Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer: Casos, casinhos e paredes que falam

Joana Beleza Joana Beleza 4/15/23 - Episode Page - 54m - PDF Transcript

Esta semana, Ricardo Arojo Pereira declara-se ofendido. Pedro Mexia confessa-se estúpidamente

normal e João Miguel Tavares sente que estragaram a festa, pá.

Está reunido o programa cujo nome estamos legalmente impedidos de dizer.

Olá, uma nova semana, uma nova pasta para o Renault-Etec. Desta vez a pasta da autonomia,

que segundo Emmanuel Kant, é a capacidade de agir de acordo com a própria erração

independentemente de influências externas. Para compreender melhor este conceito, recorde-se

da polémica com a nossa marinha e a missão de acompanhamento a um navio russo. Independentemente

das ordens externas, agiu de acordo com a própria erração e vontade de ficar a fazer turismo

naquele dia. O que me leva a perguntar, não seria melhor substituir as fragatas por hipotrips

e criar um trajeto que vai do museu da marinha até a base da alfeite? Turismo por turismo,

e assim o Estado ainda ganhava uns trocos. Termos autonomia é muito bonito, mas há

limites. Felizmente, no que toca autonomia relacionada com mobilidade, é tudo muito

mais simples. Pelo menos para o Renault-Megan-Etec, que conta com 470 quilómetros de autonomia

para não seguir ordens de ninguém. Outra coisa que também está cheia de autonomia

e boa disposição é o programa que se segue. Por isso, divirta-se.

Ora então Viva, sejam bem-vindos no final de uma semana em que a controvérsia em torno

da gestão da TAP levou o primeiro ministro a dizer que tirará conclusões políticas

sobre o tudo que se tem sabido no final dos trabalhos da comissão de inquérito. Vamos

falar disso como é invitável daqui a pouco, disso de elegações de assédio académico,

de recessão parlamentar ao presidente brasileiro e ainda de outros assuntos.

Esta semana, uma vez mais com dois ministros da distância, o João Miguel Tavares e o

Ricardo Raúz Pereira, o Ricardo que quer ser desta vez ministro do bolso. E o que

é que lá cabe nesse bolso, Ricardo? Pelo juto, cabe muita coisa, Carlos. Foi uma

semana de política da Algi-Veira. Falou-se muito, o bolso teve um papel central.

O bolso foi de facto um dos grandes protagonistas desta semana política.

Em termos populares, a questão é muito simples. O presidente não está nem no bolso da oposição,

nem no bolso do governo, está no bolso dele. O peste e o seu líder não estão no bolso

de ninguém, têm total independência naquilo que é sua ação política.

Quem está afinal no bolso de quem é, pergunta da semana. Depois do que viu e ouviu mesmo

aí à distância, Ricardo Raúz Pereira, parece-lhe que isto é conversa de quem está

de bolsos cheios ou com os bolsos vazios?

Que vai ser de bolsos vazios, é aquele avélho ditado em casa onde não há pão.

Mas as declarações do presidente repórdico foram proferidas no âmbito de uma intervenção

maior, em que ele disse o seguinte, não faz sentido dissolver o Parlamento, porque a

situação nacional e internacional é delicada e além disso a alternativa ainda é pior

do que o governo. E isso se tranquilizou algumas pessoas, a mim inquieta uma bocadinho, porque

ele não disse, não faz sentido meter o governo porque foi eleital humano e teve maioria

absoluta. Não, não, ele aparentemente, ele diz, eu até admitia se as circunstâncias

fossem outras. E depois, então, distraímos um pouco com esta declaração sobre o bolso

em que ele disse que não estava nem no bolso da oposição, nem no bolso do governo, estava

no seu próprio bolso. O que me parece fisicamente impossível, a não ser que seja um presidente

da República desenhado pelo Echer, talvez seja isso. E pronto, eu creio que a perantista

política portuguesa precisa de um carteirista, acho que é o que eu proponho. Proponho que

todos os altos dignitários, presidentes, primeiros ministros, líderes da oposição vão todos

para o elétrico número 28 e, no fim, o carteirista mostra-nos o que é que cada um de eles tem

no bolso. Pode ser uma solução, de facto. Parece-lhe

Pedro Mexia que os mais recentes desenvolvimentos políticos aumentaram a possibilidade, mesmo

havendo uma maioria absoluta, da atual legislatura não chegar ao fim?

Sim, tem havido vários episódios nesta legislatura, em que a velha frase do conceito de regular

funcionamento das instituições depois tem causa, isso parece-me evidente, casos de

desnorte, de controle ou de desleixo, ou de sobrenceria, atrapalhadas, etc.

Agora, há aqui três coisas. Em primeiro lugar, o governo tem apoio maioritário na Assembleia

da República e...

Elegitimação recente. Elegitimação recente, as duas coisas.

Em segundo lugar, do ponto de vista, digamos assim, opinativo, porque é uma opinião e,

portanto, é discutível, não é claro que a oposição seja alternativa, mas mais do

que isso, não é claro que a oposição convocada às eleições ganha as eleições e, portanto,

essa incógnita faz com que uma dissolução seja praticamente impossível nesta ou em

qualquer circunstância. Nós nunca aconteceu em Portugal e isso seria trágico, uma dissolução

seguida de uma desautorização do eleitorado em relação à dissolução, mesmo esta maioria

absoluta do Partido Socialista recente, não foi bem isso que aconteceu. E, portanto, acho

que havia razões para a legislatura não chegar até o fim, acho que há algumas razões

para isso e isso vai acontecer, a não ser que isto se multiplique por 10, ou que haja

qualquer coisa, aliás, já há alguns sinais interessantes em relação ao que nós ouvimos

já agora sobre um reposicionamento do PSD. Interessante, em relação ao político da

Uniaça.

Luis Montenegro diz numa entrevista esta sexta-feira que não haverá racistas, né, escenófos...

Eu acho que isso é uma declaração clarificadora. Para mim, como eleitor, é super clarificadora,

mas o meu voto é só um e não conta, quer dizer, conta tanto como os outros. Mas, apesar

de tudo isso, é um passo à frente. Não sei se o Luis Montenegro miraculosamente se

lembrou da maré da decisão, mas enfim, a verdade é que o fez e, portanto, isso pode

ser um contributo para que os portugueses vejam uma solução e uma solução que, neste

momento, não tem para nos pandar em termos de números, sabemos, mas que pode vir a

ter. O PSD já esteve mais longe do PS, ele já esteve amatado com o PS em sondagens recentes

e vamos ver como é que isto evolui.

