu acho que eles não se arrependem de ter dito isso.

Mas tenho orgulho da mesma.

Qual era a alternativa?

A alternativa, se calhar, seria para uma área mais lógica,

uma área mais científica, uma engenharia.

Depois acabei também por pensar em Martin e Estão,

mas acho que não consegui fugir disto.

Isto eram só minhas corridas, mas transformou-se de uma bola de neve.

Eu não queria posticar a ninguém, muito menos o Nelson.

Sempre tive uma fixação por cinema, sabe?

E agir com a minha mãe, inscrevam-me desde muito novo,

em agências de publicidade.

E desde os 12 anos que comecei a fazer cássing e o bichinho começou aí,

não foi nada planeado, eu e os cássing e fazendo até que as coisas aconteceram.

Com 20 anos, me acabado de sair de uma aula,

eu estudava à noite e passam dois alemães a nunca mais me esquecer disto.

E era para mim, eu fico a olhar para eles e eles, boa noite,

estude em inglês e perguntaram-me se eu gostaria de entrar num filme.

E eu disseram que por acaso estou aqui, uma escola de atores, na ACTE, neste caso.

E pronto, basicamente foi nessa noite, veio o produtor,

eles quiserem que eu fizesse uma participação num filme

e eu, a partir dessa idade, 20 anos mais ou menos, nunca mais parei.

Eu posso passar já ao meu parceiro, para ver como pensamos a Teresa.

Sais que eu sempre acreditei em mim, é uma coisa estranha de dizer.

E eu achava que, por mais que acontecesse,

eu acho que iria conseguir fazer isto a minha vida.

Não entrasse-se com muito dinheiro, se com pouco, se com muito trabalho.

Eu nunca esperaria, mas eu acreditava tanto que eu achava que ia conseguir.

Eu sei que ele achava, mas para já era o seu único caso.

Eu sentia no início, aos meus 15 a 16 anos,

que se calharam os meus olhos azuis e ter uma carinha laroca,

que às vezes era um bocado post-parte, como está daqui,

só por ser giro, só por ser bonito.

E principalmente, eu acho que os egos e tudo que está à volta deste meio,

nunca foi fácil habituar-me a isto,

mas que hoje em dia, cada vez mais, me consigo habituar.

Então, eu estou aqui ser simpático a contigo, uma caloura,

e tu, nesse canal, és para mim.

Ser um puto giro, abre portas, mas não é suficiente.

Abre portas, mas permanecer é outra coisa.

Há muita coisa por trás, e há muito trabalho por trás

que é importante a ser feito.

Ele é azul, já que trouxe que benefícios para rendas namoradas.

Isso, cara, já me deu alguns trabalhos, sabes?

Trabalhos de publicidade, alguns casques em que escalhar...

E o momento da decisão, vamos pelo olho de olhos azuis, é isso?

Talvez, talvez.

Acho que faz parte, é uma área que vive da imagem também.

Não é só, mas sim, já me dá muita coisa.

Gosto da aventura, gosto de risco,

não gosto de que me deem pro garantido,

gosto de cães, gosto de convivios.

Quem são as pessoas que mais influenciaram a tua vida?

A minha família é muito unida.

É engraçado que a minha família não é só portuguesa,

a minha mãe é placa e a minha família da parte da minha mãe vem toda da Pelónia.

Eu sempre tive muitas influências diferentes.

Eu não posso dizer só a minha mãe e minha avó,

eu posso dizer quase a família toda,

os mais próximos, os meus irmãos,

meu pai, minha mãe e meus avós.

Diamos os lados.

Quais são as grandes diferenças?

Tudo é diferente.

O Natal é diferente, os jantais são diferentes,

os costumes são outros.

A família placa é uma família que não abraça muito.

Não dá muitos beijinhos, então é muito mais lógica.

Mas assim dos beijinhos os abraço na mesma.

E a família portuguesa já é diferente.

Já é o clássico português de ter os sonhos esrabanadas do Natal

e da minha avó me agarrar e dizer como, como, como, como, como.

Um são mais calorosos, o outro são mais friosos.

E tu estás no meio disso?

Eu estou no meio disso.

Sinto que sou uma pessoa muito intensa e tenho um lado português,

tenho um lado mais gloroso e depois tenho um lado pelá

que é o lado mais objetivo, mais frio.

Eu acho que vem um bocado daí a ser a minha vontade

sempre de saber que eu iria conseguir

e se calhar o facto de me dar tão bem com as pessoas

e de perceber os outros, eu acho que vem do lado português.

Portanto, é algo misto.

E não imagino...

Eu sempre senti muita orgulho da minha família

porque além de terem passado por muita coisa

as minhas avós foram se embora da Polónia, fugiram

pós-conda Guerra Mundial, no início da União Soviética,

para o Brasil, neste caso.

A minha mãe mexer na Polónia, mexer para o Brasil

e sempre tinha família na Polónia

e todos eles têm uma história do pós-guerra.

Os pais dos meus avós, os meus bisavós viveram

em a Segunda Guerra Mundial, viveram um grande conflito

no Holocausto e eles têm muitas histórias para contar.

Sempre cá um jantar, sempre cá um Natal, há uma história nova, sabe?

E às vezes não é fácil

porque eu acho que este lado de frio também vem

do lado da guerra, porque

tiveram uma vida dura, tiveram uma vida difícil,

tiveram que mudar de país, tiveram que se deixar de dar com amigos,

cresceram com a guerra e de repente

ter uma família e criar um âmbito familiar

que eles sempre conseguiram, mas

com carinho não é, às vezes não é fácil

para quem teve numa guerra, pelo menos com um âmbito.

O que é que aprendeste com a tua mãe?

A dizer mais que sim. A situação de conforto,

a experiência a coisas novas.

