Nuno Markl Nuno Markl 9/4/23 - 13m - PDF Transcript

Rádio Comuncial, bom dia, está no ar, o Homem que Mordeu o Cão, nova temporada, oferta

novo seate de Arona Wave e oferta Fnac.

O Homem que Mordeu o Cão, traz-te o fim do mundo em cueca, com histórias marrecas,

cabeludas ou carecas, salvadas das fontes e a pensar, alecas, alecas, alecas, alecas,

Gore.

O Homem que Mordeu o Cão, traz-te o fim do mundo em cueca.

Tireleste episódio a Shinta Humana, e outras histórias.

Amor.

Profundo amor, é o que eu sinto gostar de novo aqui.

Se as Férias do Endes de Milhares podiam, sinta que num mês deve ter tido três dias

dignos desse nome, Férias, mas eu não vou começar a nova temporada a queixar-me.

E além disso, isto merece um Previously On Man, o Beat the Dog!

Lembram-se como terminamos a última edição desta rubrica?

Foi no dia 28 de julho.

Marco, eu não durmo há um mês.

28 de julho, quando eu ainda achava que ia descansar e tudo ia correr bem, mas não,

vou queixar!

Mas terminamos a temporada passada da homem que mordeu o cão com o estranho caso do Rapaz

americano de 27 anos, que escreveu no Reddit e passa a citar, não sei o que se passou,

mas ontem acordei do lado de fora do meu quarto do hotel e estava a usar apenas a minha roupa

interior.

A única coisa que me lembrava era de ter adormecido no meu quarto.

O mais embarassoso é que a hora que isto aconteceu não era sequer tarde, era o 9 de

noite, a pior parte é que o hotel era fino e caro com um lobby enorme.

Percebi que para voltar a entrar no quarto tinha de ir lá a vais buscar um novo cartão.

E eu acabei.

Acabei aqui.

Droga!

Foi aqui que ficámos e a verdade é que Portugal se estagnou em ansiedade.

A espera do desfecho desta história é com grande alegria que vos digo que o Rapaz

decidiu ir ao lobby do hotel, envergando não mais do que nos slips.

Fui ao lobby do hotel, diz ele, direto ao recepcionista, fiquei bloqueado em frente

a ele 10 segundos, até conseguir articular palavras.

Disse-lhe apenas que tinha ficado trancado fora do quarto e que precisava de uma nova

chave.

Não sei como é que eles conseguiram manter a seriedade e até comportar-se como se eu

não estivesse nu.

Eu nem conseguia fazer contacto visual com eles, tal o embaraço.

No lobby estavam outras pessoas, mas creio que estavam em choque.

Agarrei a chave, saí desparado de volta ao meu quarto.

Parecia aquele clássico pesadelo em que estamos num lugar público e constatamos que não

temos calças.

Quando por fim voltei ao meu quarto, vesti-me todo, pedi uma sándwich e vi o Shrek 2 na

Netflix.

Depois disso adorme-se, mas desta vez completamente vestido.

E a história acaba aqui.

É isso, é isso.

Não dá resposta sobre a razão pela qual ele acordou em pecas no corredor, o que é uma

severa desilusão.

Marco, ao fim do mês.

É pá.

Só.

Marco, o que é isto?

O que é isto?

Eu próprio a chama que se acabava melhor.

Mas tu já sabias como é que acabava?

Não, eu próprio se suspendi e não li o resto para servir aqui o resto.

Eu próprio quis estar surpreendido por a história.

Ok.

E afinal era feza.

Então tivesse uma grande fezada numa história?

Sim.

Não sei o que é isto.

É uma metáfora sobre as minhas férias.

Não posso queixar.

Não posso queixar.

Eu não vou queixar.

Não, isto é sonambulismo clássico.

Ah, sim.

Sonâmbulos não podem dormir nos.

É demasiada arriscada.

Eu diria que idealmente sonâmbulos, isto é um conselho que eu dou e é sempre bom

andarmos conselhos às pessoas.

Sonâmbulos deverão dormir vestidos como se fossem sair.

E até ter em consideração o tempo que está.

Se estiver de chuva, aconselhava a um sonâmbulo dormir com o quispo.