Quem é que, no seu entender, João Miguel Tavares estará no bolso de quem, no atual

cenário político, neste triângulo presidente, governa a oposição?

Ok, eu sou um bocadinho lá para se falar o diâmetro, porque, verdadeiramente, não

me parece que alguém tivesse acusado Montenegro de estar num bolso de ninguém e depois ele

sai-se com aquelas declarações. Assim, mal comparado, eu acho que era um bocadinho

como o Ricardo Agus parara estar a jantar em família enquanto viu um jogo do bem-fica

e, de repente, a sua mulher dizia, Ricardo, eu quero que tenhas a certeza absoluta que

eu nunca te traí com ninguém. E o Ricardo, a primeira coisa que eu dissei, é lá e parece-me

que foi um bocadinho este e é lá, é verdade, é aquilo só lá para se falar diário, eu

acho que-

Eu não personalizado este exemplo, caramba.

Por que?

Por que?

Não personalizado este exemplo.

Não personalizado este exemplo.

Não gostaste, Ricardo?

Não gostaste?

Não gostaste?

Não gostaste?

Não gostaste?

Não gostaste?

Não gostaste?

Não gostaste?

Mas tem mesmo a certeza que é Montenegro. Eu acho que Montenegro estava a pensar que

está se sentindo dentro de um bolso, ou seja, mais do que Montenegro aparecer como um homem

que dizia, eu não estou dentro do bolso ninguém, eu acho que os portugueses o imaginam, é

dentro do bolso de alguém. E, portanto, eu acho que esse relato provavelmente tem sido

uma constante.

Já agora, desiludiram-nos estas declarações de Luís Montenegro esta sexta-feira, deixando

entender que não fará qualquer tipo de sedência ao chega?

Sente que se tu reparás bem, ele ainda assim não foi.

Nas declarações que nós vimos, até agora ele não conseguiu ainda verbalizar a palavra

que é, nós não falaremos de maneira absoluta, de forma alguma, um acordo com o chega. Ele

ainda se refugiou nas histórias dos não-a-não-vará políticos, nem políticas novas, racistas,

populistas, e, portanto, ele não verbalizou ainda. Ele ainda não disse, lá está, que

jamais, em tempo algum, fará qualquer acordo ou qualquer negociação com o chega, com

outra aventura. E, portanto, a mim o que me parece, e essa tem sido um dos grandes problemas

de Luís Montenegro, é que ela é, sobretudo, uma pessoa muito calculista. E eu acho que

tenho muitas dúvidas que aquilo que nós precisemos, seja em 2026 ou antes de 2026, seja de mais

um político e calculista, porque isso abunda, por aí, abunda. Aquilo que eu sinto que me

falta e que falta aos portugueses, é político que acredita em alguma coisa. E, sim, falta.

Quando chegamos ao Ricardo Araújo Pereira, a pasta de ministro do Bolso, o Pedro Mexia

quer ser desta vez ministro da estupidez normal e não será pernicioso normalizar

a estupidez. É bastante, é bastante, mas eu ouvi este

caso da reunião preparatória de uma, de uma audição parlamentar em que um dos deputados

está, tanto na primeira reunião como na segunda, é um caso bastante problemático.

E pelo que percebi, quero falar da divergência de opiniões na área do PS em reação a essa

já famosa reunião em que esteve a ciência da TAPO, que depois foi inquirida no dia seguinte.

Como é que eu entendo o desacerto de pontos de vista entre os socialistas?

Eu debo dizer que tomei tantas notas a ler os jornais desta semana, em que entretanto

já me perdi. O que é que lhe disse o que? Porque eu fui anotando tudo que várias pessoas

da área do PS disseram sobre aquela reunião. E disseram que era um erro, que era andar

malíssimo, que não devia ser assim, que era uma estupidez, que era escusável. Qual

delas? É o mesmo partido. Qual delas? Qual delas é que foi? Não pode ser as duas,

não pode ser estúpido e normal ao mesmo tempo. Não é nada que seja estúpido e normal.

Quer dizer, na adolescência há algumas coisas. Mas fora disso, mas fora disso não.

E portanto eu fico, fico, nós sabemos que há muitas pessoas que têm lido, já vão

falar disso certamente a todos estes acontecimentos no contexto das disputas internas do PS.

Mas eu já nem falo disso porque isso, embora eu seja muito pernicioso neste momento, é

digamos assim normal. O que não é normal é que perante um assunto grave, cada membro

do governo ou responsável político ou membro do PS, diga a sua coisa porque este não

é um casinho. Eu acho que há vários casinhos, vamos falar lá alguns. Este é um caso sério

em que continuamos a não saber quem é que convocou as reuniões, continuamos a não

saber uma série de coisas. Mas a gravidade é a reunião em si ou é o

facto de ter havido afirmações divergentes sobre, por exemplo, quem convocou?

Para mim, o facto de um deputado que está na reunião 1, estar na audição 2, ou neste

caso na audição 1, é grave em si. É objetivamente grave. Pode dizer, ah, mas não preparamos,

não foi para preparar a testemunha. É objetivamente grave, não pode ser ainda. Por cima agora

o deputado saiu da comissão por razões. Por outra razão. Por outra razão. Por causa

de uma história que veio ao lume, no Corrê da Manhã e que tem a ver com uma dívida.

Agora, convém que o PS se entenda sobre o que, e há algumas das pessoas, no meu elemento

o presidente da Assembleia da República, tem responsabilidades, sobre o que é uma

prática normal, sobre o que é aceitável, ou então sobre o António Costa fez uma

das coisas que ele faz que realmente é extraordinário o que é. Se eu tivesse sabido, e se ainda

é sobre o... Sim, isso é outro dossiê.

Mas é a mesma lógica. Se eu tivesse sabido, o Corrê com esse senhor. Portanto, as responsabilidades

são evocadas no hipotético, ou no passado, ou no já ultrapassado, ou não há sequer

uma unanimidade na teoria do próprio partido, sobre como não houve sobre, e vamos falar

disso, sobre as questões familiares, os family gates, também houve pessoas diferentes a

dizer coisas diferentes, e é um pouco, é um pouco cansativo que um partido não tenha

uma doutrina... Não é saudável manifestação de pluralismo?