A pessoa há pouco tempo, se for para fazer

minha mãe a professora de Héroe Yoga, que é um yoga suspenso,

dizer que sim. E eu disse que sim.

Se for para provar um prato novo, dizer que sim.

Se for para viajar para um sítio que se quer no hoté, se dizer que sim.

Porque a minha mãe gosta de desafiar e gosta

de um pouco do risco e da aventura.

Uma pessoa muito viajada, acho que ela gosta

de passar muito isto para os filhos.

E para mim que passou, eu sou o mais velho.

E com o meu irmão mais velho sente-se a responsabilidade de ser um exemplo?

Sim. Sabe em que eles também são visiões

de um jeito engraçado. Qual é a diferença de idade?

São seis e sete anos.

Os meus irmãos são muito orgulhosos de eles,

mas eu acho que eles também têm orgulhinho.

Acho que não tenho a certeza.

E do teu pai, o que é que tens?

Do meu pai, o meu pai também é uma história interessante.

Vê da bola com 14 anos, viveu numa guerra também.

Uma guerra civil diferente, mas viveu numa guerra

que é o meu grande companheiro.

Eu li para o meu pai todos os dias.

O meu pai é aquela pessoa em que eu vou sair daqui,

depois desta entrevista e vou lhe ligar.

E ele manda uma mensagem para aqui dizer assim,

que ela acha que se diz de vez em vez de boa sorte,

disse-me isso e disse, miga-me o que aconteceu daí

e já está orgulho de em ti.

Completamente. E é um grande amigo.

É um grande amigo. Estão meu melhor amigo.

Que momentos incríveis viveram juntos?

Nós temos a nossa missa,

nós temos o nosso dia de ir à bola,

temos o Sporting,

que é onde eu me recordo de ser pequeno

e a última vez que o Sporting foi campeão

não há dois anos em 2002.

Deu ser pequenino e ir com o meu pai off-ball.

O meu pai é uma pessoa de ao domingo,

me ligar de manhã e dizer, estou a fazer uma feijoada,

a um chili, que são os pratos preferidos

do meu pai e dizer, vem cá ter

e vamos a um pessoal e vamos falar a tarde toda.

É uma pessoa também muito intensa

e é uma pessoa engraçada de falar,

de estar, gosto muito do meu pai mesmo.

Crescer com o pai esperado,

esteve aqui feito em ti?

No início, teve um efeito um bocado,

um bocado estranho, eu não percebia muito bem,

porque eu lembro perfeitamente disto de entrar na escola

e de ver os meus amigos com o pai e com a mãe

e de repente o pai e a mãe não estão juntos.

Não foi fácil ao mesmo tempo

eu comecei a aproveitar-me de certas coisas,

porque tinha duas casas,

acho que tinha mesmo de mais,

por ter tido pais esperados cada vez que ia para um sítio,

eu recebia umas coisas e a outra sítio,

eu recebia umas coisas.

Mas acho que eles sempre conseguiram lidar bem com as coisas

porque sempre se deram bem, sempre foram amigos,

portanto, esse ambiente que eles criaram

um com o outro, ajudou-me a que não ficasse

tão estragado da Sínica.

O que é que tens mais saudades?

Do ambiente em casa,

com a família toda junta,

quando eu vivia com os meus irmãos e com a minha mãe,

em casa, dos jantares até as tantas,

de jogar moropólio, jogos tabuleiros,

com a família, com os meus irmãos,

e principalmente ter os domingos em casa.

A minha família sempre foi a domingos,

ter o almoço domingo.

Os próprios convívio da minha família sempre foram muito intensos,

porque como há pessoas sempre a irem para a Polónia,

a irem de Portugal e a voltarem,

quando estamos todos juntos é muito intenso.

Então hoje em dia, e às vezes não valorizava isso na altura,

quando era mais novo, e hoje em dia tenho saudades.

Gosto de novos projetos,

gosto de cidades de conforto,

não gosto de como vejam como uma capa de um livro,

gosto de contar histórias.

Qual é a tua primeira memória?

Tu consegues recuar até onde?

Tenho memórias de ir com os meus avós e com a minha mãe de férias

e de jogar a bola com o meu pai, muito pequeno.

E a minha avó placa tinha uma criação de boxers,

de cães em casa,

e então, minhas melhores memórias

são estar no meio dos cães com a minha avó.

E é uma avó afetuosa ou a portuguesa,

nesse caso é mais latina, mais...

Sim, sim, a portuguesa é muito mais latina,

a portuguesa é muito mais afetuosa.

A minha avó placa é engenhar equilíquica

e é super regarada, super lógica.

E às vezes diz palavras que não se gostam de ouvir,

mas é sempre como um oricarinho.

Não é muito de abraço, mas ela está lá sempre que eu preciso.

E quando vê o Net na televisão, qual é a reação?

Sabe o que é engraçado?

Eu nunca pensei que isso fosse acontecer.

E os fãs veem tudo o que eu faço?

Tudo.

Já tem opto?

Muito bem, recomenda-se.

Recomenda-se?

Começaram a ver a lista?

Acharam um bocado agressivo demais?

Mas não param de ver, veem tudo.

Onde eu fizeram o trabalho, eles veem.

E está sempre bem para eles?

Sim.

Às vezes é um bocado difícil ouvir isso, não é?

Porque não posso, está sempre bem.

Estas não estão sempre bem.

Mas é impossível.

Eu acho que este tamanho condicional

é impossível de eu dizer um bocadão mal.

Estou, não estou decidido tão bem.

Estou sempre bem.

Como é que semos quepou?

Deve ter sido correto ou secreto?

O que é que é o melhor da tua infância?

Acho que a minha família me proporcionou

muitos momentos diferentes.