Eu fui sonâmbulo na minha juventude e dormia sempre com o passo social.

Caso apanhar-se algum transporte público no meu sonho.

O L723?

Acho muito bem.

Claro, claro.

Bom, há que dizer que esta rubrica tem um novo herói, chama-se Vasco.

Embora isto não seja, se tu nem seja o nome verdadeiro da pessoa.

Mas quem diz isto é o ouvinte de uma doesta história.

Porque este Vasco, entre aspas, é um respeitado professor catedrático hoje.

E pronto.

E portanto, desta história, o herói desta história chama-se Vasco.

Aqui, talvez em homenagem a ti, Vasco.

Mas ele é sobretudo conhecido como a Chita Urbana.

Eu fiquei doido com esta história.

É que na verdade é composta por várias histórias.

Todas sobre este rapaz, conta o nosso ouvinte que acima-se do Reddit.

O que acaba?

Já, já, já.

Ok, é bom.

Pronto.

O nosso ouvinte, Anthony Bird, no Reddit do Homem que Mordeu o Cão, conta.

Vasco era alto, mago e conhecido na sua terra, no interior de Portugal, como o Corre Caminhos.

No primeiro ano de faculdade em Lisboa, Vasco era talvez igual a tantos outros estudantes

que vindos de aldeias se referiam a um trajeto de uma hora, como, por exemplo, entre a Rua da Escola Politécnica,

do Largo do Rato até ao Campo Grande, como, oh, isso é já ali, dá perfeitamente para ir à pé.

O nosso ouvinte se fará de Lisboa.

Ir do Largo do Rato ao Campo Grande é um percurso muito longo.

Mas, diz o Anthony, Vasco tinha bons pés e Vasco corria.

Ao longe, era possível distingí-lo pelo rastro colorido que as suas camisas, perfeitamente engumadas,

deixavam entre a multidão.

Esquivava-se a 100 e 100 entre os espaços impossíveis deixados para as pessoas que vinham a encontrar

mão nos passeios, atravessava estradas nos últimos milésimos dover dos semáforos e nos transportes públicos,

mesmo antes das portas fecharem, projetava para a frente o tronco-esguio, que nem um corredor dos 100 metros

a cortar a meta, sendo parado pelo colchão de protestos e mal-estar deixado nos outros passageiros.

Isto é uma ótima descrição, é mais, é literário, quase, bem escrito.

Talvez contaminado pela velocidade da cidade, o Vasco corria para todo o lado.

Quando ainda faltava uma sólida meia hora para o Combois chegar, fazia um sprint final, galgando tudo e todos,

diz quem viu que certo dia na estação de oeiras, decidiu atravessar as várias linhas de Comboi,

subindo e descendo depressa todas as plataformas até chegar à sua.

No fim, conseguiu mais alguns minutos de espera pelo Comboi, mas agora em repouso.

Uma professora de microbiologia que também esperava o Comboi o reconheceu,

perguntou-lhe se não teria reparado nos túneis de acesso às linhas.

Incrédula, com o que tinha acabado de ver.

Exato, porque há túneis.

Mas eu até gosto de imaginar assaltar pelo lado da porta.

Naquele rapaz, diz o nosso ouvinte, Anthony Bird, tudo era movimento,

e talvez tudo estivesse bem para um curso de desporto, só que ele estava em bioquímica.

E em bioquímica, meus senhores, diz-lhe, há laboratórios.

Cheira-me quem e boa história envolvendo velocidade de movimentos dentro de um laboratório.

Isto é muito promissor, acredite em mim.

Diz, então, o nosso ouvinte.

No Vasco juntava-se à personalidade de Pepe Rápido, uma timidez paralisante na presença de miúdas.

O universo fez conquistos dois ingredientes um dia,

descem as mãos numa das nossas intermináveis aulas práticas de 8 horas.

Talvez para impressionar as raparigas, Vasco usava a sua bata totalmente aberta.

Eu não sou de ciências, nunca usei batas na vida, não sei aqui nos tempos de outra paixão,

mas talvez se melhoras dessa área possam esclarecer se um homem fica mais sexy e de bata aberta.