Não, porque não é um pouco... Quer dizer, pluralismo sim, ter opiniões diferentes, mas

não pode ter interpretações diferentes sobre o que é que é o modo certo de escrutinar

com imparcialidade, por exemplo, isso parece meio evidente.

Está, João Miguel Tavares, entre aqueles que leem, aquilo que se está a passar como

uma guerra de fações dentro do Partido Socialista, ou vê outras razões?

Não, em relação à TAP, acho que há claramente uma luta de fações. Acho que isso não explica

tudo, mas explica muita coisa, na maneira como o Pedro Nunes Santos e o Ministério

das Infraestruturas, e o famoso secretário do Estado, se movimentaram em todo este processo,

não é? A necessidade de controle de informação, a necessidade de dizer a si ou da TAP que todas

as comunicações da Senhora passam por nós, não se atreva sequer a reunir com o Ministério

das Finanças.

A parte que não está lá, essa parte que não se atreva a... Aquilo que eu entendi e

também há divergência em relação a isso, é que as relações da TAP com outros ministérios,

mas não necessariamente com o Ministério das Finanças, que era um Ministério da Totela

da TAP. Mas que tu interpreta, as que ela podia falar com todos os ministérios, o único

que não podia falar com as finanças, mas não com os outros todos? Eu não interpretei

isso dessa maneira.

Eu vi essa interpretação e essa interpretação, parece-me fazer sentido, porque há outros

ministérios, e portanto aquilo foi no âmbito de uma interação com o Ministério da Segurança

da TAP, que terá surgido essa e-mail.

Não, mas eu acho que aquele e-mail quer dizer que tudo passa por nós. Aliás, neste

momento, se tu reparás bem, Fernandina também quer que seja essa a interpretação. E João

Leão, porque o grande argumento para a Medina continuar no Governo, é que ele não sabia

nada do que se passou com aquela immunização com o São da Reis. E portanto o Ministério

das Finanças dá-lhe jeito, neste caso, de se fazer passar por morto. E aparentemente

era esse o tipo de relação que existia. E isto não tem a ver só com a ciência da

TAP, não, esta semana. Ouvimos Manuel Beja, não é? E Manuel Beja queixava-se da mesma

coisa. E, aliás, queixava-se de falta de comunicação, em todo o lado, não conseguir

reunir com as finanças, de não ter as respostas em devido tempo de Pedro Nunes Santos. E isto

só se explica por um Governo que eu acho que está desarticulado e em que todos estão

a vigiar uns aos outros. Que é uma coisa que acontece quando o Partido Socialista tem

este tipo de poder há tanto tempo. Isso é comum. Aconteceu também no tempo das maioria

escavaquistas. Ou aconteceu no tempo do Estado Novo, que são partidos que têm tanto poder,

que a maneira de se entreteirem é começarem a explotar facas nas costas uns dos outros.

E ver esta controvérsia, Ricardo Araujo Pereira, como um caso ou como um casinho. Nomeadamente,

esta estamos a falar daquela que diz respeito à reunião em que a ciência esteve e que

está a levantar, se lê uma TAP, por causa de não se saber ainda com exatidão quem

é que convocou e como. Exato. Sim, o Carlos vai variando. Eu acho,

quando as quartas e sextas, quando reuniões deste tipo são normais, eu acho um casinho.

As terças, quintas e sábados, quando destas reuniões são um claríssimo erro, já acho

que é um caso. Ao domingo eu descanso, porque depois fica isausto, não é, de andar a mudar

de opinião. Mas para desempatar esta diferença de opiniões entre pessoas do PES em que uns

acham normalíssimo e outros acham claro erro, o presidente da República pronunciou-se exatamente

naquele momento, naquelas declarações que vimos há pouco, e o presidente fez declarações

à imprensa, a dizer que também acha isto um bocadinho esquisito. Portanto, eu creio

que só é um remédio que é convocar o presidente da República também para estas reuniões

prévias para o preparar para as declarações que ele depois fará à imprensa. Acho que

é melhor assim. Posso fazer isso para toda a gente?

Mais confortura para a preparação das reuniões futuras. Sim, pode ser uma solução. O Pedro

Mexia fica então ministro da estupidez natural, e é a vez do João Miguel Tavares se tornar

ministro da coordenação, para coordenar o que é exatamente o João Miguel Tavares?

Sobretudo para sublinhar que coordenar é uma coisa dirigida a outra. São duas coisas

muito diferentes, e é para explicar esta diferença semântica.

E se é ironia ou está mesmo a dizer aquilo que disse? Ou seja, vê mesmo uma diferença

semântica entre uma coisa e outra, coordenar e dirigir.

Não, não vejo nenhuma, era mesmo ironia.

Ah, era ironia, pronto. Bem me parecia. Quero falar de uma controvérsia em torno de Laura

Abreu Cravo, casada com o ministro João Galamba, uma jurista que está a exercer funções

de coordenação, que está num departamento do Ministério das Finanças. Esta é uma

informação que não saiu no Diário da República, e foi isso que desencadeou a polémica esta

semana, não saiu no Diário da República, nem tinha nada de sair, garante o ministro

Fernando Medina.

A doutora Laura Cravo não foi nomeada pelo Governo, não foi pré-nomeada pelo Governo,

não tem nenhuma nomeação à espera de nenhum cargo que depende de nenhum membro do Governo.

E por isso, argumentou o Ministro das Finanças, não havia razão nenhuma para publicar o

que quer que fosse no Diário da República.

Onde é que está aqui o caso, João Miguel Tavares?

Então, o caso está por... que a estrepulação deste raciocínio de Fernando Medina, que é

um raciocínio que me parece absolutamente extraordinário, significa que se acaba com

o Diário da República, porque é se basta acabar com os diretores e substituí-los

por coordenadores, que deixem de ser preciso colocar essa chatice de nomear quem quer que

seja o diário da República, porque eles dizem, mas esta senhora está a dirigir este departamento,

ela devia ser diretor?

Não, não, ela é apenas uma coordenadora, ela não está a dirigir.

Ok, então e o diretor, quando é que chega?

Isso não interessa, fica lá o coordenadora, porque também não há nenhum limite temporal

para o coordenador passar a diretor.