Sempre foram muito aventureiros.

Sempre quiserem fazer muitas aventuras.

Mesmo as avós sempre quiseram proporcionar

coisas novas à minha mãe igual,

para ir para os meus irmãos.

E eu acho que é um bocado isto da minha família,

desde a saída da zona de conforto.

Vamos ver já para concidir o que não conhecemos.

Ele tem quatro anos, mas vai na mesma, não faz mal nenhum.

Vamos ao estado de Cebol?

Vamos se falar na mesma, não faz mal nenhum.

A obrigarem a ser um bocado da zona de conforto

logo desde o princípio.

Eu acho que isso ajudou-me bastante,

de falar outra língua,

que é muito importante.

Eles sempre falaram placa em casa.

E hoje em dia eu percebo praticamente tudo em placo.

Portanto, podíamos ter feito esta entrevista em placo?

Sim.

Eu podia te dizer assim,

Jim Dobre, neste caso, que seria bom dia,

ou Dobrano, que era boa noite,

ou então podias-me só dizer Jim Cui,

que é obrigado.

Ok.

Sempre que vejo um placo,

ou conheço um placo que diga assim,

E Eroso Mifchisco, que é eu percebo tudo,

a Leia Agada Tilo Cotroz,

que é ele falo só um bocadinho.

Podíamos fazer isto em placa a partir da hora, se quiser.

Em momentos como, por exemplo,

o Portugal Polónia do ano 2016,

como é que é?

Eu fico dividido, mas eu nasci em Portugal.

Portugal é o meu lado, é o meu canto.

Estão os meus cores.

Mas claro que fico com pena,

se for a Polónia a ser iluminada,

e personalmente para o Portugal,

que eu prefiro que seja sempre Portugal a polónia.

O facto de não ter esquecido

com nenhuma desvantagem a partir da aparente,

não te criou a ideia de facilidade perante a vida?

Não, porque a minha família nunca foi de me dar tudo.

Foi de me dar experiências.

Sempre me obrigaram a valorizar as coisas.

Até porque quando comecei a trabalhar como ator,

os cursos não eram baratos,

e quando não trabalhava como ator,

tentei fazer várias coisas.

Fui trabalhar como promotor,

tirei um curso de comissário de bordo,

e eles nunca me passaram essa facilidade.

Foi, vais fazer essa experiência,

preciso de dinheiro,

queres fazer alguma coisa, queres divertir,

tu é de tantas disso.

Tens que fazer tudo dinheiro,

tens que trabalhar.

Não digo que não seja uma pessoa privilegiada,

uma pessoa mimada,

sempre tive tudo da minha vida,

sempre tive apoio,

sempre tive condições,

mas nunca tive essa facilidade.

Tu foste mais ou menos protegido

do que aquilo que gostarias?

Eu acho que sempre fui protegido.

Eu ouvi alturas da minha vida que achava que não.

Se calar quando comecei a ser ator,

quando comecei a dizer que queria ser ator.

Sentiste que agora estava sozinho, é isso?

Sim.

E que vinhas que provar também a eles?

Sem dúvida.

Eles são as pessoas que eu tenho que provar,

e acho que já consegui.

Que gestes de amor guardas dos teus para contigo?

Uma coisa engraçada,

um beijinho de boa noite.

A minha mãe,

até eu sair de casa,

17, 18 anos,

eu podia me dar mais chefe,

mas ela tinha sempre um beijinho de boa noite.

E essa conchil,

eu acho que leva comigo para a vida,

porque eu também sou assim hoje.

Tu decidias viver sozinho com muito novo?

Sim.

Se compor, mas não os pais tomaram.

É assim,

eu estava de levar a roupa a casa dos pais,

de ir lá comer,

mas viver sozinho,

acho que foi um bocado tão emocionado por eles.

Nas horárias,

podias abrir a porta de quem quiser,

se a hora quiser.

Sim, tinha muitos amigos em casa,

havia muita maldita para ter a porta de dizer,

olha, vou ficar aqui da mina-se-fá.

Eu acho que peri como fui habituado antes,

a viver sozinho mais cheio,

e a começar a ter que fazer as coisas sozinho.

Cozinhaste, não?

Sim, maritaramente,

eram o noodles,

aqueles que saquece no micro-ondas,

no início,

e lá tens atum,

e depois comecei a cozinhar.

Tipo, o que?

Tipo, ofestralados,

empadões,

de vez em quando íamos de receitas à minha avó,

panados,

é um prato que a minha avó faz super bem,

não me aventurava muito.

Hoje em dia, isso é claro, venturo mais.

Agora, vou salvar no forno,

vou bacalhar o braço,

não sou um chefe,

não sou um especialista,

mas quero já fazer algumas cozinhas.

E algum prato polaco

que tu gostes particularmente?

Há uma sopa que se chama Barsts,

que é uma sopa de perraba

que a minha avó faz sempre,

que é maravilhosa.

E as coateletas,

que são panados à moda polaca,

como batata,

que a minha avó faz,

tipo, é estilo porém,

mas é um porém mais rígido.

Esse é o meu prato de eleição,

que a minha avó faz.

Nesses primeiros tempos,

nunca pensaste,

deveria melhor eu ir para casa,

que isto é muita corrupção.

Pensei, pensei,

passei muitas vezes.

E sempre tivesse lado da família,

também dizer,

tu é que desistir,

agora aguenta-te.

Em relação, tenho que levar a roupa

e repagar as contas,

em relação a não deixar

a conta da luz,

porque recebi a dizes de cortes.

Depois não podia ligar à minha mãe,

ao meu pai,

todos os meses a dizer,

olha, tenho que pagar a luz,

as olhos deles continuam a ser unidos?

Sim, sim, sim.