Eu pergunto isto para tentar ajudar estudantes de bioquímica tímidos, ok?

Mas é obrigatório fechar a bata, não?

Não sei, por vista da malta que fez a bata,

mas ele achava que iria ter mais chance com as miúdas que tivesse de bata aberta.

Mas o momento todo no por baixo, todo no por baixo, não.

Mas ele tinha coisas por baixo da bata, não tinha?

Ele tinha coisas por baixo da bata, sim.

Simplesmente a bata aberta.

Olha só, bem, dizia, a bata aberta.

A bata aberta.

Mas pronto, ao mesmo tempo ter a bata aberta pode ser perigoso, como se vê pelo que vem já a seguida.

Como até no laboratório, o Vasco andava na bisga, fazendo razias às esquinas das bancadas,

a bata produzia um efeito semelhante à capa do superhomem, mas em branco.

Há diferenças, dizia-lo, entre batas e capas de superheróis.

As capas não têm uma fivela nas costas, a maior altura,

e os superheróis costumam voar longe de material de vidro.

Ui.

Muito bom.

Estávamos numa edala prática, quando Vasco descrevia uma tangente lindíssima a uma das bancadas,

e sentiu-se somitamente preso.

Algo impediu ao seu avanço quase junto à porta de saída do laboratório.

Por um instante infinitamente breve, decidiu que parar para verificar o que se passava não era domém.

Uma força de um guerreiro viking deu um forte impulso para a frente,

que o fez sentir-se de novo solto, livre para o seu objetivo.

Mais.

Um armário de material de vidro.

Isto promete, mas tenho que fazer aqui um parênteses.

Quando eu uso roupão, as argolas do cinto estão sempre a enfiar-se nos puxadores das portas.

Já contei isso aqui, quando eu passo por elas.

Até há uns tempos eu dava-me ao trabalho de tirar a argola do roupão do puxador,

e agora estou tão farto disso que eu sigo em frente.

Portanto, todos os meus roupões têm as argolas de cinto arrebentados.

É uma vez, estou farto.

Continua.

Estou farto.

Vasco, a chita humana, ficou com a bata presa a alguns, mas da teclucidade,

é o seu nome do meio.

E se não de teve e foi em frente na direção de um armário de material de vidro,

diz o nosso ouvinte, o que seguiu ficou gravado na memória de muitos de nós,

como um quadro de caravadio em Câmara Lenta.

Segue-o.

Pelo ar e na mesma trajetória, um bidon...

Um bidon de 25 litros d'água destilada,

que fora arrancado do canto da bancada pela torneira,

quando a fivelada da bata de voa santo te Vasco se encaixou nela.

Talvez em jeito suplica.

Parem-no, parem-no que eu já não aguento mais.

Eu não acredito que este ouvinte acabou de dar uma fala a uma fivelada de uma bata.

Parem, incrível isto.

O Anta disclaresce.

Para quem não conhece um laboratório, estes bidons estão normalmente aos cantos das bancadas,

com as suas pequenas torneiras brancas voltadas para fora,

para facilitar o enchimento de frascos com água destilada.

A meio do trajeto, contei-o, o bidon perde velocidade,

cai violentamente no chão e jetando a maior parte da água na direção da cintura de Miguel,

que lavava a loiza na outra bancada.

No instante seguinte, o bidon resaltou e amateu em cheio no nariz de Maria,

uma colega baixinha que entrava no laboratório naquele momento,

resulta do choque uma projeção encarpada dos seus óculos,

seguida de desmaio de Maria com a cana de nariz partida.

Não rir.

Na outra bancada, João parou de levar uma proveta com o estromdo

e a turma inteira olha confusa para o cenário.

Vasco vira-se sem perceber rigorosamente nada o que tinha acontecido.

Todo laboratório fica em silêncio para uns breves instantes,

o único que soma ao divo era a espuma que pingava da proveta de João,

vidros, nenhum partido, tudo impecável.

Incrível.

Tirando nariz da outra, não é?

Lá está, semanas mais tarde, Maria ainda lembrava a Vasco.

Olha aqui, isso ainda me dói, ou viste?

Ou viste?

E as matando.