Eu não consigo perceber minimamente este raciocínio, não ser por aquelas doses que

avala este som cis, a que Fernando Medina nos tem habituado.

E eu acho isto absolutamente...

Nós já devemos começar a ter um daqueles carinhos do, este é um caso, tu aliás já

perguntaste isto, este é um casão, este é um casinho, vamos ver, dentro de tudo aquilo

que está acontecendo no governo, este é de facto um casinho, não é certamente a coisa

mais grave, e mais do que isso, é perfeitamente possível que esta senhora, doutora.

Laura Crave, estou a chamá-la doutora, porque foi assim que Fernando Medina disse que nós

tínhamos que lhe chamar para respeitar devidamente.

A doutora Laura Crave pode ser uma pessoa super competente, não é isso que está em

causa, o que está em causa, e que eu quis trazer isto para aqui, são as explicações

de Medina.

As explicações de Medina é que são totalmente inaceitáveis, totalmente inaceitáveis, não

consigo perceber isto, não consigo perceber isto.

Ela própria, a própria Laura Crave, no seu LinkedIn, considera que é head doutal departamento.

E vem Medina dizer com uma lata descomunal de, é a primeira vez, é a primeira vez que

uma pessoa, que é um político, está a ser acusado de nomear alguém, quando não nomeou.

E eu pergunto, mas espera, mas esta pessoa não está num departamento estratégico na

direção de finanças, está, e ela não está a mandar nas pessoas que lá estão, está,

e depois eu vejo, sim, mas atenção, ela não é diretora, as diretoras, sim senhor,

se ela fosse diretora, tinha que ser nomeada, mas afinal ela só está a coordenar ali dentro

de um regime de mobilidade, que é comum a todas as pessoas.

E o partido de Seulista tem sido os e visar nisto.

Muitas vezes quando não usa esta figura, que é nova para mim, eu não conheci esta

estratégia da coordenação, usa a estratégia também da substituição, não é que é para

outra passar as regras da Cresap, meta alguém regime de substituição, quando ela já lá

está ao fim do ano, já o leva a concurso, porque então já tem experiência no cargo,

e assim fica entre os três primeiros, e portanto o governo pode escolhê-lo, e esta estratégia

parece-se uma coisa completamente inacreditável, e que faz parte daquele ambiente tristemente

de boi, de girl, indo por cima, quem conhece?

Qual é o móvel do crime, então, entre aspas, crime?

O móvel do crime da senhora não é nenhum, não é, agora o móvel do crime de Medina.

Ou da não inclusão no diário da república, o São Indender?

É uma das duas, é uma das duas, das duas uma, ela não vai para lá, ou se vai tem

que ser nomeada.

Mas o móvel da questão, aquilo que motiva o facto de não ter imposto, porque aí um

implícito, não é, e eu queria torná-lo explícito, ia vê-lo explícito.

Estás a falar da questão do diário da república, não é?

Ou seja, todas as pessoas olham para isto e o que é que penso, evitou-se que ela fosse

nomeada em diário da república, para o seu nome não vir facilmente a público, porque

as jornalistas todos os dias vão olhar para quais são as nomeações, poderiam curar

o risco de olhar para o nome daquela senhora, e lá se dizia, mais a esposa, Joan Galamba,

estamos a falar evidentemente da esposa, lá está mais uma vez, a mulher de um político

que foi nomeada, puro, neste caso, o Ministro das Finanças, e evidentemente que essa interpretação

é perfeitamente legítima, é perfeitamente legítima, e depois as pessoas perguntam,

mas uma pessoa deve ser penalizada por ser mulher ou marido de um governante.

A expressão não é penalizada, mas é evidente que essas pessoas têm determinados tipos

de direitos limitados, é evidente que é limitada na sua vida, mas quer dizer, há um setor

público, há um setor privado gigantesco, e há até um setor público que não está

diretamente dependente daquilo que é o governo, agora um departamento dos Ministérios das

Finanças, claro que está, e portanto não se pode viver no melhor dos dois mundos, que

as pessoas acharem que querem ter a sua independência à prova de baula, e depois arriscarem este

tipo de movimento.

Também suspeita de algum ilícito nesta situação, Petra Mexia.

Não, eu concordo, que se trata de um casinho, quer dizer, aliás, alguns juristas pronunciaram

sobre isto, deve ou não constar no Diário da República, porque é que não consta, isso

é uma pergunta legítima, faz parte do escrutínio, nas semanas em que nós tínhamos acompanhado

casos abracadabrantes, não parece que isto seja um caso, o que parece que seja um caso

é, de facto, a intervenção do ministro pelas coisas que o João Miguel já disse,

e que eu acrescento, talvez uma, que é a semântica, a sonsice e o sofisma, a semântica

por causa do coordenário dirigir, porque parece simplesmente não querer responder

ao que está em causa, e não vejo na necessidade disso, a sonsice, porque evidentemente que

este governo, ou melhor, os governos de António Costa várias vezes enfrentaram questões

ligadas a familiares de dirigentes e de titulares de cargos públicos, e portanto, essa questão

não é uma teoria geral sobre se pode ou não estar, eu sou bastante, acho que não

há nenhuma diminuição da possibilidade das pessoas a dar em parte.

Então não concorda com o João Miguel Tavares quando ele disse que tem os direitos limitados

a expor os seus ministros?

Não concordo, não concordo, não concordo.

O João Miguel Tavares acha que o Kennedy não devia nomear o irmão para District

Attorney porque era irmão dele, mas District, não, Attorney General, portanto, não acho

isso, mas acho que as questões familiares têm sido uma questão política e uma polêmica

neste governo, incluindo condivergências dentro do governo sobre a conduta, entre

seu lugar, a expressão, quando ele diz, é uma pessoa que é conjunturalmente casada

com o João Guilherme, todos nós somos, ele não é conjunturalmente nisto, e a vida

é conjuntural.

E nós estamos conjunturalmente vivos, não é, quer dizer, tudo é, a palavra conjuntural

não tem nenhum interesse, a razão pela qual isto foi assunto foi por causa dessa questão

familiar, é óbvio que isso, e por causa de uma especial vontade de escrutinar e às

vezes embirrar com o João Guilherme, isso é evidente, não há dúvida nenhuma, que

foi isso que aconteceu.