Às vezes preciso que me olhem como um adulto,

mas eu acho que eles nunca vão deixar

para mim como um adulto.

Acho que é incondicional,

e eu acho que é uma questão de respeito.

E eu tenho que ter esse respeito por eles,

porque eu não posso,

porque os meus pais olhem para mim

como se fosse um adulto.

Ok?

E de que um dia podem ser a voz.

Eu acho que eles me vão olhar

para mim como um adulto.

Portanto, eu acho que não há nada a fazer.

Nunca lhes desto muito trabalho?

Bem, bem.

Desde pequena minha mãe dizíamos,

chegar à casa às 7,

eu chegava às 8 e meio a 9.

Aquele clássico que toda a gente diz,

que era, chegava todo cheio de terra,

todo cheio de feridas,

e era com complicado.

E seguidas à noite também.

Não era muito se ir à noite

de ficar até às tantas,

mas era mais,

se ir à noite de conhecer pessoas.

E se fosse preciso,

só eu ia me convidar,

só se ficassem em casa de alguém,

ou se fossem, não sei para onde,

pediram-me sair em Lisboa,

e se não decidir qualquer,

pediram-me ir ao Porto,

por exemplo, passaram o fim de semana.

E às vezes eu não gostava muito disso.

Claro que quando era mais novo,

tive que levar-me com alguma disciplina,

mas sempre foram muito legais.

Não gosto de praias cheires,

de shopping-shave.

Não gosto de estar apertado.

Gosto de morrer.

Gosto de conviver com as pessoas

que têm trabalho,

fora do trabalho.

Gosto de levar as suas trabalhas

comigo, para a vida.

Não penso nisto como uma prenda.

Pensa nisto como uma compensação

do abandono de 20 anos.

O que é que aprendeste por ti,

sendo ator?

Aprendi que tenho que viver as coisas

com mais calma,

e tenho que pensar nas coisas,

e não posso ser tão impulsivo,

como uma pessoa muito intensa.

E às vezes digo coisas que me veem à cabeça,

que não consigo pensar muito, e saí-me.

E às vezes não são coisas muito boas,

e às vezes não me dou muito bem com isso.

E ser ator dá-me mais capacidade

de ter paciência, principalmente,

de respeitar mais o próximo, mais o outro,

e não ser tão intenso,

de ter mais calma.

Se calhar, você pode relaxar mais,

ou ganhar mais experiência.

Quando comecei a trabalhar,

comecei logo um registro mais profissional,

em que tinha pessoas e equipa técnica,

e atores que eram pessoas já com algum andamento.

Nesta área, nós fazemos às vezes coisas,

e achamos que não podemos voltar atrás,

não podemos descer no grau atrás,

e às vezes até agir, descermos 30,

e percebermos que é tudo igual.

Claro que há zonas como pessoas

com mais experiência, com mais dinheiro,

mas eu acho que quando aprendi mais,

foi a fazer projetos,

com mais stack,

e depois voltar atrás.

Fazer uma peça,

a fazer uma curta-metragem,

um projeto low budget,

e eu acho que é aí que eu aprendo mais.

É preciso ter mais coragem por ficar do que

para estar sempre a partir.

O que é que se notou primeiro em ti?

O talento ou o trabalho?

É um pouco dos dois,

mas possivelmente o trabalho,

e faço questão que reparem

que há trabalho que vem de casa.

Eu faço muito isso,

eu gosto muito de conhecer as pessoas,

e de olhar as pessoas nos olhos,

e de perceber que esta pessoa

gosta de ser tratada assim,

e esta pessoa vai ser assim,

e se calhar criar ali um lado

mais psicológico,

eu faço muito esse trabalho de casa.

E depois, principalmente,

é perceber o que as pessoas querem de mim,

quem me está a dirigir,

e tentar fazer esse trabalho em casa,

para depois quando chegar lá,

não seja preciso falar muito.

E às vezes perdemos muito tempo a falar,

ler coisas na internet, ver coisas

sobre as personagens, ver filmes,

de exemplo.

Fico bem claro que não os compras.

Eu crie sempre uma banda sonora

por cada personagem que faço.

É uma pancaminha,

às vezes eu ajudo-me bastante,

e sempre que vou para o trabalho,

eu vou ouvir essa banda sonora,

e vou me percebendo da banda sonora,

consoando, vou ensaiando,

e vou gravando com as pessoas.

E vão me ouvindo músicas à cabeça,

e ainda bom, se tenham aqui no telefone,

uma playlist do Mário, por exemplo.

Olá, preciso ajuda?

Eu sou o Mário.

Você tem alguém que entende

os pires com cantanhas trabalhadas,

ou que vejas como referência?

É o meu padrinho,

que é o que nós chamamos,

a primeira pessoa que faz uma cena

com nós, que é o Marco Palmeira.

O que é que tu aprendeste

com os mais velhos pela observação?

A ter mais paciência, e saber ouvir.

Saber ouvir, acho que isso é muito importante.

Eu acho que nós não sabemos ouvir.

Eu acho que nós somos muito habituados

a muita informação, muito rápida.

Nós somos habituados a dizer uma coisa,

e de repente estar lá para um cinto,

estar lá para outro, e o que é que me fazer de seguir,

e estar a fazer essa entrevista,

por exemplo, estar a pensar o quando é que eu vou,

e nós temos que saber ouvir.

A gente é preciso meter o telefone em modo voo

e ouvir só o que é quanto tem para dizer.

As pessoas com quem trabalhaste,

quem mais te impressionou?

Carlandrinho, acho que é uma pessoa

super multifacetada, super...

transversal a tudo que faz,

consegue fazer tudo isso.

Para!

Chega!

Mãe, o que é que se passa, mãe?

Cala-te, Luis!