Claramente, isso se bloqueou a comunicação dele,

complementos esta miúda.

Não, num bom sentido, mas...

Pena que tenha envolvido no nariz, porque não pode nem ver ele.

Com o impacto do bidon.

Deixe-me precisar dar aqui uma nota de alguém que se sabe.

Conheço, Vasco.

Bom dia, meus senhores.

Faz parte das regras de segurança de laboratório,

fechar a bata.

Bom dia.

Agora é que avisa.

Bom, está reservada para o final da melhor história

deste Vasco-Axito-Humana, diz o Anthony.

Vasco habituou-nos a proesas frequentes ao longo de quatro

anos de curso, uma delas.

Espalhou-se muito para além dos limites da Faculdade de Ciências,

um grupo de colegas encontrou um dia perto do ar do rato

com um ramo de rosas na mão.

Ante vendo que o ramo servisse para eles esconder atrás das flores,

isto é bonito.

Uma das pessoas do grupo perguntou.

Então, Vasco, passarem em ramo verde, hein?

Antes fosse, respondeu Vasco.

Estas flores são para uma velha que eu atropolei.

Não rir.

Não rir.

Esse rapaz.

E que está no hospital.

Como assim atropolaste uma velha?

No hospital?

A pessoa não se pode rir.

Não, não.

E Vasco explicou.

Foi há três dias e ia correr para apanhar o autocarro

e já vinha com muito balanço.

Houve um momento em que percebi que estavam muitas pessoas

à minha frente e que não ia conseguir desviar-me delas

nem travar a tempo.

E os amigos dizem, e foi-te contra uma senhora?

E ele responde, mais ou menos.

Quando percebi que não ia conseguir parar

e como a velha outera baixa,

pensei em saltar-lhe por cima.

Ainda para...

É, para...

Afinal, a xíta humana não salta assim para nada.

Com esse momento, os queixos e alguns colegas cederam

e diziam-lhe, e sabem, o que quase conseguia

foi por um bocadinho assim.

Diz-se, Vasco, a próxima do Polgado Indicador,

como fazia ao miúdo do Anuncio do Danoninho.

Que memória.

O meu pé direito, diz Vasco,

acertou na clavícula da velha.

E às tantas era eu, os meus papéis,

sacos da velha e a velha toda rebelar para o chão.

A velha partiu às costelas, está no hospital

e quer-me pôr um processo.

Então comprei estas rosas

e vou lá agora ver se compensa não fazer isso.

Ele quis saltar por cima de uma idosa, tipo,

corrindo de obstáculos.

Não, mas diz-lhe só quando foi para o hospital,

para ir a pé devagarinho.

Sim, é melhor.

Para não ir a correr.

Eu, por muitos anos que viva, nunca esqueça das palavras,

o meu pé direito acertou na clavícula da velha.

Isso é caminho do comboio.

Sim.

Então, vai uma velha fora do comboio,

que a ida no chão.

O Anthony termina a dizer,

nunca sabemos se ele conseguiu livrar-se do processo.

Eu espero que ele não se tenha livrado do processo,

porque eu só imagino o choque da pobre senhora,

porque ela não deve ter percebido que um homem queria

tentar saltar por cima dela e simplesmente levou com uma patada.

E o mais incrível é que eu só consigo imaginar tudo em camera lenta.

Diz o Anthony,

as histórias do Vasco continuaram a fazer-nos rir até as lágrimas,

ainda hoje são lembradas quando falamos

e lá está ele termina a dizer,

todos os nomes das pessoas estas histórias foram alterados,

até porque Vasco,

é hoje professor catedrático e muita gente sabia

barra-sabe das suas aventuras.

É, para que história maravilhosa.

Que regresso, bom regresso.

Adorávamos-me as notícias do Vasco.

E da velha.

E da velha.

E da velha.

O Homem que mordeu o cão foi uma oferta Fnac.pt,

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e também no obceater Ona Wave,

agora com a oferta de mais 3 mil euros

pelo seu carrozado.

O Homem que mordeu o cão traz seu fim do mundo em cueca.

Ele, né?

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O Markl tinha uma história pendurada desde julho... mas não se esqueceu.