Agora, a palavra conjunturalmente, e todas as outras que ela utilizou, tornaram aquilo

que para mim não é um caso relevante, num assunto que é necessário mais um que o

PS não sabe, porque há um lado de desconforto ainda há explicações, que eu não consigo

perceber, vamos fazer 50 anos, quase democracia, porque é que os políticos sentem desconforto

a dar explicações, há explicações de casos, não estou a falar dos dados à embaixada

da Rússia, e percebo desconforto, isso é um caso que não parece que seja muito difícil

de explicar, porque esta intervenção...

Como é que vê este caso, o Ricardo Araújo Pereira, aí há distância?

Por causa, eu queria pronunciarmos sobre este caso, mas não trouxe o microscópio, Carlos,

eu acho este, e sinceramente, eu este acho insignificante, eu admiro, atenção, admiro

e o fulgur, a vimência de João Miguel Tavares falar do caso, não tem nada contra isso,

só que eu tenho um sotoco muito limitado de indignação, depois não me sobra pouco

interesse, eu acho que é preciso ir ao VAR, eu não sei, o Diário da República não

noticiou, por isso isto é secreto, mas ela pôs nas suas redes, por isso afinal não

é tão secreto, eu vou ter que estar à espera dos técnicos da cidade do futebol, sinceramente

neste caso acho que vou abordar.

O João Miguel Tavares fica, sim, ministro da Coordinação, estão entregues as pastas

ministrais por esta semana, a altura, para sabermos por que é que o Pedro Mechia diz

sentir-se teoricamente enquadrado, mas o que está em causa nas acusações ao sociólogo

Boa Ventura de Souza Santos, vai muito para além do enquadramento teórico, suponho.

É muito para além, e eu, mais uma vez, como aliás, é meu hábito, vou falar de explicações

mais do que de facto.

O quadro teórico, porque foi esse enquadramento para este segmento, é referido explicitamente

por uma expressão de Boa Ventura de Souza Santos, na resposta às acusações implícitas

contra ele, num artigo de uma revista científica, o caso já abriu até os jornais, abriu-se

aqui uma caixa de pandora?

Já lavou a caixa de pandora, veja-me só duas coisas, que é aquilo que é mais importante,

que é aquilo que me custa sempre dizer a uma coisa, e não vou dizer nada sobre ela,

isto é, Boa Ventura de Souza Santos é inocente e ocupado, não faça ideia, número um.

Segunda coisa, que me parece muito a Pávoa Lóviana e Infantil, que é as pessoas, a

direita, sobretudo, que estão encantadas por ser Boa Ventura de Souza Santos o acusado.

Também é uma coisa palermo, nós podemos ser, como eu sou certamente, feroz adversário

das ideias políticas de Boa Ventura de Souza Santos, sem se ferir de chá de ande-froid,

de regoziz, de alegria com as desgraças alheias, e portanto espero que seja investigado

essas coisas todas, que se dizem e que se dizem bem.

Agora, outro problema que é as explicações e que é o quadro teórico, o professor Boa

Ventura de Souza Santos diz que o texto que saiu no livro da Rattledge tem um quadro teórico

sólido, mas que a informação empírica não é comprovável, isto parece uma descrição

de boa parte da sociologia, incluindo a praticada no centro de estudos sociais.

Isto é, as acusadoras produzem muito boa teoria, um bom discurso, só que não é verdade.

Bom, não sabemos se é verdade ou não, acho muito bem que se ouça com atenção todas

neste caso as queixosas, e acho muito bem que os acusados tenham todos os direitos de

defesa, isto é uma velha resposta, mas é a única resposta boa para mim, e entretanto

entramos em parafuso, a culpa é do neoliberalismo, as acusadoras são racistas, por causa do

assistente de Boa Ventura de Souza Santos, que também foi acusado, entramos de facto

num delirio teórico, e entramos num delirio teórico ao ponto de Boa Ventura de Souza

Santos ter dito duas coisas, primeiro, que é alvo de cancelamento, eu ia jurar que

o Boa Ventura de Souza Santos é o guru das pessoas que todas as semanas nos dizem que

não há cancelamentos, que os cancelamentos são uma invenção, e jurar, e segundo lugar,

ele diz que tipo de ciência é esta que permite enchovalhar e lançar lama, eu também seria

capaz de jurar que há muita desta ciência que enchovalha e lança lama cotidianamente,

e portanto, enquanto eu sou completamente pela presunção da inocência, não tenho

informação, nem dos grafites sabia, não sabia nada, não couvi rumores, não sei de

nada, acho que as pessoas devem falar, devem ser ouvidas, não sou pelo acredito ainda

as pessoas porque não gostaram de acreditar ou não, ou é verdade ou não, e para ser

verdade, tem que ser porar, acho que o Boa Ventura de Souza Santos também tem direito

a achar que se for difamado processar as atores da acrução não tem nada nessa matéria,

mas por que produzir teoria manhosa e absolutamente ao lado nesta altura?

A culpa é do neoliberalismo, é sério, é sério, com todas estas pessoas a dizerem

que quiseram ir por acés, por razões de militância política, de progresismo, de

anti, isto e aquilo, foi mesmo o neoliberalismo que foi culpado disto.

Depois do artigo e das denúncias de três académicas que passaram pelo Centro dos

Tores Sociais já aviaram entretanto a público mais duas mulheres acusadas, acusando claramente

Boa Ventura de Souza Santos, uma delas é uma ativista argentina que passou por Coimbra

e cuja história está contada por ela própria num vídeo do YouTube já com algum tempo.

O caso terá acontecido em 2010 e a protagonista, ativista argentina Moira Milhán, explica

por que na altura não denunciou o caso.

Denunciar o Guru Boa Ventura podia passar por alinhar no jogo da direita, diz também

esta ativista que disteer sido acediada sexualmente por Boa Ventura de Souza Santos, aceita Ricardo

Rausperer a forma como o sociólogo se defende dizendo que é tudo falso e dizendo que o

neoliberalismo está a roubar a alma da solidariedade e da coesão social e a criar subjetividades

que analisam os seus ressentimentos para acusações de quem não sabe não poder ver contraditório

eficaz, de quem sabe não poder ver contraditório eficaz.

Também viu o neoliberalismo na denúncia daquela ativista argentina que os testemunhos

acabamos de ver e que está no YouTube?