Agora, neste caso, a Ana Bela Moreira.

Ela é uma máquina.

Tem muita coisa para dizer,

tem muita história para contar.

Eu vou fazer já?

Eu comprei um cãozinho ótimo para ele.

Você vai comprar um cãozinho?

Eu disse estes dois nomes,

foram minhas mães,

mas tenho muitas pessoas.

Tenho muitos exemplos em Portugal

que eu posso fazer.

O que é que define um bom ator?

Além de souber ouvir,

a melhor opinião é saber ser humilde,

saber aceitar uma crítica,

saber dizer que foi melhor ou foi pior,

não passar por cima de ninguém,

saber quando estamos a magoar alguém,

porque às vezes é inconsciente,

acabamos por magoar uma pessoa

com uma frase, uma palavra,

mas cheirar a todos

é principalmente ter o respeito por todos.

Às vezes é difícil a fazer as coisas certas

ou a ganhar coragem para as fazer,

mas cheio de lá.

Há algum filme, algum livro

que tenha sido decisivo para ti?

Provavelmente o Papião,

um livro que o meu pai tinha em casa,

nunca mais me esqueci,

e está a ter em minha casa agora.

Porque é um exemplo de vida

que há sempre uma solução para qualquer problema.

E eu acho que o Papião como livro

é uma estar incrível,

passa por muita coisa.

E acaba com uma solução

para toda a vida há uma solução,

e eu acho que isso é o mais importante.

E é assim que tu encadasa

a tua própria vida?

Tento.

É lido os meus, a minha namorada,

os meus irmãos.

Diz-me que eu sou demasiado positivo.

E isto é bom para mim,

algumas coisas e é mau para outras.

Mas eu gosto de ter a vida assim,

a minha maneira natural de viver a vida.

A tua mãe convence-te a fazer yoga?

Sim.

Há muitos amigos meus que não fazem yoga

porque acham que yoga é um desporto por mulheres.

E yoga é um desporto para toda a gente.

E é um desporto incrível,

e é só perceber o que que se passa ali

para se ficar viciado no yoga.

O yoga treina a tua respiração,

a tua flexibilidade,

a ter calma a fazer as coisas.

E a minha mãe dá muito isso.

E eu não tenho feito tantas vezes yoga

ultimamente quantas vezes quero,

mas ela está lá sempre.

Portanto, se eu gostar de um professor de yoga,

basta fazer uma chamada

forte que eu sei que está lá

a minha professora de yoga.

O que é que nunca disseste aos teus pais

e que eles merecem ouvir?

É por um edificio

que eles sempre tiveram presentes

mesmo quando eu disse que não.

Sempre vou apoiar de hoje em dia.

E sempre que falei contra eles,

nunca foi de propósito.

Foi inconsciente, foi mimo.

Nessa relação, há momentos para pedir desculpa.

Eu acho que há sempre um motivo para pedir desculpa,

mas nós resolvemos tudo sempre.

Claro, todas as famílias têm coisas menos boas

e coisas boas,

mas há quanto tempo resolvemos as coisas sempre.

E falamos sobre tudo

que eu acho que é o mais importante.

Se tem pedidos desculpas, peço.

E pedimos caixateados uma semana e depois

as coisas resolvem.

Os teus queres sempre foram os teus melhores amigos?

Sim, eu tenho uma fixação por queis.

Os meus queres sempre foram os meus melhores amigos.

Mas eu cresci com queis.

Atualmente tenho três.

Eu optei pelo meu estilo de vida,

por neste momento não ter queis a viver entre mim,

porque acho que não é justo estar agravado as oitas a oito

e ter um cão em casa.

Quando posso ter queis e os queis, pronto,

estão a ser bem tratados.

Mas passa a vida com eles.

Tenho queis no meu lado, o meu pai,

o queis lá de minha mãe.

Eu, infelizmente, por ter tido muitos queis de infância,

tive muitos queis de prótico.

Tive que levá-los ao veterinário

quando foi o último momento de vida.

Vas tu?

Veio, às vezes com minha mãe, às vezes com o meu tio.

Nunca sozinho, mas sempre por ti, por presente.

E é muito difícil, é muito complicado,

mas eu tenho um cão, que é um cão da minha vida,

que é o Benito, que era um boxer enorme.

Ele me fitamente salta para cima de ele parecia um cavalo.

Tive uma cadeira à boxer, que era a Isa,

também não me esqueço.

E tive o meu grande cão, que era um Golden Retriever,

que era o Kiko.

Foram queis que fizeram parte de muita coisa na minha vida,

portanto nunca os esqueci.

O Benito, eu tinha por volta de oito anos,

mas lembro-me perfeitamente, porque foi o primário,

assim, que uscou, e até fiquei com a trela dele.

Nunca mais me esqueço, uma trela assim de alumínio,

que ficou pendida na porta de casa.

A Isa tinha por mais ou menos uns 13, 14,

e o Kiko tinha por volta dos 25,

e isso foi imenso com todos.

E com oito anos, já se sabe o que é morte?

Não.

Eu tenho uma sorte, sabes?

Eu tenho muitas surgíveis na minha família.

Eu não sei muito bem o que é que é morte.

Eu tenho um bocado de panico,

quando tiver contacto direto com isso,

porque as pessoas mais próximas de mim,

que se faleceram, foram bisavós.

E é um assunto que me faz muita confusão.

Falar sobre isso, pensar nisso faz muita confusão,

mas faz parte de vida, não é?

E quando tens oito anos, como é que te é explicado

que o cão vai passar por aquilo?

Eu acho que não foi explicado, foi só...

eu lá perceber, o cão não vai estar mais aqui,

e ele vai perceber.

Sofremos, mas o tempo cura tudo.

E depois o que a minha família fazia sempre era

sempre que algum cão iria partir,

havia um cão novo a chegar.

E eu acho que isso também ajudou um pouco.

Eu gostaria também de sofrer com isso,

de ser pequeno e sofrer com isso,

e ficar a pensar no que mais está com aquele cão

e a ter essa moção da morte agora.

Eu acho que é uma pessoa que ainda não aprende

a lidar com a morte.

Gosto do supporting, gosto de ler.

Gosto de alturas, de injustiças.

Não gosto e não me oiçam.

Quais são as tuas preocupações,

como a gente vê no mundo atual, na sociedade em que vivemos?

Não valorizarmos as pessoas.

Eu acho que nós temos que dar mais valor uns aos outros.

Acho que às vezes temos relações muito descartáveis.

Até no trabalho.

Nós estamos aqui hoje,

e sequerá-nos, amanhã, ou daqui a um ano,

vamos estar outra vez,

e eu prefiro que as relações tenham alguma história

para contar,

porque seriam só descartáveis do alá e a deus.

Eu acho que eu gostava de que toda a gente

se desce bem com toda a gente,

claro que isto é quase uma utopia,

não interessa de onde é que vem,

para onde é que vai,

e darmos valor à pessoa que está ao nosso lado.

Uma comunidade ganha força.

Quando se entra ajuda,

e quando se compreende.

Se pudesse, o que é que mudarias na tua geração?

Meti aos telemóveis as redes sociais mais tarde.

Acho que fomos habituados às redes sociais

e aos telemóveis e à internet,

muito cedo.

Eu acho que hoje em dia

temos que nos habituar à evolução também.

Mas eu, por exemplo,

sempre fui uma pessoa

que nunca apostou muito no Instagram.

Há um lado por trás profissional,

há um lado que dá dinheiro até,

não vão pecher hipóquitas,

mas é um lado da imagem

que eu nunca consigo lidar bem.

Eu acho que faz parte,

mas eu acho que não devíamos viver tão intensamente isto.

E nas gerações mais velhas,

o que é que tu mudarias?

Fossei mais crianças,

que fosse mais jovens,

que não assumissei tanto de passar da idade.

Os 40 anos, os 9, os 30.

Os 40 anos, os 30 anos,

os 30 anos, os 9, os 20, não é?

E eu sinto muito isso,

eu sinto que parece que a malta é mais jovem,

pelo menos a malta da minha geração,

os meus amigos, os meus colegas,

somos outros uns putos.

E essa ideia faz com que

posses virar a atrasar

essa construção de família e etc.

para poder viver esta fase de intensamente.

Eu já pensei bastante nisso.

É engraçado que são coisas que falo bastante,

até com colegas e com amigos.

Nós pensamos sempre nisto,

então agora se eu for pai,

não vou conseguir ter os bons horários,

não vou conseguir ter um casting por fora,

e de repente tenho um trabalho na Escócia,

ou onde quero que seja,

e tenho essa dualidade.

Mas depois, tenho a pressão nos meus pais e os meus avós

a dizer, então,

quando é que eu sou o avô?

Quando é que eu sou o bisavô?

Ainda quer ser o bisavô?

E eu como o filho mais velho,

às vezes sinto um bocado isso.

Acho que pronto, quando acontecer,

é quando ser diferente.

O que é que tu mais valorizas nos outros?

Além de me saberem ouvir,

é serem sinceros comigo.

Eu adoro sinceridade,

e eu sei que muitas vezes

não conseguimos ser sinceros,

às vezes também não podemos ser sinceros.

Eu preciso de uma verdade que doa,

de uma mentira que saiba bem,

porque eu acho que há sempre uma aprendizagem

quando as coisas não correm bem.

Eu acho que a sinceridade é o que,

a longo prazo, me dá mais orgulho,

me dá mais a compaixão para o novo próximo.

É hoje a pessoa que quer ister,

tem o que quer ister.

Eu considero uma pessoa muito simples.

Eu não sou uma pessoa de comprar roupas,

eu não sou uma pessoa de ter sempre um novo telefone,

de ser um carro melhor,

mas sou uma pessoa que não para de sonhar.

Acho que estou sempre a aprender,

vou sempre falhar.

Esta frase é muito clichê,

mas são com os erros e com as falhas que eu aprendo.

Eu fiz 30 anos e percebi.

Ok, continuo com o cara de 24,

já aprendi algumas coisas,

mas tenho muito mais a aprender,

tenho muita coisa para aprender.

Não se preocupe, não me custa nada.

Isto também é uma forma de vos agradecer,

poderem deixar de ficar aqui.

O que é que as pessoas não vêem

quando olham para ti?

Eu sou muito desorganizado.

Sou muito desorganizado.

Tenho que andar com mágina,

tenho que escrever coisas no meu telefone,

se não esqueço muito.

O que tipo de coisas é que te esqueces?

Às vezes de um horário,

eu meto na cabeça que é um horário

e fico descansado em relações,

porque sou de organizado,

porque tenho que estar sempre a pensar.

Eu tenho que fazer isto, tenho que meter aquilo ali,

tenho que escrever num papel,

tenho esta hora X e esta hora Y,

então acho que são bocados organizados nos horários

e, no geral, são bocados organizados.

Para que é que te falta tempo?

Falta-me tempo para viver a minha vida toda

e mostrar aos meus avós o que eu posso fazer da minha vida.

Eu acho que não vou ter esse tempo todo,

como eu já vou ter.

E às vezes estou assim numa pressa de...

Eu tenho que lhes mostrar enquanto eles estão cá,

e acho que como vai faltar esse tempo.

A proximidade do mar é de fundamental?

É.

Hoje em dia tenho a sorte de estar perto do mar.

Sempre fui um sonho.