Eu acho que é um observador desapaixonado, sempre o juízo do neoliberalismo e do racismo

serem muito nocivos.

Creio que um observador desapaixonado tem dificuldade em detectar a culpa de ambos neste

caso concreto.

Por exemplo, essa mesma ideia de não denunciar porque isso seria entendido como fazer o jogo

da direita é uma das semelhanças, e este caso tem várias, com os casos de polofilinha

na igreja.

Porque também no caso da polofilinha na igreja, havia pessoas que nos diziam que estavam desconfortáveis

com as denúncias na medida em que elas iam prejudicar a igreja e por essa via nosso Senhor

Jesus Cristo.

E, portanto, em este tipo de casos, há sempre aquela ideia de, isso acontece muitas vezes

a gente vê, não é?

A gente é uma pessoa que antipatiza com o acusado e decide que ele é culpado, antipatiza

com a vítima e decide que o acusado é inocente.

Ou seja, com os dois ponderem e pensarem antipatizos ainda mais com este do que o acusado, e por

isso é essa a razão.

Ora, eu felizmente não tenho que decidir nada, eu só observo, eu estou nessa prisão

confortável, que é observar as atuações e a defesa, como aliás fiz no caso da polofilinha

na igreja no fundo, que tem várias, além da que eu já referi, tem outras semelhanças,

com este caso designadamente por os alegados abusos, que parem na minha linguagem, os

alegados abusos virem de onde menos se espera, no sentido em que se trata de um ambiente

em que as alegadas vítimas deviam estar em alegada segurança, visto os alegados abusadores

serem alegados campeões da moral.

No entanto, num caso como no outro, as alegadas vítimas ficam, acho eu, perplexas com o

facto de que eles serem os alegados abusadores.

E depois também observo a defesa, não é?

É a ideia do neoliberalismo e do racismo serem aqui culpados, eu acho que difícil

dizer, nós, lá está, como eu dizia, um observador apaixonado, o que é que vê?

Vê que nas acusações preliminares, aquelas que foram feitas em grafite e na parede da

universidade Coimbra, dessas talvez ainda se possa dizer que foram feitas por mão invisível.

Agora, viver neoliberalismo, depois, nos três primeiros testemunhos já é mais difícil,

no quarto também, no quinto ainda menos, acho eu, e portanto eu não queria terminar

esta sem dizer o seguinte, reparem do seguinte, no público esta semana, vou citar uma notícia

que vi no público esta semana que diz o seguinte, o CES, o Centro de Estudos Sociais

em Coimbra, vai nomear uma comissão independente para investigar alugações da sério sexual

e moral na instituição, e bem que parece.

Há 15 dias, no JN, vinha a seguinte notícia, a nova Medical School criou uma comissão

da avaliação para analisar o caso do professor Miguel Ceabra que escreveu no verso de um

cartaz o homem branco que está em vez de extinção na ciência, e portanto, ou seja,

querimos e garatujar uma piada no verso de um cartaz o mesmo remédio, como se fossem

coisas de igual importância, querimos e uma piada, espero que agora se perceba o ridículo

da criação de uma comissão para analisar, sinceramente, vão brincar com outro brinquedo

porque isto, sinceramente, eu acho uma coisa, espero ver, espero sinceramente que se perceba

agora, a luz deste caso, o ridículo de criar comissões para investigar piadas.

Será isto, João Miguel Tavares, este caso, o movimento MITU a chegar a Portugal, embora

com um certo atraso já?

Ó Carlos, eu não tenho grande memória, mas tenho a sensação que tu já me fizeste essa

pergunta ao membros do nosso painel várias vezes ao longo dos últimos anos.

É porque o movimento MITU está sempre a arrancar, arranca, arranca, mas nunca arranca.

Ele tem, não é?

Parece, porque não é a primeira vez que nós ouvimos casos relacionados com este e

não só na academia, e portanto, isto é, dá-me ideia que o MITU é como o desenvolvimento

em Portugal, é prometido há muitos anos, mas depois nunca acontece.

E eu, francamente, gostava que começasse a acontecer, porque o problema destes chamados

de abusos sexuais, sobretudo quando estão envolvidas instituições, e sejam essas instituições

a igreja católica, ou uma universidade, ou até, sei lá, uma televisão, têm a ver

com poder, ou seja, o abuso sexual está relacionado com o abuso do poder.

E portanto, quando o Pedro diz que às vezes tem dificuldade em perceber esta espécie

de Chaden Freud, nomeadamente da direita, em relação a...

Não tem dificuldade em perceber, tem dificuldade em acompanhar.

Ou tem dificuldade em acompanhar, mas, na verdade, ela é fácil de perceber por que

é que acontece.

É porque Boa Ventura, Sousa Santos, não é apenas uma pessoa que tem opiniões de esquerda.

Ele é, como aliás, aquela ativista disse bem, um guru.

E é esse lado de guru que o torna para a direita irritante, e depois, dentro de um determinado

contexto, é preciso ter-se particular cuidado com os gurus, todos os gurus, ainda por cima

a uma longa tradição de gurus pelo mundo fora, desde lá, até com dimensões religiosas,

em que, de repente, aquele senhor santo vai saber, as histórias embarradam por aí fora,

e o senhor vai saber e os seus comportamentos sexuais são altamente duvidados.

E o problema dos gurus é isso, é que muitas vezes convidam ao silêncio, primeiro convidam

a uma espécie de lado deslumbrado, e depois convidam ao silêncio das vítimas, e estas

coisas são todas muito difíceis de provar.

Quando o Pedro diz que, parece que a verdade, tem que se apurar, na verdade, o problema

dos abusos é que isso nem isso é uma solução fácil, porque este desgaste com ele é tribunal.

Acho que não há maneira de discordar-se dessa minha frase, meu amigão.

Acho que não há maneira de discordar-se dessa minha frase.

Em tribunal, não há maneira de discordar-se dessa tua frase.

Mas em tribunal, estas pessoas, fora do tribunal, é o que faz com a mesa, vão ser

a pessoa ouvidas.

É como na questão dos abusos sexuais, a maior parte dos padres, das coisas que sabem, já

prescreveram, foram há muito tempo e as pessoas também vão ser a pessoa ouvidas.

Portanto, a questão do mito é, será que estas coisas se devem saber, apesar de em

tribunal, provavelmente as provas não serem sustentáveis para aquilo que é uma condonação

de sucesso?