Sempre fui habituado a estar perto do mar,

a ir à praia e a surfir.

E a estar só parada ao olhar para o mar até.

O Cerf surge aos 13, 14 anos

e foi uma panca minha,

porque sempre tive uma ligação com o mar.

Sempre me fez sair também na zona de conforto,

porque é chegar ao mar,

olhar para as ondas onde eu estiver um bocado grande.

E ter medo, e não, pera aí,

eu vou tentar apanhar uma onda.

Se não correr bem, não correu.

Eu acho que todos os esportes que eu fiz

foram para a cidade de zona de conforto.

Eu comecei a jogar tênis com seis anos,

foi o esporte que eu fiz durante mais anos.

Fui até a pré-competição, na altura,

achava que era muito cansativo,

fazia quatro, cinco tênis por semana

e desleixei-me o tênis e então fui largando,

fiz judo, fiz equitação,

alguns esportes para a obrigação da família

de que tens que fazer isto.

Eu nunca tive jeito com o cavalo.

E ele é-me feitamente,

a minha mãe me vai para uma escola de equitação,

a minha mãe é filmar,

e só se der o meu corpo assim.

Mas eu te vá, calma, agarra-te, agarra-te.

Já me aconteceu ter uma personagem com cavalo.

Mas eu sou fã-me.

Eu sou fã-me.

Gosto que me chamem à atenção que eu estou errado.

Gosto de me mudar bem com as pessoas contra a cena.

Não gosto quando não estou concentrado na cena,

quando me dá uma branca.

Sais qual é o teu problema?

Tu achas que toda a gente deve e ninguém te paga.

O que é importante no teu percurso?

O que é que tu valorizas mais de tudo que fizeste?

O que eu mais me orgulho

é de ter encarado sempre cada projeto

como um projeto novo e uma aventura nova,

mas principalmente ter tido a sorte

de fazer projetos diferentes todos os anos.

A tua e o teu casting.

Tive muita sorte em ter tido um percurso um bocado diferente

em que já tive projetos gravados no norte do país,

já tive série, já tive teatro académico,

já fiz uma peça de dispersão dramática,

fiz novelas,

e fui bem realizado nesses momentos.

Descontrei, isto também não é um sítio penetragatório, nós.

O que é que foi mais desafiante no sancoculto?

O secrário dito foi levar a caldo dos ruiunas,

que foram bastantes até...

E ele dava com força?

Ele dava com força.

Dois dias.

O ruiunas aproveita a personagem,

porque diz que é do método, e para aproveitar,

o vego sendo escalvoso e indo do ruiunas.

Ah, calma, calma.

Então, improvisar mais tempo em herói foi esperado ao chão.

Foi tão prazeroso para mim,

foi tão giro, eu diverti-me tanto.

Improvisar o texto com a minha família,

quando ela moraria com o vegozinha e com os homens usos.

Nós tratamos do jantar, não te preocupes.

Tá bem?

O pai não se aproxima da cozinha sequer.

Que acho que eu me ria.

Eu percebi logo que aquela familiaridade é improvisa.

Porque nós somos todos muito intensos.

Oi, santo mimo.

Ai, tanto o mimo que ele está aí.

Eu adorava aquilo.

Por causa de improvisar-nos cá fora,

entrávamos lá para dentro e divertimos.

É hilariante.

Às vezes até nos chegamos demasiado,

e o realizador às vezes chamava-nos a atenção.

Malta, vai lá.

Temos até agora o plano hoje.

Olha pelo menos lá, mas os lidos já.

Às vezes este ano está o melhor.

Claro.

Claro, claro.

Destes há cinco anos mais, de nível.

Dei bastantes.

E foi muito bom.

Ainda beisavas mais.

Ainda beisavas mais.

Ainda beisavas mais.

Aproveitamos e beisavamos mais.

Que por não fazer-nos feliz.

O importante é o diálogo entre as pessoas

que vão viver essas cenas

antes de gravar essas cenas.

Para mim é muito importante.

Há pessoas que às vezes não gostam de fazer isso,

e se for por seu,

e há que respeitar.

Mas eu acho que é muito importante.

E nós todos criámos isso lá.

Tanta Júlia como a Adriana, como a Anabela.

Eu lembro quase tudo.

Sempre gostaram muito de falar antes.

E eu acho que criar uma preparação

antes de ter uma relação

é a melhor coisa.

Ninguém começa uma relação no dia a dia

sem se conhecer.

Sem haver o primeiro encontro,

as mensagens.

Eu acho que tem que haver uma ligação,

uma conexão, uma conversa.

Para depois chegarmos lá dentro

e fazemos as coisas mais naturais possíveis.

No início da tua carreira

nunca te gasto nenhum beijo

que tivesse sido menos técnico?

Sim.

Eu não vou mentir.

É assim.

Não há nenhuma cadeira.

Não há nenhuma disciplina de beis técnicos.

Nenhum ator vai tirar um workshop bem técnico.

É o que seria.

Não é?

E então acho que os primeiros beijos

são um bocado um teste,

um bocado uma descoberta.

E depois começa a se aperceber

que é realmente um beijo técnico.

Mas sim.

Acho que os primeiros beijinhos

foram um bocado imasiados.

Gosto de debaixo.

Tenho uma data especial.

Isto é 21-12.

É o meu número da sorte

e 21 cada dia que eu nasci,

meu pai nasceu.

Me deu-me na cabeça.

Quis muito fazer esta data.

Eu sou um bocado supersticioso

com o número de chaves.

E estes números aparecem sempre.

E tenho aqui um em nenhum caso de minha mãe.

Quando é que a vida deu uma lição?

Quando eu decidi seguir esta área,

da todo,

e deixei muitas coisas para trás pendentes.