Claro que sim.

Sim, quer dizer, eu ou até as pessoas estão dignas de debate, mas a minha tendência é,

sim, estas coisas devem se saber, ainda que o Ministério Público e a Justiça nunca

consigam apurar para além de qualquer dúvida razoável, que aquilo realmente aconteceu.

O que é que nos convence que talvez tenha acontecido?

É o número.

É o número de pessoas.

Porque se vem uma, é a palavra contra a palavra, são duas, são três, são cinco,

se depois já é uma tendência, se depois já é uma série de pessoas que há volta

delas já ouviram o que aquilo se passava, evidentemente aí temos um problema grave,

e portanto, sim, acho que temos um problema grave, e já estão a fazer comissões, façam

então comissões independentes, como realmente aí a Igreja conseguiu fazer, e levem estas

coisas a sério, porque os gurus académicos, eu não sei se é só o Boa Aventura Sosa Santos,

já vimos coisas parecidas na Faculdade de Direito de Lisboa, e se calhar há por aí

por outras faculdades, porque este é aquele concubinato entre o Sr. Professor de Doutor,

o aluno ou a aluna deslumbrada, e as festas onde eles se entretem, muito, divertirem-se

uns com os outros, evidentemente criam uma série de zonas cinzentas que nunca serão resolvidas

porque desde o início da humanidade que não têm resolução, mas agora que existe uma

sociedade mais desperta para isto, aí sim, abram os olhos, e portanto, escrevam menos

livros ridículos, escrevam menos livros ridículos, muito preocupados com este tipo de coisas,

e hajam, quer sempre o que nós estamos aqui a dizer, substituam as palavras por ações,

e sobretudo, não confundam ciência com ativismo, porque é a outra coisa que se dá aqui em

cima, porque não é isto de fazer, é outra coisa fica para depois, está bem, fica para

uma próxima oportunidade, porque provavelmente vamos voltar ao tema, e portanto, não sei

quanto tempo é que vai, entusiasmo, muito, muito, muito, fica esclarecido porque é

que o Pedro Mechia se declara teoricamente enquadrada, agora o Ricardo Araújo Pereira

disse sentir-se ofendido, e alguém vai ser condenado por isso, Ricardo?

Parece que sim, Carlos, parece que vai, quer falar da condenação do ex-presidente da

Câmara do Cartaz, por ter usado numa reunião da Câmara em 2020, a expressão, os nazis

do Chega, vai ter de pagar por isso o ex-presidente da Câmara do Cartaz, tem 200 euros, como

é que vê esta punição judicial assim, em duas frases?

Sim, acho que não são só 1.200 euros, acho que são duas, tem duas parcelas, em uma

versão, mas eu acho que é mais um meio disso, não é o nazis do Chega, é mais uma manifestação,

acho que é o fenômeno de liberdade de expressão para mim e para os meus amigos, mas não para

isso aqui, ou seja, o Chega reclama o direito, é uma linguagem relativamente desbaragada

e eu acho que eles têm esse direito, a questão é a seguinte, os outros discretamente podem

ter, é relação à Chega, a expressão, os neo nazis do Chega é ofensiva, eu espero

que sim, e é bom sinal que as pessoas só ofendam quando eles chamam neo nazis, o problema

é o do costume, o que é o ofensivo deve ser proibido, será um bom critério esse, não

parece, ou seja, além disso, não há uma latitude diferente no debate político, num

debate numa Câmara Municipal, não há uma latitude diferente, mas quanto é que se está

a abusar dessa latitude, na verdade? Reparem, agora deixe-me citar uma notícia da sábado

de janeiro de 2020, eis membros de grupos neo nazis são dirigentes do Chega, há membros

dos órgãos sociais do Chega que estiveram partidos de extremo a direito e movimentos

neo nazis e até estão a chegar centenas de militantes de extremo a direito, a questão

é, se o debate político começa a ser serciado desta forma, eu tenho alguns receios sobre

a vivacidade da nossa democracia daqui para frente.

Sabemos assim por que o Ricardo Arojo Pereira se declara ofendido, agora vamos tentar rapidíssimamente

perceber por que é que o João Miguel Tavares disse sentir que estragaram a festa para o

que que há de errado no seu entender na festa e na recessão do Parlamento Português

ao presidente do maior país de língua oficial portuguesa, João Miguel Tavares.

Olha Ricardo, isto é mais uma variação do fumou mas não inalou, nós de certa maneira

a história da coordenadora que afinal não dirigia também é um fumou mas não inalou,

e aqui o Lula da Silva no 25 de Abril também é um fumou mas não inalou, porque depois

toda a polémica, a assembleia da república decidem, não, este senhor vai realmente falar

no dia 25 de Abril, mas não vai falar na São Solene, a São Solene é às 11h30 e ele

se fala às 10h da manhã, ora, e agora perguntas de muito tempo certo, então, mas a que horas

é que costuma ser a São Solene do 25 de Abril, e já agora, o ano passado, a que horas

é que começou a São Solene do 25 de Abril, e eu vou te dizer, começou às 10h da manhã,

começou às 10h da manhã, portanto Lula da Silva, bem em Portugal, inicia a ação

à mesma hora do que no ano passado, mas não nos chamam de São Solene, e a seguir

é que vem a São Solene, portanto ele, basicamente, vem estragar o almoço a todas as pessoas,

espero que todas tomam um bom pequeno almoço, porque, pelos vistos, elas vão amassar as

três da tarde, e ao mesmo tempo, o nome que o técnico se dá a isto é uma panhaçada,

eles, as pessoas, o PS tem maioria na assembleia da república, portanto ele pode decidir o

que quiser, ao menos assumam-se, e acho que eles da que se assumam, e sejam grandinhos,

agora isto é ridículo, para todos os efeitos de Lula da Silva, vai falar no 25 de Abril,

seja ou não, se São Solene, portanto, vai estar a tecer loas, a democracia e a liberdade,

o amigo de Sócrates, o protagonista da Lava Jato, o homem que aconselhou Zelensky a

ceder a algumas coisas, e que não podia esperar a ter tudo, e que é, amigo, tudo o que é

ditador sul-americano de esquerda, e também do, não só sul-americano, também gosta

dos chineses, e é verdade que ele, durante muito tempo, foi um combatente em prol da

liberdade contra a ditadura brasileira, mas, pronto, é assim, o Stalin também foi muito

importante no combate contra o Hitler, e não é, não é, por isso que é um grande exemplo

de...