E aí aprendi que,

quando eu comece uma coisa,

como vem acabar.

Ou então,

não vale a pena começar.

Eu acho que foi essa lição que eu tive

de pensar em que quando comece

uma coisa tem que acabá-las.

Acho que deixei muita coisa

pendente de uma vida eneixada.

São experiências que também postei,

mas acho que foi essa a maior lição da minha vida.

Quão vital é o amor na tua estabilidade?

É muito importante cada vez mais.

Eu não preciso da aprovação de todos.

Eu preciso mais da aprovação

das pessoas mais próximas da minha família,

que são as pessoas com quem eu tenho amor incondicional.

E até para o meu trabalho,

eu acho que sentimos amor de volta.

As coisas todas fluem.

Acho que ter uma relação também importante

nesse sentido de não despreçar.

É, ter uma relação, uma estabilidade,

acho que ajuda.

Acho que é sempre bom.

E nesta área, principalmente,

porque damos com muitas pessoas,

temos relações amorosas nas personagens.

Às vezes não é fácil.

Não é fácil.

Portanto, passas um dia em que

está exaternbrada,

e de repente estás aos beijinhos

com uma pessoa, o dia todo,

e estás a viver momentos de derromança

e momentos de amor.

Eu acho que ter uma pessoa em casa

é sempre bom.

Claro que às vezes pode haver

aqueles momentos mais complicados,

um filme aqui, um filme ali.

Mudas o canal?

Muitas vezes.

Ou está para os olhos,

ou faça assim,

ou agarro num olhos, num olhos.

Mudo o canal.

Muitas vezes.

Qual foi a maior manifestação de amor

que tiveram para contigo?

Eu tenho que dizer que é minha mãe.

Porque a minha mãe sempre fez questão.

E eu passava a tantas vergonhas,

não imaginas.

A minha mãe, desde o meu terceiro quarto ano,

fazia anos,

combinava com os professores.

Os professores passavam mensagens aos meus amigos

e entravam-me com balões a cantar os parabéns

com um bolo e interrompiam-la durante 15 minutos,

depois ia-se embora e deixava-lo aos balões.

E eu ficava completamente encarnado,

ficava completamente cheio de vergonha,

e hoje em dia percebo que foram

as melhores demonstrações de amor

que me deram na vida.

Eu fui a minha mãe entrar no meio da escola,

no meio da sala da aula,

e eu ouvi os meus amigos com segredos,

e isso, como altos já sabiam,

então, tá, minha mãe,

5, 6, 7, 8,

que eu me recordo, acho que tenho várias,

mas esta aqui é mais importante para mim.

Gosto de conhecer métodos,

de colegas, atores.

Gosto que às vezes me tento empichar o tapete,

brinca em comigo durante a cena,

não gosto de ter vontade de rir e partir

de uma direita toda hora.

Eu cresci a acreditar que foi o homem

que matou o meu pai.

Mesmo que seas inocente,

para mim continua a ser um estranho.

O que é que tu queres conquistar?

Eu gostava muito de trabalhar em outra língua.

Tenho esse desejo, tenho essa vontade,

eu adoro trabalhar em Portugal,

eu adoro tudo em Portugal,

mas eu gostava de ser mais da zona de conforto ainda

e conseguir trabalhar fora.

É o que eu quero mesmo muito fazer.

E gostava de ter uma carreira versátil.

Não gostava de ser só o ator das novelas,

ou ator do cinema,

ou ator do teatro,

gostava de ser um ator,

que eu acho que o ator é isso.

O ator não precisa de lobis,

o ator é um ator.

É uma pessoa que conta histórias

de uma interação.

Eu não posso deixar

que mais ninguém morra

pelas palavras que eu digo.

Se não precisas de trabalhar para viver,

o que é que farias?

Estualmente iria para o campo,

para o campo perto do mar,

ali a zona de pedaços juros,

aquela zona ali,

e fazia peças de teatro em casa.

Olha cá para mim, ele deu fuitos frascos,

ficou não aguentar vocês tão lá para.

Alguém te deve um pedido de desculpas?

Talvez.

Esperas que peça?

Não.

O que é que é fazer-te mal?

Agora é a minha família,

principalmente.

E tu pedias desculpas a todas as tuas

aqui em Cris pedir?

Não.

Esperas um dia pedir?

Sim.

Se pudesse mudar tudo na tua vida,

o que é que não mudarias?

Não mudaria

as minhas viagens com a minha família.

Desde novo.

Foi a base da minha vida.

O que é que tens mais medo de perder?

Confiança

com os outros,

todos os meus amigos e da minha família.

O que é que te deixa mais furis na vida?

O jantar com

todos os meus amigos e toda a minha família

e reunir a draguesa.

O que é que lhes é?

Estas ordes?

Afafu.

Tenho muito pra aprender ainda.

Obrigado.

Muito obrigado.

Feito.

Tá feito?

É?

Pensei que era muito mais difícil.

Pensei que era muito mais difícil.

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Daniel Oliveira é o anfitrião de mais um conversa intimista no Alta Definição em podcast, esta semana com o ator Filipe Matos. Ganhou destaque na novela Nazaré, mas é em Sangue Oculto que agora brilha. Português com origens polacas, Filipe Matos revela que ser um "puto giro" de "olho azul" lhe abriu portas, até em castings e publicidades, mas que também foi posto de parte por isso. Nesta emissão do Alta Definição de dia 27 de maio, na SIC, o ator de 31 anos conta ainda as diferenças entre a família portuguesa, do pai, e a polaca, da mãe: "Tenho um lado português, um lado mais caloroso. E depois tenho um lado polaco, que é um lado mais objetivo, mais frio". Diferenças culturais que diz serem importantes na sua formação como pessoa.

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