Algo me diz que ainda vamos voltar a este assunto, em próxima oportunidade, assim, chegamos

aos livros, e eu trago esta semana um ensaio sobre o modo como evoluiu a relação entre

a cultura humana e a natureza, e as consequências dessa transformação, até do ponto de vista

ecológico, desde tempos imemoriais a humanidade considerou a natureza uma entidade sagrada,

e o título deste livro, natureza sagrada, a autor é uma famosa investigadora da história

das religiões, Karen Armstrong, que tem, aliás, uma história pessoal curiosa, na

juventude foi, durante uns anos, freira católica, abandonou o catolicismo, mas não perdeu o

interesse pelo fenómeno religioso, tem de resto uma longa bibliografia a esse respeito.

Neste livro, analisa o modo como a humanidade foi perdendo progressivamente o vínculo

à natureza, a partir, sobretudo, da transição do politaísmo para o monotaísmo.

No fundo, os seres humanos deixaram de ver Deus em cada árvore, em cada pedra, em cada

riacho, e essa perda do caráter sagrado da natureza, explica Karen Armstrong, é isso

que explica porque é que a luta, em defesa do meio ambiente, sendo algo hoje superficial

e utilitário, está a ter poucos resultados.

Um livro fascinante, natureza sagrada, recuperar o nosso vínculo com o mundo natural, é o

subtítulo de Karen Armstrong, edição temas e debates.

O João Miguel Tavares propõe, uma vez mais, ilustração portuguesa.

Sim, exatamente.

Eu já tinha trazido aqui um livro do António Jorge Gonçalves de outra vez, e este chama-se

a sua nova obra, saiu pelo Orpheunera, chamada Welcome to Paradise, e como se vê, não tem

uma única palavrinha, e ao mesmo tempo, diz tanto sobre aquilo que é o Portugal de

2023 e 2022, e não só o Portugal, mas sobretudo a Lisboa, porque isto é um retrato da Lisboa

turística, portanto, são as filas, as trotinetes, os tuctuques, as festas, os santos populares,

as proceções, os artistas de rua, as selfies, e também, senhores de meia-dade, a olharem

para turistas boas zonas, e é tudo feito com um olhar super perspicaz, e também com

um grande sentido de humor, é um grande, grande retrato daquilo que é a Lisboa turística

da atualidade.

Muito obrigado.

O Pedro Mexia traz um livro múltiplo, digamos, que tem no título uma palavra que caiu um

bocadinho em desuso, Florilégio.

Sim, Florilégio, que era fundo de uma antologia, e de facto, é uma antologia de poemas comentados,

de poemas de poetas muito diferentes, o Alberto Pimento, o Rambo, o Reimão de Carvaro Bernardo

em Ribeiro, comentados, sobretudo, por académicos e poetas, é um livro organizado pela Maria

Sequeramentos, Joana Mere e o Nuno Amado, que vem de um blog, de um site, que se chama

Jogos Florais, e que tem esta, são comentários muito curtos, e que tem esta ideia de que

não há a maneira como se, como abordar a poesia, é que não há uma maneira certa

de ler.

Há perguntas que nós fazemos, há hipóteses que nós pomos, e há um sentido que nunca

é definitivo, e portanto, são simplesmente pessoas qualificadas, é certo, apresentarem

a sua leitura de um determinado poema, com a noção de que estão a dar um contributo

que é, ao mesmo tempo, pessoal e provisório.

O Ricardo D'Aroz Esperara recupera um livro que ganhou esta semana uma nova atualidade.

Sim, eu achei que valia a pena relever, nesta semana, é um livro que se chama O Puriverso

dos Direitos Humanos, A Diversidade das Lutas Pela Dignidade, organizado por Boa Ventura

Sozaçante e Brunsen na Martins, precisamente, até o central do livro, é o seguinte, os

direitos humanos convencionais, tal como nós os conhecemos, foram concebidos no norte

e no ocidente, e, portanto, essa origem monocultural e ocidental faz com que esses direitos humanos,

tendo sido moldados pelo capitalismo, do unilismo e pelo patriarcado, deixem de fora

sufrimento humano e injusto que, para estes direitos humanos convencionais, não contam

como violação dos direitos humanos, e só as epistemologias do Sul, mexidas das lutas

daqueles que têm resistido às opções do capitalismo e do patriarcado, é que contribuem

para uma nova concessão mais justa dos direitos humanos, para isso, diz o livro, é fundamental

ouvir as vozes do Sul e, bem, por exemplo, do Brasil, da Argentina, ouvir todas essas

vozes e manter presente que, às vezes, o discurso de defesa dos direitos humanos coexiste

com uma prática de violação dos direitos humanos, e isso é uma alerta que eu também

acho importante sobre o linhado, porque há que abolir, diz o livro, a linha avissal que

cria este fosso intransponível entre o norte e o sul global, e, nessa medida, este livro

acaba por dialogar com o pensamento contido, em um daqueles grafites que foram escritos

na pareda da Universidade Coimbra, que dizia, a linha avissal passa no teu cu.

É assim que se conclui mais uma reunião semanal, de hoje a oito dias, à mesma hora, ou a

qualquer hora em podcast de pedra mexia, João Miguel Tavares e Ricardo Raus Pereira, para

a semana, já todos aqui em estúdio.

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Será desta que temos um #MeToo à portuguesa? As paredes de Coimbra começaram a falar em 2018 mas até agora ninguém lhes tinha dado ouvidos. Quem terá feito tais denúncias? Já que o neo-liberalismo foi entretanto chamado ao caso, será de considerar suspeita a “mão invisível” de Adam Smith? A vida política tem sido fértil em casos e descasos. Esta semana, foi a mulher de um ministro a ser trazida à boca de cena. E ainda não se sabe bem quem convocou, afinal, a reunião preparatória da audição da CEO da TAP na comissão parlamentar de economia. Estamos em clima de política de algibeira. O Presidente e o líder do PSD trocam apropriadamente indirectas sobre quem estará, afinal, no bolso de quem. É caso para perguntar se a política portuguesa corre o risco de vir a cair nas mãos de um vulgar carteirista? 

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